Pressa

Foto de claudinha.guima

TIC TAC de uma vida

O Som "Is This Love" de Bob Marley, me levava ao meu destino.
Tudo igual... Como sempre fora, tudo acontecia conforme o programado. Como tudo na minha vida era marcado com horários regiamente pré-definidos. Horários de entrada e Saída, horário da volta pra casa, esse sim não podia falhar em hipótese alguma, nada podia fugir do padrão.
Nenhuma ocorrência poderia ser tão urgente a ponto de me tirar desse cronograma tétrico e macabro.
Do lado de fora as árvores vinham no sentido contrário, correndo, atrasadas para cumprirem seus próprios cronogramas e eu ali, em meio àquelas imagens esporádicas que passavam apressadamente, pela janela do meu carro.
Não havia espaço ali, para o belo. As imagens desesperada que via passar correndo por mim, como insights de uma vida, era a prova que tinha de que eu fazia parte daquela história contada em lágrimas silenciosa e triste.
A chuva repentina começou a cair... Acariciavam a pele de parte do meu braço que descançava n a janela do carro, só assim podia senti-la, não podia parar, as horas não se estancariam no relógio invisível que me lembravam a todo instante, com seu TIC TAC insistente, que era momento de correr, de seguir em frente... Não, elas não parariam para eu poder sentir a chuva em todo o meu corpo, não haveria tempo para “coisas fúteis” assim.
Ele estava lá, junto com a chuva, “correndo” da chuva... Voando rápido. Seus olhos fixos em um ponto distante, onde eu não podia enxergar. Ele tinha pressa também, mas como pode ter pressa se ele estava livre, tinha toda a vida para ir onde bem entendesse, não haviam relógios que pudessem marcar seu tempo. Mas ele queria continuar em sua “corrida” aérea, próximo a minha janela, sequer notou que eu o observava, sequer percebeu minha presença ali.
Cheguei a desejar tocá-lo, mas não podia interromper aquele momento. Queria congelar a imagem, oferecer uma carona, mas não podia fazê-lo. Nossos caminhos eram diferentes, ele seguiria em frente, rumo ao sol, fora da chuva, a procura de uma caminho cheio de luz e eu? Eu permaneceria ali, contando as horas, calculando o tempo preciso e quem sabe, no dia seguinte, poder encontrá-lo novamente.

Foto de Carmen Lúcia

Na contramão do tempo...

Ando sempre apressada
sem ver o que me cerca,
engolindo as etapas,
acelerando os dias...
Vou sufocando os sonhos,
os quero em abandono
pra que nenhum retorno
me incite a sonhar...

E atropelando fases
das estações da vida
mantenho-as esquecidas,
me privo de chorar...
Na ânsia exacerbada
que gera essa fobia,
na marcha exasperada
de só querer chegar...

Evito as paradas
só pra não me perder
ficando nos caminhos
não mais querendo ir...
Me cego às alvoradas
e ao brilho das manhãs,
vou sempre em disparada
não vejo o sol nascer...

Na contramão do tempo
me esquivo dos momentos
em que a felicidade está,
pra me fazer voltar...
Confronto-me com o vento,
ensurdece-me seu lamento
pra me ludibriar...
e me sensibilizar...
que para indignado
no afã de me deter
e passo-lhe à frente
ansiosa por vencer.

E a pressa me consome
não me deixando ver
que em cada parada
há novo amanhecer...
Que as curvas do caminho
são pausas do destino
que alimentam a alma
pra não retroceder...

Que as flores das estradas
compõem poesias
e estrelas que hoje brilham
já não estarão mais lá...
Que toda a trajetória
se feita aos atropelos
não grava a história
de quem passa por passar...

Carmen Lúcia

Foto de Paulo Master

Auto-Retrato

Da janela vejo o homem escrevendo ansioso, ocioso e melancólico, sua face guarda um semblante embaçado e sem nexo, sem face seu brilho não existe no universo, as mãos cada vez mais trêmulas, parece que existe uma tragédia por trás dessa folha de papel, sua escrita é serena e seu gesto parece ter odor, cor e forma, mais e mais vai se aproximando do seu objetivo e mais triste vai ficando aquele homem, ainda consigo perceber um suspiro mais profundo, é como a chegada de um choro, seu momento é tênue, por alguns instantes ele pára e pensa, olha para o horizonte, um olhar perdido, talvez num passado muito distante, depois volta a rabiscar seu papel, através da sombra que se faz à meia luz consigo ver a silhueta de sua mão a escrever, agora mais calma e mais serena, como se estivesse tecendo cada verbo, cada canto de sua escrita, talvez nem estivesse pensando no que escrevia, apenas rabiscando e vivendo seu momento, eu me ponho a pensar que momento seria vivido por ele agora.
Então calmamente o homem se levanta, olha para frente e pensa por alguns instantes, dá alguns passos, pára novamente, olha para trás, olha para sua escrita, por alguns momentos ele fica estático, depois se vira e vai ao oposto de onde estava, segue seu caminho em passos calmos e sem pressa.
Com tremenda sensação de curiosidade não resisto ao que para mim é mais forte que tudo nesse instante, então calmamente vou à sua mesa e vejo o pedaço de papel com o desenho de um homem muito triste, e em baixo escrito: "eis me aqui, assim me sinto no momento".

Foto de Folhinha

Pecados meus

Pecado meus

Pecado meus e… a chuva lá fora
E no meu peito com intensidade
Chuva e pecados meus em cada hora
Vivida com ardor e ingenuidade

Pecados são gotas que na vidraça
Da alma embaciam céu e mar
Numa continuidade que não passa
Além do existir e do sonhar

Mas só de sol e luz eu tenho pressa
Que vão passando os actos desta peça
Da vida e os pecados são albardas

Jogá-los vou no chão sem compostura
Para sorver da vida a doçura
Sem actos e sem cenas adiadas

Nita Ferreira

Foto de LuizFalcao

Rios de Gente!

De LuizFalcão

Centro da cidade!
Rios de gente ganham as ruas!
Rostos em quantidade!
Em quantidade, bocas... olhos... pernas...

Bocas em silêncio!
Bocas em conflitos!
Bocas que metralham palavras perdidas!
Bocas que falam o que não sabem!
Bocas que sabem e que não falam!

Olhos!
Olhos que sorriem!
Olhos que choram!
Olhos que se fecham!
Olhos que se olham!
Olhos que se negam!
Olhos que seguem os desenhos das calçadas!

Membros!
Membros que se agitam!
Braços que se acotovelam nas entradas!
Pernas que tropeçam nas saídas!
Tantos braços!...
Tantas pernas!...
Em movimentos frenéticos no balanço do andar.

A grande massa de gente se multiplica com o passar das horas.
“Formigueiros” humanos!
Sobem e descem os arranha-céus com pressa!... Tanta pressa!
O tempo não espera!... Os ponteiros dos relógios não param!
E mais pressa!...

Pensamentos voam longe!...Atravessam fronteiras!...
Viajam o mundo na face dos caminhantes.
Muitos rostos nos olhando nos olhos,
Espelhos da alma dos viajantes!

Tristezas, alegrias, decepções!... Amores!... Paixões!
Mundos em meio a outros mundos, satélites de si mesmos!
Universos únicos em expansão!

Foto de simone floriano

0 Tempo de Porfia T & P

Tenho por telepatia um possível tema..
Posicionar tentatações para possuila por inteira.
Tentarei lhe propocionar temperança,
para não prejudica-lá, terei paciência...
Terei perseverança.
Tão pouco tenho pressa...
Travesso! é o pensamento!
Tirando-me a paz.
Transpiro paixão...
Transpiro problemas trancedentes.
Tento poupar as tranças tranqueiras,
Tirando-me a tranquilidade...
E a perspectiva de tantos pensamentos...
de uma pacata louca, paixão,
Porém, pressinto nessa porfia...
que o tempo pede tempo...
Para traser te ! para mim.

Foto de Jak_line

Meu Desejo

Algumas horas de amor
Você me concedeu
Foi intenso e inesquecível
Perdi a lucidez
Delírios, gemidos
Em um dia de outono
Nos lençóis ficaram
O perfume do nosso amor
Palavras sussurradas no ouvido
Beijos apaixonados
O fogo de mil afagos
Na maciez de uma cama
Dois corpos ardentes
Sedentos de amor
Completos
Ahh, este homem!!
Que deixou meus
Dias mais coloridos
E perfumados
Com ele quero passar
Os dias frios do inverno
Apreciar as flores da primavera
E nas noites quentes de verão
Amá-lo sem pressa!

Foto de Jak_line

Meu Desejo

Algumas horas de amor
Você me concedeu
Foi intenso e inesquecível
Perdi a lucidez
Delírios, gemidos
Em um dia de outono
Nos lençóis ficaram
O perfume do nosso amor
Palavras sussurradas no ouvido
Beijos apaixonados
O fogo de mil afagos
Na maciez de uma cama
Dois corpos ardentes
Sedentos de amor
Completos
Ahh, este homem!!
Que deixou meus
Dias mais coloridos
E perfumados
Com ele quero passar
Os dias frios do inverno
Apreciar as flores da primavera
E nas noites quentes de verão
Amá-lo sem pressa!

Foto de cafezambeze

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA (POR GRAZIELA VIEIRA)

ESTE É UM CONTO DA MINHA DILETA AMIGA GRAZIELA VIEIRA, QUE RECEBI COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO. NÃO CONCORRE A NADA. MAS SE QUISEREM DAR UM VOTO NELA, ELA VAI FICAR MUITO CONTENTE.

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA

Numa pequena cidade nortenha, o João Pirisca contemplava embevecido uma montra profusamente iluminada, onde estavam expostos muitos dos presentes e brinquedos alusivos à quadra festiva que por todo o Portugal se vivia. Com as mãos enfiadas nos bolsos das calças gastas e rotas, parecia alheio ao frio cortante que se fazia sentir.
Os pequenos flocos de neve, quais borboletas brancas que se amontoavam nas ruas, iam engrossando o gigantesco manto branco que tudo cobria. De vez em quando, tirava rapidamente a mão arroxeada do bolso, sacudindo alguns flocos dos cabelos negros, e com a mesma rapidez, tornava a enfiar a mão no bolso, onde tinha uma pontas de cigarros embrulhadas num pedaço de jornal velho, que tinha apanhado no chão do café da esquina.
Os seus olhitos negros e brilhantes, contemplavam uma pequena boneca de cabelos loiros, olhos azuis e um lindo vestido de princesa. Era a coisa mais linda, que os seus dez anos tinham visto.
Do outro bolso, tirou pela milésima vez as parcas moedas que o Ti‑Xico lhe ia dando, de cada vez que ele o ajudava na distribuição dos jornais. Não precisou de o contar... Demais sabia ele que, ainda faltavam 250$00, para chegar ao preço da almejada boneca: ‑ Rai‑de‑Sorte, balbuciava; quase dois meses a calcorrear as ruas da cidade a distribuir jornais nos intervalos da 'scola, ajuntar todos os tostões, e não consegui dinheiro que chegue p'ra comprar aquela maravilha. Tamén, estes gajos dos brinquedos, julgam q'um home não tem mais que fazer ao dinheiro p'ra dar 750 paus por uma boneca que nem vale 300: Rais‑os‑parta. Aproveitam esta altura p'ra incher os bolsos. 'stá decidido; não compro e pronto.
Contudo não arredava pé, como se a boneca lhe implorasse para a tirar dali, pois que a sua linhagem aristocrática, não se sentia bem, no meio de ursos, lobos e cães de peluxe, bem como comboios, tambores, pistolas e tudo o mais que enchia aquela montra, qual paraíso de sonhos infantis.
Pareceu‑lhe que a boneca estava muito triste: Ao pensar nisso, o João fazia um enorme esforço para reter duas lágrimas que teimavam em desprender‑se dos seus olhitos meigos, para dar lugar a outras.
‑ C'um raio, (disse em voz alta), os homes num choram; quero lá saber da tristeza da boneca. Num assomo de coragem, voltou costas à montra com tal rapidez, que esbarrou num senhor já de idade, que sem ele dar por isso, o observava há algum tempo, indo estatelar‑se no chão. Com a mesma rapidez, levantou‑se e desfazendo‑se em desculpas, ia sacudindo a neve que se introduzia nos buracos da camisola velha, enregelando‑lhe mais ainda o magro corpito.
‑ Olha lá ó miúdo, como te chamas?
‑ João Pirisca, senhor André, porquê?
‑ João Pirisca?... Que nome tão esquisito, mas não interessa, chega‑te aqui para debaixo do meu guarda‑chuva, senão molhas ainda mais a camisola.
‑ Não faz mal senhor André, ela já está habituada ao tempo.
‑ Diz‑me cá: o que é que fazias há tanto tempo parado em frente da montra, querias assaltá‑la?
‑ Eu? Cruzes credo senhor André, se a minha mãe soubesse que uma coisa dessas me passava pela cabeça sequer, punha‑me três dias a pão e água, embora em minha casa, pouco mais haja para comer.
‑ Então!, gostavas de ter algum daqueles brinquedos, é isso?
‑ Bem... lá isso era, mas ainda faltam 250$00 p'ra comprar.
‑ Bom, bom; estás com sorte, tenho aqui uns trocos, que devem chegar para o que queres. E deu‑lhe uma nota novinha de 500$00.
‑ 0 João arregalou muito os olhos agora brilhantes de alegria, e fazendo uma vénia de agradecimento, entrou a correr na loja dos brinquedos. Chegou junto do balcão, pôs‑se em bicos de pés para parecer mais alto, e gritou: ‑ quero aquela boneca que está na montra, e faça um bonito embrulho com um laço cor‑de‑rosa.
‑ ó rapaz!, tanto faz ser dessa cor como de outra qualquer, disse o empregado que o atendia.
‑ ómessa, diz o João indignado; um home paga, é p'ra ser bem atendido.
‑ Não querem lá ve ro fedelho, resmungava o empregado, enquanto procurava a fita da cor exigida.
0 senhor André que espiava de longe ficou bastante admirado com a escolha do João, mas não disse nada.
Depois de pagara boneca, meteu‑a debaixo da camisola de encontro ao peito, que arfava de alegria. Depois, encaminhou‑se para o café.
‑ Quero um maço de cigarros daqueles ali. No fim de ele sair, o dono do café disse entre‑dentes: ‑ Estes miúdos d'agora; no meu tempo não era assim. Este, quase não tem que vestir nem que comer, mas ao apanhar dinheiro, veio logo comprar cigarros. Um freguês replicou:
‑ Também no meu tempo, não se vendiam cigarros a crianças, e você vendeu-lhos sem querer saber de onde vinha o dinheiro.
Indiferente ao diálogo que se travava nas suas costas, o João ia a meter os cigarros no bolso, quando notou o pacote das piriscas que lá tinha posto. Hesitou um pouco, abriu o pedaço do jornal velho, e uma a uma, foi deitando as pontas no caixote do lixo. Quando se voltou, deu novamente de caras com o senhor André que lhe perguntou.
‑ Onde moras João?
‑ Eu moro perto da sua casa senhor. A minha, é uma casa muito pequenina, com duas janelas sem vidros que fica ao fundo da rua.
‑ Então é por isso que sabes o meu nome, já que somos vizinhos, vamos andando que se está a fazer noite.
‑ É verdade senhor e a minha mãe ralha‑me se não chego a horas de rezar o Terço.
Enquanto caminhavam juntos, o senhor André perguntou:
- ó João, satisfazes‑me uma curiosidade?
- Tudo o que quiser senhor.
- Porque te chamas João Pirisca?
- Ah... Isso foi alcunha que os miúdos me puseram, por causa de eu andar sempre a apanhar pontas de cigarros.
‑ A tua mãe sabe que tu fumas?
‑ Mas .... mas .... balbuciava o João corando até a raiz dos cabelos; Os cigarros são para o meu avôzinho que não pode trabalhar e vive com a gente, e como o dinheiro é pouco...
‑ Então quer dizer que a boneca!...
‑ É para a minha irmã que tem cinco anos e nunca teve nenhuma. Aqui há tempos a Ritinha, aquela menina que mora na casa grande perto da sua, que tem muitas luzes e parece um palácio com aquelas 'státuas no jardim grande q'até parece gente a sério, q'eu até tinha medo de me perder lá dentro, sabe?
‑ Mas conta lá João, o que é que se passou com a Ritinha?
‑ Ah, pois; ela andava a passear com a criada elevava uma boneca muito linda ao colo; a minha irmã, pediu‑lhe que a deixasse pegar na boneca só um bocadinho, e quando a Ritinha lha estava a passar p'ras mãos, a criada empurrou a minha irmãzinha na pressa de a afastar, como se ela tivesse peste. Eu fiquei com tanta pena dela, que jurei comprar‑lhe uma igual logo que tivesse dinheiro, nem que andasse dois anos a juntá‑lo, mas graças à sua ajuda, ainda lha dou no Natal.
‑ Mas ó João, o Natal já passou. Estamos em véspera de Ano Novo.
‑ Eu sei; mas o Natal em minha casa, festeja‑se no Ano Novo, porque dia de Natal, a minha mãe e o meu avô paterno, fartam‑se de chorar.
‑ Mas porquê?
‑ Porque foi precisamente nesse dia, há quatro anos, que o meu pai nos abandonou fugindo com outra mulher e a minha pobre mãe, farta‑se de trabalhar a dias, para que possamos ter que comer.
Despedíram‑se, pois estavam perto das respectivas moradas.
Depois de agradecer mais uma vez ao seu novo amigo, o João entrou em casa como um furacão chamando alto pela mãe, a fim de lhe contar a boa nova. Esta, levou um dedo aos lábios como que a pedir silêncio. Era a hora de rezar o Terço antes da parca refeição. Naquele humilde lar, rezava‑se agradecendo a Deus a saúde, os poucos alimentos, e rogava‑se pelos doentes e por todos os que não tinham pão nem um tecto para se abrigar., sem esquecer de pedir a paz para todo o mundo.
Parecia ao João, que as orações eram mais demoradas que o costume, tal era a pressa de contar as novidades alegres que trazia, e enquanto o avô se deleitava com um cigarro inteirinho e a irmã embalava nos seus bracitos roliços a sua primeira boneca, de pronto trocada pelo carolo de milho que fazia as mesmas vezes, ouviram‑se duas pancadas na porta. A mãe foi abrir, e dos seus olhos cansados, rolaram duas grossas e escaldantes lágrimas de alegria, ao deparar com um grande cesto cheinho de coisas boas, incluindo uma camisola novinha para o João.
Não foi preciso muito para adivinhar quem era esse estranho Pai Natal que se afastava a passos largos, esquivando‑se a agradecimentos.
A partir daí, acrescentou‑se ao número das orações em família, mais uma pelo senhor André.
GRAZIELA VIEIRA
JUNHO 1995

Foto de Paulo Gondim

Prenúncio

PRENÚNCIO
Paulo Gondim
13/06/2009

O sonho que se fez presente
Aquecendo minhas noites frias
Aos poucos em si desaparece
Como trapos de minhas fantasias

O lampejo de ledas quimeras
O festejar diário de alguma utopia
Resultaram em frustradas buscas
Perdidas em meio a tanta hipocrisia

O ciclo que se abriu, ora se fecha
Já se faz pressa em si mesma a vida
Os anos correm em fuga disparada
Percebe-se, no ar, um tom de despedia

E no confronto derradeiro do ajuste
Pouco sobra e que mereça confiança
Alguns poucos fragmentos de saudade
E um resto qualquer de esperança

E assim, o sonho nada vale mais
Perdeu-se no baú dos esquecidos
Pouco restou do que fora semeado
Poucos frutos que mereçam ser colhidos

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