Som

Andei por entre meus pensamentos,
Galopes de cavalos de vento,
Liberdade pra se amar...
De nada me valeu a pureza neste instante,
pois o que mais quero é possuir-te, amr-te, dar-me por inteiro a ti somente a ti,
Escuridão toma conta de meus pensamentos,
Pois tua luz de mim se afasta,
Só então percebo que a sanidade me falta,
Tu és meu sol, meu ar, minha vida,
Representa o que é meu mas ao mesmo tempo não me pertence...
Já me perguntei de onde tu veio, mas ninguém soube ao certo me responder,
Dizem que anjo vem dos céus...
Mas você, não sei de onde veio...
Haveria de ter surgido de sonhos de poetas confusos...
Confusos como eu,
Se fosses anjo seria pouco, pois tua beleza nem se compara a de ninfas...
Ouço o som de minha própia voz a me chamar,
Ao mundo real terei de voltar...
...Pedra preciosa de minha imaginação a qualquer hora irei voltar...

Seu beijo é

fruto de amor proibido

calor do meu corpo aquecido

chama da paixão

veneno do meu coração

Seu beijo é

pedaço de mau caminho

de um cacto, o espinho

chave de todo pecado

de um corpo amado

Seu beijo é

o som de uma lira

razão da minha paz já esquecida

um toque de sedução

um sonho, uma ilusão

Seu beijo é

razão do meu viver

tudo o que eu quero esquecer

meu futuro triste

tudo o que não existe.

Fê

Não temas a escuridão brusca da noite

Pois nesses momentos, onde a luz do sol fraqueja

Os meus braços rodeiam-te como o céu a terra,

O calor, fervor maluco do meu coração aquecem-te

E o ar que expiro beija as tuas faces suaves

Como a chuva da Primavera.

E o fogo que arde em mim cresce e mostra-se

Quando os teus olhos cintilantes reflectem os meus

E o som da minha voz ergue-se, sussurrando-te

Ao ouvido, pequenas palavras carinhosas.

Não temas a tempestade furiosa do mar

Pois quando as suas tenebrosas vagas se abatem sobre ti,

Levando-te para o fundo obscuro do oceano,

A minha mão lançar-se-á em busca da tua,

Como o sol da lua.

E o meu espírito selvagem, mas dependente do teu toque,

Mergulhará e não desistirá.

Pois os meus sentimentos por ti,

nem os sábios sabem da sua grandeza,

Pois não existe medida.

Assim como o sol segue a lua e a luz a chuva,

Eu sigo os teus olhos.

E receio magoar-te,

Pois tesouros como tu,

Um cristal puro e intocado,

Não têm possivel valor, têm sim amor.

E essa palavra tão forte

E que cai sobre o nosso coração,

Como as folhas do Outono, e a chuva do Inverno,

Tem uma magia incontrolável,

E é isso que eu tenho para te dar:

Amor!

Carmen

O pródromo da semelhança do ser

A praia

gelada e fria,

pelo povo esquecida,

pelo vento arrefecida,

incumbiu-se de eliminar

o som, o cheiro, o sabor,

o futuro ardor

de sentimento ... o olhar.

A negrura

de meu destino,

estranho fado vespertino

criado de torpe cantiga,

ecoava na aurora humana

história antiga,

apagada pela vida mundana,

nefasta amiga.

O tempo

que fecha canções,

abre os corações,

dentro de mim

cria raízes e procura,

numa descida sem fim