Desta vez, foi a chuva. (Cordel)

Foto de Paulo Gondim
Autor: 

DESTA VEZ, FOI A CHUVA
(Cordel)
Paulo Gondim
18/01/2002

Enfim, a chuva chegou
Muitos sonhos renovou
Fez a vida renascer
A vida quase esquecida
Dessa gente desvalida
Que nunca deixa o sertão
Mesmo sabendo da luta
Da vil e cruel labuta
Por um pedaço de pão

E o sol se esquivou
E dessa vez não queimou
O meu sofrido torrão
E água muita correu
A tudo depressa encheu
O sertão virou um mar !
Todo orgulhoso, sorriu
Assim como nunca viu
Tanta vida festejar

Mas a sorte aqui não muda
É cruel, feia e desnuda
É pura desolação
E no sertão é assim
Sem chuva, a seca ruim
Assola bichos e sonhos
Desalojando essa gente
Num castigar iminente
Em desalentos medonhos

E desta vez foi a chuva
Como a praga da saúva
Que tudo come sem dó
Tirou o sol do caminho
Acabou tudo igualzinho
Como o sol da outra vez
Levou tudo pela frente
Na estrondosa corrente
Destruindo o que se fez

Pois é assim no sertão
Tudo é sim ou tudo é não
Não há jeito nem saída
Quando o sol não lhe castiga
É a chuva por intriga
Que vem tudo devastar
Expulsa o pobre oprimido
De seu lugar tão querido
Para nunca mais voltar

E o sertanejo pergunta
Na dor que ao pranto se junta
Será que a sorte não muda?
Quando o sol lhe queima o rosto
Ou muita chuva é desgosto
Nunca sabe o que é melhor
Como já disse o Poeta
“Seca sem chuva é ruim”
“Mas seca d’água é pior”

Comentários

4
Foto de carlosmustang

Muito bonito cordel, poeta.
UM GRANDE ABRAÇO.

carlosmustang.zip.net

Foto de Paulo Gondim

Obrigado pelo comentário!
Este ainda não é o cordel clássico, vez que ele é feito de sete versos.
Foi uma variação que fiz, depois de uma chuva que presenciei, no Ceará. Nunca tinha visto tanta água lá!!! (como se diz lá: "pense numa chuva grande!")

Paulo Gondim

Paulo Gondim

Foto de Marta Peres

Belo poema de cordel Paulo.
Admiro quem escreve assim, penso que não conseguiria.
Parabéns!
Marta Peres

Foto de Paulo Gondim

Consegue, sim, Marta!
Dizem que não há uma coisa que uma pessoa pense que outra não consiga realizar!
No caso, é só um jogo de rimas e de métrica. O Cordel clásisco, normalmente, é fieto em sete versos, assim:

"Você diz que não consegue
Mas, você conseguirá
Pois é só querer fazer
Que a rima vai achar
Vai ficar admirada
Depois da obra criada
E nunca mais vai parar!"

Viu? É fácil!

Grato pelo comentário!

Paulo Gondim

Paulo Gondim

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