Plenitude

Foto de angela lugo

Um mundo caminhante

 

Um mundo caminhante, desprovido de amor
É este o chão em que hoje pisamos
Talvez uma boa parte tenha esquecido
O que faz este mundo girar
Tão mais forte e bonito
Que é somente o amor...

Um mundo tão cheio de tristeza
Onde a maldade de muitos
Põe em colisão o pensador
Que pensa que tudo gira
Em torno do amor...

Um mundo onde existe pesadelo
Não é preciso dormir para tê-los
Basta olhar com atenção
Vendo como muitos morrem
Pela famosa desnutrição
Quanta falta de amor.

Um mundo com imagens distorcidas
Onde o pior cego é aquele que vê
Mas faz questão de não enxergar
Principalmente quando não sentem
Aquele grande sentimento
Chamado amor...

Um mundo capaz de explodir bombas
Tudo em nome da paz
Como podem ser tão inescrupulosos
Utilizar guerras falando em liberdade
Se não conhecem a verdade
O amor incondicional...

Um mundo onde todos poderiam ser felizes
Bastava apenas conhecer a felicidade
De estar aqui vivo... A vida é a plenitude
É o alvorecer de sentimentos
É a sabedoria do conhecimento
Desta chama que incendeia
O amor puro

Um mundo cabisbaixo sem fronteira
Cada ser poderia uma vez ao dia pensar
Que o corpo que envolve este sentimento
É na verdade uma casca que temos
Para cobrir a nudez de nossa alma
Por amor daquele que embalsamou

Um mundo onde ainda bem temos
Liberdade de expressão, cada ser fala
Como lhe condizem os pensamentos
O respeito também faz parte do amor
Sem ele nada pode existir

Assim é um pouquinho do nosso mundo
Aqui, aí, ali, acolá... Por este mundo afora
Tudo é baseado no amor
A amizade, companheirismo, envolvimento
De todos os seres deste mundo em que vivemos

Talvez hoje seja aquele dia especial
Quando eu, você, olharemos para dentro de si
E descobriremos que o amor é tudo que temos
Que sem ele não pode existir a nossa Paz interior
E muito menos a Paz Universal


Foto de Lu Lena

ÂNSIA DE VOCE

a ansiedade aumenta
aos minutos
que antecedem à
esse encontro...
o tempo se aproxima...
chegará o dia...
olhares que se cruzam...
faíscando de desejo
do toque...
da pele...
do beijo...
em nossos pensamentos
apenas a materialização
daquilo que queremos
matar a fome da carne
do desejo e do tesão
a muito tempo...
a entrega...
o prazer...
de um só querer
fundir a alma
num só ser
só pra ter voce
e na plenitude do
gozo que sacia
me desespero
nessa agonia...

Foto de Lou Poulit

CANTOS RECENTES DO POETA PASSARINHO (PROSA E VERSO)

BLASFÊMIA

Porque eu não quis o fardo de perdê-la, com cada dardo de luz a sua estrela moça me apunhala; mas o tempo entre nós, de dedo em riste, fez-me triste pela sua intangível plenitude. Em quietude, reflito. E me lembro da sua pele tesa, ansiosa sobre trêmulas fibras, me comendo como a uma jovem presa predada às sombras frescas do dia (hoje dessa minha tristeza). Como esquecer suas tramas ingênuas, de uma mulherice de reações rosadas vestida de saltos e brilhos para a noite? Como resgatar tão tênues limites tangidos pelo olhar, quando dissimulando bramidos e silêncios de um improvável e profundo mar fazíamos concessões fugazes, como espumas na areia?

Porque como um bardo adolescente eu quis detê-la, e ao seu instinto inevitável na ponta dos pés, a sua estrela ferida por outro vagueia ao rés dos meus exílios e possui os brancos fartos dos meus pelos, sem pressa, até dos meus cílios, ferrenhas grades dos porões dessa minha lágrima tardia e inconfessa. Reflito. À beira de penhascos resvalo, e reflito. Sob o trepidar dos cascos da memória me ralo, mas ainda reflito. Mesmo ao engasgo com que rasgo os vazios subterrâneos da minha decrépita esperança, desesperadamente reflito!... Até que refletir seja apenas um estratagema, ignóbil, imperdoável e ironicamente necessário, que à transitoriedade de tudo blasfema: o amor não tem idade!

Mas é tarde. Porque entre a reflexão e a lágrima já não há vago, é tarde. Porque a certeza que trago caminha de bengala, porque não se cala mas já não trama, é tarde. Porque o fim de quem ama não está no decurso do tempo nem no percurso da distância, mas na vagância de não amar; nem na demência da moral nem na presença de juízo, mas na ausência de saudade; o fim de quem ama está em não se exercer o tempo. A melhor de todas as minhas descobertas fora encontrar, nas flores abertas, o divino de cada mulher, em que devia crer como menino; mas a pior de todas as minhas íntimas blasfêmias, foi não me prostrar ao que sempre houvera crido nas fêmeas.

(Itaipú, mar/2008)

AMANTE EU ME QUIS

Amante eu me quis
E ela quis-se prenda
Cio e cena, senda
De uma bela atriz;

Jugo e julgamento
Paguei preço justo
Mas depois, que susto...
Mesmo hoje inda tento

Inda quero e busco
Tombo ávido e brusco
Nos dorsos da vida:

Quem sabe, com sorte
Morro inda de morte
Do amor comovida.

(Itaipú, mar/2008)

ERGUE-SE A VIDA

De sob o tempo indolente de um caminho íngreme e da sua penitência, de descer sem resvalar para saber como voltar, de não ter a quem contar como devesse ser julgada, e saber que a solidão voluntária mais que um direito é uma dádiva, ergue-se ávida a vida.

De sob julgamentos ilegítimos, os ritmos do destino crido, o protagonista interino, ferido pelo próprio veredicto, o bailarino das sombras, refém das próprias luzes, exilado no silêncio e na castidade, banido remido da cidade profana, nele ergue-se a vida, soberana.

Porque o amor não é óbvio como a nudez que se revela, porque se a procela íntima jura e insulta, a paixão mesmo impura indulta a florada dos espinhos... O amor não tem caminhos e caminha mesmo longe dos aplausos, como um monge velado por sua estrela, selado por seu arcano... Meu amor é pela vida um amor humano.

(Itaipú, mar/2008)

ANTES

Antes que me profane esse céu que eu mesmo criei por querê-la, tanto, de minha alma tardia como seu leito tardio... Antes que me sacuda um aplauso de mim mesmo arredio, e a chama expire e repouse sobre a cinza o pavio e soluce a sombra do que antes fomos... Antes que a paixão, descida dos seus tronos, renuncie à nossa milenar cumplicidade... Antes que essa saudade me deserde dos seus hormônios, pelos meus poros, posseiros das minhas estrelas, juízes dos meus himeneus... Mas antes!... Antes que meus rasgos desalinhados sejam remendados por impura compostura e se recomponha o herdeiro das idéias, dos golfos nas traquéias por impostura, a criatura completa perdida da sua costela, incontinente em sua cela: solidão... Oh, antes que uma vergonha aflita me possua e a desdita lembrança dela, inconha e nua, toque fundo no berço o sonho que já não sonha... Poesia!... Oh, minha poesia, arrebata-me das palmas desse papel frio e sedento! E colha-me em teu colo colossal... E recolha meu corpo estilhaçado, poro a poro, esse impagável fardo em que ainda agora eu ardo e evaporo, incomodado, sobre uma chama abissal.

(Carioca, mar/2008)

POR QUE SE ME DESTE?

Porque se me deste manhã, quando já não havia um luar que me oferecesse a sua esmola, implora esse meu amor agnóstico por um crepúsculo de relâmpagos e lama, arrastando-se o leito cósmico, em que se alargue bem, e aos poucos, com roucos protestos, o inventário dos meus futuros restos, aos punhados, desapunhalados dos tremores que acarinham o gozo que me assola... Eis, enfim, a mais desejada esmola!... Ah, por amor mais se amarga a ausência do que se alarga o silêncio na distância, e mais se erguem vãs defesas do que se embarga a manhã de ilesas estrelas... Pois o amor não tem sentido em si mesmo, porque dar-se exige quem o receba, ao alcance do tato! E porque o fato... É que não suporto mais essa espera! Apenas um momento quisera. Depois quis o tempo de espera. Mas o amor exagera e agora só quer tudo, o tempo todo. Não transige, não mente e mais se sente nada, tanto, tanto... Oh, por que tanto assim se me deste, Manhã?

(Carioca, mar/2008)

ESPANTALHO

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse hoje que ruge e fulge no poço o anjo quando ela se debruça sobre o céu grisalho, eu seria tão injusto quanto um fútil amante, plantando em meu peito um inútil espantalho. Pois que se deite comigo à nossa colheita e abarrote as suas entranhas de sementes e acolha esse rio meu de estrelas cadentes (e o seu silêncio morno) à espreita
dos nossos futuros percalços, inseguranças, intrigas, ciúmes, brigas e tudo que desune. Protegido, esse nosso amor permaneça imune e ao mais profundo arrebatamento desça.

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse em lucidez, nem fosse a sua tez a aurora dos meus escuros (toda vez que o amor se mete em apuros), o espantalho, refém do próprio espanto, em vez de um encanto seria um anjo degredado. Pois que venha o amor à mesa, e a sua chama acesa ao fio dos olhares, sobre a comovente juventude dela e a minha paixão, essa cadela indecente... Pois que se mantenha o indignado julgamento alheio longe do dorso amado, sem nenhum arreio, veio profundo dessa droga genérica, minha liberdade homérica e indigente.

Ah, como eu amo essa mulher, tanto... Com o vigor de cada fio branco, quitado com a minha velha juventude inquieta, que me arde o peito franco de poeta enquanto guarde o quanto exerça o espantalho, emancipada do talho, a emoção da minha amada.

(Itaipú, mar/2008)

CALÇADAS DESSA NOSSA VIDA URBANA

Calçadas dessa nossa vida urbana... A insana crença de ser e estar sempre dando uma chance ao destino, ser solto no mundo e, ao mesmo tempo, estar como na sala, receber e ser também recebido e, em compartilhada privacidade, desarmar o proibido. Sobretudo a nossa libido, assenhorada, indultados de habitá-la.

Alçadas pela divina verve humana (que assim profana que se preserve) ao dossel da densa solidão da urbe, por mais que lhe conturbem as dívidas das tão vívidas ilusões tão frágeis, ah, as nossas calçadas intermináveis são retos labirintos de preces devotadas, de penitências e caçadas. Nenhum decreto, nenhuma vela acesa... Qualquer promessa liberta a alma, ilesa de ser no fundo só e íntima do exíguo (ínfima queixa que nem vale à pena); à lua plena, quem precisa de liminares em lugares onde os olhares, como floradas, defloram a jurisprudência do desejo?

Pois na minha calçada predileta, hei de plantar ainda uma placa. Mas uma placa de poeta, como convite póstumo a Baudelaire e Pessôa, onde escreverei: "VOILÁ LA VOLUPTÉ". Por que não? As paixões são também portuguesas, como as volupitosas pedrinhas de Copacabana! E em baixo: "MOI ET TOI". Onde habitamos e somos habitados...Oh, as calçadas dessa nossa vida urbana.

(Itaipú, mar/2008)

ME ABDUZA

De manhã, a manchete de hoje era um salto de espinha abaixo, sem truques nem cambalachos, sem volta, sem escolta... Implume, à beira do ninho. Imberbe ao fim do caminho.

Mesmo sem ter a quem pedir ajuda ou conforto, nem morto, meu coração, eu te renego. Não te nego o direito (nem ao torto) agora que enfim tuas dívidas cairão do prego, que virá ela pousar plena ao meu tão sonhado alcance... Não caia o poleiro, o verso não canse. Porque voa essa pássara no rumo em que lhe aguarda o amor e a poesia... Pois, que à revelia ela arda! Pois que a valia de arder é ter amado.

Mas não espero ser meramente amado pelo seu amor medido em eras de anos-luz. Nem apenas seduzido. Quero ser em verdade abduzido! Varrido e vasculhado, desidratado pela cauda de um cometa, que me reduza à uma lágrima de mulher... Ah, Pássara, me abduza.

(Itaipú, março/2008)

SE FOSSE TANTO O AMOR CRUEL

Tomou-me, ufano e covarde à faina da velha bateia, à tarde, de ser notado por tardios, preciosos olhares, roubados ao céu e ao mel mas curvados ao seu e ao meu: um desertado amor magoado.

Era tanta, tanta a sua mágoa, a dessedentar-se no meu espanto, que pensei: se fosse tanto o amor cruel não cantaria seu canto a cotovia, não haveria o sonho de amar, nem (que falhassem) tantos venenos, e nossos enganos seriam pequenos.

Devolveu-me esse amor (que ainda arde) a mim mesmo, depois e a esmo, numa calçada sem esquinas: se fosse tanto o amor cruel as minhas amadas seriam todas bailarinas e aos seus palcos (tão mais ardidos) talvez me faltassem proteínas.

(Carioca, março/2008)

PINTURA FRUGAL

Súbito, nas palmas da lua o tema...
Plena e deserta a tela implora a cena
Como um teorema a ser consumado.
Ávida e nua, dádiva a ser consumida.

O amor usa de sofismas só seus
Para nos converter em cismas suas.
É demônio e é santo. Até deus!
Doando luares como hóstias cruas.

Traços, aguadas, promessas, primícias
Devassas servidas, doces sevícias...
A arte é um coito que nunca termina.
Pierrô afoito. Oh, afoita colombina!

No epicentro de um pouco épico tombo
E no assombro de um gozo nem tão estético
Em que a febre viceja (e a alma a deseja)
O artista verseja, quase profético:

Pintura frugal, a dar-se a mim estreito
Hás, limiar, de dar-se além do leito.

(Carioca, março/2008)

CANTOS GAIOS

Eis a vida, aos pés da sorte.
Um sonho galgo, galgando gratas misérias
Sem temer tombos e trombos que suporte
Nos largos ombros do anjo que lhe vier.

Donde vejo essa, na estratosfera
Perdoaria Dalila e acudiria Prometeu
Porque a eternidade é uma quimera
Para um amor tão generoso como o meu.

Do que entre fatias fugazes de amenidades apenas
Fazendo mágicas tenazes (nem tão amenas)
Seria eu eterno e inteiro entre seus dedos
Mais à vontade do que no caderno do jornaleiro.

Ah, eu pagaria com juros as minhas juras
Doando-me a ler todo dia o jornal de ontem
Só para recair de todas as minhas curas!
E loucamente amar de novo... Oh, cantem

Ao precipício entre os olhares e aos seus soslaios
Meus pássaros, os meus cantos gaios, cantem.

(Carioca, fevereiro/2008)

ESGUICHO

Um esguicho aspergindo agonia tingiu o nicho escuro da minha auto-estima, com tons claros de uma líquida e morna alforria. Eu corria tanto. Corria e corria... Como um bicho sem paz eu zanzava, sem sair jamais do lugar em que estava; preso no visgo, vesgo de amor eu não via meus escombros na poça (a que fiz jus!), do corte certeiro de um raio de luz.

Dissimulada, a estrela que fez isso (do instinto intangível, íngreme e insubmisso o poeta dócil, submerso no esgarço do velame e acoleirado pelo verso ao firmamento) quer apenas que eu ame. Ame e ame... E escame o brilho d’alma ao vento. Mas o amor teme a própria catarse e por uma múltipla entorse (do salto para dentro) exila-se num centro em que tudo se lhe roce.

Ah, o amor que desnuda e desarma... O penitente que em sua Compostela espera ungir-se com os estilhaços da janela, no entanto preserva os cordeiros do vitral; até que converta-se a noite atéia em dia, e a alcatéia em coral e a teia casta da anorexia em um esguicho lustral.

(Carioca, fevereiro/2008)

UM RAIO INSUSPEITO E ARREBATADOR

Um raio insuspeito e arrebatador entre opostos exílios, antes tramados por escolhas colhidas à razões tolhidas, nos fez amantes desertados.

Quando nada os detém, olhares detonam uma reação em cadeia servida à ceia de um desejo vasto, em que sós nossas testemunhas somos, ideais sem pejo de aias e mordomos, comensais intrépidos em tépidos covis...

Oh, tépidos covis da madura idade!
Oh, ledos covis sem cocho ou grade!

Um olhar insuspeito e arrebatador do exílio colheu-me e comeu-me à flor da minha abissal leviandade; a lágrima fringiu-se e evaporou-se, cingiu-se de cinzas o peito que a trouxe, decerto, meus covis hoje correm a céu aberto.

(Engenho Novo, fevereiro/2008)

JARDIM DO ABISMO

Nem eu me lembrei do tempo nem ele se apercebeu da minha ausência, mas se agrisalharam os meus pelos... Nem eu quis vertê-los nem capturei os seus buquês, mas os momentos voaram do cálice... Seixos que um dia, talvez, encaixem-se, a memória amontoa, assim à toa, cobertos de pó nos recônditos do absurdo... Em cada beijo um estalo, eco surdo de lirismo, que roga um resvalo à nudez das paredes. Ah, os dias sem amar... Ajardinam o fundo do abismo.

(Largo da Carioca, fevereiro/2008)

TEZ SEM EXTREMOS

Ah, porque ela não tem na tez extremos
(Salvo os olhos, que também são morenos)
Pouso a alma e vejo o meu próprio reflexo
Porque o sexo, estância além do mundo

Rio profundo, caminho estelar
Grafara n’alma, ao silêncio das curvas
Feitas sem o zelo de me tomar
Dos limites: A morte não me quis.

Restou, feliz, este amor são e salvo
Alvo das suas perguntas tolinhas
Rangendo as janelas donde as rolinhas
Nos espiavam, pelas persianas;

Em preces profanas, tão doidivanas
Sim, eu amei... E como nunca soubera;
Porque não era o fim a antiga era
Porque eu não estava ainda preparado.

Pouso alado (ao lado a tez sem extremos)
No ermo lúcido do amor em que cremos.

(Carioca, fevereiro/2008)

VENHA

Venha, porque eu tenho
Bem mais do que fui
E donde hoje eu venho
A dor não possui;

Venha, porque trago
Bem mais do que cabe
Neste meu vago
Que ninguém mais sabe;

O meu sonho é um salmo
Na tez d’alma escrito
Com letras de um palmo
E ainda a ser dito:

Se o afago perpassa
A tona do lago
E é luz o seu cio...
É o amor que trago

Guardado e tardio...
Divina devassa.

(Carioca, fevereiro/2008)

QUISERA O AMOR QUE EU AMASSE

Quisera o amor que eu amasse
Tanto, tanto ele quisera
Que ao desarmar-se o amor que era
Ele antes me devassasse.

Quis o amor assim tocar-me
Tanto, tanto, o sol ao lis
Que o céu que de mim eu fiz
Devassou a minha carne!

Será sempre o amor assim.
E eu serei sempre o que sou
Sem saber mais que soubera.

A me armar, como arlequim
O amor vem (quem nunca amou?)
Deserdar-me do amor que era.

(Carioca, fevereiro/2008)

ME SABER ME BASTA

Eu dissimulava por onde fosse. Cantava o tempo todo. Sussurrava, depois quase gritava. Ah, eu cantava, cantava, cantava... A música era a da amada, sua preferida. Eu a tomava emprestada. Se pudesse, seria capaz de roubá-la! Eu dissimulava perdidamente. Colhia todos os olhares do caminho mas só ficava mesmo com os dela... E com a carne úmida dos sorrisos e o risinho tímido dos mamilos e o andar, que mal tocava os pisos, e os glúteos. Glúteos? Oh, comprimi-los...

Eu dissimulava enquanto ria de mim mesmo. Não por auto-piedade ou desestima. Eu dissimulava piamente! Ela era um templo, uma porta entreaberta. No nicho, uma absolvição além da palma, roçando a alma como açoite de dia, de tarde e de noite, vazando entre os dedos da mão tenaz. Sonhada... Uma graça fugaz sob a coberta de credos e dogmas deserta. Generosamente incontinente. Mas até seu resíduo era emprestado, como tudo o que era dela crido. Até que da vidraça fez-se o alarido de miríades de estrelas, janela afora vazada.

Mas não doeu nada, não doeu nada... Eu mesmo fiz isso. Avidamente eu mesmo fiz isso... Não há mais no que crer. Me saber me basta.

(Itaipú, fevereiro/2008)

O ESPELHO E A BAILARINA

Esse amor meu de poeta...

Cuja paz decreta e se professa ungida
Que, impune, confessa ser a própria sobrevida
Do réu imune, ao rés de mais uma vez tocá-la
Com um arrepio de sopro, pele tão desejada...

É uma montanha que jamais se cala!
Mas resvala e em profundo silêncio se esbate
No magma de um improvável vate.

Dentro dela habita uma estrela antiga
Que sussurra uma cantiga e nina a emoção
De ser a mansão e a monção da bailarina
De infladas cortinas e peito pronto a se fender...

Oh poesia das entranhas do ensandecido
Sou eu que fendo! Sou eu que fendo! Eu, a montanha...
Ao gume úmido, entre arabesques colhido...

Na poça, em que de versos me embriago seu
Tombam a lua e o gozo com que pago eu
As minhas brancas súplicas no breu da fonte...
Então... É a poça que seduz o lago?...
Ou a dor de amar? Que a ninguém se conte...

Esse amor meu de homem...

Cujos olhos comem a carne emancipada
E que verte o sonho e o seu torpe inchaço
No levitado abraço do amor da amada
Não aconselha jamais o que se cobre...

Mas esse nobre amor meu sempre a espelha
Concede a verdade e a fantasia e as espalha
Aos dentes da noite e aos palcos do dia...

Que dentro do espelho havia nela um abismo
Por cujas paredes o seu sismo, que a desvalia
Refém das suas areias e dos meus espumados dedos
Escorregava e em mim cravava velhos medos.

Oh céus dos meus sentidos
Eu fui o mar! Eu fui o mar! E o espelho-mar...
Mas sou agora os rochedos... No olhar, bramidos...

A moça, estrela cujo sonho na poça repousa
A senhora da lousa, de sapatilhas desatadas
Confia como as fadas no amor frugal, mas ferina
Despetala o seu amor de bailarina, cada centelha à mó
Do aço nu... Do espelho amado que a espelha só.

(Itaipú, Fevereiro/2008)

HOJE A CELEBRO, TÃO GUARDADA

Não era minha, nem tua
A mão que encrespava o mar
Pastoreava o vento
E escavava os grãos de areia...

Nem na vinha, nem na lua
Nem ao amor restava amar
Tão doce, o resto lento
Mais que o sonho pastoreia...

Era d’alma dos amantes
Que, indelével, o tempo habita
Montando em pelo a delícia
De sermos assim da vida

Ermos d’estrelas distantes...
A lembrança mais bonita
(a mais eterna primícia)
a emoção na voz contida

Celebrada, tão guardada:
Como, Sempre, és tão amada...

(Itaipu, mai/2007)

PREDESTINAÇÃO
(Poema Tríptico)

Manhã I

Há dias, Mulher, em que dias hibernam
Como cios em que se deveria amar.
E dias que tardios anunciam:
O amor vem... E nada o poderá evitar!

Como ígneos folguedos cósmicos
Astros saltam reluzindo, acima do mar
Das profundezas do desejo vindos.
E na areia a luz de um gozo rendado
Extrema unção de um amor guardado
Prenda-fruto do silêncio e da madrugada...

Ambas fugidias...
Nossa alma vagueia
Como fossem dois dias.

Tarde II

No entorno do sol se ergue uma ciranda
De palmas morenas escritas por Deus...
Os sonhos meus andam apenas
Centúrias pequenas, que eu mesmo cri.

No entorno da rua em que habitam passos meus
Não quis Deus nenhum cão nos portões
Mas vagalhões vieram de longe
Ilhar de olhares vários meus olhos perdulários
E varrer do poente os meus azimutes de monge...
O rastro não mente, eu mesmo o escrevi.

Areia antiga...
Que amor te trouxe, Branca, a perdê-los
Os brancos fios dos meus cabelos?

Noite III

No fundo do covil, ao rés do céu,
Prostrou-se (quem viu?) o cajado como um manto.
Nenhum fogo apagado aquece tanto...
Só a morte em que não se morra, só a borra de aço-mel.

Ah, Tristezas, que me fizeram dulcíssimo mecenas
Palmas morenas (em que eu não previ proezas)
Te aguardam, madalenas,
Porque uma só Madalena haverei de tocar, tanto...
Mesmo antes de chegar, sanha e pranto
Essa vaga já me alarga, com o tanto que é feliz.

Desencanto: Dalva-Lis...
De lãs que não vesti mas, por um triz, já me afaga.
Há manhãs, Mulher, que jamais teriam paga.

(Itaipú, 30/ago/2007)

ANIVERSÁRIO DA MIXINHA

Hoje celebro uma estrela, extrema estrela velada pelos véus de antigas eras, de fogaréus, de esperas, quimeras, deveras dada; que em silêncio crepita n’ara desdita que lhe valha a dor do peito. Acalenta. E por direito se apascenta dos lapsos de um anjo canalha...

Hoje celebro uma fêmea, efêmera crença minha, roubada a um conto de fadas por arcanos, comezinha; e por anos de vigília, ppr um gozo que eviscere a plenitude, em que se esmere a rapsódia do claustro. Fausto íntimo, fausta chama, que só não cala a quem não ama.

Hoje celebro uma luz que só nus temos por nossa; querer bem a um anjo alado, de um querer que não se apossa, é um amor iluminado, que não se pode tocar sem que se toque a si mesmo, por inteiro. É o amor mais verdadeiro... Inconho amor, já por si mesmo tão naturalmente celebrado.

(Itaipú, maio/2007)

Foto de Danoninho

Como se reconhece o amor..

Amar alguém sem se saber porque é estranho.
Creio que tudo começa, quando não nos damos conta,mas já pensamos demais numa só pessoa.
Demora algum tempo para que tenhamos noção de tal sentimento.Principalmente se for por alguém que mal conhecemos.
Um dia, uma pessoa totalmente estranha atravessa nosso caminho e sem se saber por que, o coração acelera.Os dias passam e você continua sem saber nada sobre esse outro alguém, mas por algum motivo ele não sai da sua cabeça.Os dias continuam a passar e você passa a sentir a falta de algo desconhecido...anda pelas ruas sempre a procura de alguém ou alguma coisa...a procura dele!!!
Nos enganamos, distraímos o coração enquanto o tempo passa e nos tornamos mais apegadas ao sentimento que temos, mas ainda sem respostas.
Daí você começa a se perguntar quando é que isso começou.
Essa loucura, essa falta, esse frio na barriga, esse coração a bater louco e desordenadamente sempre que pensa.. e quando vê perde a respiração simplesmente.
Falar você não pode ou não deve...e falar o que?Pois ainda simplesmente não se sabe o que é.
E os dias assim continuam até que você começa a se aperceber de que é recíproco. Cada olhar trocado parecem se despir, ali mesmo!!!
Começa a se aperceber que por algum motivo, seu corpo a leva de encontro ao dele. Sente a vontade de estar perto, tocar..assim..como que sem querer.
Daí vem a necessidade..fase impossível de não se viver.
Necessidade de respirar o mesmo ar que ele, de estar perto ou nos mesmos lugares.
Necessidade de sentí-lo e sentir o seu cheiro agarrado em você.
E o cheiro?Que enlouquece e nos deixa tontas... e então temos a resposta...estamos apaixonadas!
Palavras proferidas de uma boca que você deseja.
Palavras ditas diretamente ou discretamente a você e de você a ele.
Muto mais que palavras...
Desejos secretos, camuflados em coisas sem interessa algum.
Mas já não se consegue esconder os sentimentos...dos dois.
A respiração ofegante e o sorriso de orelha a orelha denunciam a paixão!
E acontece então o inevitável e tã esperado toque...o beijo!!!
Boca na boca, línguas que passeiam como se quisessem descobrir sempre algo novo.
Línguas apressadas em sentir o gosto, gosto tão bom de sentir...gosto da paixão, do desejo, das vontades...
Vontade de tirar a roupa ali mesmo, como se nada mais interessasse, nada fosse mais importante que nós.
Vontade de descobrir o corpo um do outro, cada parte, cada cantinho.
Passear os dedos em todo ele. E finalmente...sentir a paixão em plenitude, sem saber do amanhã ou sequer esperar por ele...
E agora sim, sabendo e tendo todas as respostas.
Mas nada agora importa...somos um do outro!

Foto de diny

TEU SER

TEU SER

Teu ser é um lago azul
de poesia e sonho
no qual minha alma
feito borboleta roça as asas
e se inebria e se extasia
de amor e vida.

Teu ser é a melodia da luz
da canção preferida
além do espelho azul do lago
à encantar com pura magia
sintonia meiga que seduz
em supremo e pleno afago

Teu ser é um céu que trago
fixado cheio de sol na alma
evidenciando tu, ser tão amado
com tanto queimor tão desejado
em calma perene tão preciso!
vivo! nesse meu amar de amor

Teu ser é o verde do meu lago interior
que suscita em mim sublimidade
por todo sempre maior sensibilidade
transparência de mim, desse sentir
que traz em si uma tão íntima
visão de ti; conexão de mim!

Teu ser é o lago azul de luz sem fim
que reluz e se desfaz encontro de mim
e eu sinto-me delirar, estremecer
e vou pro além do além sonhar
na plenitude do imenso prazer
do amar de te amar, meu amor!

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"ORAÇÃO POR TODOS NÓS"

“ORAÇÃO POR TODOS NÓS”

Meu Pai peço por mim e pelos meus...
Cuide do Sr. João, nosso padeiro, que todas as manhas
Enche nossa mesa com o carinho de seus pães...
Peço também pela família do Sr. Higa, o feirante que abastece
Nossa dispensa...
O Sr. Ferreira dono do mercadinho que complementa nossa
Dieta...
O Paulão e sua equipe são os garis da minha rua, sem eles,
Com certeza nossa vida seria um caos...
Ao Ricardo carteiro nosso anjo das boas noticias...
A Maria um doce de mulher que mantem nossa bagunça arrumada...
Ao Sr. João nosso vizinho, sabe aquele que tem um cachorro chato,
Mas que é um eterno guardião de nossas casas...
Ao Sr. Olegário, aquele que vez ou outra entende nossos apertos e paga meus cheques, mesmo sem saldo...
Ao Luiz, aquele amigo chato, mas que sempre esta presente pronto
A ajudar...
Ao Coelho meu quase irmão, tão carinhoso com todos nós...
A Nê meu amor que fala comigo sem sequer abrir a boca...
A minha mãe, aos meus filhos, aos meus netos, a meus primos, tios cunhados, cunhadas, sogras, sogras??? Sim, tenho duas, uma ex e outra atual, excelentes pessoas, a minha ex-mulher, a todos meu Pai, proteja com seu manto sagrado, que a melhor fatia do bolo seja dividida quantitativamente a eles, que o melhor dos sentimentos seja atribuído a todos eles, que todos sempre gozem de uma excelente saúde...
E a todos de POEMAS DE AMOR, meus mais novos amigos, meu Senhor, dê saúde, paz, tranqüilidade e que permaneçam com esta habilidade de escrever o amor em toda sua plenitude, no mais meu Pai, devo agradecer por tudo que sou e consegui nesta minha vida!!!

Foto de Sonia Delsin

A VIDA É MAIS

A VIDA É MAIS

A vida é mais que palavras.
É mais que gestos.
A vida é mais que protestos.
A vida é mais...
Muito mais.
A vida é plenitude.
Estrada aberta.
A vida é a busca do infinito.
É o grito.
No vazio da hora.
A vida é urgência, demora.
A vida é uma resposta.
Uma pergunta.
Mas é.
É muito mais.

Foto de Henrique Fernandes

QUANDO AMAMOS

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Quando amamos
Libertamo-nos da indiferença
E alcançamos capacidade para mostrar a nós próprios
A plenitude das coisas pelo prazer ou pelo incómodo
E ter por bom tudo aquilo que nós desagrada
Abandonando as tristezas pelos declives do ar
Quando somos amados, moldamo-nos á substância do céu
E a voz do tempo cantarola melodias de felicidade
Invadindo o corpo com um toque aceso de Eros
Lançando a sua flecha no apetite de um beijo puro
E então o amor engorda o nosso sorriso
Num encanto que nos prende á imortalidade
Por caminhos de alegria versejando os quatro ventos
E preservamos as estrelas com vontade de amar
Expulsando de nós um brilho perfeito
Que ilumina as galáxias plantadas no jardim da alma
Cultivado pelo amor sincero de quem nos sente
No meio de uma flor que nos eleva de coração aberto
Saltando por cima da aparência até á substância
De quem se expõe ao outro pelo outro
Num sono a dois em duas almas que se redizem
Em palavras interiores que o amor dirige para o exterior
Em gestos de igualdade que sustém os amantes
Redobrando e conjugando a vida com a de um outro
Amar é o que há de mais alto, é uma fonte de água viva
É um jorro que se expande vibrante até ao limite do infinito
Nas atitudes que exprimem sentimentos vitais
Quando amamos

Foto de psicomelissa

a donzela solitária

carta

ADMIRAÇÃO

Admiro o céu e a lua,

Os pássaros e as flores do campo,

O barulho da grande metrópole como

Também aprecio o silencio do meu quarto.

Hum, os opostos disputam meu afeto

Mas aposto que meu desejo eles não sabem

HAHA, meu desejo secreto é que só dele sabe quem cativar meu coração ferido e que precisa de um nobre cavaleiro que se disponha transformar o mundo para que meu ferido coração volte a sorrir.

Cadê você nobre cavaleiro que deixaste a donzela, que lhe fora prometida desde a eternidade, chorando por estar solitária, e que apenas deseja ter alguém pra partilhar o dia – a – dia. Será que pra mim fora destinado apenas zelar pelo outro e nada construir pra me realizar.

Você nobre cavaleiro que não aparece, feliz esta?

Porque esqueceu de vir me buscar?

Onde estás ? Lutando contra os dragões?

Não me deixes só por muito tempo meu coração sofre por estar abandonado, meu futuro amado. Abrevie seus afazeres pra que possas logo vir me buscar para que ambos possamos viver a felicidade em plenitude.

Sei que também almeja isso! E que muitas vezes se vê tentado a aceitar migalhas pra não sentir um nada por não ter lutado pelo que almejou tanto, sonhou e não pode concretizar. Sei como esta situação é tentadora ...

Mas sei também que no final, eu sempre sai rasgada e machucada ...

Hoje fico aqui no silencio da noite admirando a lua e lhe fazendo um pedido pra que traga pra mim meu nobre cavaleiro, pra juntos sermos um.

Meu cavaleiro a quem meu destino já cruzou o seu, sei disto, meu coração intui que você está mais próximo que eu possa imaginar. E que você assim como eu ainda não despertamos pra enxergar o outro como seu companheiro eterno.

Não entendo, porque o destino se mostra tão cruel e não fornece uma dica pra minha vida se tornar completa.

Aguardo ansiosamente.... Está donzela solitária

Foto de Boemio

Carta de amor

Eu te amo, sem saber quando, como ou por que, te amo como se ama a uma rosa que nasce em meio às pedras e tempestade, te amo como se ama o sol depois das longas noites de inverno, como se ama frio em noites onde o sangue ferve, como se ama a exatidão, o perfeito.
Eu te amo, sem saber quando, como ou por que,te amo como se ama o orvalho que repousa suave em cada folha, te amo como se ama o fim de um sacrifício, como se ama o começo de uma aventura, te amo como se ama a cura da doença, Como se ama e tem fé na crença.
Eu te amo, sem saber quando, como ou por que, como se ama a resposta da duvida que afligia, como se ama a duvida do aprender, como se ama o que é justo, assim eu te amo com toda a força do meu ser, te amo até com o que eu não posso entender, te amo antes mesmo de saber.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, te amo sem barreira de tempo e de espaço, te amo infinitamente, como uma gota de água que corre livre o oceano, como um grão de areia ama a liberdade de ser levado pelo vento, te amo sem preconceito, com o peito aberto a todo o momento.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, como se ama o silencio antes de dormir, como se ama o café ao acordar e o abraço ao sair de casa, como se ama o que é bom e se repete, como se ama a musica, o dom, a plenitude, os interesses bons, como se ama os sons.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, te amo assim sem fronteiras, sem guerras, te amo simplesmente por amor, sem duvidas, sem remorsos, te amo com a certeza que tem aquele que luta a boa luta, te amo sem precisar razão, ideologia ou pensamento, te amo por sentimento.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, como se ama até o suor de algo conquistado com dificuldade, como se ama o sucesso de algo valoroso, como se ama a verdade, como se ama a lagrima que fortalece, como se ama a felicidade, como se ama a realidade.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, não por que é lógico, coexistente ou conveniente, te amo por que meu coração se alegra com sua presença, te amo sem mistura, com um sentimento totalmente puro, te amo de amor livre e forte, te amo como um barco ama o porto seguro.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, como se ama o badalar dos sinos que anunciam o natal, como se ama as estações do ano, te amo sem projeções, leviandades, te amo de verso, de poesia, te amo até com meu mais ínfimo poema, cada palavra que digo te ama.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, por que a dor que sinto não é nada comparada a todo o meu amor, te amo sem malicia, te amo com espontaneidade, te amo como um floricultor ama o seu jardim, te amo como não amo mais ninguém, te amo com tudo que há em mim.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, sem pretensões, sem devaneios, te amo sabendo que este amor é o que faz a minha vida completa, por que eu sem o seu amor sou como um verso sem rima, como peixe no aquário, como um pássaro que canta tristonho em uma gaiola.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, e sem o seu amor sou apenas mais um que vagueia perdido a estrada que leva ante a morte, como um domingo sem o mínimo raio de sol, como a primavera sem as flores, como um poeta sem inspiração, sem palavra, sem prosa sem poesia.

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