Público

Foto de Registros do Site

Assessória do Site de Poemas de Amor

A acessória do site tem observado postagens sendo contra os princípios do mesmo em relação a ética e moralidade.

A cordialidade e uma tradição a ser mantida em um espaço privado e público.

Definindo civilidade ação proporcional a ética e a educação, pois o indivíduo que tem como prerrogativas a civilidade é, e deve ser, cordial, ético e principalmente educado, tanto nas ações quanto no comportamento. Os códigos morais regem a conduta dos membros de uma comunidade, de acordo com princípios de conveniência geral, para garantir a integridade do grupo, a convivência pacífica e o bem-estar dos indivíduos que o constituem. Assim, o conceito de pessoa moral se aplica apenas ao sujeito enquanto parte de uma coletividade. Portanto, moral coaduna com ética e respeito, e estes são a base de qualquer grupo civilizado.

Nestes termos de legalidade, descritos nos atos constitutivos, informamos, que estaremos apagando textos que desrespeitarem esta ética, e bloqueando o usuário, caso haja persistência, será tomada providências mais séria, que garanta a respeitabilidade e a moralidade dos usuários e visitantes.

Assessória do Site

Foto de Cretchu

ALMA GÊMEA


Todos os atos praticados durante a vida receberão uma contrapartida em vidas posteriores, como é público e notório para qualquer um que conheça as regras básicas da metempsicose. Um dos efeitos que mais nos alerta é a questão das almas gêmeas, tanto por ser romântico, quanto por ser doloroso. Ora, não podia deixar de ser doloroso, já que a dor é parte integrante deste mundo de ilusão. A questão é a seguinte. As almas são geradas para se complementarem mutuamente. Além disso, duas almas são criadas uma para a outra, tornando-se uma só em sua individualidade. É como o frio e o quente, a tristeza e a alegria, o riso e o pranto. Nestas condições, um casal cujas almas foram criadas uma para a outra, e que tenha se amado ardentemente em uma vida passada, mas que por algum motivo tenha abusado das delícias deste amor, voltará separado um do outro na vida seguinte. Isto é um fato. E assim terá ocorrido uma outra volta do parafuso, onde o amor e a dor irão conviver.
Estes amantes irão viver em busca do reencontro, mas não se lembrando do que se passou na vida anterior. Sentirão um vazio em suas vidas enquanto não contrar o ser amado. Ao mesmo tempo estarão separados por uma distância geográfica ou por diferenças econômicas, financeiras, religiosas, e tantas outras convenções que tornam a vida mais dolorosa do que deve ser. Talvez vivam um bom tempo sem saber da existência um do outro, apesar de sentirem no coração que o ser amado está em algum lugar do que se denomina cosmos. Então, um belo dia, tomam conhecimento do outro, muitas vezes de forma inesperada e imprevisível. Percebem as semelhanças de comportamento, gostos, atitudes, idéias. E buscam o reencontro, muitas vezes acreditando tratar-se de um primeiro encontro. Este é o lado romântico.
Só que aqueles empecilhos da distância e das convenções humanas mostram o lado dolorido da situação. Os amantes caminham separados por sua vida que, agora que tomaram conhecimento da existência um do outro, se tornou ainda mais árida. Se olharem para o céu no mesmo momento, à noite, verão a mesma lua, mas não poderão se ver nem se tocar. É como aquele enredo do filme "O Feitiço de Áquila": à noite um dos amantes assume forma humana e o outro forma animal, e durante o dia os papéis se invertem. Estão sempre se desencontrando e, o que é pior, em uma fração de segundos durante a transformação a que estão submetidos, conseguem se ver em sua forma humana, mas sem poderem se tocar e se amar.
Numa situação destas, o suspiro e a dor devem se aliar a atitudes positivas. As almas gêmeas devem estar juntas, pois se complementam. O objetivo é sempre o amor. É necessário empreender todo esforço para o encontro aguardado por eras espirituais, e que é merecido, pois são o complemento que falta para sua integralidade. Porém, muitas vezes, no estágio de vida em que estão, os amantes acabam por ficarem separados até o momento final. Mas o amor irá vencer. A dor será superada. As almas gêmeas, se não se encontrarem fisicamente neste mundo de ilusão, irão se encontrar em um lugar melhor para ambos, que, deste modo, ficarão unidos e purificados de todo sofrimento.

Foto de Marta Peres

O Circo

O Circo

Minha criança vibra
com a chegada do circo.
Hoje tem marmelada? Dribla
malabaristas, e o velho disco

colocado, toca música peculiar,
todos saem correndo às ruas,
se juntam fora de casa a espiar
trapezistas, contorcionistas

emprestando um pouco das suas
habilidades, no pensamento infante,
abrem-se portas de par em par, janelas
onde curiosos alegres cochicham, semblante

tristonho, tomando à frente está o palhaço
que diz: Respeitável público! O coração
acelera, bate descompassado, sem embaraço
ele continua convidando, lembranças na mão

saem desfiando recordações, pousam levemente
onde dorme a infância, a fala continua distante,
sonhos doces, ternos. Batem saudades, suavemente
pousa cabeça no travesseiro, sonha, sonho vibrante!

Marta Peres

Foto de Rose Felliciano

POR QUE LER POESIAS DO SÉCULO XIX?

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Tenho recebido vários recados solicitando ajuda para um trabalho referente à pergunta: Por que ler Poesias do século XIX? Diante de tantos e-mails, preferi responder coletivamente.

É apenas uma pequena contribuição do que foi o movimento literário no século XIX. Aconselho que leiam mais as obras dos autores citados nesse artigo para que entendam mais a respeito da importância que teve esse século para a Literatura Brasileira.

Ressalto que é importante ler Poesias, independente do século ou momento, mas como a pergunta é sobre o século XIX, vamos lá...

Peço desculpas se esqueci de mencionar algum autor ou escritor que você considere importante ou algum fato relevante também.

Toda a colaboração a esse artigo é válida e será bem vinda e gratificante para os leitores.

Importante aos interessados, que não copiem esse artigo em sua íntegra e sim, que esse sirva apenas de uma pequena fonte para o restante de sua pesquisa.

A referência utilizada está no final deste e isso é muito importante. O livro que me baseei para as informações aqui descritas é de uma riqueza enorme para a literatura e foi utilizado aqui apenas um pequeno resumo.

Com carinho,

Rose Felliciano.

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É importante ler as poesias do século XIX, pois marca o período do verdadeiro nascimento da nossa literatura. Nele, enriqueceu-se admiravelmente a poesia, criaram-se o romance e o teatro nacionais e formou-se o circuito autor-obra-público, tão necessário ao estímulo da vida literária.

Com a vinda da família Real portuguesa para o Brasil, em 1808, dos atos de D. João VI que tiveram ressonâncias culturais significativas destacam-se: a abertura dos portos às nações amigas; a criação de bibliotecas e escolas superiores; a permissão para o funcionamento de tipografias (de onde surgiu o jornalismo, importante agente cultural do século XIX). Os Poemas do século XIX são vistos como "um ato de brasilidade" pois abandonaram aos poucos o tom lusitano em favor da fala brasileira, ressaltando o nacionalismo.

Contemporânea ao movimento da Independência de 1822, a literatura nesse período expressa sua ligação com a política e com o Romantismo, os sentimentos começam a tomar o lugar da razão como instrumento de análise do mundo, e a vida passa a ser encarada de um ângulo bem pessoal, em que sobressai um intenso desejo de liberdade. Essa ânsia de libertação que nasce no interior do poeta, em determinado momento alcança também o nível social, com o artista romântico colocando-se como porta-voz dos oprimidos e usando seu talento para protestar contra as tiranias e injustiças sociais, ao mesmo tempo que valoriza a pátria e os elementos que a representam. É o ardente nacionalismo e no Brasil gera o Indianismo, uma forma de exaltação do indígena, encarado como representante heróico da terra brasileira.

É um momento também Social onde a poesia deixa de ser apenas um lamento sentimental murmurado em voz baixa para ser também um grito de protesto político ou reivindicação social. A campanha pela libertação dos escravos ganha as ruas, e o poeta, mais do que nunca, procura ser o porta-voz de seu povo, e o seu canto, a luz da liberdade e o protesto contra as injustiças, como declara enfaticamente Castro Alves, um dos autores mais importante desse período.

Na segunda metade do século XIX surgem três tendências literárias: o Realismo, na prosa, e o Parnasianismo e o Simbolismo, na Poesia. O Realismo, que teve início na França, surge no Brasil principalmente em virtude da agitação cultural na década de 1870 sobretudo nas academias de Recife, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, que constituíam centros de pensamentos e de ação por seus contatos freqüentes com as grandes cidades européias. Com o desenvolvimento dessas cidades brasileiras surge uma significativa população urbana, marcada por desigualdades econômicas que provocam o aparecimento de uma pequena massa proletária.

O Realismo, em oposição ao idealismo romântico, propõe uma representação mais objetiva e fiel da vida humana. Enquanto o Romantismo exalta os valores burgueses, o Realismo os analisa com impiedosa visão crítica, denunciando a hipocrisia e a corrupção da classe burguesa.

O Simbolismo vem a recuperar a musicalidade da expressão poética, uma vez que o Parnasianismo destaca a valorização excessiva do cuidado formal, o Simbolismo procura não ignorar as formas, mas apresentá-las “musical e doce”, “emocional e ardente”, como se o próprio coração fosse diluído nas estrofes.

Machado de Assis é considerado o melhor escritor brasileiro do século XIX e um dos mais importantes de nossa literatura. Foi também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, a qual ajudara a fundar em 1897. A análise do comportamento humano foi a preocupação constante de Machado de Assis, que procurava ir além das aparências, revelando ao leitor os motivos secretos das ações humana.

Todo esse ambiente sociocultural do século XIX, influencia de maneira decisiva e muito importante para o florescimento da arte dramática, e, nesse sentindo, não se pode falar de teatro brasileiro antes do século XIX.

Movimentos literários do Século XIX

ROMANTISMO

REALISMO

PARNASIANISMO

SIMBOLISMO

Principais Poetas do ROMANTISMO: Castro Alves, Gonçalves Dias, José de Alencar, Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Franklin Távora, Joaquim Manoel de Macedo, Junqueira Freire, Martins Pena, Sousândre, Taunay.

Principais Poetas do REALISMO: Machado de Assis, Adolfo Caminha, Aloísio Azevedo, Domingos Olímpio, França Júnior, Manoel de Oliveira Paiva, Raul Pompéia.

Principais Poetas do PARNASIANISMO: Alberto de Oliveira, Olavo Bilac, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho.

Principais Poetas do SIMBOLISMO: Alphonsus de Guimarães, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza.

Fonte de Pesquisa: Estudos da Literatura Brasileira – Douglas Tufano- 4ª Edição.

Foto de Graciele Gessner

Valorize Cada Pessoa. (Graciele_Gessner)

As pessoas não gostam de ser enganadas.
As pessoas não gostam de ser machucadas.
As pessoas não gostam de ser usadas como fantoches.
As pessoas não gostam de ser desrespeitadas.

As pessoas gostam de ser amadas.
As pessoas gostam de ser admiradas.
As pessoas gostam de receber carinho.
As pessoas gostam de pessoas humoradas.

As pessoas não gostam de ser caso de segundo plano.
As pessoas não gostam de ser humilhadas em público.
As pessoas não gostam de ser iludidas.
As pessoas não gostam de ser enxovalhadas.

As pessoas são seres humanos e não máquinas,
Têm seus devidos sentimentos e querem viver.
Muitas vezes não sabemos ouvir as suas súplicas.

03.02.2007

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

Se Você Ama Alguém....(Uma dica Para o dia dos Namorados)

**
**
*
Se você ama alguém...
Sinta-se um grande vencedor,
alguém lhe dispertou amor.
E podes dar amor também.

Se você ama alguém....
Pense em recitar,palavras doces
Amorosas, isso deixa qualquer um
todo prosa.
Junto dê uma rosa.

Se você ama alguém...
Não esconda seus sentimentos,
suas emoções, isso faz parte de
uma grande paixão.

Se você ama alguém...
Faça com que ela se sinta a mais bela(o)
De todos os seres...a rainha(ei).
Do teu coração, do teu castelo.

Se você ama alguém.....
Solte-se, mostre todo seu amor, sem pudor.
Mostre o quanto, essa pessoa é importante pra você.
Diga que sem ela não há motivos, para ver o mundo.
Mostre o seu verdadeiro amor, sem tirar, nem pôr.

Se você ama alguém...
De flores, leve café na cama...deixe bilhetinhos
Colados na geladeira, sobre o travesseiro
Até no chuveiro....faça versos.
Não deixe sua vida cair na mesmice.
Invente...crie...isso atiça o romance! fica mais
Quente que antes, fica picante.

Sempre deixe a pessoa amada, em segurança.
Diga mesmo ..EU TE AMO! ,mas vindo do coração.
Faça demostração de afeto em público, não há,
Nada mas gostoso que pessoas participarem
Da sua alegria, através de um amor que nos contagia.

Se você ama alguém....Trate de se valorizar,
Para que esse alguém, possa te amar.
Você sendo esse ser seguro.
Vira um porto seguro desse alguém.
Bons cuidados você tem.Para poder amar alguém.
E ser amado(a) também.

***No dia dos namorados, o melhor presente, é o amor que se sente por alguém(Feliz dia dos namorados a todos)

Anna *-* Flor-de-Lis.
* Manter a autoria do poema.

Foto de Carmen Vervloet

CORRENTE EM VERSOS

CORRENTE EM VERSOS

Poetas,
Esta é a hora!
Vamos formar uma corrente,
Unir nossos versos em elos,
Fortes, resistentes,
Corajosos, valentes!
Vamos desmascarar
Os políticos desonestos,
Perversos,
Tirando-lhes o voto,
Acesso ao sucesso,
Ao dinheiro público mal usado,
Usurpado do bolso de trabalhadores
Suados, cansados, desesperançados!
Dinheiro subtraído com impostos exorbitantes!
Gastos sem critério,
De forma irresponsável e alucinante!
Hospitais Públicos falidos... Sem recursos,
Recebendo verbas insuficientes,
Sem atender aos doentes
Que morrem sem socorro,
Jogados como cachorros
Sem dono... No abandono!
Ah!... Poetas... São seres humanos
Que moram nos morros,
Em favelas, na miséria da periferia,
São Pedros e Marias
Que moram em barracos,
Vestem-se em trapos,
Engolem muitos sapos,
Em vez da comida que alimenta!
Sem acesso à educação,
Sem esperança no amanhã!
Qual será o seu futuro?
Algemados atrás das grades,
Escola da bandidagem?
Vamos tirar o povo deste covil
Que assusta, mata,
Menospreza, desacata!
Destes homens e mulheres carreiristas,
Indesejáveis oportunistas,
Com gana de poder!
Apareçam patriotas idealistas!
Ouçam o nosso grito!
Queremos um novo Brasil!
Um Brasil sem corrupção,
Onde o Povo é respeitado,
Num horizonte expandido,
Por Deus abençoado!

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora.

Foto de Wilson Madrid

BOA NOITE GRABRIELA

*
* BOA NOITE GABRIELA
*
*
José é paulistano, trabalhador, escritor e poeta. No ano de 2004, em que sua querida cidade de São Paulo, no dia 25 de janeiro, completaria 450 anos, ele já tinha 53 anos de idade.
Desde as primeiras notícias dos preparativos das grandes festividades em comemoração aos 450 anos da sua cidade, José tem a intenção de escrever uma poesia dedicada a esse dia e participar com o seu dom nessa data tão significativa para a sua cidade.
Passam-se os meses e José não tem nenhuma inspiração para concretizar essa intenção. Finalmente, no dia 21 de janeiro à noite, restando apenas quatro dias para o grande e esperado dia, eis que surge a tão necessária inspiração e José, escreve “Estação Paulo 450”:

São Paulo locomotiva de luz solar, do luar e da garoa,
formigueiro agitado de gente operosa e muito boa,
metrópole acolhedora do nosso gigante e querido Brasil,
brilhante guerreiro, branco, verde, amarelo e azul anil,
formigueiro de estrelas valentes, nascidas para enfrentar a labuta,
caminheiros perseverantes que não desistem e vão à luta ...

São Paulo de Anchietas, paulistas e paulistanos,
virgulinos, marias bonitas, baianos, cearenses e paraibanos,
jesuítas, portugueses, potiguares e pernambucanos,
salesianos, italianos, sergipanos e alagoanos,
brancos, negros, espanhóis, piauienses e franciscanos,
orientais, maranhenses, índios tupis e latino-americanos ...

São Paulo dos irmãos da Praça da Sé e dos manos da periferia,
do povo batalhador imigrante de todos os recantos brasileiros,
esperança de liberdade e de conquista da devida igualdade,
dos seus cidadãos carismáticos e inconfidentes maneiros,
da fraternidade, das músicas e poesias do alto astral,
palco das lutas pela democracia, cidadania e justiça social ...

São Paulo do arco-íris sonoro do pagode, do forró e do axé,
do sertanejo, do reagee, do rap e do clássico samba no pé,
bilheteria da estação primeira dos passageiros do trem das onze
do maquinista Adoniran Barbosa que partiu da saudosa maloca,
com os turistas Arnesto, Iracema, Cibide, Pafúncia, Nicola,
Inês, Irene, Moacir, Gabriela, Matogrosso e o Jóca ...

São Paulo rondada por Vanzolini e batucada por Germano;
Sampa caetaneada por Veloso e poetizada por Bonfim,
amada por tantos brasileiros e pelos seus leais paulistanos,
não és mais apenas a minha São Paulo que não pode parar,
a famosa terra da garoa e do grito do Ipiranga de onde eu vim,
porque ao ver a tua grandeza, força e beleza aos 450 anos,
muita coisa acontece no meu coração,
que vibra feliz e com muita emoção,
ao te parabenizar, abraçar e beijar,
pois tu és São Paulo, a feliz cidade da minha paixão...

A sua nova poesia ficou muito boa pois todos que a leram gostaram e elogiaram bastante. Animado com esse resultado José a encaminha para amigos, jornais e para o comitê de organização da grande parada que seria realizada no dia 25 de janeiro entre a avenida 23 de maio e o vale do Anhangabaú.
Versos da sua poesia ele encaminha pela internet para o sítio “Declare seu amor à cidade” pois segundo havia sido divulgado pela imprensa, no dia 25 as melhores frases seriam exibidas através de raios laser nos prédios da cidade, próximos ao local do show de encerramento das comemorações no vale do Anhangabaú e durante a grande parada que o precederia ocorreria uma chuva de papéis com trechos de poesias dedicadas a São Paulo.
José sonha com a possibilidade de ver sua poesia ou ao menos partes dela serem aproveitadas em tão memorável data, fato este que muito o honraria. O prazer que esse fato lhe proporcionaria só mesmo os poetas entendem; os que possuem outros importantes dons, que não este, não possuem condições de avaliar o valor que isso teria para ele, afinal de contas, o que José ganharia com isso? Por acaso seu saldo bancário tem algum incremento de algum centavo quando algumas das suas poesias são apreciadas, aprovadas e publicadas? Não! Então isso é coisa de maluco ou de quem não tem o que fazer. Ou então, como dizem outros, isso é coisa de sonhador ou de poeta...
Mas tudo bem, José costuma respeitar todas as opiniões, sabe que nem todos pensam assim e procura fazer o que lhe compete, pois se não existissem os poetas o mundo conseguiria ser bem mais medíocre do que na maioria das vezes já o é.
José se anima com as perspectivas e decide participar pessoalmente das principais festividades programadas para o aniversário especial da sua cidade.
Sua família programa visitar um dos seus irmãos que reside em São Bernardo do Campo, cidade da grande São Paulo, justamente na tarde do dia 25 de janeiro quando ocorreria a grande parada tão esperada. José sempre tem muito prazer em visitar os seus irmãos e as suas famílias, mas essa data e essas comemorações seriam únicas. Como não consegue convence-los a acompanha-lo nas mesmas e adiar a visita à família do seu irmão para o domingo seguinte, resolve ir sozinho nas grandes festividades.
Da mesma forma, apesar de insistir em convidar sua esposa e seus filhos a acompanhá-lo na noite do dia 24 ao Parque do Ibirapuera, para conhecer a nova fonte luminosa inaugurada no dia anterior e seguirem posteriormente para assistirem ao show com Caetano Veloso na avenida Ipiranga com a avenida São João, que faziam parte daquelas comemorações, nenhum deles interessou-se em acompanhá-lo.
Na tarde daquele mesmo dia tinha combinado com uma amiga que lhe informou que iria assistir a inauguração da restauração da fachada da Estação da Luz e logo depois iria ao show do Caetano Veloso, para comunicarem-se através de seus telefones celulares objetivando encontrarem-se na estação república do metrô, próximo à rua Barão de Itapetininga, para assistirem juntos a esse show e posteriormente voltarem juntos para suas residências.
Como José acabou não tendo com quem ir ao parque do Ibirapuera, mudou seus planos e resolveu também ir para a Estação de Luz e tentar encontrar sua amiga já nesse evento e depois seguirem juntos para o show do Caetano Veloso. Antes de sair, tentou falar com ela, não conseguiu, deixou recado na caixa postal do seu celular avisando que também estava indo para a Estação da Luz e que de lá ligaria novamente para o celular dela e saiu da sua residência às 19:30 horas com destino àquele evento.
Lá chegando tentou fazer contato com o celular da sua amiga e as ligações não conseguiram ser completadas.
Com a presença do governador Geraldo Alckmin, da prefeita Marta Suplicy, do ministro da cultura Gilberto Gil e de várias outras autoridades e apresentações artísticas de Kleiton e Kledir, Almir Sater e Elza Soares, leituras de textos, inclusive da oração do Pai Nosso, na língua tupi-guarani lida pelo grande ator Lima Duarte, dentre outras apresentações de outros artistas, danças e projeções de filmes com grande conteúdo histórico e cultural da sua cidade, o evento converteu-se num grande espetáculo muito interessante e valioso de ser assistido.
Após uma maravilhosa queima de fogos que concluiu este evento por volta das 22:30 horas, José encaminhou-se a pé para a avenida Ipiranga com a Avenida São João, onde estava previsto para as 23:00 horas o início do show com Caetano Veloso, que compôs Sampa, cuja letra cita que “alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga com a avenida São João”, cruzamento este que se localiza próximo da Estação da Luz onde ele se encontrava.
Conforme houvera combinado com a sua amiga tentou novas tentativas de contatos telefônicos para encontrarem-se no local deste outro evento, com a intenção de assisti-lo juntos e voltarem juntos para suas residências, haja vista residirem no mesmo bairro e pela conveniência sob o aspecto de segurança pessoal de ambos, principalmente dela, por ser mulher e do horário do evento.
Até mesmo para facilitar esse retorno tinha deixado seu automóvel estacionado próximo à estação Vila Mariana do metrô para leva-la até sua residência quando retornassem de metrô do centro da cidade e posteriormente voltar para sua própria residência.
Como as ligações entre os celulares não se concretizavam, José ligou para sua residência e pediu a um de seus filhos para ligar para o celular da sua amiga dando a sua localização, em frente à Igreja Internacional da Graça, na própria avenida São João, distante há uma quadra da localização do palco do show.
Depois de alguns minutos, voltou a ligar para o seu filho e este o informou que a sua amiga estava na avenida Ipiranga, ao lado direito do palco do show. José tentou ir até aquele local mas não conseguiu, pois uma aglomeração enorme de pessoas presentes no local impedia a sua passagem até onde ela se encontrava. Então José ligou novamente para seu filho e pediu para avisar a amiga que a aguardaria, no final no show, em frente àquela igreja já informada anteriormente.
O show começou às 23:00 horas com Caetano Veloso; participaram também Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Nando Reis e outros artistas. Exatamente à 00:00 hora, Caetano declamou a parte da letra de Sampa que diz respeito ao local onde o show estava sendo realizado:

Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.

O público delirou com aquele momento histórico. O show continuou foi muito bom e terminou às 1:30 horas já do dia 25, aniversário de 450 anos de São Paulo.
José, conforme havia combinado com a sua amiga, a aguardou naquele local durante 30 minutos. A quantidade de pessoas era muito grande; com o passar do tempo a multidão foi se diluindo e José resolveu seguir em direção ao local onde ela se encontrava na esperança de encontrá-la no caminho. Não a encontrando, seguiu em direção à entrada da estação república do metrô, próxima a rua Barão de Itapetininga, que era um dos locais que haviam comentado anteriormente como sendo um dos possíveis pontos de encontro para assistirem juntos ao show e através da qual retornariam para as suas residências.
José ficou parado sozinho, como sempre estivera durante a noite toda, naquele local durante alguns minutos na esperança de encontrar a sua amiga, pois estava preocupado com ela que também deveria estar sozinha e tendo que voltar para casa sem companhia, em horário um tanto quanto perigoso numa cidade como São Paulo.
Ao lado de onde José se encontrava ainda funcionava uma pastelaria ou lanchonete onde algumas pessoas ainda consumiam alguma coisa. José resolveu tomar uma cerveja e o balconista o alertou que o estabelecimento já estava para fechar e que somente o atenderia se o consumo fosse rápido. José comprometeu-se com o balconista a consumir sua cerveja rapidamente e ele o serviu no próprio balcão, situado bem em frente e próximo do passeio público, de onde ele poderia continuar observando se sua amiga apareceria.
Próximo a ele um outro homem que também tomava uma cerveja iniciou uma conversa a respeito do show do Caetano. Disse-lhe que era da Bahia, de Porto Seguro, e que estava de passagem por São Paulo e não poderia perder a oportunidade de assistir ao histórico show do seu conterrâneo. Apesar do horário, muitos policiais cuidavam da segurança de todos e muitas pessoas ainda passavam pela avenida e outras faziam rodas de música e cantavam do outro lado da avenida, na praça da República.
Passados poucos minutos, surgiram duas mulheres, aparentemente simples e comuns, perguntando como deveriam fazer para retornar para suas residências, no distante bairro de Interlagos, na zona sul da cidade. Como o outro homem, de Porto Seguro, não conhecia São Paulo, José lhes informou que pelo seu conhecimento a única condução que estava funcionando, apenas para embarque, naquele horário era o próprio metrô e apenas em algumas estações próximas dali, inclusive aquela quase em frente de onde estavam.
Conversaram mais alguma coisa a respeito do show, elas criticaram a qualidade do som, que acharam que não estava muito bom no local onde ficaram assistindo, mas que apesar disso tinha valido a pena vir assisti-lo. Ao saber que o outro homem era de Porto Seguro, uma delas, a mais nova, comentou que conhecia aquela cidade e citou vários nomes de cidades e lugares daquela região da Bahia. Logo depois elas agradeceram as informações e dizendo que o metrô não serviria para elas retornarem para casa teriam que encontrar alguma outra alternativa para faze-lo, despediram-se e seguiram pelo passeio público na direção da rua Sete de Abril.
Depois de alguns minutos os funcionários do estabelecimento começaram a lavar o piso do estabelecimento para fecha-lo logo a seguir.
José apressou-se em terminar de tomar sua cerveja para ir embora e nesse momento ressurgiram aquelas mesmas duas mulheres e uma delas perguntou a José se ele teria isqueiro para ascender um cigarro. José acendeu o seu cigarro e elas comentaram que não tinham encontrado solução para retornarem para Interlagos naquele horário, insinuaram que estavam sem companhia e já que aquele estabelecimento estava fechando sugeriram para irem até uma lanchonete, cerca de cinqüenta metros dali, próximo da segunda esquina ali ao lado na própria avenida Ipiranga, entre a rua Sete de Abril e a avenida São Luís.
O homem de Porto de Seguro apressou-se em aceitar o convite e pediu para aguarda-lo por um momento enquanto ele iria até o banheiro da pastelaria que já estava para fechar.
Enquanto o outro homem que entrara para usar o banheiro demora-se a voltar elas comentaram que acharam-no uma pessoa estranha, com algum problema e que preferiam evitar a companhia dele. Como o tempo decorrido indicava que certamente sua amiga já havia ido embora, já eram 2:40 horas, José acabou desistindo de aguardá-la e aceitou a sugestão de sair dali e seguir com elas até a referida lanchonete para comer algo pois não havia jantado e estava com fome.
A lanchonete estava lotada, com todas as mesas ocupadas, restando apenas um canto bem discreto num balcão interno com algumas banquetas onde José e as duas mulheres sentaram-se de frente para a janela que dava para o passeio público de uma rua pouco movimentada naquele horário e de costas para o ambiente principal do local .
Pediram então uma cerveja e continuaram a conversar. Como José estava com pouco dinheiro e não sabia se elas teriam algum para dividir a despesa, evitou pedir qualquer coisa para comer pois não teria como oferecer e pagar para os três.
José ficou sabendo, segundo elas lhe contaram, que a mulher morena escura de meia idade, aparentando uns cinqüenta anos, chamava-se Dara ou algo parecido, residia em São Carlos, interior de São Paulo, e que estava a passeio em São Paulo, hospedada na residência da amiga que a acompanhava. A sua amiga, mais nova do que ela, morena clara, aparentando uns trinta anos, chamava-se Gabriela, trabalhava num hospital de São Paulo e residia em Interlagos.
José informou que era casado, que tinha família, alguma coisa sobre o bairro onde morava, também na zona sul, que se desencontrara de uma amiga e que para ele o metrô seria o suficiente para retornar para casa, coisa que pretendia fazer logo a seguir.
Perguntado se apesar de casado estaria com a noite livre, com várias insinuações de Dara para que José passasse a noite com a Gabriela, José, meio constrangido e estranhando a conversa pois elas não aparentavam ser prostitutas, respondeu que apesar dela ser muito simpática não poderia, pois precisava retornar logo para casa pois sua família o aguardava e que pretendia participar das festividades do início e final da tarde às quais ele esperava com tanta ansiedade em função da poesia que ele havia composto para aquela oportunidade. Perguntou se elas pretendiam participar das mesmas e Gabriela informou que gostaria de participar mas que não poderia pois teria que trabalhar a partir das 14:00 horas.
No retorno de uma ida ao banheiro, Gabriela comentou que encontrara, por acaso, numa das mesas da lanchonete, um colega de trabalho do mesmo hospital em que ela trabalhava; de onde estava sentado José não podia ver essa movimentação e tampouco viu esse contato que ela comentou imaginando que talvez ele o tivesse percebido.
Após pedirem pela terceira cerveja e Dara insinuar que também pretendia comer alguma coisa, José comentou que não tinha dinheiro suficiente para pagar aquela conta, pois não previa ter despesas naquela noite e que teria que fazer uma retirada de dinheiro num caixa eletrônico para acertar a conta e ir embora. Gabriela prontificou-se de imediato a acompanha-lo dizendo que aproveitaria para também fazer uma retirada. José manifestou sua intenção de ir até uma agência bancária do outro lado da praça da República e Gabriela sugeriu para evitarem irem para lá pois aquele local era muito perigoso naquele horário e sugeriu um caixa eletrônico ao lado do Hilton Hotel, distante apenas duas quadras do local onde se encontravam e local bastante movimentado naquele momento, em função de uma concorrida danceteria existente bem ao lado do caixa eletrônico.
Lá chegando, cerca de 3:45 horas, entraram juntos na cabine do caixa eletrônico, Gabriela usou o seu cartão, porém alegou que estava ocorrendo algum problema e não obteve êxito na retirada do dinheiro. José usou o seu e retirou R$-100,00-.
Voltaram à lanchonete e reencontraram Dara na companhia de um outro homem ao qual os apresentou como um amigo que conhecera naquele intervalo de tempo.
Gabriela informou que desejava comer algum salgado, retirou-se por alguns instantes enquanto José continuou conversando distraidamente com Dara e o suposto novo amigo dela. Mais uma vez, da posição em que estava, José não acompanhou o movimento da Gabriela, supostamente em direção ao balcão para escolher o salgado. Gabriela retornou com um quibe que ofereceu, dividiu ao meio e serviu a José que o comeu.
José comeu a metade daquele quibe e tomou o último gole do seu copo de cerveja por volta das 4:00 horas daquele importante e histórico dia 25 de janeiro de 2004.
Depois disso, os únicos lapsos de memória que ele teve foi o de ter sido acordado por alguém que o informava de que a sua diária já havia vencido e que ele tinha que se retirar do local onde se encontrava dormindo sozinho, provavelmente num dos hotéis existentes naquelas redondezas do centro velho de São Paulo, sendo impossível lembrar-se até mesmo em que endereço o mesmo se situa.
Saiu de lá já à noite e notou que estava sem nenhum dinheiro e sem o bilhete da passagem de metrô que ele tinha reservado para retornar para a sua casa.
Lembra-se apenas que andou pelo centro velho de São Paulo totalmente grogue e sentindo uma ligeira dor na nádega esquerda e uma certa dificuldade para caminhar, tentando desesperadamente entender o que estava ocorrendo e conseguir um meio para retornar para sua residência. Não consegue se lembrar por quais locais passou nem tampouco qualquer coisa que fez nesse trajeto e espaço de tempo totalmente apagado da sua memória.
O único fato que José consegue se lembrar desse período foi que numa determinada rua ou praça, que não consegue se lembrar onde fica, resolveu apelar para uma moça loira, provavelmente uma prostituta, resumindo-lhe o que se lembrava do ocorrido e pedindo-lhe ajuda para pagar-lhe uma passagem de ônibus para retornar para casa. A moça informou-lhe que teria que ir até o hotel apanhar o dinheiro e se ele poderia espera-la. José ficou aguardando, ela retornou e lhe deu cinco reais com os quais ele pegou um ônibus e com muita dificuldade, cochilando no ônibus e ainda com muito sono e meio dopado chegou na sua residência às 21:00 horas daquele dia 25 de janeiro de 2004, final do aniversário dos 450 anos de São Paulo.
Ao lembrar-se dessa moça, cujo único detalhe gravado é o de que era loira, José não pode deixar de lembrar-se de Madalena e de ser-lhe muito grato.
Talvez essa gratidão seja motivada por ela ser a única lembrança parcial e boa que tenha ficado daqueles horríveis momentos que ele viveu e provavelmente isso se deva nem mesmo ao precário funcionamento do seu cérebro e da sua memória mas sim no seu coração. Pois ela acreditou e confiou na sua história sem pestanejar e de todos que ficaram sabendo do motivo do horário que ele retornou para a sua casa ela foi a única pessoa que não o acusou, julgou, condenou e crucificou precipitadamente.
Após alimentar-se de algo e tomar um rápido banho logo após chegar ainda atordoado na sua residência e dormir durante toda a noite, na manhã seguinte percebeu que a dor que sentia e o incomodava foi motivada por uma injeção que lhe aplicaram não sabe quando, nem como, nem de que medicamento ou substância química; deduziu que pelo tempo que ficou desacordado e atordoado durante todo o dia 25 e ter ainda dormido a noite toda seguinte, totalizando cerca de 30 horas, devem ter lhe aplicado algum sonífero muito forte e poderoso para terem o tempo suficiente para agirem nas operações com o seu cartão bancário magnético, cujo desaparecimento só tomou consciência ao acordar naquela manhã do dia 26.
Dirigiu-se à agência do estabelecimento bancário onde possuía sua conta corrente para cancelar o cartão magnético que havia sumido e constatou que enquanto ocorriam as festividades que ele tanto aguardava e que não pode participar, fizeram todas as retiradas possíveis tanto do seu saldo credor como do seu limite de crédito totalizando R$-1.575,00-, deixando-o devedor do banco em R$-1.000,00-, que era o limite do seu crédito.
Retornando à sua residência José procurou certificar-se de terem tido roubado também o seu telefone celular que é comum, seu relógio antigo e de pouco valor material, seu isqueiro de certo valor e seus documentos pessoais. Para sua surpresa, encontrou todos em casa. Ficou surpreso com o fato e imaginou que provavelmente, algum problema operacional das totalmente desconhecidas ações que os seus seqüestradores tomaram os impediu de rouba-lo também nisso. José também acredita na possibilidade de terem ficado satisfeitos com o montante de dinheiro que retiraram da sua conta bancária, o que teria tornado seus demais pertences pouco significativos e atrativos. Ou até mesmo ser interessante ele ficar com o celular para atender alguma eventual ligação de seus familiares, evitando, desta forma, que os mesmos acionassem a polícia.
José sabe e tem consciência do grande risco de vida que correu e que, mais uma vez, errou ao confiar em pessoas desconhecidas e compreende seus familiares e amigos que no princípio tiveram dificuldade ou uma certa resistência em acreditar nesta sua história que parece enredo de filme de aventura ou de terror. Afinal de contas não seria a primeira vez que ele errara, coisa incrível e inaceitável num mundo composto por pessoas que na maioria das vezes se julgam tão perfeitas e infalíveis e juízes muito competentes. Muito mais fácil supor, naquelas circunstâncias, uma balada irresponsável, completada com uma prazerosa aventura erótica de fim de festa.
Também entende e lamenta o constrangimento da sua amiga que ficou sendo contatada pelos seus familiares durante o dia 25 para obter informações quanto ao seu paradeiro, como se tivessem passado aquele tempo todo juntos, sendo que na realidade sequer se falaram nem mesmo através das ligações telefônicas, várias vezes tentadas por ambas as partes, todas elas não completadas. José só veio a ficar sabendo que ela lhe telefonara e que conversaram no próprio dia 25, cerca das 21:30 horas, meia hora depois dele chegar na sua residência, porque seus familiares lhe contaram o fato ao rememorarem todos os acontecimentos três dias depois, sendo que naquela oportunidade ele mal conseguira raciocinar e conversar normalmente com ela, por estar ainda sob efeito da droga que lhe aplicaram, dando-lhe a péssima impressão de estar totalmente embriagado.
Na verdade, juntando todos os fatos e detalhes possíveis de serem lembrados, José concluiu ter sido vítima de um seqüestro relâmpago planejado e executado por uma quadrilha que ao invés de se utilizar qualquer tipo de arma e cativeiro tradicionais, utiliza-se do já conhecido e popularmente conhecido golpe do “boa noite Cinderela”, onde a vítima, sem que perceba, é dopada através de substâncias que colocam na sua bebida ou comida, complementado com a utilização de conhecimentos da área médica para aplicação de algum medicamento, no seu caso, uma injeção, que mantém a vítima sedada durante o tempo necessário para agirem junto aos caixas eletrônicos, mantendo-o desacordado em qualquer hotel, cuja diária é paga com o seu próprio cartão de crédito.
Provavelmente além das duas mulheres que o abordaram os demais membros da quadrilha já deveriam estar naquela lanchonete ou os seguiram até lá; o amigo casualmente encontrado pela “Gabriela” numa das mesas seria um deles e devia lhe passar orientações; provavelmente logo que começaram a tomar a primeira cerveja colocaram alguma droga no seu copo o que o levou a tomar uma atitude tão absurda de dirigir-se a um caixa eletrônico na companhia de uma pessoa que ele acabara de conhecer; o suposto cartão magnético utilizado pela “Gabriela” e que “não funcionou” deve ter sido algum artefato de clonagem que memoriza informações da senha do cartão utilizado a seguir, no caso o de José, e provavelmente assim que saíram do caixa eletrônico algum outro membro da quadrilha já estava a postos na porta do mesmo para entrar e retirar o possível artefato ou, até mesmo, simplesmente a “Gabriela” observou e memorizou a senha digitada por José; o novo amigo de “Dara” que já a acompanhava quando retornaram do caixa eletrônico também deveria ser um outro elemento do grupo já devidamente posicionado junto a ela para exercer alguma função necessária a seguir. José também acredita que até mesmo o primeiro personagem que puxou conversa no início do episódio, o “conterrâneo de Caetano, de Porto Seguro”, talvez também pertencesse ao grupo.
Tendo conseguido executar todas essas etapas, restou apenas incrementar o doping da vítima com um apetitoso e simpático quibe turbinado com algum “tempero” especial, já preparado para “Gabriela” oferecer a José assim que voltassem do caixa eletrônico, tornando muito mais fácil e rápido convence-lo, já muito atordoado e inconsciente, a acompanha-las para onde eles bem entendessem e lá chegando completarem o “tratamento” com a aplicação de uma injeção que o deixou desacordado praticamente o dia inteiro, tempo suficiente para, de posse do cartão magnético, facilmente retirado do bolso do “apagado”, e com a respectiva senha captada anteriormente mediante fraude, executar o furto de todo dinheiro possível da sua conta bancária.
O prejuízo financeiro sofrido por José foi o de menos pois muito mais significativos foram os danos morais que, além dos fatos em si, incluíram os constrangimentos que teve que enfrentar para contar essa sua história para seus familiares e amigos envolvidos, para a assistente social que o atendeu na sua solicitação de exame de sangue para controle de HIV, hepatite e outras doenças infecciosas, pois não se sabe que tipo de agulha as criminosas utilizaram para aplicarem-lhe o medicamento intravenoso; para o escrivão e delegado de polícia que o atenderam para a confecção do boletim de ocorrência policial; para os que o atenderam para a realização do exame de corpo delito requisitado pelo delegado ao IML; para o funcionário e a gerente do banco para o cancelamento do seu cartão magnético e entrada de pedido de restituição dos valores que não foram sacados por ele mas sim pelos marginais que o vitimaram e muitas outras conseqüências na sua vida particular.
Felizmente, apesar de todos esses prejuízos e transtornos, José agradeceu a Deus por estar vivo para poder contar esta história e constatar que não lhe retiraram nenhum rim ou qualquer outro órgão, cuja subtração e tráfico, por incrível que pareça, vem se tornando um mercado em expansão neste mundo cada vez mais materialista, egoísta e ateu.
José resolveu contar a sua história porque a arte imita a vida e tirando o melhor proveito possível do ocorrido pretende aproveitar seu drama até mesmo para, mais uma vez, apesar de muito divulgado, alertar seus semelhantes para o risco de caírem numa cilada como esta, que ele mesmo, uma pessoa já experiente, já ouvira falar e julgava que jamais cairia nela.
José ficou triste e chateado principalmente pela preocupação e transtorno causados aos seus familiares e à sua amiga; assim como ele perdoou todos os que duvidaram da sua história, espera ser perdoado pelos seus eventuais erros humanos e inconscientes e receber um voto de confiança na sua palavra, da mesma forma em que nele confiou a provável prostituta loira, mulher que é da vida, e que por isso mesmo conhece muito da vida e da malandragem e dificilmente se deixaria enganar por ele, concedendo-lhe imediatamente o crédito e a solidariedade que ele tanto necessitava naquele momento.
Como ele se recorda de todos os detalhes ocorridos antes de ser dopado, chama-lhe a atenção da profética coincidência de terem cantado tanto na Estação da Luz como no cruzamento das avenidas Ipiranga com a São João uma música que há muito tempo não ouvia, cujos trechos da letra confessam: “chorei, não procurei esconder, todos viram, fingiram, pena de mim não precisava, ali onde eu chorei, qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava... um homem de moral, não fica no chão, nem quer que mulher lhe venha dar a mão, reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima....”
Motivado por essa música e ao ter sua história transformada neste conto José já se sente, por esse simples motivo, levantando-se, dando a volta por cima, reconhecendo a queda, não desanimando e sacudindo a poeira, discordando apenas que um homem de moral não possa aceitar que uma mulher lhe venha dar a mão, seja ela quem for, pois na vida tudo é muito relativo e nós seremos sempre nós e as nossas circunstâncias.
Porém, o que o deixou muito inconformado, como poeta que também é, foi não ter percebido no devido tempo a notável rima do já conhecido golpe do “boa noite Cinderela” com a ironia do seu clone “boa noite Gabriela”.
Fosse ele um gênio da categoria de um Adoniran Barbosa ou de um Paulo Vanzolini certamente comporia mais uma das muitas obras primas que eles imortalizaram sobre as personagens desta fantástica São Paulo e de seus tão diferentes habitantes com seus dramas, culturas, formações e valores tão incompatíveis e eternos participantes da cotidiana luta entre o bem e o mal, onde todos lutam para sobreviver, seguindo caminhos tão diferentes e até mesmo opostos.
José também não pode deixar de notar a incrível coincidência dessa sua experiência, nesse dia histórico e feliz para a sua querida cidade de São Paulo e tão infeliz para ele, que tanto desejou e acabou não podendo participar das principais comemorações do dia 25 de janeiro de 2004, com a memorável poesia que leva o seu nome, composta pelo grande mestre Carlos Drummond de Andrade:

“E agora José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
E agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais,
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?”

Apesar de tudo e sem abdicar de vivenciar tudo aquilo que faça acontecer alguma coisa boa no seu coração e que não prejudique nenhum semelhante, José pretende seguir marchando; marchar para onde? Marchar para onde segue qualquer um daqueles que como ele compõe a sua raça humana, criaturas falíveis e eternos aprendizes: para onde Deus quiser!

28/jan/2004

Wilson Madrid, o Poeta Azul
e aqui, o José...

Publicado no Recanto das Letras em 19/05/2006
Código do texto: T159150

Foto de Wilson Madrid

AS FORMIGAS APRESSADAS

*
* CRÔNICA
*
*
18:30' de um dia do mes de abril de 2003.

Estação Sé do metrô de São Paulo, uma das cinco cidades mais habitadas do planeta, com cerca de quinze milhões de habitantes.
No saguão interno da estação, acontece uma exposição denominada “Êxodos – a humanidade em transição – 1993-99”, trabalho de Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro consagrado internacionalmente pela sua arte fotográfica, voltada para os problemas sociais da humanidade, expondo fotos das vítimas e refugiados das recentes guerras e conflitos sociais ocorridas em vários países do mundo.
Sucesso de crítica e de público em vários países, a apresentação do trabalho informa que “movido pelos milhões de refugiados, migrantes e destituídos do mundo, o fotógrafo Sebastião Salgado documentou a situação em 41 países durante quase sete anos. Por quê? "Espero que tanto como indivíduos, grupos ou uma sociedade, façamos uma pausa para pensar na condição humana na virada do milênio. Na sua forma mais brutal, o individualismo continua sendo uma fórmula para catástrofes. É preciso repensar a forma como coexistimos no mundo."
Mesmo sendo gratuita para os milhares de usuários que passavam pelo local, apenas cinco ou seis pessoas apreciavam a obra prima do excepcional artista, cidadão do mundo e profeta da injustiça social mundial.
Ao lado da exposição, uma multidão de pessoas passava apressadamente, ignorando completamente tão importante trabalho.
Naquele horário, aquele local parecia um “formigueiro” de pessoas preocupadas em chegar logo aos seus destinos, provavelmente, algumas indo para o trabalho, outras para a escola e a maioria, certamente, retornando do trabalho e indo para as suas residências, onde, após o jantar, costuma dedicar algumas horas da noite assistindo a nossa programação de tv, repleta de futilidades e tão carente de programas educativos e culturais.
Foi impossivel deixar de me lembrar do “maluco beleza” Raul Seixas, que algum dia deve ter sentido o que mesmo que senti naquele momento e denunciou ao compor S.O.S.: “Lá por detrás da triste e linda zona sul, vai tudo muito bem, formigas que trafegam sem por quê...”.
Quanto aos cinco ou seis "desocupados" que dedicaram parte do seu tempo apreciando a exposição, tenho a certeza de que sairam enriquecidos no conhecimento do quanto o individualismo e o egoísmo humano é capaz e do quanto é urgente e imprescindível conscientizar as pessoas para o combate à toda e qualquer injustiça pessoal ou social, cada um fazendo o que estiver ao seu alcance para o bem comum, porque a injustiça social é gerada pela somatória das injustiças pessoais, na esperança de um dia ver toda e qualquer injustiça varrida da face da terra, para a humanidade, finalmente, poder assumir o seu direito natural e divino de poder viver em paz.
Para os que ainda não conhecem ou não souberam da realização da exposição de tão importante trabalho naquela oportunidade, ainda existe a possibilidade de conhecê-lo através do site www.terra.com.br/sebastiaosalgado.
Quanto aos demais componentes do “formigueiro”, deduzi que ocorreu uma falha grave por parte dos organizadores, no que diz respeito ao despertar do interesse geral pela exposição: esqueceram-se de contratar algumas recepcionistas com peitos e bundas de silicone; alguns seguranças "sarados" e espalhar pelo chão, em torno dos painéis que continham aquelas impressionantes fotografias, algumas pitadas de açúcar, misturadas com um pouco de fama, dinheiro e poder...
Porque as “formigas apressadas” aprenderam que “tempo é dinheiro” e que “o importante é levar vantagem em tudo, certo?” e o que elas ganhariam perdendo seu "precioso tempo" ou que vantagem levariam para ver umas fotos em branco e preto, feitas por um tal de Salgado, de algumas pessoas amarguradas, desconhecidas, pobres e excluidas do direito à dignidade humana, que nem sequer participaram do Big Brother Brasil?

Foto de Mor

UM GRITO DE GUERRA

UM GRITO DE GUERRA

MOR

Ser prefeito é ser um administrador junto com os vereadores serão logo os gestores de um município de uma cidade com seus distritos. Tudo isso tendo em mente o bem estar de seus munícipes com o crescimento econômico e social como um todo.

Para chegar a esse ápice de uma boa administração depois de eleitos está plêiade de homens tem por missão servir ao seu município sem peias políticas a eles resta só um caminho é fazer uma boa administração despida de toda e qualquer ranço político.
Com seu pensamento dirigido aos bons empreendimentos sem visão política e partidária eles serão os responsáveis por tudo de bom ou de ruim que acontecer no período do seu mandado em seu município.

Vamos acabar com essa de que partido é quem manda em administração publica que realmente manda são seus administradores capazes de realizarem uma boa administração, sempre visando o melhor para o seu município, mas para isso impõe que esses homens de dispam do maldito orgulho de aparecerem na mídia nas inaugurações, o que realmente deve são suas obras que será a maior publicidade diante dos seus contribuintes, que naquele momento vem aplicação honesta dos tributos pagos ao erário.

Aqui faço um apelo como cidadãos desse país façam política no momento das eleições, mas nunca façam política para administrar a coisa pública.
É isso que vêm denegrindo a ética de nossos políticos administrarem um País, um Estado, um Município.

Difícil é entender estes entes públicos pago pelos contribuintes, quando no seu múnus de administrar a coisa pública não o faz com lisura e honestidade, tudo isso dói no coração dos contribuintes são a más versões do dinheiro dos mesmos e que muitas vezes vai enriquecer a iniciativa privada com custos muitos elevados, um exemplo bem claro é a publicidade pública evasiva sem retorno ao erário que a faz deveria ser banida de todo tipo de administração pública que tem origem na esfera dos governos Federais e Estaduais e Municipais a publicidade deveria ser a obra pronta e entregue a sociedade seria o clímax do administrador público naquele momento, certa vez um estudante secundarista escreveu num trabalho escolar assim: “Quem deveria cortar a fita numa inauguração de qualquer obra pública deveria ser os contribuintes e não o governo que a realizou, ele foi um mero administrador do dinheiro do contribuinte”, será que nossos administradores teriam uma idéia luminosa como à deste estudante? Ou continuarão administrando tudo na base dessa esdrúxula e suja política que vivemos nesse instante em nosso país.
E ainda mais quem paga o pato de tudo isso é o contribuinte brasileiro.

São José/SC, 23 de abril de 2008.
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