No céu, um meio termo prevalecia;
instantes de êxtase e indefinição...
Formara-se um vago entre a tarde que morria
e a noite que não surgira...
Vestígios de poeiras reluzentes
douravam os recantos,
esquecidos pelo sol
que ainda não os recolhera...
Da colisão azul enluarado,
anunciando que a lua estava por vir,
com o amarelo avermelhado,
deixado pelo fim de tarde,
resultava gradações purpúreas,
violáceas,
projetadas num veludo
que de mansinho,
se tornaria azul-marinho
ao encobrir o entardecer,
fazê-lo anoitecer,
cumprir sua missão...
Lusco-fusco de extrema beleza...
Podia-se ver Deus,
em toda sua magnitude...
moldado por
tonalidades místicas,
luzindo qual corisco no céu,
em harmonia com a natureza
velada por sagrado véu...
E o cetro da certeza
lançava longe a tristeza;
muito além do que o homem
pudesse ver ou crer...
Vinham de todos os lados
vozes em coro, saudando...
esperando...
a esperança permanecer.
Momento em que nobres sentimentos
se ascendem...falam mais alto,
e o bem é soprado pelo vento;
sempre é tempo de se fazer o bem...
Rosários são desfiados
dando graças pelo concretizado;
mantras mentalizados,
evocando a perduração do instante;
poetas inspirados,
roubando um pouco da magia reinante...
Minutos abençoados...
Modulações vibravam no ar
sonorizando a língua dos anjos,
murmúrios que se alastravam
...hipnotizando...
E emoldurando o cenário,
no auge de seu esplendor
...o amor...
se materializando...
Angela Oiticica e Carmen Lúcia