Na areia húmida desta praia deixo a marca dos meus passos
Impressa com a força do meu desânimo e dos meus cansaços,
Marcas que se vão apagando com as lágrimas que se escapam
Dos meus olhos, lágrimas que me atormentam e me matam.
Lágrimas de terna saudade da pessoa que eu já fui um dia
E que se perdeu algures nos labirintos desta vida estranha,
Lágrimas de mágoa por tudo o que em tempo sonhava e queria
E que com o tempo se tornou numa ilusão fosca e tamanha.
Lágrimas que o vento que corre ao cair desta tarde outonal
Aos poucos vai enxugando até ficarem apenas finos traços,
Lágrimas que se misturam com o salgado das ondas do mar,
Lágrimas que me lembram que tudo um dia tem o seu final,
Lágrimas que vão além dos sentidos, das almas e dos espaços,
Lágrimas de quem hoje desistiu de continuar a sofrer e a chorar.