NO SILÊNCIO DA NOITE
Divido tempo, horas, com o silêncio.
Nele eu reflito, nele eu mergulho fundo.
Tento entender o mundo.
Toda a calma da hora que se arrasta lenta.
Toda onda que no meu imaginar se movimenta.
Tudo faz parte deste ser que pensa.
Que repensa.
Que de olhos fechados viaja lentamente.
Vai conhecendo lugares, gente.
Vai para trás, vai pra frente.
No silêncio sinto uma dor possante.
Angustiante.
Que vai se acalmando.
Que vai a um nada se tornando.
Então aspiro o ar da noite profundamente.
O perfume que me chega leve.
Penso em como tudo aqui é breve.
No silêncio eu e a noite dialogamos.
Ela me diz calma.
E eu me acalmo.
Ela me diz voa e eu vôo.
Ela me diz que tudo passa.
Que nesta vida somos como rolos de fumaça.
A noite é conselheira e eu a ouço.
Entre os fiapos de luzes escapo e alcanço uma paradisíaca ilha.
Nela adormeço.
Eu mereço.