Sisudos

Certa vez em uma clínica, todos estavam sisudos...
Uma senhora nervosa com a espera, outros inquietos...
Ninguém dizia nada, somente um ar de tédio...

Quando entra uma senhora com uma criança de colo...
Ela conversa com a atendente e logo se senta na sala lúgubre...
Como tudo estava quieto ela chamou atenção pelo movimento...
Ao sentar-se ajeita a criança, entra no ritmo da sala.
Ou seja, nada se fala, exceto por um detalhe...

A criança com olhos inocentes, alheia a tudo...
Olha para a senhora nervosa, e faz o que ninguém esperava
A pequena princesa abre um grande sorriso
A senhora sorri também e diz que linda
Os demais que assistiram a cena sorriem
Logo todos na sala admiram o belo e sorriso inocente

Não demorou muito para que todos ali se comunicassem
Que todos ali também sorrirem um para o outro
Sorria sempre não despreze seu poder

Senhor, perdoa-me o despautério...
Devolvo-te a inspiração...
Sinto cometer um adultério
traindo a voz do coração.

Meus versos perderam a alegria,
caminham sisudos pela poesia...
meus lábios não dizem o que sinto,
contradiz, minhas palavras, meu olhar...

Tento enaltecer o amor,
que de tão raro se codificou...
quero descrever o belo
que perdeu o viço e se esfacelou.

Perdi-me no compasso, tropecei nas rimas,
fugi de meu estilo buscando o que me anima,
e a cada passo um descompasso me abomina
e o poema segue falso, sem auto-estima.

Por isso, meu Senhor, me encontro à deriva...
Pra que inspiração se falta emoção?
Pra que a poesia se já não há fantasia?
Não sei se me perdi, ou me perdeu a vida.

Carmen Lúcia