ROSAS E ESPINHOS
Um dia tu me deste uma rosa
Frágil, tenra, para ser cuidada.
Em troca eu te dei uma roseira
Firme, forte, bastava ser regada.
Plantei a minha rosa com cuidado,
Adubéi-a com carinho e atenção.
Diariamente a regava emocionada
E a guardava na estufa, coração.
Passou o tempo e a rosa que me deste
Multiplicou-se, transformou-se num jardim.
Por mais rosas que eu colhesse, que eu desse,
Mais rosas sobravam para mim.
Eu facava imaginando que, se uma rosa
Me fizera dona de um roseiral.
A roseira que te dei, que era viçosa
Devia ser um jardim, sem outro igual.
A vida e as rosas me fizeram jardineiro
Dedicado, entregue ao que fazia.
Apaixonado, amando a quem primeiro
Me dera uma rosa, um certo dia.
Houve um fusão na minha vida
Entre jardineiro, rosa e jardim.
E eu era muito mais quem me deu vida
Aquele que deu a rosa para mim.
E ele, onde estava? O que fazia?
E a roseira que eu lhe dera pra cuidar?
Eu iria vê-lo algum dia?
Eu tinha tantas rosas pra lhe dar...
O destino promoveu o nosso encontro
Fui com as minha rosas, cheia de alegria.
Nos olhos dele havia o mesmo encanto,
Mas as suas mãos estavam tão vazias...
A roseira que eu lhe dera pra cuidar
Ele a guardou e sufocadas, sem carinho,
As rosas se debateram até murchar,
Da roseira só sobraram os espinhos.
MARSOALEX