Acompanhou-o até à presença da sua filha, Júlia, uma linda rapariga de vinte e poucos anos, que ao ver sangue no braço do pequeno, perguntou de imediato:
- O que se passou meu pai? Não me diga que foi o Faísca que mordeu o miúdo.
- Não minha filha, não foi o Faísca, mas podia muito bem ter sido, este é o Miguelito, o filho do Martinho, o tal miúdo de que te falei para te ajudar.
Miguel ficou contente com o que ouviu, com que então iria trabalhar directamente com a filha do patrão, as coisas corriam-lhe de feição.
Júlia tratou do braço do garoto e ficou encantada com os seus modos.
Miguel foi conseguindo granjear a confiança do Engenheiro Campos e ainda mais da sua filha Júlia, foi aliás por intermédio desta, ou melhor dizendo por intermédio do seu namorado, que dois anos após ter chegado à “Quinta das Lágrimas” o jovem conseguiu emprego numa das melhores mercearias da vila mais próxima.
Os comentários em relação á sua partida tomavam duas direcções, uma que era partilhada pelos patrões, pelo namorado de Júlia por alguns empregados e por quem visitava a quinta, enquanto que do outro lado se colocava a grande maioria das pessoas que trabalhavam na Quinta das Lágrimas...
Morrer de solidão-III
Data de publicação:
Quarta-feira, 12 Setembro, 2007 - 13:33
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Comentários
Homem Martinho
Olá:
Quero confessar-te que me estava a ser desiludida, pensava que tinhas deixado esta linda história de lado, talvez só quem tenha nascido no Alentejo, consiga compreender a profundidade desta história, eu quero dizer-te que conheço inclusivé algumas das personagens que te inspiraram, eu sei a quem te referes com o personagem Miguel e sei muito bem que o Martinho da história é o teu próprio pai.
Uma coisa que me intrigou desde o inicio é como é que tu, que nessa altura terias para aí uns cinco seis anos, consegues ter tão presente uma tão realista verdade dos factos.
Provavelmente estarás a pensar quem sou eu afinal, talvez o eu nome não te diga nada, Torres é o apelido do meu marido, mas isso pouco importa, eu quando deparei pela primeira vez com o nome de Homem Martinho pressenti que seria algum dos seus filhos, sinceramente Francisco, nunca pensei que fosses tu, fiquei fã da tua escrita sem saber que eras tu, pensava que seria o teu irmão mais velho.
Parabéns pela história e por tudo quanto tens escrito, aqui neste portal e também em tantos outros sitios.
Porque não colocas aqui os poemas que escreveste sobre o nosso Alentejo e que eu já tive o prazer de ler, surpeendido, é verdade, a tua irmã mostrou-me o livro, por favor edita-o.
Beijinhos desta tua fã.
Anamar