Sorte

Foto de Lokokebas

Coisas do Coração

Coisas do Coração

Lembro como se fosse ontem...
Eu olhei pra você e você pra mim
Foi assim que tudo começou
Simples assim
Muitas vezes não há o que se falar
as palavras estão no segredo de um olhar...
Dizem que o cupido é burro
Mas dessa vez ele acertou em cheio
Aos poucos fui ganhando seu jeito
E percebendo que achei meu encaixe perfeito
A menina meiga que não é mimada
Aquela com quem eu adoro dar risada
Com quem eu adoraria sair todos os dias
Mesmo que fosse pra não fazer nada
Porque com você, fazer nada seria fazer tudo
Com você nao me importo com o tempo
Não me importo com dinheiro
Quando estou com você, vivo pra você
E só quero te ver feliz
Quando te beijo, te abraço forte
Fico me perguntando, o que fiz
Pra merecer tanta sorte...
Mas existem coisas que não têm explicação
Principalmente, as do coração

Lucas Carneiro

Foto de Osmar Fernandes

De modelo só a propaganda

Na cidade grande é assim:

O trânsito fica enlouquecido.

O guarda quase engole o apito.

O pedestre fica perdido...

É fúria na hora do pico.

É briga no engarrafamento.

É difícil prever o fim.

Ninguém respeita o acostamento.

No “ligeirinho” há sempre confusão.

Um sempre grita: – pega ladrão!

Outro: – tira essa mão boba daí!

No centro a lei obriga pagar o “Estar”.

Para o engravatado há sempre um táxi.

Nas lombadas o “pardal” está sempre acordado...

É obrigatório bater continência para o senhor Radar.

Quem é multado perde ponto... Paga caro.

No sinaleiro é comum ser assaltado.

Nas rodovias, o soberano ladrão, é o pedágio.

O motorista está sendo crucificado.

O IPVA é o cupim – o vírus do ágio...

O “DPVAT” dá nó no cérebro da democracia.

Ao povo resta-lhe o recado da sorte:

“Quem sai de casa fica à mercê da morte.”

O trânsito virou caso de polícia.

À noite a vida não demora passar.

O homem do viaduto tem sono trágico.

O bandido sai à caça para matar.

Impera a lei do poder do tráfico.

Homens-cavalos puxam suas carroças,

Limpando a cidade, sonhando em voltar pra roça.

Atraídos pelo mundo moderno que encanta,

Choram ao descobrir, que, de modelo, era só a propaganda.

Obs.: Esse texto redigi baseado no trânsito de Curitiba/PR.

Foto de Sentimento sublime

Heroi do cotidiano! Osvania Souza

Herói do Cotidiano!

Seja você mesmo pessoa simples.
Que sorri sofre e chora.
Que luta, cansa e não desiste.
De ser na vida feliz insiste.
Você um homem de sorte!
Que não fica esperando a morte.
Colocando o pão na mesa.
Suor digno com certeza.
Em tuas idas e vindas.
Não pára para curar tuas feridas.
São marcas da luta pela vida.
Tentando sobreviver.
Sai cedo chega ao anoitecer.
Mal tem tempo de ver teu filho crescer.
É teu orgulho sempre maior.
Vê-lo alimentado com teu suor.
Quando te achares cansado.
O futuro virou passado.
Não teve tempo de abrir a cortina.
Da vida que passa e você não vê.
Digo a você herói do cotidiano.
Mesmo que seja dura esta luta.
Seja feliz nada custa.
Guarde um tempo só pra você.

Osvania

Foto de Osmar Fernandes

Histórias que o povo conta (atenção! - se tiver medo não leia)

História que o povo conta

Cafezinho das três no cemitério

Três horas da tarde, sol ardente. Hora sagrada do cafezinho dos quatro coveiros, que, sentados em um túmulo, contavam histórias de arrepiar.
De repente, o sol se põe. O tempo obscureceu. Começou a trovejar. O céu anunciou chuva, vento forte, temporal. Amedrontados, perceberam que isso só estava acontecendo dentro das limitações geográficas do cemitério. Foi coveiro correndo pra todo lado.
Nesse momento tremularam catacumbas, túmulos, covas abertas, etc. As folhas das árvores choveram sobre o cemitério. Ninguém enxergava mais nada.
Um dos coveiros, espantado, notou que o portão grande do cemitério ora abria, ora fechava, e batia uma parte na outra assustadoramente. Parecia o badalo do sino de Deus anunciando o fim do mundo. De súbito, observou uma silhueta vultosa, esbranquiçada, tentando se esconder da tempestade. Não compreendendo o mistério e tremendo de medo, de sua boca ecoou um grito pavoroso, dizendo: É alma penada! É bicho feio! Valha meu Deus!
Começara a rezar para São Miguel Arcanjo (A Oração contra as ciladas do demônio...).
Dos outros coveiros, viam-se apenas seus olhos esbugalhados fitando aquela figura estranha que parecia bicho de outro mundo.
Um dos coveiros, tenso, pasmo, seguiu com os olhos aquela “coisa”, que flutuava perdidamente, em ziguezague, em busca de abrigo.
Outro, apesar do momento esquisito e do ser fantasmagórico, só pensava nos túmulos que já tinham sido saqueados. Imaginava que se tratava de mais um vândalo ou de um ladrão, tentando assustá-los. (Poucos dias atrás tinha pegado um idiota defecando em cima de um túmulo. Ao flagrá-lo, lhe dera uns safanões, pontapés – este nunca mais se atreveu a importunar o sono sagrado dos mortos.)
Outro dia, dera falta das inscrições douradas, prateadas, de muitos jazigos. (Os parentes das vítimas exigiram das autoridades, justiça.)
O instante era de apreensão, medo, nervosismo. A ventania não parava. Aquela “coisa” esvoaçava como assombração peregrina... E de repente, sumira.
Um coveiro que não a perdera de vista foi ao seu encontro. Por sorte... se viu diante de um vulto mágico dentro duma cova, levitando. (Aquela cova aberta estava pronta para receber seu ilustre morador, que já estava a caminho.)
Assustado, o coveiro chamou um dos colegas, que ao se aproximar, deparou-se com aquela “coisa” dentro da cova. Foi tomado por uma síncope descomunal... Ao sentir-se vivo novamente, tratou de abandonar seu companheiro, seus pertences e deitou o cabelo...
Outro coveiro vendo aquela cena, aproximou-se, e ao ver aquilo, gritou: Sangue de Cristo tem poder! Isso é alma penada mesmo! Minha Nossa Senhora da Boa Morte! Saiu em disparada com as mãos à cabeça, tropeçando, caindo, se levantando, e aos berros dizia: Deus me livre! É o fim dos tempos! Socorro!
O coveiro, o corajoso, que olhava – a “coisa” resolveu lhe perguntar de supetão: - Que faz aí dentro dessa cova que não lhe pertence?!
E “a coisa” com uma voz trêmula do além, lhe respondeu sem pestanejar: - Vocês não me deixam em paz. Sentam em cima de mim contando histórias cabeludas, mentirosas; e ainda por cima, sujam meu túmulo com farelo de pão, de bolacha, café.
O coveiro, o corajoso, então lhe disse: - Vou chamar o padre para lhe dar a estrema-unção. Você não diz coisa com coisa. Ta louca! Ta na ânsia da morte.
E aquela “coisa” ali, como uma alma penada, engoliu a língua por uns segundos, e lhe respondeu: - Não precisa! Já to morto há muito tempo. Não ta me conhecendo? Sou o Luiz. Você que me sepultou. Não se Lembra de mim, Roberval?
O coveiro perturbado pensou: Santo Deus, isso não ta acontecendo comigo!... Vou buscar água benta e vou jogar em cima desta “coisa esquisita.”
A “Coisa” lhe respondeu aborrecida: - Você e os seus colegas estão usando meu túmulo como cozinha de cemitério. Não façam mais isso. Deixem-me descansar em paz. Quero ter o sono eterno que mereço.
E, falando isso, a alma penada elevou seu espírito até seu túmulo – que se abriu sozinho; ao adentrá-lo, pôde enfim dormir em paz para sempre. Ao repousar em sua última morada, fechou-se o túmulo, e misteriosamente, o temporal cessou.
Os coveiros do cemitério ficaram extáticos ao ver aquela alma se refugiar.
Prometeram que nunca mais usariam túmulos para tomar o costumeiro cafezinho das três.

Autor: Osmar Fernandes,

Foto de carlosmustang

POR UM FIO

......É um respiro contínuo
Cessado,,,em outro continúa...
No caldeirão efervessente
Religiões incandêncentes,,,

Células se fundem,,,
No explendor da desordem
E na formação
Pela ordêm,,,

E meu coração...Na mais "perfeita" harmônia!
Mas a paixão malvada, destruiu minha ilusão.

E não tive a sorte
Que vive um homem
Que passa por um fio...
Sem cair.

Foto de Fatima Cristina

Despedida.

Podias ter-me dito que ias sair da minha vida. A paixão é mesmo isto, nunca sabemos quando acaba ou se transforma em amor, e eu sabia que a tua paixão não iria resistir à erosão do tempo, ao frio dos dias, ao vazio da cama, ao silêncio da distância. Há um tempo para acreditar, um tempo para viver e um tempo para desistir, e nós tivemos muita sorte porque vivemos todos esses tempos no modo certo. Podias ter-me dito que querias conjugar o verbo desistir. Demorei muito tempo a aceitar que, às vezes, desistir é o mesmo que vencer, sem travar batalhas. Antigamente pensava que não, que quem desiste perde sempre, que a subtracção é a arma mais cobarde dos amantes, e o silêncio a forma mais injusta de deixar fenecer os sonhos. Mas a vida ensinou-me o contrário. Hoje sei que desistir é apenas um caminho possível, às vezes o único que os homens conhecem. Contigo aprendi que o amor é uma força misteriosa e divina. Sei que também aprendeste muito comigo, mais do que imaginas e do que agora consegues alcançar. Só o tempo te vai dar tudo o que de mim guardaste, esse tempo que é uma caixa que se abre ao contrário: de um lado estás tu, e do outro estou eu, a ver-te sem te poder tocar, a abraçar-te todas as noites antes de adormeceres e a cada manhã ao acordares. Não sei quando te voltarei a ver ou a ter notícias tuas, mas sabes uma coisa? Já não me importo, porque guardei-te no meu coração antes de partires. Numa noite perfeita entre tantas outras, liguei o meu coração ao teu com um fio invisível e troquei uma parte da tua alma com a minha, enquanto dormias.

Foto de Dirceu Marcelino

PRINCESA DO XADREZ

O jogo está armado. Rei Negro em sua ala postado.
Preparando-se para um grandioso combate.
Tua Rainha em seu cavalo está ao seu lado,
Dois Bispos os apóiam nesse esperado embate.

D'outro lado o Rei Branco por oito peões escoltado,
Monta "Napoleão" e a Rainha a égua "Azavacque".
A Rainha posiciona as torres, lado a lado
e nos mangas-largas marchadores, vão ao ataque.

O Rei Negro coitado, nessa arte é aprendiz.
Mas por sorte d'outro lado é a Rainha que comanda
E embora seja implacável, racional e fulminante.

Desta vez a linda Rainha, Sua Alteza a Imperatriz
Acena com um sinal e num gesto de clemência manda
Que parem, pois, vou ensinar-lhe a arte de combate.

Foto de Osmar Fernandes

Síndrome do medo (1999)

Síndrome do medo
Redigido em 1999

A síndrome do fim do mundo
Atemoriza as pessoas deste milênio.
De geração em geração,
O tormento foi sempre o mesmo.
O homem está com medo.
Aumenta o número de religiões.
Por que, Senhor?!
Tudo o que nasce, morre.
Tanta vida vive na morte.
A vida está no fim?
O destino eterno é o cemitério?
Tanto segredo, mistério.
Tanto sonho não tem sorte.
Por que, Senhor?!
1999 anos da Era Cristã.
Segundo algumas profecias
Inicia-se a Era Satã.
É bala perdida que mata.
É seqüestro que abala...
Esqueceram-se do Messias?
Por que, Senhor?
Os seus filhos estão em pânico.
Doenças incuráveis se proliferam.
Drogas matam inocentes.
São crianças sem escola.
Outras, cheirando cola...
É desemprego, sem-teto, sem-terra,
Sem-comida, terremoto, guerra...
Por que, Senhor?!

Estupros, incêndios, suicídios.
A família está perdida.
Filho mata pai, pai mata filho...
A convulsão social é planetária.
A ciência inventa vida em estufa...
Bebê de proveta e clones ela cria, recria.
Por que, Senhor?!
Falsos profetas vendem a Bíblia.
A violência virou vício.
A Besta... Reina aplaudida.
A guerra nuclear está por um triz.
O homem já se engravida!
A mulher?!... Virou mãe de barriga de aluguel.
O ser humano está mesmo perdido.
Por que, Senhor?
Por que tanto sofrimento?
É porque o homem
Esqueceu o Seu maior mandamento:
“AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, COMO EU VOS AMEI.”
Por isso está no fim?
Perdoa-nos, Senhor!!!

Foto de Sirlei Passolongo

Não Precisa Dizer Amém!

Não Precisa Dizer Amém!

Sem essa de querer me deter
Não sou objeto, não sou de ninguém
tenho a força da palavra, e não
precisa dizer ao que penso, amém!
O que você acha ser sorriso
pra mim pode ser pranto,
mas tudo bem...
Mas não tente me deter
tenho a força do verbo
que os poetas de verdade têm,
Posso transformar estrelas em dançarinas
acender a lua em noite de chuva
Posso ouvir música nas nuvens
Desenhar um buquê de um cacho de uvas
Não peço para acreditar no que defendo
mas defendo o que acredito
e a isto me rendo,
não quero saber se feio ou bonito
Posso gritar a dor da morte
ou a miséria da vida,
Posso xingar a própria sorte
e cutucar sua ferida
Mas nada me tira
a força que tenho
de fazer o verso gritar
agonias
ou cantar amores e alegrias.

(Sirlei L. Passolongo)

Foto de carlosmustang

SE NÃO...PELA EVOLUÇÃO...

Não posso mais morrer na paulada
Luto pela razão...
Não convém ater-me a dogmas
Seria um lábeu na minha imaginação
Tento encontrar o sereno da espécie
Sem o nímio da revolução

Posso deitar-me e até dormir
Comovido com o resistir...
Mesmo no mirante, à mim fadado,
Apenas a sorte.

No redarguir de outras vezes...
Serei, sempre será a mim!?
Mais refinado talvez
EVOLUTIVO, sim...

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