Seis

Foto de Rosinéri

NUNCA DIGA ADEUS

Enquanto eu me sento nesta sala enfumaçada,
A noite próxima do fim.
Eu passo meu tempo com estranhos
Mas esta garrafa é minha única amiga.
Lembro quando nós costumáva-mos estacionar
Na rua no escuro.
Lembro quando nós perdemos as chaves
E você perdeu mais do que isso no branco traseiro
Lembro quando nós costumávamos conversar
Sobre explodir - nós partiríamos os corações deles,
Juntos - eternamente.
Nunca diga adeus,
Você e eu e meus velhos amigos,
Esperando que nunca terminasse.
Persistindo - nós precisamos tentar
Persistindo para nunca dizer adeus.
Lembro dos dias de faltar na escola,
Carros de corrida e ser "maneiro".
Com um grupo de seis e o rádio
Nós não precisávamos de nenhum lugar para ir.
Lembro na festa de formatura naquela noite,
Você e eu tivemos uma briga.
Mas a banda tocou nossa canção favorita
E eu te abracei tão fortemente.
Nós dançamos tão próximos,
Nós dançamos tão lentamente.
E eu prometi que nunca deixaria você partir,
Juntos - eternamente.
Eu acho que você disse que costumávamos conversar
Sobre detonar.
Nós partiríamos os corações deles,
Juntos - eternamente

Foto de LUCAS OLIVEIRA PASSOS

AS ESTRELAS

As estrelas Lucas Oliveira Passos

As estrelas estavam lá, no pedaço de céu que me cabia apreciar pela janela, naquele leito de hospital em que eu me encontrava, arrasado e sem entender nada...mais uma vez minha vida mudava completamente, numa guinada imprevizível...a necessidade da cirurgia, a gravidade da doença, e por fim a notícia que tentaram me passar e que me recusava a entender, sabia que era algo terrível, algo que teria que me lembrar e aceitar para o resto da vida, mas naquele momento o bloqueio não permitia, eu não conseguia pensar, apenas aquela imensa tristeza, e um gigantesco desejo de morte que nunca havia sentido antes em toda minha vida.

A enfermeira se aproximou sem fazer qualquer barulho, e cuidadosamente fechou a pequena janela, próxima ao meu leito, minha única referência para o mundo exterior, minha única fuga para os pensamentos terríveis que invadiam minha mente.

- Tenho que fechar a janela, os outros pacientes estão reclamando do frio, me desculpe, sei que é a única coisa que parece lhe interessar...

Assim, todas noites, meu céu quadrado e pequeno, contido nas dimensões daquela janela, se apagava irremediavelmente, as estrelas, que eu tanto estudara e pesquisara, por puro deleite, em certa etapa da vida, eram agora meu único consolo, me faziam pensar no tão pequeno que eu era, naquela imensidão tamanha do universo.

Não sabia quanto tempo já se passara desde o dia em que me internei com câncer e uma hérnia abandonada por muito tempo, calculava algo em torno de uns seis meses, tudo fora um sucesso segundo os médicos, mas meu corpo não era mais o mesmo, meus 75 anos pesavam bastante no processo, o restabelecimento era lento, a angústia era grande, havia algo medonho a ser encarado, assimilado e entendido...um amargo na garganta, um peso imenso no peito...por que meu cérebro se recusava a processar a notícia que foram me dar? Minha filha Aninha, por que não aparecia mais no hospital para me visitar?

As lágrimas brotavam abundantemente nos meus olhos, não devia ser assim...tão acostumados com o sofrimento devido aos anos de trabalho voluntário na ajuda desvalidos...comecei a lembrar palavras que foram ditas...concluí que havia acontecido com Aninha algo terrível, agora ela era apenas uma pequena estrela no céu e ao mesmo tempo uma chaga aberta para sempre no meu peito, para o resto do resto de minha vida, pois minha vida agora só seria um resto, que talvez nem merecesse ser vivido...chorei a noite inteira...nunca fora de chorar, nunca chorava, mas era impossível evitar...comecei a recordar o passado e parei exatamente quando Aninha havia entrado em minha vida...antes de nascer...ainda quando era nada mais que uma promessa de vida no corpo de uma mulher, quinze anos atrás...em um ponto de ônibus em Copacabana...

- Tu podes me ajudar? Estou com fome, estou grávida, meu namorado me abandonou, minha família não quer me ver, cheguei de Curitiba ontem e não como nada a dois dias, preciso que alguém me ajude...

Olhei a mulher nos olhos atentamente, estimei não mais que 30 anos para sua idade, observei todo seu corpo, era bonita, estava maltratada, entretanto vestia roupas de qualidade...seus olhos mostravam que estava em situação de carência e mêdo, o corpo, uma gravidez de no mínimo dois meses, senti muita pena dela, eu nunca abandonaria uma mulher à própria sorte, mesmo sendo desconhecida, e assim me senti envolvido e pronto para ajudar...

- Qual é o seu nome, moça?

- Sonia, mas tu podes me chamar como tu quizeres, se puder me ajudar te agradeço muito...Tu és casado, posso ajudar no serviço da tua casa?

Aquela pergunta me fez lembrar que já fora dezenas de vezes, não no papel, mas a muito tempo este conceito de ser ou estar havia perdido o significado em minha vida, deixava o amor fluir da forma que viesse, amava as mulheres incondicionalmente, deixando-as livres para entrar e sair de minha vida como bem entendessem, aprendi a recomeçar sempre que fosse possível, sem olhar para trás e sem me importar com nada, estivera diversas vezes no topo e na base, e sabia que após tempestades a terra se torna fértil e pronta para a fecundação, e que o importante eram os dias de sol que viriam, trazendo lampejos de felicidade...pequenos momentos que tinham que ser aproveitados antes que se acabassem...não fechava nunca qualquer porta que pudesse permanecer aberta em minha vida, essa era minha filosofia de vida, era como eu me sentia...

- No momento estou morando sozinho, se você quizer, eu te levo para minha casa, lá você pode se alimentar, tomar um banho, trocar de roupa e ficar quanto tempo quizer...até ter um lugar melhor para ir...quando quizer ir...

E assim, desde o primeiro dia morando em minha casa, Sonia se posicionava como minha mulher, sem reservas, na cama inclusive, sem nada perguntar, sem nada pedir, com seu olhar meio ausente e distante, por vezes inquieto.

Comecei a perceber que Sonia seria um pássaro passageiro em minha vida e não demoraria a se lançar em novo vôo, e isto me incomodava, havia me apaixonado mais uma vez e agora amava Sonia e a pequena semente que crescia no seu útero, fecundada por outro homem, mas já adotada totalmente por mim. Passei a visitar minhas tias levando Sonia e a promessa de Aninha, cada vez maior em sua barriga, apresentando-a como minha nova companheira, na extrema tentativa de faze-la gostar daquela opção de vida, mas sentia que o olhar de Sonia estava cada dia mais longe.

Tinha percebido desde o início que Sonia, assim como meu falecido filho Lalo, apresentava sintomas típicos de viciados em drogas, a abstinência estava lhe pesando cada vez mais e chegaria a um ponto em que ela não suportaria ultrapassar...isso me aterrorizava e me fazia passar noites em claro procurando uma alternativa, abri o jogo com ela, mas ela negou tudo e inverteu a situação, dizendo que se eu queria um motivo para me livrar dela e de Aninha. Talvez Sonia nunca tenha sabido o quanto me feriam essas afirmações...o quanto era grande o meu amor por ela.

O tempo foi passando, dias, semanas, meses e finalmente Aninha nasceu, pequenininha, indefesa, totalmente dependente de tudo e de todos, sem saber em que mundo fora lançada e por quanto tempo...eu tentava esconder as lágrimas que brotavam de meus olhos quando observava a total indiferença de Sonia em relação a Aninha, e comecei quase por adivinhação do que viria, a ler tudo sobre crianças.

Quando Aninha completou duas semanas de vida, cheguei de uma entrevista para um novo emprego e não encontrei mais Sonia, ela havia partido, deixando apenas um pequeno bilhete junto ao berço. Sonia levou quase todo dinheiro de nossas reservas, Aninha passou nesse momento a ser responsabilidade e problema apenas meu. Eu me recusei a acreditar, andava pelas ruas olhando em todas as direções, procurando por Sonia, levando fotos, falando com drogados, mas nenhum sinal de Sonia, devia estar longe...talvez em Curitiba...talvez em qualquer lugar do mundo, bem longe dos meus olhos mas ainda dentro do meu coração, ocupando um espaço imenso e significando talvez a maior derrota de toda minha vida.

Sentia uma imensa agonia e abraçava Aninha toda vez que precisava sair para conseguir algum trabalho, agora eram apenas eu e ela, apenas nos dois para enfrentar o mundo e lutar pela vida. Como conseguiria trabalhar e ao mesmo tempo cuidar do bebe, teria que conseguir uma atividade que pudesse ser feita em casa, que não tomasse todo meu dia...tinha que conseguir voltar ao topo, com bastante dinheiro seria mais fácil resolver as coisas... nunca me importava com o dinheiro, mas agora ele era a coisa mais importante para que eu pudesse cumprir meu juramento, daria o máximo do resto de minha vida para que o futuro de Aninha fosse o melhor possívcel...eu sempre recomeçava...já não me assustava com isso... e assim fui vivendo aqueles dias de angústia e amargura, tendo como único prazer observar a vida e o tempo fazendo de Aninha uma menininha cada vez mais linda.

O tempo foi passando e meu trabalho em casa, com desenho, arte final e fotografia, conseguia manter Aninha na escola, ela estava cada dia mais linda, com seus dois aninhos completos, me chamava sempre de paizinho, o que me deixava orgulhoso, eu já aceitava que iria viver apenas para que aquela criança pudesse ser alguém neste mundo hostíl, e assim evitava agora me envolver com outras mulheres, vivia só para Aninha.

Quando Aninha completou quatro anos, escrevi para minha tia que morava em Porto Alegre, que não via já a uns vinte anos. Informei sobre minha vida e minhas preocupações em relação a minha filha, a incerteza das coisas e a necessidade de ter alguém que pudesse ajudar caso eu ficasse doente ou morresse. A resposta de minha tia veio rápida, “venha para Porto Alegre, só aqui poderemos te ajudar, precisamos de alguém de confiança para a fábrica de tecidos, minha filha Tânia separou do marido e já não consegue tocar tudo sozinha, ele participa do conselho de administração, mas não do dia a dia da fábrica, entre em contato, poderemos nos ajudar, sei que você é competente quando está motivado, te esperamos aqui ”.

O convite me deixou orgulhoso e me fez sonhar com a possibilidade de estar perto de Curitiba e conseguir encontrar Sonia, ainda moradora em meu coração apesar de tudo o que acontecera, e assim, em poucos dias eu e Aninha já estávamos reduzidos a apenas duas grandes malas, que continham tudo que tinhamos na vida, também cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas.

Quando os momentos são felizes, passam muito rápido, e assim, Aninha já estava fazendo dez anos de vida. A ida para Porto Alegre fora muito boa para mim, Tânia estava muito abatida com a separação e se dedicou totalmente a mim e a filha, embora tivesse suas duas filhas adolescentes para cuidar. Aninha vez por outra me abraçava e lamentava por mais uma vez não poder ter a oportunidade de conhecer sua mãe. Eu procurava a todo custo esconder as lágrimas que teimavam em rolar de meus olhos cerrados enquanto a apertava fortemente contra o peito, dizendo que um dia isso seria possível, que ela voltaria e seríamos felizes. Estava muito bem posicionado na empresa, como diretor de produção, mantinha dois detetives mobilizados na busca por Sonia que parecia ter se transformado em pó. Não sei até hoje, se foi por me observar sofrendo e sem ninguém para compartilhar, ou se foi para causar ciúmes em Silvio, que a largara para viver com outra mulher, que Tânia começou uma aproximação maior, me fazendo seu acompanhante a festas e jantares e fatalmente acabamos nos gostando e começando um relacionamento amoroso escondido.

Era um sábado de manhã, acordei bem cedo pois havia combinado com Tânia um passeio nas regiões serranas, recebi um recado de Tia Albertina, me chamando no seu escritório, não imaginava o que poderia ser, lembro que eu estava muito orgulhoso com as novas máquinas que haviam dobrado a produção, embora a contragosto dela, que achava que as empresas tinham que operar sem dívidas, e que votara contra a compra do novo maquinário financiado. Tânia ficara pela primeira vez em posição contrária a dela e a de Silvio, durante a votação do conselho de administração. Silvio visitara tia Albertina na véspera e falara em reparar um erro e voltar a viver com Tânia. Até hoje não sei se eu estava certo ou não, mas nunca imaginei ouvir de minha própria tia o que ouví alí;

- Canalha, acabou para você, eu confiei em você e você me traiu, não adimito, não posso acreditar que você se envolveu com Tânia, ela é muito mais nova que você, isso é um desrespeito, quero que você volte para o Rio de Janeiro, não quero você mais aqui, já fiz as contas e este cheque é tudo que você tem direito, pegue sua filha e suma daqui, hoje mesmo...

Rasguei o cheque na frente de minha tia e fui buscar Aninha, preparamos as malas, apenas duas grandes malas, largando todo o resto para trás, novamente cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas...

Hoje, um ano após sair do hospital, começo a procurar pelos parentes que me restam e pelos vizinhos, só agora consigo falar em Aninha sem que a voz me escape e um pranto enorme me sufoque, foi muito duro tentar recomeçar a vida e tentar entender como tudo se passou, eu e ela fomos vivendo nosso amor fraternal, que aumentava a cada dia, e nos bastávamos, o mundo não tinha mais sentido, até que a necessidade da cirurgia nos separou pela primeira vez na vida, aquela profunda tristeza e o medo da minha morte foi capaz de matar Aninha, de uma forma tão violenta que o coraçãozinho dela, de apenas quinze aninhos, não aguentou a solidão, se recusou a bater e parou para sempre. Eu e meu velho coração, ficamos em coma várias semanas, porém já tantas vezes vacinado pelas angústias da vida, aguentei firme até hoje, embora não consiga aceitar o que se passou e sinto, cada vez que olho as estrelas, que Aninha está lá, linda como sempre foi em sua curta vida, sempre ao alcance dos meus velhos e cansados olhos, minha amada estrelinha...Minha filha Aninha!

Sigo a jornada da vida, cumprindo minha missão, voltei ao trabalho voluntário com os desvalidos, tentando dar um pouco de utilidade a este resto de vida, sei que é questão de pouco tempo, breve estarei com ela para sempre...junto as estrelas...

Foto de lóren

meu amor..

isso aqui é pra contar a maior história de amor da minha vida, a história que vivo a seis meses, sendo os cinco os mais especiais e únicos! isso é só pra ti amor perceber o quanto eu sou completamente louca por ti, pelo nosso namoro, por tudo que tu me ofereçe, é pra ti saber mais ainda do que já sabe que eu não quero nunca deixar de te amar, nunca te deixar sozinho, e te dar todo o amor do mundo, porque tu é a melhor coisa que poderia ter me aconteçido, é um presente que chego na minha vida só pra me dá alegrias e me faze senti a pessoa mais feliz do universo..
saiba que eu faço tudo por ti, eu te amo, eu sempre te amei, tu sabe disso, e sabe que eu te quero mais que tudo, MUITO OBRIGADA por me dar o maior presente que eu podia ter, que é o teu amor, que eu sempre quis, tu é a minha vida, minha razão de tudo, meu motivo pra sorri, meu sonho mais real! eu te amo e tu é tudo tudo pra mim (L)

ainda me lembro da primeira vez que eu ti vi <3

'nunca pensei que você me deixaria desse jeito sem dormir direito, imaginei que fosse um passatempo qualquer, uma aventura de amor, mas meu coração me enganou, e agora meu mundo é seu mundo, seu corpo em meu corpo é um só, é um sentimento maior. Te amo como nunca amei ninguém, te quero como nunca quis um dia alguém, você mudou a minha história, todo dia à todo momento está presente no meu pensamento, perco a noção do tempo só por causa de você.

TE AMO de uma forma que não tem explicação !'

Foto de vera cristina

" Rafael "

" Rafael "

No meu pequeno coração
Foram surgindo letrinhas pouco a pouco
Algo cá dentro ia crescendo
Era amor e eu não sabia
Quando te vi pela primeira vez
O meu coração bateu fortemente seis vezes
Foi ai que as letras se juntaram
E uma só palavra se formou
" Rafael"
Era o que nele estava escrito
A partir desse momento
Nunca mais me esqueci de ti
Pois tu pertences-me, estás gravado em mim
Tás cravado como uma raíz
Sem coração não vivo
Por isso vivo p´ra ti e então serei feliz

Escrito por mim vera Cruz

Foto de Lu Lena

SAUDADE MÓRBIDA

Aprecio a paisagem translúcida no espaço
Ouço o bater de sinos na capela distante
Vento varre a cabeleira dos verdes matos
No céu, vejo cortejo d'espíritos viajantes.

Balanços das folhas, vultos acenam pra mim
Dogmas infundados entre a vida e a morte
Sopram ao meu ouvido, que isso não tem fim
Círculo vicioso e simbiótico lançado a sorte.

Prolixa e moribunda divago sem entender
Na oculta inflorescência a busca do amor
Lágrimas gotejantes, doridas de um sofrer.

Na lápide, vejo um poço árido que secou
Nas flores silvestres, o toque de teu ser
Saudade mórbida foi apenas o que restou.

Lu Lena

Ps. Esse soneto, fiz em homenagem a minha mãe,
hoje completando seis anos de sua partida.
Foi pensando nela, que me veio essa
inspiração... 03/09/2008.

Foto de Sonia Delsin

CHÁ DE ROSAS...

CHÁ DE ROSAS...

Maria Lúcia tentava deixar a mesa bem bonita. A amiga Leonor era tão reparadeira.
Ela nunca fora muito de arrumações. Na verdade odiava estes detalhes de mesas bem arranjadas.
Etiqueta não era com ela.
Gostaria que a amiga se sentasse na cozinha mesmo e as duas se pusessem a conversar como nos velhos tempos.
Que tempos aqueles!
─ Puxa! Como seus peitinhos cresceram, Malu!
─ Leonor, cria modos, menina!
As duas cheias de segredinhos. Mauro era lindo e as duas o desejavam.
Desejavam sim, por que dizer o contrário?
Os milhões de hormônios. Quinze anos. Malu tão triste sempre. A falta da mãe e Leonor a lhe fazer companhia todas as tardes.
─ Ela melhorou, Malu?
─ Que nada. Nunca mais sai daquela clínica...
─ Como pode? Uma mulher tão bonita ir parar num lugar daqueles. Tenho pena de você. Sabe que sou sua amiga até embaixo d’água. Pode contar comigo sempre.
O abraço da mocinha a confortá-la.
─ Ele passou pela calçada hoje e só faltou torcer o pescoço de tanto olhar para trás.
─ De quem está falando?
─ Do tonto do Jonas.
─ Ainda vai se casar com ele.
─ Isto é que não. Malu, eu quero o Mauro.
─ Ele gosta da Vânia.
─ Que sortuda ela é! Os olhos daquele cara são de matar...
Enquanto arruma a mesa Maria Lúcia se recorda dos tempos da juventude.
Leonor se casou mesmo com Jonas e como se deu bem na vida. Não poderia encontrar melhor marido. Mauro não se casou com a Vânia. Acabou mudando e casando-se em outra cidade. Voltou umas duas vezes à cidade e todos comentavam que ele se casou com uma mulher muito bonita.
Ela se casou com Normando e foram felizes naqueles dez anos que passaram juntos, mas a morte o levou cedo demais. Marina ainda não tinha sete anos quando ele se foi.
Irmãos ela não tivera, e a amiga de tantos anos não era a mesma de antes.
Malu não era de fazer amizades com facilidade e vivia muito só. A filha já estava com nove anos e estudava à tarde. Leonor havia ligado que viria para um chá.
A amiga ficara cheia das frescuras e ela continuava a ser a mesma de sempre.
Vestia um longo vestido indiano, que era como gostava de se vestir. Nos pés trazia umas sandálias leves. Os cabelos ainda continuavam muito negros e ela os trazia pelo meio das costas.
Era uma bela mulher. O sofrimento não lhe marcou o semblante.
Acabou a arrumação da mesa, ligou o som num volume bem baixinho e ficou a aguardar que a amiga chegasse. Ainda tinha vinte dias de férias pela frente.
Pensara em viajar, mas a filha estava em aula. Não conseguira desta vez conciliar as férias da filha com as suas.
A campainha a fez sobressaltar-se. Já estava a divagar. Havia se esquecido que aguardava a amiga.
Foi atender e a aguardava uma enorme surpresa.
Mauro! Não mudara tanto naqueles anos.
Ele estendeu a mão.
─ Como vai, Malu?
─ Bem, e você? Que surpresa!
─ Soube que ficou viúva. Sinto muito por você. Só fiquei sabendo há uns três meses. Meu primo esteve me visitando e contou.
─ Fico grata que tenha se lembrado de vir até aqui...
─ Eu tenho muitas coisas a lhe contar...
─ Estou aguardando uma visita.
─ Quem?
─ Espero a Leonor.
Mauro franziu a testa, demonstrando desagrado.
─ Volto outra hora.
─ Estou de férias. Volte amanhã para conversarmos.
Com um abraço ele se despediu.
Depois de dez minutos a amiga chegou e Malu notou que Leonor estava excessivamente maquiada, vestia uma roupa de péssimo gosto, trazia os cabelos numa cor exageradamente avermelhada.
Beijou-a e a fez entrar na casa, tentando uma conversa amigável.
Não gostou quando Leonor fez alguns comentários desagradáveis, mas tentou ignorar.
Diante da mesa ela comentou que havia ficado a desejar com a arrumação da mesa.
Malu havia aprendido com o marido que os calados sempre vencem e ela o recordava ainda mais neste instante.
Normando nunca gostara de Leonor.
─ Que chá preparou para nós?
─ Um chá de rosas...
─ Que horror! Eu não tomo uma coisa destas...
Malu a olhou demoradamente nos olhos e descobriu que a amiga de tantos anos se tornara uma estranha. Uma estranha!
─ Estou brincando. Preparei o seu chá preferido. Chá preto.
─ Quem lhe falou que gosto de chá preto, querida? Eu gosto de chá mate natural. Natural...
─ Eu preparo num instante...
A mulher seguiu em direção à cozinha. Não diria à amiga que Mauro estivera lá. A intuição lhe dizia que nada deveria contar.
Preparou o chá rapidamente, por sorte tinha uma caixinha de saches de chá mate.
Agüentou pelo resto da tarde as conversas banais da amiga e esta por fim comentou sobre Mauro.
─ Se recorda como éramos loucas por ele, Malu?
Maria Lucia nada disse. Ficou esperando que ela falasse.
─ Ele está separado. O casamento não deu certo. Dizem que tem um filho e vivia um inferno com a mulher.
Ela ficou a ouvir sem nada comentar.
Logo que a amiga saiu, ela foi até o colégio buscar a filha, que naquele dia tivera aula de reforço. Marina tinha muitas dificuldades em matemática.
As duas voltaram abraçadas. Marina era muito alta, quase a alcançava aos nove anos. Havia puxado ao pai.
Ela contou à filha que a amiga Leonor passara parte da tarde com ela e ocultou que um velho amigo também a visitara. Achou que seria melhor nada comentar.
As duas jantaram e ficaram vendo TV.
─ Gostaria tanto que estudasse de manhã, minha filha.
─ Mamãe, sabe que tenho preguiça de me levantar cedo...
Ela acariciou a testa larga da filha e ficou recordando o marido. Ele fazia falta, como fazia!
Beijou a filha e as duas foram dormir.
Mauro voltou a visitá-la no dia seguinte.
Ela vestia um velho jeans e uma sapatilha de tecido. Os cabelos estavam presos com uma pequena presilha no alto da cabeça.
Estava muito bonita e se divertia com um jogo de quebra-cabeça da filha quando a campainha tocou.
Mauro também vestia uma calça jeans e uma camisa azul clara. Quase na tonalidade de seus olhos.
Ela o convidou a entrar e ele se encaminhou até o quebra-cabeça quase montado, encaixando rapidamente as peças que faltavam.
Malu ficou a olhá-lo quietamente.
─ Não me convida a sentar?
─ Claro. Sente-se. Fique à vontade, Mauro.
Ele se sentou numa poltrona e ela puxou outra bem à sua frente.
─ Também estou só ─ disse ele.
─ Não entendo porque me procurou...
─ Sempre fui apaixonado por você. A Leonor vivia a me dizer que você não podia nem me ver. Passei quase toda a minha vida sonhando com você. Por fim acabei indo embora daqui quando a vi casar-se com o Normando.
Ela o olhou demoradamente.
─ Apaixonado por mim?
─ A Leonor nunca contou?
─ Não. Ela me dizia que você era apaixonado pela Vânia.
─ Tantas vezes eu a procurei e pedi que lhe falasse que eu a amava.
─ Não posso crer.
─ Estou dizendo a verdade.
─ Não posso crer que minha amiga tenha feito isto comigo. Ela sabia que eu também...
─ Você o quê?
─ Eu também o queria tanto...
Mauro levantou-se da poltrona e pegou a pequena mão de Maria Lucia entre as suas.
─ Sonhei tanto com você. Tanto que nem pode imaginar. Quando aqui cheguei pensei em procurar a Leonor para pedir que viesse lhe falar de mim, mas a vi um dia ao lado do marido e ela me olhou de uma forma que me fez desistir. Em seu olhar havia algo que não gostei nada.
Os olhos de Malu o fitavam e Mauro aproximou-se dela ainda mais. Sua boca a procurou e quando deram por si estavam se abraçando e beijando apaixonadamente.
─ Eu nunca a esqueci. Casei-me com a Dora para tentar esquecê-la, mas cometi um grande erro. Um casamento destes nunca dá certo.
─ Eu fui feliz com meu marido. Ele era uma pessoa maravilhosa.
─ Fico feliz por você. Eu vivi num inferno. Por sorte me libertei. Sinto pena do pequeno Franco que sofre sem ter culpa de nada.
─ Quantos anos tem seu filho?
─ Seis anos. É um menino de ouro. Eu pensei em continuar casado com a mãe dele, mas quando soube que você estava só fiquei maluco. Tivemos uma discussão e a deixei.
─ O que pretende fazer?
Gostaria de me acertar com você.
─ Não é tão fácil, Mauro. Temos filhos. Tenho meu trabalho aqui e você mora em outra cidade. Minha filha precisa de mim, seu filho também...
Abraçando-a ele não deixou que ela continuasse e falou:
─ Você me quer, sua boba... isto é o que importa... vamos morar em outro lugar... começar uma vida nova. Eu cuido de sua filha como se fosse a minha.
─ E o seu filho?
Ele baixou os olhos tristemente.
─ Eu o perdi a partir do momento que deixei a mãe dele. Dora nunca me perdoará... ela é uma mulher vingativa. Vai fazer tudo para que meu filho me odeie.
─ Ele não o odiará.
─ Você não conhece aquela mulher.
Malu estreitou-se nos braços que a enlaçavam e deixou que a paixão comandasse sua vida. Na verdade nunca estivera apaixonada pelo marido. Tinha-lhe carinho, respeito, mas não o amara. O sentimento que guardara no peito desde os tempos da juventude lhe explodia no peito. Mauro sempre estivera em seus sonhos. Acalentara por tantos anos o sonho de ver-se olhada por aqueles olhos azuis.
Estava na sua hora de ser feliz. Tudo o mais não importava tanto. Importava mesmo é que se sentia a mais feliz das mulheres.
Começariam sim uma vida nova.
Lamentava por Leonor que lhe dera abraços de Judas. Fora traída por ela e não lhe tinha ódio, mas se afastaria dela de uma vez por todas. Nunca mais lhe prepararia chá algum...
Recordou o olhar azedo quando comentara banalmente que havia preparado um chá de rosas...
Ela perguntou-se como alguém conseguia agir daquela forma e com tanta naturalidade. Não sabia se doía mais perder a única amiga que tinha ou constatar que ela na verdade nunca fora sua amiga.

Foto de DAVI CARTES ALVES

O POETA APAIXONADO E O TIJOLO ENJEITADO

Próximo do meio – fio
Arde entre fissuras & rachaduras
um tijolo enjeitado
Sob sol escaldante das 14:44
Resigna-se a mero espectador
da ruidosa construção

Como poeta que ama em vão
Resigna-se ao ver desferidas
suas flechas errantes
de amor & fogo

e que ao voltar pra casa, tropeça no tijolo
que nasceu pra ser caliça
no nobre castelo edificado
com a contribuição da sua amada
e seus 6 lindos furinhos
em forma de coração

ao tirar o sapato
com o dedão palpitante
o poeta recebe a noticia
do seu míope cúpido:

soube hoje que este meu braço,
quebrado há seis dias
realmente não tem cura

soube também
que seu pai, vai comprar esse castelo
aqui do lado.

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Graciele Gessner

Fases da "Gestação" Prematura. (Graciele_Gessner)

Um mês: Período de descoberta.
Momento de admiração, de encantamento.
Surgimento de um beijo cheio de desejos.

Dois meses: Período de desenvolvimento dos sentimentos.
Momento de fazer e deixar acontecer.
Espontaneidade e franqueza.

Três meses: Período de confusão, de desentendimento.
Momentos de discussão e decisões rápidas.
Fim e procura... Retorno.

Quatro meses: Período de transformação profissional.
Momento de mudar o futuro da vida.
Oportunidade e possível crescimento.

Cinco meses: Período de constante modificação.
Momento de incerteza, um possível afastamento.
Incentivo e perda do meu benquerer.

Seis meses: Período angustiante, conflitante.
Momento de infidelidade, de separação.
Uma pausa da improbabilidade de tudo.

Sete meses: Período de revelação, de manifestação.
Momento de declaração, afirmação do amor.
Choro, tristeza, saudade estiveram presentes.

Oito meses: Período de enfrentar a realidade.
Momento decisivo, ocasião determinante.
Sem mentiras, sem omissão de fatos.

Com oito meses, veio você da “gestação” prematura.
Finalmente nasceu um sentimento nunca antes revelado.
Sentimento escondido no seu infinito coração,
Depois de enfrentar e ultrapassar tantos obstáculos.

14.03.2007

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

Foto de Joaninhavoa

*RODOPIO NO ARRAIÁ*

Na noite do arraiá, rodopio
seis comadres
vestidas de branco,
dançam.

Na dança da noite, rodopio
em voltas e reviravoltas
na roda a dançar.

Na noite do arraiá,
coroadas,
com tranças de cabelos
entrelaçadas.

Na dança da noite, rodopio
em voltas e reviravoltas
na roda a dançar.

Na noite do arraiá
seus lábios carmim
escrevem poemas
vivos.

Na dança da noite, rodopio
em voltas e reviravoltas
na roda a dançar.

Na noite do arraiá
as gentes se alongam
e chegam aos céus
brilhantes.

Na dança da noite, rodopio
em voltas e reviravoltas
na roda a dançar.

JoaninhaVoa, "Vidas"
11 de Junho de 2008

Foto de Dirceu Marcelino

PRINCESA MORENA DO XADREZ - Homenagem a ANA APARECIDA, Poetisa e Enxadrista que já me deu a honra de participar aqui em Duetos

SÓ PARTE DESTA PROSA POÉTICA OU POESIA, está transcrita no VÍDEO-POEMA, que continuarei ( já foram feitas a parte I - PRINCESA INKA DO XADREZ, II - PRINCESA MORENA DO XADREZ

PRINCESA DO XADREZ

Acordei em tua cama
Coberto pela colcha de cetim
Que colocaste sobre mim
Enquanto cochilava.

Levantei-me:
Fiz as necessidades primárias
E fui para a área.

De tua bela casa,
Onde em uma mesa branca
Estavam as peças enfileiradas
Do nosso jogo preferido.

O xadrez.

Sentei-me a mesa,
Peguei o jornal e nem sei se o li
Pois, estava pensando
Na nossa última
Jogada.

Enquanto sonhava
Nem percebi tua chegada
Só senti o teu perfume
E o calor que me transmites.

Sentas-te à minha frente
E mudas, calmamente,
A primeira peça branca,
O peão da ala do Rei Branco,
E, automaticamente, mudo a preta,
Da ala correspondente.
Imediatamente, muda outra branca,
Eu, outro peão preto.
Mas, na próxima
Atacas-me com o cavalo.
Tive que prestar mais atenção,
Senão capturarias o meu bispo,
Pois, os teus cavalos são de raça,
Verdadeiros puros sangues,
Corcéis Negros, do haras,
De Carmem Cecília.

Ah! Como gosto de brincar com isso!
Foi assim a minha primeira “cantada”,
Disse-te para me atacar com a Rainha,
Pois, é essa que gosto de comer
E me advertiste, por usar
Termo tão chulo.

Eu, também, acho,
E, em então não falo mais,
Mais cada vez que eu te ataco
Não sei por que é isso que eu falo,
E tu, nunca mais o rejeitaste,
Como vou falar agora,
Como fiz ontem
Ao vê-la nesse vestido
Vermelho reluzente,
Marcante e sedutor,
Mostrando as tuas curvas
Os teus vales e teus montes,
Desde as falésias até o de Venus,
Os dois colossos e teus dotes.

E num racho cativante
Uma das colunas de alabastro
A mesma em que me encaixo
E ajeito-me o meu inchaço
E te abraço e te amasso,
E te levo e me segues
Suavemente.
Estou pensando, mas,
Isto foi ontem.

O teu colo
É um verdadeiro
Protocolo.

Suave,
Bronzeado,
Não se sabe pelo sol,
Ou pelo dom que lhe foi dado
No dia em que nasceste
E teve todo o corpo
Modulado...
Sarado.

Do jardim
Que nos rodeia
Exala-se um perfume sem igual,
Talvez, provocado pelo sol,
Em uma mágica da natureza
Que faz abrir as flores
E cantar o rouxinol.

Vejo inúmeras flores,
Mas sempre destaco as rosas,
Levanto-me, no exato momento
Em que me atacas com a Rainha
E apanho a mais bela rosa
Uma exuberante vermelha,
Mas vejo que teu vestido
E fechado por detrás
Com cinco botões
Em formato
De rosinhas,
Cor de rosas.

Então, me aproximo,
E te pergunto num sussurro:
“_Queres que te coma novamente?”
Pois, nessa posição, será fácil a captura,
E, não terás mais saída, pois, essa jogada é muito dura,
Ou te como a Rainha, ou capturo o teu Rei,
Como sou o Rei Negro, vou dar-lhe essa
Chance, mas tens de mudá-lo primeiro.

E foi o que fizeste,
E então se levantaste,
Demonstrando preocupação,
Como se a noite toda comigo não estiveste,
Ficou à minha frente, em pé,
Tremula e excitante,
E, então,

Carinhosamente,

Afaguei-lhe o pescoço,
Encostei-me suavemente
E dedilhei o primeiro botão,
Enquanto, levemente,
Fui acompanhando
Os teus passos,
E te beijando
Ternamente,
Abrindo o
Segundo,
E mordiscando teu pescoço,
No terceiro,
Já estávamos dentro da sala,
E toda sua costa exposta,
Não precisaria nem
Abrir os demais,
Pois, já deixastes cair
Teu lindo vestido vermelho
Até a cintura.

Então te beijo mais sensualmente,
Alisando com meus lábios,
Aquela pele reluzente e macia
Com gosto de quero mais.
Aquela rosa de pétalas felpudas,
Vermelha e sensual
Ainda está em teus cabelos
E por isso imagino em abrir os outros dois botões,
Nos dentes e te levo para o quarto,
Pois, com certeza, com eles abertos,
Vai desabrochar a rosa mais formosa
E é essa, justamente, a que quero.

POESIAS QUE ME INSPIRARAM ATÉ CHEGAR NESTA VERSÃO:

1ª - Em: 17/01/2008 - RESPINGOS DE PAIXÃO I

Ó Bela Musa Morena
Cheirosa Rosa em botão
Sabes que desde pequena
Moras em meu coração.

Te vejo toda serena
Rendo-me com devoção
À brisa suave e amena
Que exalas com emoção.

Basta olhar essa cena
Esse gesto de afeição
E ergue-se a antena,

Mistério da ereção
Capta de forma tão plena
Teu poder de atração.

2ª - Em: 19/01/2008
VONTADE DE TOMAR UMA CAFÉ
BRASILEIRO

Estou a poetizar:
"Sai do meu quarto,
"Pé por pé"
E fui passar um café.

Hoje, aqui na minha região
Não fez sol.
Choveu muito.
Toda a manhã.
Foi uma manhã de paixão.

Nesse período escrevi:
"INSPIRAÇÃO,
ESPINHO DAS ROSAS,
VOCÊ ME ASSANHA,
VEJO VOCE NESSE QUADRO e
POETIZAR".

Poetizar estava pronta,
Mas faltava um fecho
Talvez, um fecho de ouro,
Mas que palavra colocar.

Coloquei a água fervendo
No coador
Exalou
Aquele cheiro
Do "café brasileiro",

Aroma embriagador
Rima com muito amor.

Tomei uma xícara de café,
Ah! A cafeína.
Dizem que é uma droga,
Mas, todos tomam café.

Lembrei-me de tuas poesias
Dessa paixão contida
Que te alucina
E de teus versos
Que nos extasia.

Dos beijos que desejas,
Dos abraços
Que já recebestes

Lembrei-me que às vezes,
Também, fico assanhado,
Minha mulher fica brava
E me sinto acossado.

Lembrei-me de que estás
Atribulada,
Sentes aflições.

Pronto,
É esta a palavra que faltava,
Vou correndo
Lá no quarto
Vou fazer o fecho
O "Fecho de Ouro".

Mas, vou,
Tomando uma xícara de café,

Penso,
Melhor ir
"Pé por pé".

Mas porque ir escondido?
Já tenho a palavra chave?

Vou sim.
Levar uma xícara de café,
Para a minha mulher
Foi o que fiz
E passei um dia feliz.

Choveu...
E choveu muito hoje
Quantas poesias hoje eu fiz?

Será que será a última.

Agora, minha esposa entra
Carregando meu netinho,
Está com seis meses
O belo pequenino.

Ela veio me fiscalizar.
Eu lhe digo:
"_Estou fazendo outra poesia.
Nesta até você tá no meio,
Mas, "não fale nada",
Senão me atrapalha.

Ela saiu
Talvez, pouco chateada,
Então eu completo
Meu pensamento:

"_Por favor..."

Ela já saiu,

Penso:

"_Ah. Então depois complemento:

Por favor ... Meu amor".

Tomará que chova,
De novo
E amanhã
Eu acorde
Com vontade de
Poetar
Poetizar.

3ª - Em: 21/01/2008 - SONHANDO ACORDADA II

A brisa do mar está ao meu favor.
Aproximo devagar e “pé-por-pé”,
Vou fazer uma surpresa ao meu amor.
Uma mistura de aromas de café,

Recém passado e da mais bela flor
Impregnam o ambiente do chalé.
Tornando- o mais acalentador,
Eis que a fumaça sai pela chaminé.

E, assim, vou como um caçador,
Como um lobo ao pedaço de filé
E como fosse aquele predador,

Abraço-a e a beijo agora com fé,
Pois, ela me recebe com ardor
E ainda me fazendo um cafuné.

Sr. Censurador, não vou por mais para evitar de encher o meu blogue...

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