Nessas lentes embaçadas
Que distorcem o que na minha frente aparece,
Gostaria de ver apenas a distorção causada
Por essas lentes embaçadas
Que tornam a realidade mais amena.
Gostaria de ter a sensação
De um mundo lúdico,irreal
E não da realidade tão banal...
Gostaria de abraçar uma palavra amiga
Como se fosse um sólido
Para nos momentos sórdidos
Não me sentir pérfida.
Tirar uma radiografia
Para ter uma visão mais detalhada
E sem ser dilatada,
Ter um diagnóstico da emoção...
...E perceber que o coração,
Não precisa bater.
E a mão,
Não precisa tocar.
E os sentidos,
Não precisam sentir.
Estagnar!
E pensar como controlar a raiva
Que me invade por cada orifício,
Ou o desejo implícito
Com seu jeito contumaz
Esperando o momento sagaz
Onde o mesmo se perfaz.
Saber lidar com a ansiedade
E toda sua dualidade,
Que ora é prazerosa
Ora é perniciosa.
Corte-me!
A dor será mais suportável
Do que este telefone que não toca
Do que a tua imagem que não vem
Do que este coração que bate desgovernado.
Corta meu coração,
Saber que respiro cada pedaço seu,
Sem tocar-lhe.
Toca meu coração,
Respirar cada pedaço seu.
A tua imagem não vem...
As lentes continuam embaçadas
Não vejo nada
Só sinto a angústia
Que a tua ausência detém...
...Sem sentido
Sensitivo.