De onde vem, ou de onde trazes o perfume que transborda,
Alimenta o corpo, a alma? O que te faz fada?
O que tens de nobre, de seu, que quisera meu,
Insensivelmente pensando em monopolizar o paraíso?
Pouco sei, nem sei se quero. Sabê-lo poderia quebrar o encanto,
Conhecê-lo seria mantê-la viva, mais carne que espírito,
Quando o espírito é o que vale, o que emerge.
Teu espírito. Puro, impuro. Importam, pouco, convenções...
O espírito, outrossim, manifesta-se pelo tato,
O coração, mera bomba, insensível órgão torpe
É a sede do impensável. O coração transforma
Materializa o sonho. Sentisse as batidas do meu
Compreenderia todo o teor daquilo
Que me sonegam as palavras.
Quero-te o espírito, não nego,
È pelo corpo que anseio...
Desejo-te como mulher, como anjo,
Ninfa, bendita, maldita...
Em toda a profusão de possibilidades que possuis
E que, inconscientemente comigo divides,
Pois és também eu, como sou tu
E como? Não sei explicá-lo.
Desejo-te e contento-me,
Ou me desespero, sou múltiplo.
Pouco sei de mim, nada de ti
E ainda me importas mais...
Deusa? Não, felizmente...
Graças a Deus, aos deuses, todos eles.
Sei-te mulher, e tal me mantém vivo,
Assim te tenho, quando quero, como agora
E pra ti rezo, quando venero, como agora:
Ser confuso que clareia a vida e dá
O toque de mistério que faz tudo valer a pena.