Poder

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

EU APRENDI

Eu Aprendi, que na vida ha altos e baixos.
que querer e poder,ter é conquistar.
Eu Aprendi que nada é por acaso,
que se aconteceu ja estava predestinado.

Eu aprendi , que as pessoas não podem ser
aquilo que eu quero, mas sim eu que tenho
que aceita-las como elas são.

Eu aprendi,que não posso exigir que me amem
e sim que eu faça por onde ter um encanto,
para elas me amarem , que antes de mais nada
eu seja eu mesma.

Eu aprendi que nas horas mas dificies
a ajuda virá de quem eu menos esperar.
que nem sempre amigos são os que
estão presente, e sim na maioria das vezes
nos ajudam os ausentes.

Eu aprendi,que as oportunidades se não aproveitadas,
sempre tem quem as aproveite.
Eu aprendi que não existe uma pessoa
perfeita,que eu mesma sou inperfeita.

Eu aprendi ,que toda derrota é um caminho
pra vitória.que toda guerra ha paz.
Eu aprendi, que para amar...
não precisa se jogar em cima de alguém,
ele vem até nós.

Eu aprendi que o amor não vem quando procuramos,
ele aparece quando menos esperamos.
e que ninguém é obrigado a ficar com
alguém sem amor.
e quando o amor vem,
a gente não o detem.
Eu aprendi que na vida tudo é uma troca.

Anna. 17/04/08

Foto de killas

APRISIONADO SEM TI

Olho através da janela,
Vejo um jardim florido,
Dentro da minha cela,
Feita com amor ferido.

Vejo o amor andar no ar,
E crescer a minha tristeza,
Eu consigo sempre perdoar,
Para te ver, uma vez que seja.

Assim na vida só sei carpir,
A mágoa de não te poder ver,
Perdi todo o meu sorrir,
Deixei aquilo que queria ser.

Procuro com minha mão,
Apenas a tua miragem,
Que mesmo sendo ilusão,
Serve para não perder a coragem.

Meu amor sinto-me aprisionado,
No nosso simples e doce amor,
Não consigo andar magoado,
Por me trazeres tanta dor.

Não estou numa prisão dourada,
Por isso tento esquecer este amar,
Mas tudo não passa de fachada,
Para ver se consigo continuar.

Sei que nunca irei conseguir,
Nesta ou noutra vida te esquecer,
Desde o dia em que te vi partir,
Que me sinto a no chão esvaecer.

Foto de Lu Lena

A TUA SEDUÇÃO

É envolvente e maliciosa
então provocas-me
até não mais poder
nessa tua vontade
louca de me querer
com artimanhas de palavras
seduz, brincas até me envolver
fazes o meu coração disparar
é inevitável como consegues
me desnortear
loucas sensações começam
em meu corpo a emergir
e nesse devaneio implícito
entrego-me à ti
deixo a sedução fluir
incandescente paixão
diábolica e angelical
incendeia corpo e alma
que parece explodir
antes do final

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

... A DOR DA CULPA...

*******
*
*******
*
Sinto-me culpada,
Desculpa minha falta de atenção.
Não queria magoar-te então.
Não sabia que meu jeito de pensar
Iria te magoar.
Já sofri tanto por amor,
Que não quero no momento
Envolver-me,
Não sabia que me amavas.
E por não saber magoei seu coração.
Hoje te vejo triste pelos cantos.
Sinto-me culpada,mas o que fazer,
Se não quero me envolver.
Vejo lágrimas que desce dos
Seus olhos, queria poder evitá-las
...mas sinto-me sem condição.
Fui pega de surpresa, pela sua emoção.
Sinto-me culpada por não amar você,
Cubro-te de carinho, atenção se quiser,
Mas te vejo como amigo, e não como
Sua mulher.....
Vejo que mudou, que não mais
Sorri, não vejo o brilho em seu olhar,
Sinto-me culpada.....mas nada posso
Fazer a não ser oferecer-te minha amizade
E por mais duro que seja a ti aceitar
Aceite minha amizade é o que posso
Oferecer-lhe....mas não me deixe, sentir
Culpada.....

Anna.........A FLOR DE LIS *-*
15/04/08

Foto de Bira Melo

QUERIA AGORA SOMENTE

Queria agora somente
saber que EU SEI
Que a dor que se sente
Quando tu estais ausente
É dor de infinito prazer!

Queria agora somente
saber que EU SEI
Que quando longe de ti
Voa meu pensamento
Esperando o exato momento de poder te encontrar!

Queria agora somente
saber que EU SEI
Que no amor
Agente sente
Quão importante é amar!

Foto de fina

ah! eu vivi um grande amor

Eu não sei o que esta acontecendo
Não consigo entender meus sentimentos
Não sei quem sou
Essa angustia dentro do meu peito, a incerteza do meu querer
Estou presa em um passado que não me deixa viver o presente e me tira as expectativas de um futuro
Eu vivi em grande amor.......
Ah!!eu vivi um grande amor.......
E como eu vivi um grande amor.......
Mas já passou.....
È hora de acordar
Não posso mais fechar os olhos e viver uma ilusão ,que não existe mais
Eu preciso reagir , seguir adiante , confiante
Fortalecendo-me com as inseguranças ,duvidas e incerteza
Confiante em um futuro melhor
E orgulhosa por ter tido a oportunidade de poder
Ter vivido um grande amor
14/04/2008

fina

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 1)

O pintassilgo é um pássaro bem pequeno. Mas é um grande cantador e tem a especial capacidade de executar seqüências surpreendentes de sons. Tais são os recursos canoros que a natureza lhe deu, que consegue imitar com perfeição o canto de muitos outros pássaros, grandes e pequenos, receber territórios que equivocadamente lhe atribuem e atrair muitas fêmeas de diferentes espécies que, entretanto, ele não pode amar. Pelo menos do modo que elas desejam. E como se nada lhe bastasse, vai muito além. Usa seu imenso potencial “técnico” para exercer seu maior talento: cria suas próprias composições, para atrair também as fêmeas da sua espécie e levá-las ao seu ninho, construído sempre em algum lugar muito alto. Como personagem dos palcos da natureza, o pintassilgo aparenta ser um sedutor compulsivo e generoso, insustentável e gratificante. Talvez seja algo dissimulado, porém com certeza é muito competente e nem um pouco condenável. De modo que, estando ele metido entre as folhas de um ramo denso qualquer, ouvindo um portentoso pio seu os outros pássaros imaginam: é um grande pássaro! Ou escutando uma seqüência doce e languidamente sussurrada, outros mais decerto deduzem: é divino, um verdadeiro mestre!... Mas não. Trata-se apenas de um artista. Um pequeno grande artista, que parece dono da sua liberdade, mas é confinado em sua própria natureza.

A montanha é muito antiga. Ao contrário do pintassilgo, ela não parece nada frágil. Quem quer que olhe assim para ela, altiva e ensimesmada, há de imaginar que talvez seja muito solitária. Mas com certeza é uma fortaleza, resistiu aos séculos, aos milênios, nem todos os raios foram capazes de alterar o seu humor, nem todos os ventos puderam mostrar o pudor sob suas vestes e nem todas as chuvas puderam lhe causar um simples arrepio. Ela é uma montanha. Impassível, sóbria e sem medos. Tem um quê de altruísta, mas é impenetrável em seu silêncio. Aliás, diga-se de passagem, seu sagrado silêncio, já que a pedra, desde os tempos mais remotos e a mais remota concepção a cerca de Deus, sempre foi lugar de sacrifícios, portanto depósito de todas as aflições e anseios. A montanha guarda muitas cicatrizes, como se raios justiceiros e aguaceiros misericordiosos, escrevessem a fogo e água em seu imenso dorso (para que na posteridade todos entendessem) uma espécie de definição da transitoriedade de tudo. O pintassilgo talvez não pense nisso. Por certo, quando sente se aproximar uma tempestade, o pequenino não consegue pensar em coisa nenhuma. Mas nem mesmo aquela montanha tão grande, de tão subterrâneo pudor imolestável, pode ser eterna, porque a eternidade é maior do que todas as coisas e mais resistente do que qualquer concepção, pudica ou não. A eternidade é o único lugar onde a verdade pode repousar da ignorância alheia e sentir-se íntegra, e plenamente segura. Assim como quer sentir-se a poderosa alma sensível do frágil pintassilgo, acomodada entre as delicadas flores que ajardinam as cicatrizes. Contudo, nesse momento a sólida paz da montanha é alicerçada sobre a lembrança de incontáveis milênios, enquanto toda a alma do pintassilgo, que tem apenas o brilho pulsante de um pirilampo, é atormentada, durante agônicos e intermináveis minutos, por sua memória recente, em que penas encharcadas antecipam novos ventos, e os seus arroubos e alardes cruéis.

Perguntou a montanha ao pintassilgo: Por quê ficas assim encolhido nas minhas fendas, quando podes ir às alturas, sempre que bem entendes, em todas as direções?... O bichinho sorriu, balançando a cabecinha enterrada no corpo, e respondeu com outra pergunta: Não vês que vem chegando uma tempestade com ventos terríveis? Não ― o rochedo mostrou-se surpreso ― não vejo nenhuma. Onde vês tu? Ora Montanha, como podes, sendo assim tão alta, não perceber uma tempestade? Bolas, por quê me sentiria na obrigação de percebê-la? Ventos não me afetam, não a percebo por isso. Mas percebes a mim ― retrucou a avezinha inconformada ― que sou tão pequeno e frágil. Gostas tanto assim de mim, “sua” brutamontes? Depende, sim e não... Como assim ― com uma das patinhas o pintassilgo coçou a cabeça ― “depende, sim e não”, gostas ou não gostas? Hum... ― A montanha refletiu e depois explicou ― Quando tu cantas maviosamente sim... Porém, quando me emporcalhas com teus dejetos silenciosos... Definitivamente, não! ― A montanha asseverou... Ora, eles têm utilidade ― o pequeno justificou-se ― trata-se de adubo! Adubo, Pintassilgo? Sobre rochedos? Que tipo de fruta-pedra mais te regala? Não me subestimes, “seu” pinguinho empenado... Me desculpe, dona Montanha... Também é tão pouquinho, pôxa vida... Ah, achas que é tão pouquinho porque só sentes o que passa pela tua cloaquinha. Tem idéia de quantos outros, assim como você, com cloaquinhas e cloaconas, também fazem isso que dizes modestamente ser “tão pouquinho”? Pelo menos os ventos, se viessem mesmo como adivinhas, trariam as chuvas que lavariam estes pouquinhos todos. Ah, dona Montanha, não repitas isto porque as lufadas me carregariam longe, me jogariam contra tudo e contra todos, e a chuva me encharcaria as penas até não poder mais voar. Eu poderia sobreviver sem cantar nenhum dos meus muitos cantos, mas não sem uma só das minhas asinhas, que se quebrasse. De imaginar já me borro todo. Não, não, Pintassilgo! Tenho uma idéia bem melhor. Do alto da minha longevidade dou-te graciosamente um sábio conselho: não penses. Não imaginar coisa alguma fará muito bem à tua saúde... E também à tua flora intestinal!

(Segue)

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 4)

A se catar, como passara a fazer diariamente durante os últimos anos, a montanha se surpreendeu com algo estranho, entre ramos franzinos de um jovem arvoredo. Já havia visto coisa parecida e sabia não ser nada que a natureza produza de boa vontade. Logo a brisa trouxe um cheiro desagradável e ameaçador de fumaça, e tudo então ficou claro. Aquilo era uma gaiola, dentro havia um pássaro aprisionado e do lado de fora uma rede. O pássaro preso cantaria o seu canto, isso provocaria outro pássaro da mesma espécie, que viria reclamar seu direito aquele território e pronto, ficaria também este aprisionado para o resto da vida. Só pode ser coisa de gente ― asseverou a si mesma ― em nenhum lugar do mundo a natureza é tão cruel por tanto tempo. Embora possa parecer também cruel, o fardo do Criador é leve e o seu jugo é brando. A alguns metros para baixo dois homens, um maduro e outro bem jovem, fumavam os seus cigarros de palha, e riam, sabia Deus do que, tentando não fazer barulho.

Indignada pelo uso das suas encostas para tais fins, ela pôs-se a matutar numa forma de fazê-los correr de ladeira abaixo. Depois, em um segundo passo, encontraria um jeito de libertar o bichinho, de quem já se compadecia por demais. Até porque, ele parecia um pouco com o seu querido pintassilgo. A montanha começou então a produzir uma série de truques, como fogos-fátuos e sismos comedidos, pequenos segredos de uma velha montanha que, entretanto, não surtiram o efeito desejado e ainda assustaram a bicharada. Impaciente, a montanha batucava numa laje com as pontas dos dedos, usando para isso a queda d’água de uma tímida cascatinha que havia por perto, quando o pássaro da gaiola começou a piar a cada vez com mais disposição. Era um indício certo de que logo ele estaria cantando a todo peito. Necessário se fazia que agisse mais rapidamente, o que, para uma montanha milenar, não é lá uma coisa das mais fáceis e cômodas, a se fazer naturalmente.

Como os homens se mostravam inabaláveis, talvez insensatos por sequer imaginar o imenso poder de uma montanha, pensando bem, por demais burros simplesmente, ela optou por tentar impedir que o passarinho desse vazão aos seus impulsos canoros. Para isso, ela se aproveitou de um ventinho e se aproximou do arvoredo dissimuladamente. Chegou-se bem pertinho e, respirando antes profundamente, entrou na gaiola. Todavia, tamanho foi o seu susto, que saltou do ventinho e recolheu-se nas suas profundezas. E lá perambulou durante algum tempo. Aquilo tudo mais lhe parecia uma peça do destino. Vagou por entre as suas lembranças sem fim, relaxou nas suas profundas escuridões, onde os sóis jamais chegaram, e banhou-se nos seus refrescantes lençóis subterrâneos. Reconheceu por fim, que poderia estar fugindo da verdade, e isso é algo que uma boa montanha jamais deve fazer. As montanhas são sábias e fortes. Vivem muito e é justo que o sejam. Não conhecer uma determinada verdade pode ser um direito, mas tentar impedir a sua revelação é uma idiotice, uma fragilidade. A mentira ou a ilusão podem ser mais agradáveis à razão em certos momentos, no entanto corrompem os sentidos de ser e existir. Estava tentando criar uma certa realidade paralela e perdendo com isso um tempo muito precioso, que talvez custasse caro a outros pássaros.

Outra vez tomou-se de ânimo e voltou à gaiola. E lá, todas as suas parcas esperanças se dissolveram, à luz claríssima do sol que já se erguera todo acima do horizonte. Não podia mais negar, era mesmo o seu pintassilgo e, misteriosamente, cantava como um menino. Mas que ironia cruel! Teria que tentar interromper a sua inspiração, depois de tanto tempo lamentando a sua ausência. E nem tinha naquele momento mais tempo para as suas reflexões, pois um outro pintassilgo, pleno dos arroubos naturais da sua evidente juventude, já cantava e fazia manobras rasantes cada vez mais próximas à rede, com intuito de intimidar o outro, um velho inconveniente e abusado, um intruso, imperdoável. Embora não pudesse concordar inteiramente, a montanha percebia os pensamentos e a determinação do jovem, corajoso e afoito como todos os jovens. Mas a Providência concede maior proteção a eles, e ela estava ali para exercer esse papel. Ao antecipar que no próximo rasante ele ficaria preso na rede, numa atitude exageradamente emotiva para uma montanha, ela pressionou suas entranhas com tanta força, que os gases subterrâneos liberados provocaram uma ventania súbita e empoeirada. Correndo para encontrar um abrigo, os homens se afastaram, sem se dar conta de que o ramo não suportara o peso e a gaiola havia caído na relva.

Os segundos tornaram-se angustiadas eternidades. Ela viu os ventos se enfraquecerem até pararem por completo. A gaiola tinha uma pequena porta corrediça que com o tombo se abrira, os homens voltariam para buscá-la a qualquer instante, porém desgraçado era o desespero da montanha, porque o pintassilgo não encontrava a saída. Pulava pra lá e pra cá, estranhava os poleiros que estavam então na vertical, pendurava-se nas varetas de cabeça para baixo, porém nada de sair. Enfim, o mais jovem dos homens chegou a tempo de fechar a portinhola, satisfeito por ver o bichinho ainda do lado de dentro, e voltar ao encontro do mais velho. E a cascatinha afinou-se mais ainda, como o choro triste da montanha, perdeu a ansiedade.

(Segue)

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 7)

Lendo os pensamentos do gato e do gavião, a montanha deduziu que estava se repetindo ali outro fundamento da natureza: a competitividade. Pois que o gato, que antes havia adotado uma postura cautelosa, ao perceber que o gavião já vinha voando rápido e rasteiro na direção do pintassilgo, resolveu que teria de ser ainda mais rápido do que o gavião e aproveitar-se da distância bem menor a que estava do passarinho. Porém ainda mais rápida foi a montanha. Numa atitude muito condenável para qualquer montanha, no entanto, naquela situação, para ela plenamente justificada, puxou com força para dentro de si as raízes do arvoredo onde estava o pintassilgo. Assim, todos muito assustados, o passarinho levou um tombo, o gato deu um bote no vento e rolou longe, e o gavião por pouco não quebrou a asa no lajedo, ao desviar subitamente o seu rumo.

Algum tempo depois, como sempre acontece na natureza, tudo voltou ao normal e a vida prosseguiu sem grandes traumas. Mas não foi assim para a montanha. Ela havia agredido a natureza com seu ato impulsivo. Cometera uma transgressão. Usara o seu poder indevidamente e sabia que, de alguma forma, um dia pagaria um preço por isso. Até que esse dia chegasse, não obstante a distância física que havia entre elas, saberia que outras montanhas a veriam com outros olhos. Criara para si uma imagem de montanha passional, e ferira o sentimento de identidade das demais montanhas, que por isso não saberiam mais quem ela realmente era, e nela não confiariam mais. Seria pois discriminada e devia se preparar.

Para uma montanha tudo é bem mais demorado do que para um pintassilgo. É como se formassem os dois um grande lago. A tona da água seria como o pintassilgo, sua expressão externa, visível e inconstante, susceptível a uma enorme gama de fatores capazes de provocar grandes transformações em pouquíssimo tempo. Já o fundo do lago, protegido e isolado de tais fatores, onde nem mesmo pode chegar plenamente a luz solar, bem mais se assemelha à montanha. Nele nada é tão breve e tudo é mais verdadeiro e confiável. Muito a propósito, nessa dimensão da vida, não se provocam violações da naturalidade e por isso a montanha sentia-se pejada. Ela sabia que a natureza é sustentada por princípios ativos, que sempre conduzem tudo a bom termo, com base em uma sucessividade também natural, cuja mensuração chama-se tempo cronológico. A aceitação disso como verdade depende, entretanto, de que se tenha a consciência ancorada num nível universal e coletivo. Embora por inusitado e admirável sentimentalismo, ela priorizou as consciências individuais, do pintassilgo e dela própria, e por isso transgrediu. Esqueceu-se de que todas as soluções já fazem parte do todo, que ela própria representa nessa analogia. A supervalorização do nível individual da consciência, ou da sua auto-identidade, não é um comportamento adequado para uma montanha milenar, embora seja muito comum em seres que vivem menos como, por exemplo, os pintassilgos e os humanos.

O sol já ia bastante alto mais uma vez, quando a montanha estranhou o comportamento do seu tão amado amigo. Ele parecia estranhamente movido por uma força difícil de identificar, no entanto muito poderosa. Começou a piar cada vez mais forte e com maior freqüência, sem propriamente cantar, movimentava-se mais, expunha mais as penas à luz do sol e até os seus olhinhos negros pareciam brilhar mais. Impressionada e ao mesmo tempo preocupada com ele, já que assim despertaria mais o instinto dos seus predadores naturais, a montanha pôs-se a investigar mais de perto o que estava acontecendo e em alguns poucos minutos tudo começou a ficar claro.

Subindo lentamente a picada mal definida e íngreme que vinha do vale para a montanha, o mais moço dos dois caçadores, que a montanha já conhecia bem, chegava próximo ao lugar onde estava o pintassilgo. Tratava-se, com absoluta certeza, daquele mesmo que mostrara-se inconformado com a soltura do bichinho. E ele não podia estar bem intencionado, pois trazia consigo novamente uma daquelas gaiolas de caça, providas de rede, e dentro dela três outros pintassilgos, que também não paravam de piar apesar dos trancos e escorregões da subida. Não era para se acreditar que viera soltar mais pintassilgos. Seria bom demais se fosse verdade. Cansado da subida, assim que chegou ao lugar que julgou satisfatório, o homem pendurou a gaiola em um toco de galho quebrado e afastou-se, indo acomodar-se por trás do capim que cobria um pequeno lajedo, de modo a não ser visto.

Por algum tempo a montanha sentiu-se muito feliz. O seu pintassilgo cantava loucamente, como nos velhos tempos. Cantava muito e alto, eriçando as penugens do peito, esticando as pernocas e o pescoço. Parecia à montanha comovida que nunca ele cantara tanto, com tanta eloqüência, tanta emoção. Era como se estivesse cantando pela última vez na vida, reunindo todas as forças para isso, e sua consciência coletiva, entrelaçada à da montanha, o fizesse cantar compulsivamente, como se dissesse ao mundo: Eu sou o pintassilgo e esse é o meu canto, o meu papel nesse mundo e o que sei fazer de melhor!

De tal forma o seu cantar se apossou do ambiente, que todos os demais animais se calaram. Até o vento parecia quedar-se a tão bela e sonora efusividade. Com dois olhos arregalados, o caçador mal acreditava no que eles viam e no que seus ouvidos escutavam.

(Segue)

Foto de RICARDO NUNES

Achei você

Sabe, procurei muito....
Procurei o momento de poder te encontrar, de encontrar os teus lábios, o teu corpo e os movimentos que só você faz....
Achei você, achei você por que só você e tudo que eu sempre quis, sou tudo aquilo que eu sempre quis quando estou ao seu lado....
Eu sou a busca de todos os movimentos que possa envolver eu e você, venho a todos os momentos achar você, hoje encontrei VOCÊ!!!!!

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