Pingos

Foto de Junior A.

É noite...

É noite, sinto-te pela casa, em passos, por entre os espaços, vazios de ti. Logo há de chegar, as velas, sobre a mesa queimam e se gastam, em um pouco da esperança de logo ver-te.
Teu perfume, ameno paira pelo ar, mistura-se ao aroma das pétalas que cuidadosamente deixei ao chão, da casa, escuro, escuso de si em saudade, luzes apagadas, tudo em silêncio, realçado apenas com o brilho das estrelas, distantes, ao céu, que se intrujam por entre os vidros da janela da sala.
Dar-se o tempo, oiço, bate a porta, chegas, um tanto atrasada, envolta por pingos da chuva, que serôdia se derrama, como em pranto, fraco, presente. Num vestido vermelho, rente ao corpo, cabelos soltos, olhos sôfregos e coração pulsante, insegura talvez, mas bem delineada para com teus anseios. Despojas o teu vestido, único acessório que cobria tua pele, branca, teu cheiro inunda os cantos, os meios, os lados que não se viram, que não se vê. Teu libido grita por entre teu olhar, serrado, fitado em mim. Entras por entre porta, cala-me o dizer com tua língua que afaga a minha, tuas mãos inquietas, tua estuga em achar-me. Dou-me ao palor de outrora, acomete-me a dor das amarras.
Desato-me do teu beijo que queima em meus lábios, afasto-me do teu quadril que o meu procura, no desejo de encaixar-te. Cá, não me cabe. Não se desatina a mente, liga-se as luzes que não escureciam, já que lúcido ainda estava. Recolho teu calçado por sobre tapete, lhe devolvo o vestido que se perdera no caminho e peço-te:
- Vai embora.
Teu desejo, mais que tua nudez me assusta, tamanho é o infortunio que nada mais de ti desejo. Enamorei-me por tua alma, nua, onde a beleza intacta se apura ao decorrer do tempo. Vá, cubra os teus excessos, procure-me no dia em que isento de mim mesmo, ei de querer-te apenas num corpo, sem alma. Deixa-me só agora, como quase em todo o tempo estou, apague as luzes antes de ir por favor, deixe apenas o vinho, o cheiro que não se vai, para apetecer-me a sonhar com o dia em que ei de encontrar, a nudez, que tua pele sem roupa esconde.
Permita-me pensar, que cá ainda não chegaste, para quem sabe assim, ter de ti aquilo que em verdade almejei.

Foto de angela lugo

Valor do amor

Mesmo que você pese todo o ouro do mundo
Conte todos os quilates de diamantes
Conte todos os grãos de areia existentes
Ou mesmo quantos litros d’água tem os mares

Mesmo que conte todas as nuvens que passam
Conte todas as estrelas que contém no firmamento
Conte todas as pessoas que passaram pela terra
Ou mesmo todos os pingos de chuva que caíram

Mesmo que obtenha a ciência da vida
Tenha a certeza por quantos caminhos andou
Ou mesmo por quantas mulheres teu olhar cruzou

Mesmo que saiba quantas batidas deu seu coração
Quantas horas de sono durante a vida aproveitou
Mesmo assim não saberá o valor do meu amor

Foto de angela lugo

Bailando na chuva das lágrimas

Dançando entre os pingos da chuva quente
Que caiu de repente
Você vem e abraça-me fortemente

Vez ou outra vem o choro calmamente
Choro um amor contido
Ainda bem que tu me olhas docemente

Não podes imaginar meu sonho partido
Por te amar escondido
Um amor sem ser correspondido

Dançando na chuva vejo teu bailar descontraído
O amor nos dá maior percepção
Para sabermos quando estás distraído

Queria que tu tivesses sobre o amor mais informação
Sem deixar-me aqui nesta chuva em solidão
Bailando contigo e sustentando a minha condenação

Meu amor por ti é honesto e cheio de retidão
É alentador e acomodado
E quero que um dia ele saia da escuridão

Declarando a ti este sentimento que está sufocado
Dentro do meu coração
Não precisa ser aqui na chuva neste bailado

Pode ser em um dia quando tiver mais emoção
Quando você não estiver em clima de tensão
Procurando justamente por uma afeição

Sentir-se sozinho e não querer da vida somente ilusão
Então poderei te oferecer meus sentimentos
E assim doar-te o meu amor sem dimensão

Quando acontecer viverei intensamente todos os momentos
E quando assim em teus olhos encontrar o amor por mim
Enfim estarei ao teu lado com a alma repleta de contentamentos

Foto de angela lugo

Bailando na chuva das lágrimas

Dançando entre os pingos da chuva quente
Que caiu de repente
Você vem e abraça-me fortemente

Vez ou outra vem o choro calmamente
Choro um amor contido
Ainda bem que tu me olhas docemente

Não podes imaginar meu sonho partido
Por te amar escondido
Um amor sem ser correspondido

Dançando na chuva vejo teu bailar descontraído
O amor nos dá maior percepção
Para sabermos quando estás distraído

Queria que tu tivesses sobre o amor mais informação
Sem deixar-me aqui nesta chuva em solidão
Bailando contigo e sustentando a minha condenação

Meu amor por ti é honesto e cheio de retidão
É alentador e acomodado
E quero que um dia ele saia da escuridão

Declarando a ti este sentimento que está sufocado
Dentro do meu coração
Não precisa ser aqui na chuva neste bailado

Pode ser em um dia quando tiver mais emoção
Quando você não estiver em clima de tensão
Procurando justamente por uma afeição

Sentir-se sozinho e não querer da vida somente ilusão
Então poderei te oferecer meus sentimentos
E assim doar-te o meu amor sem dimensão

Quando acontecer viverei intensamente todos os momentos
E quando assim em teus olhos encontrar o amor por mim
Enfim estarei ao teu lado com a alma repleta de contentamentos

Foto de ROSA GUERRERA

Você sempre será

Você será sempre aquela frase que eu não disse,
Aquela música que eu não consegui compor...
Aquela lágrima que secou nos meus olhos...
Aquele silêncio que fez ruído no meu coração..

Você será sempre o lago tranqüilo das minhas emoções,
Os pingos da chuva que formam imagens na vidraça da janela Firmamento pontilhado de estrelas que iluminam meus passos,
O mar gigante que na sua cor verde me acena esperanças.

Você é sonho real e realidade concreta de um sonho apetecido...
É voz que canta uma melodia de fé e verdade.
É ternura que o tempo não apaga e os anos não conseguem destruir. ..

Você é enfim o meu primeiro, único e derradeiro amor !

(Rosa Guerrera)

Foto de pedacinhos de mim poemas

Em Busca

Os pingos da chuva sobre as folhas
de uma árvore solitária assim como eu
Mistura-se com a minha saudade...
Há um caminho sombrio e longo
Como posso resistir a tamanho mistério
que me excita e me leva a seguir?!...
Procurar o quê?
Como saber quem tu és?
Tu és a essência
extraída de tudo que se faz existir.
Dia, noite, tempo, mundo
Partículas de cores
Amores...
Uma palavra perdida no ar
fragmentos de um tempo
amor latente.
Um pedaço de mim ao longo desse caminho
Não vou desistir, quero prosseguir
aqui, acolá, procurando, hei de encontrar!
Hoje já não sei quem eu sou,
possuída pela febre desse louco amor
Que me faz percorrer caminhos desconhecidos,
no meio da chuva...
Na busca incessante de um amor perdido
perdido no tempo...
Mas, que vive em mim.

Autora: Célia Torres

Foto de Dom Quixote - crítico amador

Literaturas Lusófonas

Bem mais que dança, bailado;
que som, melodia;
que voz, sobrecanto;
que canto, acalanto;
que coro, aleluias;
que cânticos, paz.

Bem mais que rubor, saliência;
que encantos, nudez;
que imoral, amoral;
que bosques, fragrâncias;
que outono, jasmins;
que ventos, orvalho;
que castelo, arredores;
que metáforas, rios;
E um pouco além: tsunamis.

Bem mais que naus, sentimento;
que excelsa, nascendo;
que olho, contemplo;
que invade, arrebata;
que vitrais, catedral;
que versos, vertigens;
que espanto, tremor;
que êxtase, pranto;
que apatia, catarse.

Bem mais que contas, rosário;
que prece, amplidão;
que o menino, sua mãe;
que Império, regresso;
que palmas, martírio;
que anúncio, Jesus;
que Ceia, Natal.

Bem mais que alegria, ternura;
que espera, esperança;
que enlevo, paixão;
que adeus, solidão;
que dor, amargura;
que mágoas, perdão;
que ausência, oração;
que abandono, renúncia;
que angústia, saudade.

Bem mais que anciã, joyceana;
que lógica, onírica;
que o Caos, Amadeus;
que ouro, tesouro;
que ode, elegia;
que amiga, inimiga;
que insensível, cruel;
que signos, símbolos;
que análise, síntese;
que partes, conjunto.
E um pouco além: generosa.

Bem mais que efêmera, sândalo;
que afago, empurrão;
que clássica, cínica;
que exceto, inclusive;
que inserta, incerta;
que adubo, arrozal;
que oferta, procura;
que unânime, única.
E um pouco além: tempestade.

Bem mais que ouvida, vivida;
que austera, singela;
que pompa, humildade;
que solta, segredos;
que fim, reinício;
que um dia, mil anos.

Bem mais que reis, majestade;
que jus, reverência;
que casta, princesa;
que moça, menina;
que jóia, homenagem;
que glórias, grandeza;
que ocaso, esplendor;
que espadas, correntes;
que fatos, História;
que Meca, Lisboa.
E um pouco além: messiânica.

Bem mais que pingos, Dilúvio;
que água, Oceano;
que mares, o Mar;
que porto, Viagem;
que cais, caravelas;
que rochedos, neblina;
que vôo, Infinito;
que Abysmo, gaivotas.

Bem mais que a tribo, navios;
que lanças, tristezas;
que campos, senzalas;
que bodas, queixumes;
que soul, sem palavras;
que o tronco, maldades;
que ais, maldições;
que feitor, descorrentes;
que mandinga, orixás;
que samba, kizomba;
que “meu rei”, Ganga Zumba;
que olhos baixos, quilombos;
que discordo, proponho;
que cedo, concedo;
que escravos, Zumbi.

Bem mais que brisas, Luanda;
que ondas, Guiné;
que amarras, Bissau;
que o azul, São Tomé;
que náutica, Príncipe;
que axé, Moçambique;
que opressão, Cabo-Verde;
que fragor, linda ao longe;
que injusta, perversa;
que abutres, pombinhas;
que trevas, pavor;
que rondas, terrores;
que bombas, crianças;
que tágides, ébano;
que o Sol, rumo ao Sol.

Bem mais que luar, nua e crua;
que longínqua, inerente;
que ornamento, plural;
que ira, atitude;
que abstrata, denúncia;
que conceitos, Nações;
que Camões, mamãe África.

Bem mais que ética, ascética;
que pro forma, erga omnes;
que embargo, recurso;
que emoções, decisão;
que rodeios, sentença;
que Direito, Justiça;
que leis, Lei Maior.

Bem mais que flor, Amazonas;
que improviso, jeitinho;
que frágil, incômoda;
que alvor, cisnes negros;
que escrita, esculpida;
que lírios, o campo;
que veredas, suindara;
que denúncia, ira e dor;
que bonita, pungente;
que amena, os sertões.
E um pouco além: condoreira.

Bem mais que lares, veleiros;
que adeuses, partida;
que feitos, missão;
que honras, repouso;
que canto, epopéia;
que mística, fado;
que areias, miragem;
que sonhos, delírio;
que vozes, visões;
que acaso, destino.
E um pouco além: portugais.

Bem mais que errante, farol;
que ânsia, horizonte;
que distância, presença;
que solo, emoção;
que países, Galáxia;
que estresses, estrelas;
que zênite, impacto;
que intensa, profunda;
que letras, magia;
que formas, sentido;
que textos, teoremas;
que idéias, princípios;
que imensa, perfeita;
que graça, milagre;
que arcanjos, fulgor;
que dádiva, Mãe.

Bem mais que luz, primavera;
que audácia, tumulto;
que estética, rústica;
que em paz, desinquieta;
que estática, cíclica;
que cercas, muralha;
que assédio, conquista;
que plantas, concreto;
que escombros, palácio;
que átomos, Deus...

Foto de Mitchell Pinheiro

Tempo Nimboso

O céu a chorar
Há alguém sendo ensimesmado
Olhando a natureza atuar
Deixando-se ser atacado
Deitado em companhia lunar
E de pingos irritados
A cabeça a menear
O corpo sendo revirado
Um destino a se quebrar
Um coração chacinado
Um amofinado a espadanar
Um espírito fracassado
E à noite se passa
Sem sono
Sem graça
E o sol acorda o mundo
Enxugando as lástimas
Um destino a se reedificar
Um coração conformado
Um obstinado a recomeçar
Um espírito sanado
Um passadismo a se apagar
Um futuro cogitado
Um receio em confiar.

Foto de Junior A.

Amo-te

Não seria bem um poema,mas um linguagem de amor rotineira que se torna todo o motivo de poemas,sonhos e sentimentos.Foi-me escrito pela razão de todo o meu poetisar e mudado em detalhes por mim como resposta.
Gostaria de compartilhar...

Cada novo dia ao raiar do sol
Renova-se o meu amor por ti
E em cada instante meu amor
É mais que um querer ou desejar, é necessidade de viver,de falar...
Para que saibas:

Eu me completo apenas quando
Me sinto dar...
Este novo amor que em cada dia Cresce,permanece ...
Em cada amanhecer, saiba amor...
quero estar aqui e dizer q eu amo mais e mais...Vc

Amo-te como os pingos da chuva na segunda
Amo-te como o infinito do ceu na terça
Amo-te como os grãos de areia na quarta
Amo-te como as gotas do mar na quinta
Amo-te como as estrelas na sexta
Amo-te como a essencia da verdade no sábado...

E creio q no domingo após todo este amar eu esteja aqui para te falar...
Que apesar de todo esse tempo de silencio ainda tenho a dar
Meu amor quero eternamente estar aqui a te confessar...
Amo-te novamente,somente por te amar...

Sua Blanca...

Sempre tuyo mi Blanca

Foto de LEOANDRADE

Navegar (Leonardo Andrade)

Eu sempre soube que jamais deixaria de navegar.

O cais, qualquer cais, sempre foi e sempre será uma pausa, um breve momento de descanso, uma utopia presa pela tênue corda de uma âncora que jamais se fixará.


Não há como fugir do mar, de seus mistérios, de suas aventuras, de suas amplas e irrestritas possibilidades.
Não há como ignorar o eterno canto da sereia chamando, o ritmo imprevisível das ondas e os ciclos sem fim das marés.
O mar faz refluxo em meu sangue e transborda em minha alma.
O chamado é mais forte do que eu, não há como lutar.
Não nasci para viver ancorado, limitado e preso em amarras invisíveis , mas profundamente dolorosas, preciso do cheiro do mar, dos pingos d´agua no meu rosto, do vento nos meus cabelos e da imprevisibilidade das tempestades.
Não sei viver só de calmarias.
Não se despeça de mim, deixe as ondas me levarem e quem sabem um dia me trazem de volta.
Guarde esse ciclo com carinho, lembre de tudo que vivemos com amor e saiba que foi perfeito e delicioso, mas como tudo, teve seu tempo e agora é hora de partir.
Guardo seu cheiro, seu sorriso pós amor e o gosto agridoce de seus beijos cheios de desejo.
Prometo fazer uma tatuagem em sua memória e contar

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