Tarde

Foto de DAVI CARTES ALVES

AQUELE MOLEQUE DO EDUCANDÁRIO

Calção rasgado no bumbum
estilingue no pescoço
chinelinho havaianas surrado
par de um , par de outro
apesar de um sol criminoso
uma garoa tamborila n’alma
no rostinho empoeirado
dois fios de lágrimas ressecados
já incertos , preteridos
como marca d’água
mas magoados amiúde
pelo frescor de um novo sorriso
bonezinho carcomido, descorado,
brejeiro assim descaído meio de lado
do vereador Chibolette
eis palhaço melancólico
três filhos, três votos
um deles o caçula
ainda esta no Educandário
“ acorrentado” pela assistente social tão linda, tão jovem
Ela soltava os cabelos de Nereida
Aí é que o menino ficava preso
Alcatraz de sonhos doces
bolsa nova da Puc
pernas da Beonce
que perfume naquela mão afetuosa
aquele beliscão carinhoso no rosto, tão esperado
ela enfeitiçava
all star cano alto
ela matizava de mais fulgor as estrelas

sempre das 08:00 ao meio – dia
depois ia embora
Epifania!
Educandário
de manhã as Cataratas do Iguaçu
que recebiam linda ninfa
a tarde
o Kalahari
sem os suricatos

amiúde
dois fios de lágrimas
outrora ressecados...

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Rafas

Por que ?

Porque...
você
Porque reclamar,se é mais fácil buscar a solução...

Porque chorar, se é com sorrisos que encontramos sempre o melhor caminho..

Porque criticar se é mostrando a trilha correta que se chega ao lugar esperado...

Porque deixar de dar um Bom dia/Boa tarde/Boa noite se nesse gesto estaremos ganhando uma nova amizade...

Porque não perdoar se isso nos leva a viver bem mais felizes...

Porque não estender a mão se isso nos leva a trazer para nosso lado quem tanto precisa...

Porque cruzar os braços se com eles bem abertos teremos mais espaço para sentirmos o calor dos novos amigos...

Porque dizer uma palavra mais dura, se com calma nos faremos respeitar...

Enfim estamos todos vivos, podendo ajudar uns aos outros em nossa caminhada e ao chegarmos ao porto seguro olhamos para traz e certamente diremos ;

' PORQUE'.

Foto de angela lugo

ANJO MEU

Anjo meu

Lá estava ele... Como um anjo
Seu rosto pálido
Seus lábios sem cor
Quase que transparentes

Em uma camisa desabotoada azul
Que esvoaçava com o vento
Confundindo com o azul do céu
Em uma tarde junto ao mar

As gaivotas revoavam
Em busca do seu alimento
Sem perceber que ali pairava
Um anjo a observá-las

Olhando-o ao longe
Via a magnitude angelical
De sua beleza indescritível
Resplandecer no horizonte

Vem anjo... Leva-me
Em um vôo ao infinito
Em suas asas acolhedoras
Para conhecermos o paraíso

Os anjos lá do alto entoarão
Uma canção silenciosa
Que somente nós
Poderemos ouvi-la

Homenageando o nosso amor
Suspira anjo meu... Suspira
Enquanto fazemos este vôo
Rumo ao infinito da felicidade

Entrelacemo-nos nesta magia
Deixe mo-nos contagiar
Por este amor que paira entre
Sonhos e delírios

Anjo meu tu és como uma fonte
Onde sacio todo o amor sentido
Tu és o portal aberto mantido
Tudo em ti é magia, sedução

Vem... Vamos juntos voar
Entre nuvens brancas planar
Descobrir o jardim do Éden
Para nele pernoitar

Eu em ti tu em mim
Assim, juntinhos avivaremos
Todos os nossos sentimentos
Amordaçando-os no peito

Então tudo estará perfeito
Nos dois nos amando
Você meu anjo acreditando

Que quando amamos
Em anjos nos tornamos
E pelo Universo voamos

Foto de Sonia Delsin

MEU CASTELO DE AREIA

MEU CASTELO DE AREIA

Eu o construía com a vista pro mar.
As janelas todas voltadas pro grande oceano.
Passava o tempo.
Ano após ano.
E eu construindo.
Enfeitando.
Embonitando.
Vinham rajadas de vento e de certa forma o danificavam.
Pacientemente eu o reconstruía.
Se via algumas falhas corrigia.
Mas um dia veio uma tal ventania.
Tão violenta foi que nada ficou de pé.
Percebi tão tarde que construía em terreno arenoso.
E ele me parecia tão formoso.
Meu castelo de areia foi tão somente uma utopia.
Mas eu recomeçaria.
Muito mais madura e preparada
outro castelo mais sólido eu construiria noutro lugar.
Me pus a procurar.

Foto de Chácara Sales

O Reencontro (Crônica)

Um dia a perambular pelas ruas da cidade, resolvi ir até a praça, ao centro, onde havia muito tempo que já não ia; ao chegar avistei um menino tocando flauta, com certeza na esperança de ganhar uns trocados.
No momento em que me aproximei ele me olhou firmemente, num ato solene, então entendi que era gratidão pela minha atenção.
Sentei no banco da praça e continuei a perceber-lhe; o vento soprava fortemente no rosto, as árvores balançavam adornadas de flores, cheias de vaidades; até que num olhar o menino parecia questionar-me, continuava tocando, levantei-me, prossegui meus passos a seu encontro, ele tocava e me reparava; devia ter mais ou menos uns 14 anos. O povo a passar colocava trocados em seu chapéu, ele contente a se deliciar com sua flauta, dava pra ver a alegria brilhando em seus olhos, era a sua luta diária...
Aquilo tocou profundamente minha alma, via uma grande virtude naquele menino, tinha algo de especial, tocava com alma, fazia o instrumento chorar como dizem... até uma senhora que o escutava saiu emocionada, a chorar, as lágrimas eram como diamantes em seu rosto. O povo ali ia saindo aos poucos, devagar, quando me vi só com o menino, então aproveitei para conversar; ele inocente e meigo pediu-me educadamente um trocado e riu-se, eu meio desconcertado nem mesmo percebi que me havia esquecido de dar-lhe umas moedas, que coisa!
__ Por favor, Senhor que reparas tanto! Não o conheço nem tu me conheces, com meu sorriso no rosto que é minha dádiva, superando as dificuldades para não chorar, peço-lhe gentilmente um trocado se não for precisar.
Contive nas pálpebras gotas que não eram de orvalho, que naquele momento de emoção poderiam se derramar. Parado em frente sorri, estendi-lhe a mão, dei-lhe, realmente não iria precisar. E me perguntou.
__ Desde que chegaste me olhas tanto! Algum problema?
__ Não! Na verdade eu pensei lhe conhecer, mas acho que me enganei.
__ Achas que me conheces?
__ Tive um pressentimento, mas deixamos!
Há muito tempo algo aconteceu comigo, eu havia perdido um filho que me roubaram, e já sofria há tanto tempo com a morte de minha esposa, minha linda esposa a qual nunca consegui esquecer; como ela era linda! Tão humilde e realmente mulher!
Naquele momento tinha as mãos trêmulas, entrelaçavam-se, as palavras pareciam fugir dos meus lábios, quase não conseguia falar, eu senti algo naquele menino, um pressentimento estranho, parecia que já o conhecia, e por alguns instantes imaginei ser ele do meu sangue. As lembranças do passado vieram a me perturbar, não queria tirar conclusões antes do tempo.
__ Menino, acho que se eu lhe dissesse algo a respeito, talvez não entenderia a razão.
__ Talvez entenda, Senhor! Tenho o dom de entender as pessoas __ Disse tirando o dinheiro do chapéu para guardar no bolso.
__ Seria estranho pra você, creio que não entenderia.
Mas, serenamente a me olhar disse:
__ Não custa tentar!
Como aquele olhar me trouxe segurança. Eu pude me abrir com aquele menino; nem mesmo o conhecia, mas vi sinceridade nele e parecia querer me ouvir. Não mais receoso o chamei para caminhar, ele apanhou seu instrumento e o guardou, então prosseguimos...
__ Senhor, o brilho do teu semblante parece apagar lentamente.
__ Sabe, menino, a vida deixa marcas e na velhice elas doem. Se não são boas, trazem alegria, se são ruins, trazem mágoas. De certo não deixam de doer.
__ É tão ruim assim?
__ Não, basta saber viver para que as lembranças más não venham a lhe atordoar mais tarde. E se por capricho da vida alguma coisa ruim acontecer a você, como ter que perder alguém, passe por cima; a vida tem dessas coisas...
__ Eu quando era criança perdi minha mãe e meu pai.
Quando o Menino me disse aquilo, meu coração começou a bater forte. Então expliquei a ele o motivo de minha emoção ao conversar com ele, e por quais motivos meu semblante ia-se apagado.
__ Hoje tenho 40 anos, se estivesse com meu filho, talvez ele estaria com a sua idade.
O menino escutava atento, suspirava.
__Eu estaria mais feliz junto a ele e minha esposa que perdi há alguns anos atrás.
__ O que aconteceu com ela? O senhor deve sofrer muito não é?
__ É, dá pra suportar. Minha esposa morreu no parto, 4 horas depois do nascimento de Emmanuel, meu filho. A escrava que eu tinha, cuidou de tudo pra mim, inclusive dele. Eu não tinha forças para nada, não conseguia comer nem dormir; tremenda era a dor que sentia. Depois de alguns meses tive que me conformar com a morte dela. Esabelle, uma linda mulher!
__ E Teu filho, onde está?
__ Juro que não sei, o perdi também.
__ Ele fugiu?
__ Não, a escrava o roubou de mim logo após lhe dar sua alforria. Tentei de tudo para encontrá-la, mas se escondeu muito bem de mim. Outra perda que tive de aceitar. Oh, Deus, tu sabes o quanto sofri! Aquela escrava... Confiava tanto nela! Mas imagino o motivo por qual partiu, apesar de achar que mesmo livre continuaria comigo.
__ E qual seria o motivo, Senhor? A propósito, qual é mesmo teu nome?
__ Eu não tinha coragem de olhar pro meu filho, não que eu não gostasse dele, é que não imaginava como iria criá-lo sem uma mãe, pensava se seria um bom pai, se ele se acostumaria... Uma série de pensamentos me invadia, acabei por entrar em depressão. Talvez a escrava Alice por gostar tanto de mim o levou para que eu não sofresse; não foi uma boa idéia, e durante anos a procurei e nada. Ah, Desculpe, havia perguntado meu nome, sim, é Antônio.

(...)

__ Senhor, queira me perdoar, não consigo conter as lágrimas.
Olhei para aquele menino, percebi o quanto chorava, fiquei espantado.
__ O que foi? Não chores assim, não se comova tanto, é uma dor que não quero que sintas, esqueça.
__ Não diga isso, Senhor! Choro, pois tenho uma história parecida com a sua. A minha mãe Alice, a preta que me cria, disse que mamãe Esabelle morreu no parto, que meu pai um grande fazendeiro se chamava Antônio, e por motivo que nunca quis falar me criou longe, na cidade grande; só agora é que retornamos aqui para o vilarejo Filadélfia. Ela muito doente já sem condições de trabalhar veio descansar aqui onde me disse que tudo começou. Eu com poucas expectativas nunca imaginei que pudesse te encontrar, achei que tinha me abandonado, por fim é muito divino ver a história circundando assim, oh, meu pai! Diga que és? Agora entendo porque preta Alice me trouxe de volta, para te encontrar de novo. Oh, Deus, que alegria! Como eu quis tanto te ver! Te conhecer!
Não acreditava no que via nem no que ouvia. Meu filho estava diante de mim. Parecia um sonho, era um sonho. Comecei a dizer alto: É um sonho!
Ele me dizia: __ Não pai é realidade, não é sonho, sou eu, Emmanuel!
E me Abraçava fortemente; choramos juntos. Contemplando-lhe beijei-lhe a face, dizia: __ Finalmente, oh, Deus! Finalmente.
Ajoelhado agradeci a Deus pelo inesperado reencontro. E ele todo eufórico me pegou pelo braço e me puxava.
___ Vamos, vamos que Preta Alice tem que te ver. Vamos, vamos, ela vai querer te ver, eu sinto isso.
___ Vamos sim, meu filho, vamosssss...

E ali meu semblante se acendeu, a vida devolvia-me a vida mais uma vez. Eu vi a felicidade e a razão de viver me abrangendo o ser. Sentia-me no paraíso. Saímos correndo pelas ruas e meus pés junto aos passos dele pareciam flutuar. Correndo olhei para o céu em ato de reverência, e vi nas nuvens a imagem de Esabelle sorrindo para mim. Senti que naquele momento nossas almas atormentadas se acalmaram para sempre.

Foto de Carmen Lúcia

Fim de tarde

Fim de tarde...
Infinitamente tarde.
Que faço do amor
que não se finda
com a tarde...
Como a tarde.
Dos sonhos que não se acabam
embrenhados na tarde que se vai,
sem alarde.
Sem piedade, sem aviso, ela sai
e a nostalgia que fere, cai.
Como fino punhal
trazendo o final.

Por toda parte
o amor invade...
Sem saber que já é tarde,
sem saber o quanto arde
quando é infinitamente tarde.
E a tarde finita e fria
se alastra pela noite
sem sonhos, sem poesia
e acaba vazia.

E pelos cantos o amor se anuncia
pensando que ainda é cedo,
que ainda é dia...
que ainda cabe no curto espaço de tempo,
que cabe à tarde
que se finda,
levando toda magia...

Carmen Lúcia

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

OS TRES IRMAOS

OS TRES IRMAOS
(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Era uma vez tres irmaos
Tres pequenos levadinhos
E davam-se as maos
E corriam pelos quintais dos vizinhos

Mais tarde ja adolescentes
Ja cortejavam as amigas
E contra os concorrentes
Ja entravam numas boas brigas

E mais adultos, mais unidos
Seguiam subindo em suas profissoes
Sempre bem sucedidos, bem atrevidos
Em todas as quatro estacoes

Um dia, os pais ja doentes
Temendo deixa-los orfaos
Chamaram os tres irmaos
Que ja nao eram mais criancas
Mas adultos conscientes
De suas gordas herancas

A razao de todos os males e o dinheiro
Mas digo de todos inimigos tambem
Desde a divisao das herancas, companheiros
Os irmaos nunca mais foram amigos
Nem deles mesmos, nem de mais ninguem

E aqueles tres irmaos
Que dividiam o mundo
Ja nao davam mais as maos
Mas dividiam um odio profundo

Brigaram tanto os ignorantes
Como inimigos mortais
Que perderam as herancas avultantes
A irmandade e a paz

© 2009 Islo Nantes Music
globrazil@verizon.net or globrazil@hotmail.com

Foto de Marcelo Henrique Zacarelli

ESPELHO DE TOMADA

ESPELHO DE TOMADA

Simples mortal e quebrável
No mundo dos componentes eletrônicos
Espelho de tomada
Para os mais íntimos;
Reténs para ti
A limitada função
Quando pressionada
De emprestar a luz, ou...absolvê-la
Quando te deste à permissão?
Na mais da ousadia absoluta
Estiveste fincada sobre dois parafusos
Antes estivesse esquecida
Sobre um montante de entulhos imprestáveis;
Quando meus olhos escaparam
Por alguns segundos
E puderam avistar tamanho absurdo
A mais deusa e adorável mulher
Emprestar-lhe algum ato de carinho;
Dotado de soberba repugnante
Tal...Espelho de tomada
Zombou de mim;
Vendedores do mais próximo depósito
Preparem-se para a comissão
Pois a venda de um outro
Espelho de tomada
Será absolutamente inevitável.

Esta poesia foi inteiramente inspirada em uma maldita tarde
Em que uma certa garota emprestou seu carinho
Há um espelho de tomada.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Julho de 2007 no dia 23 Guarulhos (sp)

Inteiramente inspirada em Fernanda Villarim Zacarelli

Foto de Belinha Sweet Girl

Convite...

Vem...
E me espera na sacada daquele quarto,
E de lá fugiremos desta cidade
Para nunca mais voltar...

Nas malas coloquei saudade, da família, dos amigos,
Da vida que deixei para trás...
Também coloquei a felicidade,
Que carregarei comigo enquanto estivermos juntos.

Quero andar contigo pelas mais incríveis paisagens,
Nas mais altas e belas montanhas!
Onde a relva alcance os joelhos,
Onde o silêncio bucólico é tudo que se pode ouvir...

Vem...
E eu te mostrarei que existe muito mais vida
Escondida em um simples beijo...
Que o teu amor é o meu único desejo...

Quero te roubar por um longo instante,
Ser tua menina, tua mulher e tua amante,
Fazer de ti o homem mais feliz do mundo...
Vamos, não há tempo para despedidas...

Vem...
Que o sol não espera pra se pôr
E amanhã pode ser tarde demais
Para começar uma linda história de amor...

Foto de Edevânio

UM NOVO MUNDO NO CAMINHO DAS ÍNDIAS

Edevânio Francisconi Arceno

AUPEX-UNIASSELVI

Estamos impressionados com os avanços tecnológicos, então indagamos onde o Homem vai parar? Acreditamos que a pergunta razoável seria: Onde o Homem quer parar? Dizemos isso porque cada dia mais limites são superados e quem afirmar categoricamente que a morte é o limite para o Homem, corre o risco mais tarde ser reconhecido como o Idiota que limitou a Humanidade. Entenderemos melhor estas afirmações se voltarmos no tempo para analisar as atitudes e estratégias adotadas pelo Homem diante das adversidades.

A convivência em grupo nasceu da necessidade de proteção, em virtude dos predadores. Através desta relação em sociedade, compreenderam que a união não só poderia deixá-los mais fortes tanto para defender-se como para atacar, tornando-se assim também predadores. Quando o Homem conseguiu impor sua superioridade diante das demais espécies, sentiu necessidade da disputa entre si, para descobrir quem é mais sábio ou forte. Desde então a força e o intelecto vem ditando regras entre a humanidade, no intuito de descobrir quem é o mais poderoso. Com o advento da escrita, todas as estratégias adotadas pelo intelecto e as proezas realizadas através da força, foram sendo registradas, propiciando ao Homem, aquilo que conceituamos progresso.

O Homem se organizou em Estado, após viver anos como sociedade tribal, ainda que existam sociedades tribais semelhantes, o Homem evoluiu, e quando a extensão territorial tentou-lhe impor limites, ele se lançou ao mar. Não demorou muito para perceber que o mar era uma grande oportunidade de ampliar seus poderes, com terras e povos a serem conquistados.

Deste modo os Fenícios, iniciaram aquilo que seria denominado de “Comércio Marítimo”. Segundo a Ilíada de Homero, as rotas comerciais do mediterrâneo foi o verdadeiro motivo de Agamenon ter unido toda a Grécia para lutar contra Tróia do rei Príamo, e não a desonra de Menelau, em virtude da paixão “avassaladora” de Paris e Helena. Por que tanto interesse de Agamenon e tantos outros, em monopolizar as navegações? A resposta parece obvia! Poder, isto mesmo, quem dominasse os mares e as rotas comerciais teriam mais poder sobre os demais. A soberania grega não levaria muito tempo, pois como todo império que se levanta, um dia cai, e assim tem sido durante toda a História.

No período medieval, outros povos dominariam o mediterrâneo, mas nenhum foi tão importante quanto às cidades italianas de Veneza e Gênova, que se transformaram nos centros comerciais mais ricos da Europa. Serviam de ponte entre os consumidores ocidentais e os produtores do oriente. Em virtude dos impostos aduaneiros, as mercadorias eram acrescidas de muitos juros. Depois da tomada de Constantinopla pelos turco-otomanos, sérias restrições foram impostas ao comércio no mediterrâneo, o que fez encarecer ainda mais as mercadorias. Para uma Europa Feudal, em fase de transição, a situação ficou calamitosa, em virtude da escassez do ouro e demais metais preciosos, o que dificultou ainda mais o comércio. A única alternativa era tentar uma rota comercial alternativa. Mas quem poderia aventurar-se em busca de uma nova rota em meio ao caos urbano, escassez de moedas, êxodo rural e uma eterna queda de braço entre nobres e burgueses?

Este era o Cenário em quase toda a Europa, com exceção de um pequeno país banhado pelo oceano atlântico, que recentemente havia conquistado sua independência e a consolidando com a histórica “Revolução de Avis”, que conduziu ao trono de Portugal D. João I. Este governante conseguiu unir os interesses dos Burgueses e a maioria dos nobres, com total apoio do povo. Isto fez de Portugal, o primeiro Estado nacional da Europa, dando-lhe estabilidade política e econômica necessária para dar inicio a Expansão Marítima, em busca de uma rota alternativa rumo às Índias.

O pioneirismo em navegar em mares nunca d’antes navegados, era antes de tudo uma prova de coragem e do espírito aventureiro deste povo.Pois a navegação em águas desconhecidas eram povoadas de crenças e lendas medievais sobre fabulosos monstros marinhos.Além disto, haviam registros escritos pelo navegador italiano Marco Pólo, com histórias e personagens pra lá de fantásticos. D. Henrique, o terceiro filho de D. João I, fundou a “Escola de Sagres”, onde reuniu a experiência marítima italiana, a ciência herdada dos árabes ao espírito aventureiro do povo português. A primeira investida Lusitana foi à conquista de Ceuta, cidade do norte da África, que era uma importante rota comercial, que mais tarde perdeu seu valor, em virtude da mudança de rota por parte das caravanas árabes.

Depois de Ceuta, foi a vez da Ilha da madeira, em seguida o arquipélago de Açores, e a cada expedição, mais informações eram mapeadas. Após várias tentativas, o navegador Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador, um obstáculo à pretensão portuguesa de chegar às Índias. Junto com a gloriosa vitória pelo seu feito, Gil Eanes desembarca em Portugal com a embarcação cheia de negros, para serem vendidos como escravos, tornando-se uma mercadoria muito lucrativa.

Bartolomeu Dias traz para Portugal, a travessia do Cabo da Tormenta, que para o Rei, nada mais é que a Boa Esperança, de que a Índia está próxima. Instituindo Feitorias e demarcando o litoral africano para a glória de Portugal, Vasco da Gama chega com sua expedição a Calicute. Apesar de não ter êxito no contato diplomático com o Rajá (Governante) daquela cidade Indiana, Vasco da Gama oficializa a abertura de uma rota alternativa às Especiarias. Veja a narração de um trecho do poema “Os Lusíadas”, de Camões ao avistar Calicute:

Já a manhã clara dava nos outeiros
Por onde o Ganges murmurando soa,
Quando da celsa gávea os marinheiros
Enxergavam terra alta, pela proa.
Já fora de tormentas e dos primeiros
Mares, o temor vão do peito voa.
Disse alegre o piloto melindano:
-Terra é de Calicute, se não me engano;
(RODRIGUE, apud Camões. p.103)

Nos relatos registrados no diário de bordo, Vasco da Gama faz menção de que ao afastar-se da costa africana em direção ao leste, percebeu a presença de aves, o que dava indícios da existência de terra não distante dali. (SOUZA; SAYÃO, apud Bueno, p.26)

No dia 08 de março de 1500, a maior e mais poderosa frota de Portugal, comandada pelo jovem fidalgo Pedro Álvares Cabral, composta por mais de 1.500 homens distribuídos nas dez naus e três caravelas, saiu em direção à Índia. Cabral afastou-se em direção leste da rota demarcada por Vasco da Gama. A mudança de itinerário causa polêmica até hoje, afinal, esta mudança foi proposital ou casual? Se foi prevista ou não, se houve tempestade ou não, estas respostas ficaram para sempre no campo das especulações, até que o Homem crie uma “Máquina do Tempo”e retorne até 22 de abril de 1500, dia que Cabral avista a Ilha de Vera Cruz, o nosso Brasil! Dez dias depois, ele retoma sua rota para a Índia, onde fez acordos comerciais muito lucrativos para Portugal e o Mundo.

Logo o pioneirismo português, faria seguidores. Os Espanhóis chegaram a América, sob o comando de Cristóvão Colombo, pois assim como Vasco da Gama, procurava um caminho alternativo para as Índias. Em seguida foram os Ingleses, Franceses, Flamengos e Holandeses. Ao dominar águas estranhas surgiram novas terras, que também foram dominadas, muitos mitos foram colocados abaixo e um novo mundo se formou.

Há muitas terras ainda a serem conquistadas, afinal a nossa Via Láctea, é apenas uma entre muitas, há ainda vários planetas a serem explorados e também novos povos ou seres a serem encontrados. Analisando o retrospecto do Homem, você dúvida que isto acontecerá?

REFERÊNCIAS

RODRIGUE, Joelza Ester. A História em Documento. 6ª Série. São Paulo. Ftd, 2006.

SOUZA, Evandro André; SAYÃO Thiago Juliano. História do Brasil Colonial. Indaial: ASSELVI, 2007.

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