Poesia

Foto de Geógrafo da Alma

Fragmentos

Difícil de estimar
Quando perdi a primeira parte
Quando deixei de lado
A primeira emoção contida.

Tento mais nem lembro
O momento da primeira lágrima
Do primeiro soluço
Da primeira poesia

Lembro-me que certa feita
Juntamente com uma amiga
Tentei embriagar-me, mas foi inútil
Teus olhos já tinham me sorvido

Quantas desculpas dei para os outros
Para justificar minha solidão
Meu sorriso sem graça
Minha falta de brilho

E deste jeito fui me partindo
Dividindo-me
Subtraindo-me de tal forma
Que hoje sou só fragmentos.

Geógrafo da Alma.

Foto de Soninha Porto

DESEJO DOIDO

para ser poeta
basta uma caneta
um papel, um bar
uma rua, noite de luar

pra fazer poesia
basta uma janela
uma coisa bela
de fazer sonhar

basta um amor
do jeito que for
e apenas um desejo
doido de voar

Soninha Ferraresi Porto®

Foto de Carmen Lúcia

In(decisão)

Não quero mais saber de fazer versos,
Esvaziei minh'alma em poesias,
Gritando meu amor de várias formas,
Poemas,trovas,sonetos...fantasias.

O grito histérico que me sai do ventre
É como o alarido de um demente,
Um andarilho perambulante e algoz,
Seguindo o eco de sua própria voz.

Se tu soubesses...(E tu bem que sabes),
Tento iludir-me,como não soubesses,
Da minha dor,da imensidão que é
Esse vazio intrínseco que me roubou a fé.

Já não sou mais poeta,falta inspiração...
Pra desacelerar,tranquei meu coração,
Ouço a razão...em vão.Sem utopia,
Meus pensamentos vão levar-te poesia...

Foto de Inês DHomem Martinho

p/ Fernanda Queiroz

Olá Fernanda:

Eu sou a Inês, a filha do Homem Martinho, acabei de me inscrever e gostaria de saber como posso ver o capitulo I do Amor feito força.

Aproveito para te dizer que gosto muito da tua poesia.

Beijinhos

Inês

Foto de Carmen Lúcia

"Botequim"

Almas sedentas, isentas de hipocrisia...
Almas distintas, famintas de rimas, de poesia...
Rastreiam carinho, anseiam driblar o frio,o vazio...
Em busca do mesmo desejo, reforçam o ensejo
De serem ouvidas, sentidas, amadas, compreendidas...
Gritos incontidos, uníssonos alaridos
Que rasgam peitos, apontam feridas...
Marcas da vida, ressentida, sofrida...
Mágoas dos dias, dos anos, desenganos...
No encontro, a unicidade, a cumplicidade,
Um ponto qualquer da cidade, sem alarde,
Cantos entristecidos, recantos esquecidos, empobrecidos
Enchem-se, povoam-se, avolumam-se,mostram-se enriquecidos...
Vozes entoam, cantam, encantam, acalantam,
As últimas gotas dos copos, garrafas a tilintar...
Trepidantes acordam o lirismo, versos pro ar...
O recinto transborda sonhos...
Batuques de tamborim...
Acordes de bandolim...
E todos se tornam poetas...
....naquele botequim!

Foto de Carmen Lúcia

"Botequim"

Almas sedentas, isentas de hipocrisia...
Almas distintas, famintas de rimas, de poesia...
Rastreiam carinho, anseiam driblar o frio,o vazio...
Na busca do mesmo desejo, reforçam o ensejo
De serem ouvidas, sentidas, amadas, compreendidas...
Gritos incontidos, uníssonos alaridos
Que rasgam peitos, apontam feridas...
Marcas da vida, ressentida, sofrida...
Mágoas dos dias, dos anos, desenganos...
No encontro, a unicidade, a cumplicidade,
Um ponto qualquer da cidade... sem alarde,
Cantos entristecidos, recantos esquecidos, empobrecidos
Enchem-se, povoam-se, avolumam-se... enriquecidos...
Vozes entoam, cantam, encantam, acalantam...
As últimas gotas dos copos, garrafas a tilintar...
Trepidantes acordam o lirismo, versos pro ar...
O recinto transborda sonhos...
Batuques de tamborim...
Acordes de bandolim...
E todos se tornam poetas...
....naquele botequim!

Foto de angela lugo

Não quero adormecer sozinha

Esta noite vou adormecer sozinha
Pensar em você aqui nesta agonia
E talvez te escrever uma linda poesia
Olhando as montanhas ao além
Sentindo o céu amparar minha solidão
Ouvir o canto dos pássaros no anoitecer
As nuvens tornando-se uma neblina
Olhando tudo e sentindo tua presença
No perfume que deixou no ar
Na tua roupa dentro do armário
Na tua foto que olha para mim
Uma saudade vai apertando meu peito
Tenho vontade de sentir o teu beijo
Que vem fluindo com um desejo
Dominando todos os meus sentidos
Perco-me nos pensamentos escondidos
Dispo-me e largo a roupa no chão
Deito-me sob o luar com a pele nua
Sorrindo-te olho para ti e te chamo
Deita-te sobre a minha pele perfumada
Que cá está a delirar-se em pensamentos
Não quero adormecer sozinha...
Com você conseguirei vencer este caminho
Que percorro hoje na saudade sentida
Levo-te comigo em todos os lugares
Não o deixo sozinho nem um segundo
Espero-te aqui sob a luz do luar
Vem ter comigo e me amar
Antes que amanheça e a magia termine
Antes que as estrelas desapareçam
Antes que a luz do sol irradie o novo dia
Antes que a saudade seja presa no coração
Antes que a paixão se finde dentro de mim
Antes que eu não possa mais te ver assim

Foto de Sonia Delsin

NUNCA UM ESTRANHO

NUNCA UM ESTRANHO

Nunca foste um estranho.
Nem quando me chegaste naquela manhã tão fria.
Eu sentia uma agonia.
Tudo entre nós teve encanto, magia.
Eu pensei ao te falar:
este homem vai me escutar.
Ele tem um coração.
Ele vai me estender a mão.
E assim se deu.
Tudo tão bonito aconteceu.
Quando contigo eu conversava tudo normal eu achava.
Como se de sempre eu te conhecesse.
Como se ao mesmo caminhar a gente pertencesse.
Nunca estranho.
Nem quando teu rosto eu ainda não conhecia.
Nem quando eu escrevi aquela poesia.
Aquela que eu falava de um encontro singular.
Um homem que através de um espelho vinha me falar...
Nunca estranho.
Nunca.
Porque o coração sabe reconhecer.
Coração consegue perceber.

Foto de Sonia Delsin

CARTAS A NINGUÉM

CARTAS A NINGUÉM

Escrevo cartas a ninguém.
A ninguém direcionadas.
Apenas algumas linhas mal traçadas.
Não sei...
É que guardo no peito uma dor.
E uma alegria.
Preciso desabafar.
Falar deste amor.
Eu o conheci numa esquina da vida que a gente se sente perdida.
Eu ia desanimada.
Que nada!
Eu ia era desesperada.
E ele chegou como luz.
Veio invadindo tudo.
Da escuridão eu me esquecia.
Era tanta sua claridade que eu comecei a lhe dedicar poesia.
E lhe falava todo santo dia.
Comecei a viver esta utopia.
A mais louca e doce fantasia.
Imaginava-me nos seus braços estreitada.
Comecei a dar risada.
Me sentia amada.
E era.
E fui... e sou.
Entre nós tudo tem sabor de eterno.
Tudo.
Cada frase que falamos.
O jeito que nos olhamos.
Entre nós tudo existe.
Então por que vou ficar triste?
Ainda somos... somos...
Sempre seremos.
Porque a eternidade nós ultrapassamos e nos reencontramos.

Foto de Lou Poulit

REQUERIMENTO PARA TOLOS

Tolos que a brisa dos amores tange, possuem o instante. Tolos, algo mais tolos, que ofertam o brilho agônico de estrelas já consumidas por si próprias, possuem mentiras. Tolos que vaticinam o gozo apoteótico no leito incerto do sol, possuem uma tola eternidade. Mas quem lhes atiraria a primeira não-tolice? Quem jamais se sentiu tolo por amor, sem que antes, ou depois, ou mesmo durante, em algum tempo tenha sido possuído e gostado disso?... Ao sol, senhor de todos os tempos, as nossas vênias... Ao amor humano, grão-senhor de todas as tolices, lambamos as suas mãos generosas... Porque nem a transitoriedade de tudo pode nos derrubar dos trançados neurônios, onde balouça como pêndulo nossa auto-estima, tangida pela própria brisa, molestando-se a si própria, por todos os tolos requeiro...

No comezinho lar do tolo, uma mulher ocupa-se dos seus afazeres, imersa no seu sagrado silêncio. Ao tolo, mais parece uma extensão dos seus domínios, mas tudo em volta dela está semi-nu, tanto quanto ela. As sombras de cada recanto seguem-na, como a pervertê-la à luz da manhã, tenazmente disposta a revelar arrepios nos insuspeitos recônditos da sua pele pudica. Os seios dela esvoaçam de alças baldias da seda dormida, e dançam com simetria um tango ousado, ainda com cheiro de amor ressacado. Nádegas sorridentes tremelicam e, ingenuamente, espalham um sismo pela casa. Por onde ela passa soberana (e ela passa muitas vezes), arrasta um pedaço de céu que convida o tolo ao inferno. Mas entre as suas penugens, uma fauna carnívora e dissimulada a protege da insensatez do tolo. E lá vem ela de volta... Vê-se que ela possui tudo ao seu redor. O que possui o tolo?

E os seus pés? Ah, os pés da mulher amada... Nem os seus pés ele possui... Não são apenas os pés do corpo. Com eles caminham a sua identidade e a sua auto-estima, os seus ideais e o seu silêncio, sua sabedoria ancestral crida submetida. Com eles ela refaz todo dia o caminho da sua escolha tola e descrente, e atrás deles caminham as tolices de muitos tolos crentes. Ao ser apresentado à mulher da sua vida, o tolo é também um injusto por beijar a sua mão. E para mantê-la sob sacro juramento de fidelidade, antes algum dedo do pé recebesse a aliança. Pois mesmo com as plantas altas, e por mais que estejam distantes, e ainda que apontem para direções opostas, eles não crêem. Eles sabem. E dissimulados vagueiam no peito do tolo ancorado, que assim não pode ver suas pegadas, prova mais indelével, endosso insofismável do seu amor. Com as patas silenciosas da fêmea, sobre o barro vermelho do sangue da manhã que se anuncia, caminha a vida que tem fome e sede da mônada, caminho da criatura única, de volta à nudez do lar.

O tolo penitente é de todos o mais desapegado. Em certo momento, distribui as suas tolices e crê que assim poderá seguir leve e ileso, porém não pode distribuir a solidão que o segue. Suas tolices pesam na alma como... um jardim, entre o corpo e o espírito. Ele o cultiva como cultivasse o seu amor e o defende como um cão raivoso. Mas não pode trazê-los para dentro de casa como gostaria, nem o jardim nem o cão. E noutras tantas vezes, o seu amor prefere ficar do lado de fora também. Antes de viajar, o tolo o rega, e ao passar por ele se despede já sentindo o peso da sua ausência. E quando retorna da viajem (nos tolos pesa a compulsão por retornar), encontrando-o do mesmo jeito ele reconhece a sua lealdade. Então o jardim, repleto e perfumado de belas tolices, fica sempre além das paredes, erguidas pelo lado de dentro para que possam se reconhecer, sem se confundir com as suas obras e tolices.

No entanto, não são as tão diversificadas tolices particulares que caracterizam o tolo-medium, mas a maior de todas as tolices, a mais geneticamente generalizada, a mais sustentada por ideologias hoje dominantes no mundo como o capitalismo e o consumismo, e por tantas razões a mais maquiada: o insaciável sentimento de posse. Alcunhado de amor-objeto por dificuldade lingüística, seria mais conciso dizê-lo amor por objetos. Sim, no plural, e isso é facilmente explicável. O primeiro amor de qualquer tolo são na verdade dois. Basta apenas alguma manha para que um deles lhe seja disponibilizado, ficando o outro para depois. Com o passar dos anos, o pequeno tolo desenvolverá muitos tipos diferentes de manha, porém, ao longo de toda a sua vida e mesmo quando já for um tolo-velho (talvez desdentado) ele dará preferência a objetos de aparência dupla... E macia...

Portanto, não se deixem iludir as tolas pelas deliciosas tolices maquiadas dos tolos, nem vice-versa. Sejam tolos novos e inexperientes demais, ou muito velhos e canalhas, sejam enormes ou apenas tímidos tolinhos, bem pressurizados com pouca irrigação celebral ou escassos de sangue com muitos sonhos na cabeça... Se já é tão difícil ter posse de alguma coisa nos amores, imaginem a tamanha tolice de querer exclusividade de coisas de aparência dupla! Posse das suas respectivas portadoras? Sem chance... Sustentar financeiramente as suas fartas e socializadas tolices? Como investimento, certamente será a alternativa mais segura... Garantia de uma aposentadoria tola e miserável.

Ora, o amor humano tem sobrevivido a tolices milenares. Mas teria se perpetuado sem elas? A brisa que tange os tolos, assim como as estrelas que podem ver, não são mais que um instante fugaz, a própria vida é um instante fugaz! Mas é tudo que podem possuir, tolos ou não... Por que então se deveria descartar as tolices? Não são elas mesmas as melhores referências para que se reconheça o tipo de amor insosso e inócuo? As tolices e o sexo se alternam enquanto o amor sobrevive, mas ele só será feliz se ambos ocorrerem simultaneamente de vez em quando. Apenas algumas vezes, e isso tornará cada amor inesquecível. Se alguém cultiva um amor por muito tempo, provavelmente cultiva alguma tolice. E se alguém se recorda de um amor passado, com muita certeza tem alguma tolice para contar. Talvez ambos sejam tolos e tenham seus próprios jardins particulares... Assim como eu, que sequer tenho uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada, em algum pulgueiro da cidade, e ser tolo o bastante para assistir o filme! Não, chega... Sejamos tolos, até sejamos convictos, mas nunca mais sejamos tolos-anônimos...

Eu, Lou Poulit, vulgo Passarinho-tolo (*), artista plástico, poeta e contista, por meio desta tolice crônica venho reclamar de volta todas as minhas tolices antes distribuídas, por equívoco desapego, declarando-as doravante reintegradas ao meu acervo sentimental, inalienáveis e insucessórias.

Por seu justo reconhecimento, venho requerer à minha própria auto-estima de tolo do amor humano, registro definitivo e carteira de identificação de tolo-aprendiz, com foto de passarinho.

Outrossim, declaro, por ter declarado “de rua” meu cão raivoso, que meu jardim desde já está aberto à visitação de tolas, loiras ou não, desde que portadoras de coisas de aparência dupla apreciáveis (a critério do declarante) e queiram nele amanhecer.

Para dirimir quaisquer dúvidas, elejo como fórum privilegiado a subjetividade coletiva de todas as beneficiárias das minhas tolices, destas desapropriadas sem “chorumelas”, digo, sem querelas, bastando que seja sediada em algum lugar entre o corpo e o espírito.

Sem mais para reclamar...

(*) – Em sites e comunidades de poesia da Internet, o autor também é reconhecido pelo pseudônimo de Passarinho.

Lou Poulit

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