CONCURSO LITERÁRIO 2007 - TEMA CAMINHOS - EU JÁ HAVIA COLOCADO MAS SUMIU!!!!

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ONTEM GANHEI, DIAMANTES VINDOS DO CÉU!

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Ela vinha pela rua já escura no ar quente da noite, nem aragem sentia. Se ao menos batesse um vento, mesmo que de leve, se os cabelos balançassem, sorriria. Lúcia, somente Lúcia! Esta sou eu, pensava: - ”... Lúcia no céu com as estrelas...”. Conheço esta música! São os meninos de Liverpool que a cantam...
Tem horas que a gente sente aquela saudade doída e nem sabe de quê? Eram esses seus pensamentos, enquanto andava distraída.
A rua era breu total. Que horas seriam? - Saí e não disse à ninguém pra onde ia. Melhor assim...Se conto, haveriam de aparecer pessoas pra me encher o saco.
Lúcia conclui: -“A rua está solitária? Também estou. Serei alguma louca em busca de coerência? Isto existe? Ah, meu Deus, quantas indagações...”
Volta a pensar na música e a cantarolar, “..Lucy in the sky with diamonds...” os Beatles.. eram mesmo fora de série, a música parece ter sido feita para mim.
Por um instante, olha pro céu e vê alguma coisa brilhando no espaço daquela noite escura de fim de mundo. O brilho fica mais intenso e sente uma saudade enorme. Pergunta-se, de quê? Ela está sempre se perguntando. Nunca consegue discernir estas coisas que lhe acontecessem. A coisa vem e instala-se sem pedir permissão. Que nome eu poderia dar a coisa indefinida? Não! Eu não quero perguntas e nem respostas, pois que o mundo é incoerente mesmo. Faço o quê depois de tudo respondido? Droga, mais uma indagação!
Volta a olhar aquele ponto luminoso no breu da noite e põe-se a pensar...” Comeria meus pensamentos, tão belos eles são”. Comeria!
Começam a cair sem nada avisar pequenos pingos, ela olha e pensa nos diamantes que estavam no céu. Estavam! Pois que agora, eles estão ali na sua frente. E brilham de doer a vista.
Lúcia,” Lucy os trouxe para você!” É outra voz quem lhe diz.
Lúcia, “Lucy quer vê-la sorrir”, fala um de seus pensamentos....Ela sorri! Como não sorrir diante de tanta beleza? No chão sujo da rua, entre latas vazias da festa que já se fora, entre papéis, lixos, pedaços de sanduíches podres. No cheiro fétido que invadira o espaço, entre o miado dos gatos que perambulavam na noite, um milagre se fez! Eram as estrelas, diamantes caídos do céu. O calor mofado da noite amortecera. E aquela noite vazia, transformara-se num lindo quadro! Parecia um filme. Estrelas multicoloridas pingavam em dança infernal, pulavam de um lado pro outro, como se estivesse acontecendo a festa do breu escuro! Lúcia caiu em gargalhadas, rolando de rir! Dizia para si própria: Eu como, eu como! Como o belo que abraça a noite! Como esses diamantes coloridos, e ainda bebo. Mas bebo o quê? Bebo a aragem que veio me visitar e um tanto do champanhe vindo do céu! Aquilo durou horas....
A festa varou a noite toda e quando foi secando, Lúcia já adormecera embriagada da beleza, os gatos que antes miavam, pararam pra ouvir seu ronco. Como todas as noites, uma hora ela se vai... E foi!
A noite se foi quando o dia chegou. Ele a viu estendida numa cadeira velha e molhada no canto de um beco, a menina já crescida, sonolenta, abria os olhos para o dia que à acordava. Mas estava feliz e lhe disse:

Se pequenino
instante aparece,
mordo a beleza.

Escorrem pela goela,
cristais de felicidade!
Senhor dia!
Ontem ganhei,
diamantes vindos do céu!

Levantou-se, arrumou seu jeans amarrotado, esticou a blusa e pegou a mochila de urso panda que carregava. Ainda molenga da farra, caminhou entre o lixo da rua, chutando latas como se fossem pétalas... ia sorrindo e pensando: O pessoal deve estar desesperado à minha procura.

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abril/2006
Ivy Gomide

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