Silêncio

Foto de Carmen Lúcia

Caminhos

Não fosse o pranto não avaliaria o sorriso,
não fosse a dor dispensaria o afago,
não fosse o grito calado, palavras soariam distorcidas,
não fosse a tristeza, a alegria seria camuflada,
não fossem as ausências, a simples presença seria afastada,
não fossem os nãos bradados, os sins perderiam os significados,
não fossem as pedras do caminho não me prenderia aos detalhes.
não fossem as noites escuras não me encantaria o luar,
não fosse a perseverança não me importaria a conquista,
não fosse a primavera me acomodaria o inverno,
não fosse o suor a colheita seria irrelevante,
não fosse o pecado não conheceria o perdão,
não fosse a solidão não me apegaria aos amigos,
não fossem as subidas não me deliciaria com as descidas,
não fossem os percalços nada seria tão desejado,
não fosse o fundo do túnel não veria a sua luz,
não fosse o silêncio não haveria flashes de reflexão,
não fosse a impaciência não mensuraria a compreensão,
não fosse o amor me absteria da vida,
não fosse a carência, negligenciaria o carinho, a proteção,
Não fosse a voz da alma calaria a poesia.

_Carmen Lúcia_

Carmen Lúcia Carvalho de Souza
18/11/2010

Foto de diny

O Amor

O AMOR
O amor está além dos tumultos das vivências
das paixões,
dos desejos,
das multiplicidades de existências e dificuldades
que quase sempre resumem tanto sofrimento,
nesse processo de crescimento.
Enquanto que caminhamos em busca do nosso
verdadeiro "eu" quase sempre tropeçamos,
em nossa visão tão limitada de vida,
e o amor que transcede tudo isso, é e está palpitando
em nós!
Vive em nós!
Move-se em nós!
Nele e através dele o nosso ser se exprime!
Ah esse amor!...
Amor maior: que nada teme,
amor maior: que a vida,
que a morte!
Amor que não conhece limites!
Que está em toda parte;
que é todo ternura mesmo na amargura,
existe!
Amor que é inefavelmente doce,
que acolhe alegremente todo medo,
que dissipa toda tristeza,
que está, onde quer que o busquemos
com amor!
Ah esse amor que tudo compreende!
Que não conhece nem defeito, nem deformidade,
pois está muito além de ambos; é sublime!
E o que bate em mim, ainda que com essa tênue
percepção; é que a natureza desse amor é tão
luz e tão vida!...
Que...
me invade um silêncio enorme, na impossibilidade
de expressá-lo!
Ah o amor é o portal da existência divina.
Diny Souto

Foto de poetisando

Não gosto de tempo frio

Não gosto de tempo frio. Gosto dos dias de sol. Gosto de acordar cedo. Não gosto que me façam muitas perguntas. Gosto de estar na cama quando chove. Gosto do silêncio. Gosto de namorar. Gosto de beijos, e abraços apertados. Gosto de ver o mar. Gosto de programas que me façam reflectir e rir. Não gosto de faltas de educação e respeito. Não gosto de pessoas falsas, nem de pessoas que se acham mais importantes que as outras pessoas. Gosto de pessoas bem-humoradas. Gosto do cheiro da terra molhada. Gosto do cheiro da terra quando acabada de lavrar. Gosto dos dias em que não me apetece fazer nada...e não faço! Gosto de ler um bom livro. Gosto de poder estar com quem quero. Gostava de ter amigos. Gosto de pessoas humildes. Gosto do mar, do céu estrelado e de sentir areia nos pés. Gosto de rir. Gosto de pessoas simples, e de sorriso franco. Gosto de olhos brilhantes. Gosto de viajar. Gosto de ir às compras. Não gosto de me chatear. Não gosto de me sentir julgado por pessoas que não me conhecem ou que pensam que me conhecem. Gostava de saber que gostam de mim. Não gosto de esperar. Gosto de ter tempo e me esforçar por chegar a tempo. Gosto de ouvir as minhas músicas preferidas. Não gosto de despedidas. Gosto de reencontros. Gosto de comer, comer bem e comer coisas que me mantenham saudável. Não gosto de pizzas. Gosto de mousse de chocolate, e de Baba de Camelo. Não gosto da indecisão de não saber onde ir. Não gosto de não saber o que hei-de fazer. Gosto de me olhar ao espelho. Gosto de viver. Gosto de mim. Gosto de ser quem sou e como sou.
De: António Candeias

Foto de Graciele Gessner

Repousando a Mente. (Graciele_Gessner)

"Onde o silêncio faz a sua própria estação."

Escrito por Graciele Gessner.

*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de Carmen Lúcia

Um olhar para si...

Esperanças crescem das derrotas;
são respostas aos silêncios da vida...
Ouvir a voz dos acontecimentos
e saber discerni-los...Grandes desafios!
Calar perguntas desnecessárias, abafá-las...
Nunca perder o poder de ouvir...Refletir!
Respostas imbuídas no interior dos fatos...
Pior do que caladas é não poder sentir
a essência que prevalece aos atos.

Perseguir o silêncio é buscar sabedoria...
Percorrer distâncias, ser capaz de ouvir mais,
sem pressa de nomear realidades
ao separar do trigo, o joio...
Saber apreciá-las no olhar devagar;
E divagar...
Preconceitos nascem de olhares apressados,
Um ver sem mesmo nunca ter visto...
É olhar o diamante sem ter visto a pedra bruta,
olhar o pecador sem imaginá-lo na luta,
em seu arrependimento, em sua dor...
Olhar o covarde sem enxergar o vencedor,
sem um olhar detalhado, julgando-o perdedor.

E quando voltar os olhos pra si mesmo
não deixar que se percam a esmo!

(Carmen Lúcia)

Foto de vânia frança flores

Sei-te de Cor

Sei-te de Cor
Cada traço do teu rosto, do teu olhar
Cada sombra da tua voz e cada silêncio,
Cada gesto que tu faças,
Meu amor sei-te de cor
Sei cada capricho teu e o que não dizes
Ou preferes calar, deixa-me adivinhar
Não digas que a louca sou eu
Se for tanto melhor
Amor sei-te de cor
Sei porque becos te escondes,
Sei ao pormenor o teu melhor e o pior
Sei de ti mais do que queria
Numa palavra diria
Sei-te de cor.
Sei de cor cada traço do teu rosto, do teu olhar
Cada sombra da tua voz e cada silêncio,
Cada gesto que tu faças
Meu amor sei de cor.

Foto de ivaneti

Filha da Lua

Filha da Lua....

Certo dia sentada a beira de uma janela de minha casa, exatamente na cozinha, eu e minha filha Mônica jogávamos conversa fora, enquanto ela olhava fixamente para o alto, mais precisamente para o céu, com as mãos acenava para lua, gesticulando o quanto fazia brilhar, naquela noite, tudo estava calmo. A casa não tinha barulho de crianças, quando o normal é estarem todos os quatros, envolvendo em nossas conversas, sempre trazendo confusão. Sendo três meninas e um menino o caçulinha de dois anos, correndo pelo vão da casa, cheios de traquinagens, ora brincando, ora brigando, e aí é aquela correria para separá-los. Mais voltando ao inicio da conversa, sobre minha filha, brincando com a lua, naquele momento ela resolveu tirar uma foto da lua em seu celular. Em seguida mostrou - me dizendo: Veja como esta linda! num tom de brincadeira, disse a ela, ah! Deixa-me ver o que a lua esta lhe dizendo. Naquele instante olhei a foto. Observei atentamente aquela figura que ali estava. É mesmo, é noite de lua cheia! De repente vi que ao redor dela se formava uma imagem. Pensei, devo estar vendo demais, e fiquei intrigada. Ela me perguntou o que a senhora Vê?. Eu disse não vai acreditar, mas veja você mesma, ao redor desta bola cheia, o que vê, ela olhou bem e me respondeu, ah! Parece um feto! Nooossa!, Mais eu também vi perfeitamente a imagem de um feto ali. Ainda bem que não tenho como estar grávida, disse ela. Fiquei mesmo impressionada... Não acreditando bem no que estava a minha frente, mostrei para minha filha Ruth minha caçula, e a resposta foi a mesma, então existia aquela imagem e não era fantasia de minha mente.

Passado algumas semanas... Mônica começou a se sentir mal, logo lhe abateu uma forte gripe, e sua gastrite então, imagina.... Que situação, disse a ela vai ao médico, pode ser dengue, logo começou a dar náuseas e o coração de mãe sabe como é, só pode ser! Pensei!, Mais pedi a ela que fosse ao médico ver o que era, poderia ser uma coisa simples como poderia ser também outra coisa, logo deu jeito de procurar um médico, chegando ao consultório colocou toda sua situação, inclusive, que não estava atrasada na menstruação, mesmo assim uma bateria de exames foi pedida, inclusive o Beta.

Ela não estava nem um pouco preocupada, ainda me disse ah! Mamãe, já tenho uma filha, esta bom demais... Já vem a senhora... Fiquei calada. Foram Feitos os exames, acompanhei ao laboratório para pegar os resultados. Estava caindo uma forte chuva, não dava nem para sair do carro, o fluxo de veículos era grande para atravessar a rua. Mais como a ansiedade estava corroendo por dentro para ver o resultado, nem esperou acalmar o transito e saiu atravessando entre um carro e outro. Com os resultados em mãos procurou logo do exame de Beta HCG, abrimos e ficamos em duvida com o resultado. Então resolvemos passar em outro laboratório, onde ela tem uma amiga. Quando a noticia veio dando lhe a certeza, levou um susto! Ficando inércia com os olhos estatelados. Ficamos em silêncio por alguns minutos com o coração nas mãos. Lembrei-me da lua e do Feto. A figura agora deixou de ser uma simples figura estava ali dentro daquele ventre, e agora Mônica? O namorado havia feito vasectomia, nossa senhora! que confusão!, Era dizer a verdade e pronto! E assim foi feito. Vasectomizado nada! A verdade é que eles haviam planejado tudo, queriam de fato aquela criança. Eu que era a leiga da historia.

Entre aqueles enjôos e toda aquela fraqueza. Foram passando os meses. Já estava no quarto mês de gestação, não dava para ver o tamanho da barriga. Engraçado meu nenê até hoje não mexeu, disse ela. Este é preguiçoso mesmo. Uma noite deitada no sofá, assistindo televisão, o namorado liga e diz “amor” vai lá fora e vê como a lua esta linda!. Olhou fixamente, e de repente quem mexe nada mais, nada menos que seu nenê, que estranho, então lembrei do começo.

Seu nenê tem alguma ligação com a lua, disse – lhe em tom baixo quase me falhando a voz. Respondeu com um sorriso, nossa mamãe, o que será, só Deus e a lua para falar. Foi ao médico novamente, desta vez para fazer pré natal. Pegou o pedido para fazer a ultrassonografia. Então Doutor quero saber o sexo do meu nenê. Acho que é uma garota, vamos ver... sim noventa e nove por cento que é uma menina. Uma menina! Nossa que emoção mais uma para fazer companhia para a outra minha filha. Chegando a casa, perguntou adivinha o que é? Eu que sempre imaginei menino, não tive um momento em que pensei que fosse menina, respondi o que achava, é eu estava enganada rsrsrsrs, uma garota! Deixe-me ver o resultado. Quando olhei a imagem, nossa! Idêntica com a foto do celular. E assim foi passando o quinto, sexto e sétimo mês. Mônica vivia o tempo inteiro reclamando que a Monshine mexia demais, sim já tinha até nome, Monshine! Então respondi é assim mesmo, ainda mais com a mudança da lua. Ela se mostrava mais inquieta na lua cheia, deixando a mãe de cama. Um dia falei se esta menina for o que estou pensando, é só conversar com ela que terá a resposta. Ela então se assustou com minha opinião.

Mais diante de tanta insistência resolveu na calada da noite ter uma
Longa conversa com seu nenê, enquanto falava, ela remexia se toda foi quando teve a certeza de algo que não era realmente normal, pois na outra gravidez nada disso aconteceu. Perguntou a ela qual o dia viria à luz do dia. E quando adormeceu, em seus sonhos apareceu uma linda menina dos olhos castanhos, cabelos encaracolados com a cor do sol, com uma boquinha tão pequeninha, que de vermelha parecia um morango maduro, e lhe dizia mamãe esta chegando o dia em que vai ver meu rostinho, em uma quinta feira, ao entardecer ao fechar o as portas do sol, fecharei a noite junto a ti, exatamente no dia onze de junho. Então Mônica acordou com a sensação de ter vivido aquele momento, e que não era sonho e sim um acontecimento. Contou - me aquela passagem do sonho, como não acreditar! Ainda que dissesse toda a historia, não acreditaria, agora imagine como não acreditar... vi com estes olhos que a terra há de comer, pena que não levou a sério e apagou a imagem para que eu podesse mostrar ao mundo como prova do que aqui estou escrevendo.

Chegou o mês de junho e ficamos apreensivas. Não contamos a ninguém, também quem acreditaria?, O destino cumpriu a profecia, e quando chegou o dia onze de junho às dezoito horas e um minuto, Mônica começou a sentir as contrações sem dor, chegou a hora! E lá se foi aquele furduço. A caminho para o hospital ligou avisando ao pai que chegou a hora de sua filha nascer. O parto foi normal, sem dores, nasceram as 19: hs em ponto. Correu tudo bem. È uma menina saudável, linda! Do quarto dava para notar através da janela um lindo luar, parecia sorrir pra gente, aquela pequenina imagem fazia parte de nossas vidas agora. O pai radiante pelo nascimento de sua filha voltou para casa para descansar. No outro dia chega ele contando que na Fazenda havia sete vacas paridas, e uma delas teve dois bezerros e uma bezerrinha, que era diferente dos outros, a sua cor chamava atenção por ser da cor do sol, cor de ouro e até na plantação de Gira Sol com seus botões resolveu sorrir, e o dia lá fora brilhava ofuscando até a alma da felicidade. O que ele não sabia é que Monshine veio para trazer brilho, amor e vida, e que ele e Mônica havia sido os escolhidos para cuidar da filha da lua.

Autora: Ivaneti Nogueira

Foto de Nailde Barreto

A Carne.

Suculenta! Templo sem leis,
Domina e vicia, dos súditos aos reis,
Em silêncio, faz ecoar o hino da vaidade,
Através de seu exército de escravos despidos.
Exauridos de tudo que é imposto nu e cru...
Gozam o deleite do prazer precoce, sabidos!
Abrem sorrisos para a orgia...
E, revestidos de nada na verídica agonia,
Causam confusão na emoção vazia,
Que rasga cedas e briga contra os anseios da carne,
Evidenciando o duelo eterno entre prazer e arrependimento.

(Nailde Barreto- 07/11/12)

Foto de Carmen Vervloet

No Silêncio da Madrugada

Madrugada, lua quieta,
vento calmo, silêncio...
Um silêncio tão profundo que ouço
o que ele me diz.
Meu coração se acalma
e o poeta desperta
com uma brisa lânguida no rosto
e passa a escrever versos
onde a vida é só alegria,
onde não se precisa de mais nada,
a não ser esta paz que envolve e inspira.

Foto de poetisando

Caminhando pela vida

Caminho sem rumo nem rota
Em silêncio noite e dia
Caminhando sempre bem
Com o coração em ferida
Hoje caminho sozinho
Muitas caminhadas ainda farei
Até encontrar o meu destino
Só então aí eu pararei
Não sei se o vou encontrar
As forças já me estão a faltar
Tenho força de vontade
Não tenho é mais para andar
De: António Candeias

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