Tirarei meu terno
E, em mangas de camisa.
Irei às casas de baixa-rendas
Ou renda submissa.
Com um vocabulário moderno
Falarei ”do Fome Zero;”
Novas moradias.
Olham-me, iludem-se,
Novos projetos;
Novas ironias.
As crianças olham-me desconfiadas.
As mulheres falam-me de suas dores,
Os homens balbuciam coisas ilegíveis,
Pedirão favores.
Saberei fingir nesse momento.
Usarei a própria dor, por ironia.
Oferecerei meus préstimos na saída.
Receberei um sim, esquecerei por fim.
E, essa gente sofrida.
Que conheceu meu vocabulário moderno,
Por vias de azar.
Vestirei meu terno
Subirei ao pódio
Não voltarei mais lá.
Comentários
Amigo Edilson Alves
Retrataste de forma maravilhosa uma realidade infeliz em nosso país, onde o "povão" só é lembrado em datas específicas por uma grande parte dos que usam este "terno". Claro que toda regra tem exceção , não podemos generalizar, mas em sua maioria, acontece o que está descrito nesta reflexão em forma de poema. Quem sabe um dia faremos reflexões (com temas relacionados à esta classe )mais positivas?
Vamos ter fé.
Parabéns. Abraços.
Joana Darc Brasil
Edna Schneider Lemos (Joana Darc Brasil)
Verdade seja dita
Que legal Joana teu comentário.
Medite bem nisso, é verdade que existem muitos politicos "honestos"
mais vemos muitos alardeando as casas dos eleitores só na época de eleção. apôs isso, cada um vai pros seus palacetes e nunca mais são vistos. Ou seja, tiram seus ternos só quando lhes é conveniênte.
Um forte abraço.
Edilson Alves