Pessoas

Foto de Neguinhavi

Riscos

Rir é correr o risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e ideais diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas devemos correr os riscos, porque o maios perigo é não arriscar nada.
Há pessoa que não correm nenhum risco, não faz nada, não tem nada e não são nada.
Elas poder até evitar sofrimentos e desilusões, mas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por sua atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente as pessoa que correm risco é livre.

Foto de Neguinhavi

CONSELHOS APAIXONADOS

Quando você encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração deixar de funcionar por alguns segundos.....preste atenção... Pode tratar-se da pessoa mais importante da sua vida.
Se seus olhares de cruzarem e nesse momento, existir o mesmo brilho intenso entre eles.......fique atento... Pode ser a pessoa que estava esperando desde o minuto em que você nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonado, e seus olhos se encherem de lágrimas nesse momento......perceba.....Existe algo mágico ente vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se o desejo de estarem juntos chegar a apertar seu coração.......agradeça... Do Céu enviaram-lhe um presente divino: O Amor.
Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro, por algum motivo e me troca receber um abraço, um sorriso, um carinho em seus cabelos e os gestos valerem mais do que as palavras....entregue-se... Vocês foram feitos um para o outro.
Se você não consegue trabalhar bem todo dia, ansioso pelo encontro marcado para esta noite...
Se não pode imaginar de maneira alguma seu futuro sem essa pessoa ao seu lado...
Se tem certeza de verá essa pessoa envelhecer a seu lado e ainda assim, tem a convicção de que vai continuar estando louco por ela...
Se prefere fechar os olhos antes de ver sua partida: É o amor que chegou na sua vida.
As pessoas se enamoram muitas vezes na vida...mas poucas são as que amam e encontram o Amor Verdadeiro...As vezes encontram, mas por não prestarem atenção aos sinais, deixam passar o Amor sem deixá-lo viver verdadeiramente.
Não deixe que as loucuras do seu dia a dia deixem você cego para viver a melhor coisa da sua vida: O AMOR.

Foto de Fernanda Queiroz

Pontuação

Os sinais de pontuação servem para marcar pausas (a vírgula, o ponto-e-vírgula, o ponto) ou a melodia da frase (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, etc.). Geralmente, estão ligados à organização sintática dos termos na frase, eles são regidos por regras.

Vírgula

Ela marca uma pausa de curta duração e serve para separar os termos de uma oração ou orações de um período. A ordem normal dos termos na frase é: sujeito, verbo, complemento. Quando temos uma frase nessa ordem, não separamos seus termos imediatos. Assim, não pode haver vírgula entre o sujeito e o verbo e seu complemento. Exemplo:

Quando na ordem direta, houver um termo com vários núcleos, a vírgula será utilizada para separá-los. Na fala de Madonna, a vírgula está separando vários núcleos do predicado na segunda oração. Ex.:

" A obscenidade existe e está bem diante de nossas caras. É o racismo, a discriminação sexual, o ódio, a ignorância, a miséria. Tem coisa mais obscena do que a guerra?"

Utilizamos a vírgula quando a ordem direta é rompida. Isso ocorre basicamente em dois casos:
- quando intercalamos alguma palavra ou expressão entre os termos imediatos, quebrando a seqüência natural da frase. Ex: Os filhos, muitas vezes, mostraram suas razões para seus pais com muita sabedoria.

"O que o galhofista queria é que eu, coronel de ânimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente".

- quando algum termo (sobretudo o complemento) vier deslocado de seu lugar natural na frase. Ex.:
Para os pais, os filhos mostraram suas razões com muita sabedoria.

Com muita sabedoria, os filhos mostraram suas razões para os pais.

Ponto-E-Vírgula

O ponto-e-vírgula marca uma pausa maior que a vírgula, porém menor que a do ponto. Por ser intermediário entre a vírgula e o ponto, fica difícil sistematizar seu emprego. Entretanto, há algumas normas para sua utilização.

- usamos ponto-e-vírgula para separar orações coordenadas que já apresentem vírgula em seu interior;
- nunca use ponto-e-vírgula dentro de uma oração. Lembre-se ele só pode separar uma oração de outra.

Com razão, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensíveis burocratas, porém, em tempo algum, deram atenção a elas.

"Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte, para ver a alma." Bernard Shaw

- o ponto-e-vírgula também é utilizado para separar vários incisos de um artigo de lei ou itens de uma lista. Ex:
[...] Considerando:
A) a alta taxa de juros;
B) a carência de mão-de-obra;
C) o alto valor de matéria-prima; [...]

Dois Pontos

Os dois-pontos marcam uma sensível suspensão da melodia da frase. São utilizados quando se vai iniciar uma seqüência que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma idéia anterior, ou quando se quer dar início à fala ou citação de outrem.
Observe: (Percebeu? Vamos iniciar uma seqüência de exemplos, daí os dois pontos)

Descobri a grande razão da minha vida: você
Já dizia o poeta: "Deus dá o frio conforme o cobertor".
"Por descargo de consciência, do que não carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro:
- "São Jorge, Santo Onofre, São José!"

Aspas

As aspas devem ser utilizadas para isolar citação textual colhida a outrem, falas ou pensamentos de personagens em textos narrativos, ou palavras ou expressões que não pertençam à língua culta (gírias, estrangeirismos, neologismos, etc)

O rapaz ficou "grilado" com o resultado da prova.
Morava em um "flat" onde havia "playground".

Travessão

O travessão serve para indicar que alguém fala de viva voz (discurso direto). Seu emprego é constante em textos narrativos em que personagens dialogam. Leia o texto abaixo:

-Salve!
- Como é que vai?
- Amigo, há quanto tempo...
- Um ano, ou mais.

Podem se usar dois travessões para substituir duas vírgulas que separam termos intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes ênfase.
Pelé - o maior jogador de futebol de todos os tempos - hoje é um bem-sucedido empresário.

Reticências

As reticências marcam uma interrupção da seqüência lógica do enunciado, com a conseqüente suspensão da melodia da frase. São utilizadas para permitir que o leitor complemente o pensamento que ficou suspenso.
Nas dissertações objetivas, evite reticências.
Ex: Eu não vou dizer mais nada. Você já deve ter percebido que...
"Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem - era sexta-feira..."

Parênteses

Os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários acessórios. No caso de citações é referências bibliográficas, o nome do autor e as informações referentes à fonte também aparecem isolados por parênteses.

"Aborrecido, aporrinhado, recorri a um bacharel (trezentos mil-réis, fora despesas miúdas com automóveis, gorjetas, etc.) e embarquei vinte e quatro horas depois..." Graciliano Ramos

"Ela (a rainha) é a representação viva da mágoa..." Lima Barreto.

* Texto extraido da Internet Brasil Escola

Foto de Paulo Zamora

O comunicativo

Num dia daqueles de desesperança, em que pensar? Em quem pensar? Talvez ter que olhar ao lado, imaginar muitas ocasiões; mas quem saberá a cura de um momento de solidão? É preciso alguém para conversar, falar do que é profundo, por outro lado saber que o desabafo foi válido por sentir na outra pessoa o interesse genuíno; o que é verdadeiro vai além das palavras e das cobranças.
Perguntar a Deus quando terminará este dia, já que se faz tão extenso; agora resta desistir dos que não se importam, terminar de cumprir todas as tarefas; onde encontrar tantas forças? E de onde vieram até hoje tantas forças? Não poderia ser de outra pessoa senão de Deus...
As barreiras estão vindo a cada dia, se tornaram paredes; vejo pessoas vivendo; vejo outros pensando que estamos brincando de viver; mas a vida é séria demais, quem ainda não se deu conta não sabe de tal veracidade.
Algumas pessoas ganham asas e querem voar por seu novo rumo de vida, mudando com o mundo no qual vive, revê o comportamento, e voa devagarzinho para longe dos que na verdade não se importam e tratam com indiferenças; ter que tomar certas iniciativas é como quebrar partes do amor que sentimos, mas o que fazer se não há outra saída concreta?
A insistência acaba... a força de querer provar algo como amizade verdadeira, acaba... tudo se acaba por falta de alimento sólido, mas tudo se reproduz quando bem cuidado e regado com sentimento; levará um tempo até que os perdedores compreendam os verdadeiros significados.
(Escrito por Paulo Zamora em 16 de março de 2007)

Foto de Lou Poulit

Poulit em Versos

Quando eu era adolescente, meu pai incentivava os filhos a estudarem, para as provas finas, usando uma estratégia muito sedutora: Me diga o que quer ganhar no fim do ano, se for aprovado em lhe dou. Era um tal de estudar como nunca antes. Em certa ocasião meu irmão Aristeu, tratado por Teco, um ano mais novo que eu e hoje arquiteto, pediu um violão, de verdade, e se comprometeu a estudar para passar de ano. O Velho achou que ele poderia ter escolhido uma coisa mais apropriada a um garoto de 12 anos, mas não deixaria de cumprir sua parte no trato. Pois bem, o Teco passou de ano fácil.

Numa noite, chegando das minhas amadas peladas em rua de paralelepípedos, ou das caronas, pendurado nos estribos dos bondes, até hoje tradicionais do bairro Santa Teresa, morro contíguo ao centro do Rio de Janeiro, entrei em casa todo suado e sujo. Eu amava, mas minha mãe detestava isso: Direto pro banho, menino! Não encosta em nada! Como eu adorava esportes. Sentir o corpo suado, o corpo-a-corpo às vezes perigoso das peladas. Gostava de sentir o limite dos músculos, de ser íntimo da dor física controlada. Jogávamos mesmo à noite, a luz tênue dos postes distantes, ainda do tipo incandescente, refletindo nas pedras do calçamento. Que saudade da minha meninice... Bem, então voltando ao violão, entrei em casa e dei de frente com ele em cima da cama do meu irmão.

Fiquei fascinado. Era lindo e novinho em folha, brilhava demais. De boa marca e corpo grande, era até algo desproporcional para meu irmão. O velho não fizera por menos, mas era seu jeito. Era calado, emburrado em casa, gastava dinheiro nas farras, porém nunca foi sovina com os filhos. Não resisti à tentação e peguei o violão para experimentar. O som era bem mais alto do que o dos violões que conhecia, e chamou a atenção do Teco, que logo apareceu. Reconhecendo-me suado, devolvi o instrumento ao seu dono. Afinal de contas, eu também havia passado de ano.

Começaram as aulas de acompanhamento, os primeiros acordes, mas também logo vieram as primeiras bolhas na ponta dos dedos. Meu irmão não superou essa fase e em alguns poucos meses, o violão já havia ganho um lugar escondidinho para ficar, entre o guarda-roupas e a parede, no canto quarto. Ficou ali por vários meses. Um dia, vendo-o ali abandonado, tornei a pegá-lo e me assustei quando ouvi algo cair no chão. Despencado sobre os tacos de madeira clara, estava um livreto que me apressei em pegar do chão. Era um Método Prático Para Violão e Guitarra. Folheando-o compreendi que eram cifras para acompanhamento. Foi um momento mágico. Não pude naquele momento imaginar, que era apenas um pequeno instante, o despertar de um amor que me acompanharia, uma emoção que se repetiria pelo resto da vida.

Lendo o método, exercitando e, principalmente, observando alguns colegas que já sabiam tocar mais que eu, em pouco tempo já sabia o básico de acompanhamento e já me arriscava em solos iniciais. Gostava tanto que suportei as bolhas. Como bom aqüariano, não me contentava em tocar e cantar as músicas da moda. Com pouquíssimo tempo de aprendizado, já fazia minhas primeiras composições, ainda muito simples e com letras ingênuas. Mas era nisso que queria chegar desde o início desse texto: o violão me levou a começar a compor letras. Na escola, minhas notas em Português (na época se dizia Linguagem) eram sempre as mais baixas, detestava. Que ironia, hoje amo escrever.

Embora adolescente, muito novo e sem experiência de vida, quando escrevia letras para as minhas músicas (compunha ambas ao mesmo tempo) tinha a sensação plena de ter domínio sobre o que escrevia. E vivenciava aquelas emoções de verdade, sem tê-las jamais experimentado. Os adultos da família não entendiam bem. Mas nunca me senti inseguro. Era como se eu já soubesse fazer aquilo há muito tempo. Vejam como, com cerca de catorze anos ainda, eu me via “grande”, até pretensioso, nessa letra que pertence à minha primeira composição:

“Vida, vida minha
Não te perdoarei jamais
Por ter levado o molequinho...
Isso não se faz”.

Ora, eu me esqueci de que ainda não era mais que um moleque! Embora já andasse com mania de ralador, não tinha ainda tramas de amor para contar. Mas vejam o tipo de sentimento implícito nessa outra letra, da mesma época ou pouco mais:

“Vou partir
Pra bem longe
Vou-me embora
Deixo aqui meu coração
Minha casa, meu portão.

Ah, se um dia
Eu pudesse voltar
Eu iria ver de novo
Minha terra, meu lugar
E os meus tempos de criança
Poderia recordar”.

Alguns anos depois, pela primeira vez na vida senti a receptividade de pessoas que não eram familiares. Me inscrevi, por exigência de um grupo de amigos, num festival escolar de música. Escolhemos juntos quatro músicas minhas. Aquela que mais gostávamos foi apresentada pelo grupo todo, mas estávamos tremendo demais para tocar e cantar no palco improvisado. Os jurados não ouviram nada e “Santa Terra” foi desclassificada. Vendo minha tristeza, uma jurada, professora de inglês, veio me explicar o critério utilizado diante da dificuldade de julgar. E nesse dia aprendi a amar e odiar os critérios.

Porém, como reaprenderia em muitas outras ocasiões futuras, a tristeza dá sentido à alegria, assim como as sombras à luz. Com as três músicas restantes, que apresentei sozinho, voz e violão, consegui o segundo (Vou Partir), o terceiro e o quinto lugares do festival. Não obtive o primeiro lugar, mas os prêmios foram pagos em dinheiro e voltei pra casa rico, considerando a situação financeira da época. Mais rico do que o vencedor, que tinha uma música belíssima.

Os anos vieram e a vida mudou muitas vezes. Os campeonatos estaduais de vôlei, o trabalho, a faculdade, o casamento e o descasamento, a vida é uma sucessão de sonhos e pesadelos. Mas também uma grande escola e isso se reflete no produto do artista. A poesia seguinte na verdade é letra de uma música, composta no anos noventa. Sempre fui um apaixonado pelas manhãs. Em uma prosa cheguei a afirmar que elas também foram feitas à imagem e semelhança do criador. Tendo que recomeçar minha vida, tornei-me um amante ainda mais apaixonado pelas manhãs, a ponto de amalgamar as minhas amadas e as “Nossas Manhãs”:

“Porque são as manhãs
tão humildes manhãs
Saram o que as noites cortam
Lavam, abortam estrelas vãs
Vem, que me desperta
Essa rosa madura
Sob a renda flerta
Captura o meu instinto, vem
Me joga no orvalho do jardim.

Vem de mim por ruas dormidas
Que dores banidas
Não despertarão tão cedo
E ninguém contará a ninguém
Que ainda tenho medo
Porque são as manhãs
Tão humildes manhãs.

Porque são as manhãs
Tão lúcidas manhãs
No estreito vão da janela
Um corpo que foi meu se esfarela
Num rastro distante
Guardo os pássaros no peito claro
Ardo e perto me declaro amante
Vestindo as chamas
Que restam das velas
Dançando com elas beijo
Beijo e protejo o seu despertar.

São nossas primícias, nossas milícias
Cavalgadas e reconquistas
Quando o sol entrar pelas janelas
Jamais sairá nas revistas
Mas são nossas manhãs
As mais belas manhãs
As mais belas manhãs”.

Não considero que esse texto tenha esgotado o assunto. Gostei da idéia de mostrar poemas e letras de músicas como pedaços pedaçudos de uma sopa auto-biográfica. Creio que aqueles que tenham gostado poderão esperar mais.

Foto de andrepiui

Quem é Quem...

Queimaduras no corpo
Corpos no chão
Toalhas estendidas em varais
ondas no som
Fumaça se espalhando pelo ar
uma mente que não para de pensar
Quem é quem
milhões de perguntas
Respostas tento encontrar
O brilho da lua
refletindo o brilho do mar
Pessoas pelas calçadas
cabeças teimam a rolar
Um dia me disseram
para que eu nunca
deixasse de acreditar
Se o demônio é belo
Jesus é a olvelha
que não para de berrar
Convidando seu rebanho
para a festa no céu na terra
na água e no ar...

Musica espalhada pelo ar
Mais o homem é surdo
e não para pra escutar
Terra o barro
já não mais existe
Agora é cinzenta
em todo lugar
Um dia à casa cai
todos tropeçam
mas quem vai se importar
Puro mesmo só o bêbê
antes da 1°vez de mamar
Esfera estendida no universo
Processo continuo
trabalhando sempre a girar
Mentes poluidas
frutas podres
O fogo destroi o gelo
O telhado cai quem berrou 1°

Berra convidando seu rebanho
Berra cantarolando
coréografias feitas
por milhares de anjos
Espalhados por ai
Vagando sem conseguir dormir...
(André dos Santos Pestana)

Foto de Lou Poulit

Vida Longa aos Escritores!

Todo o meu trabalho artístico, artes plásticas e literatura, é o resultado de longos anos de um tipo de solidão pouco conhecida, docemente imposta pelo espírito da arte. Parece absurdo? Asseguro que não é. Se observarem bem, outras profissões também são muito solitárias.

O pescador que passa o dia e a noite no mar, por exemplo, só pode conversar com o próprio silêncio. Ninguém ouvirá a sua gargalhada, caso esteja alegre. Mas ninguém lhe dará um conselho ou amenizará os seus temores em momentos em que, pela própria solidão, o medo se apresenta concreto, tangível dentro dele. Todo pescador é solitário de alguma forma. Então compramos o fruto do seu esforço, sabendo que é saboroso e nutritivo. E por uma involuntária ironia, raramente o saboreamos sozinhos.

Quantas vezes entramos em um elevador, saímos e não nos lembramos de cumprimentar o ascensorista. Esse é um profissional solitário muito especial. Passa horas infindáveis em um espaço exíguo, por vezes lotado de pessoas que talvez não lhe escutassem, mesmo que mostrasse a elas o que existe no seu silêncio.

Creiam, não há tanta diferença assim no trabalho artístico. E por isso não se julgue o artista, mais que o seu trabalho. Há, entre a transitoriedade de tudo e a edificação de uma identidade artística (desde os seus alicerces conceituais e técnicos até o seu acervo propriamente) uma infindável e caudalosa sucessão de alegrias e tristezas profundas, de certezas frágeis e receios ferrenhos, que ele precisa amalgamar. Isso mesmo, é um amálgama. Todo artista é meio anjo e meio bruxo. Só que paga com a própria juventude a aquisição do seu arcabouço empírico, porque nenhum livro o daria.

Não vejo sentido útil em nenhuma arte egoísta. Nenhuma obra de arte, produto concreto da escuridão do seu autor, tem luz própria! Mas quando a escuridão do artista consegue tocar a do observador, usando a sua obra como veículo físico, aí a luz se faz... Não pela materialidade, ao contrário, pela sua expressão imaterial e subjetiva. O artista plástico trabalha recriando a luz física, muito especialmente os que trabalham sobre planos bi-dimensionais, como os pintores, mas é aquela luz, e não essa, que lhe alimenta a alma voraz.

Me perguntaram se são artistas os anjos-bruxos da arte escrita. Pode parecer um questionamento estúpido, mas tenho o hábito antigo de duvidar do que aparenta ser óbvio demais (antigo postulado dos ascetas da magia). A literatura é uma arte relativamente recente, porque prescindiu do estabelecimento (e, muito depois, da transmissão) de uma codificação gráfica, simbólica, que expressasse claramente as idéias para a posteridade.

Todas as artes expressam idéias, porém, muito antes do surgimento das instituições da justiça, os chefes sacerdotais desenvolveram, declararam sagrada e mantiveram em tumbas e labirintos as chaves da codificação. Vejam bem, embora tão no início, numa época de completo analfabetismo e desinformação, já percebiam aqueles senhores o imenso poder dos rabisquinhos nada caligráfricos que desenvolveram. Poder... Essa palavra tem tudo a ver com a história de sucessivas civilizações. Expressa uma idéia que tem amplitude máxima nas mãos do próprio Deus. Confunde-se com Ele.

Vejam que belo, a arte sempre surgiu como manifestação e meio de acesso ao divino. Ou seja, a escrita nasceu divina! Embora, inafortunadamente, tenha seduzido, por isso mesmo, a natureza egoísta e dominadora do homem. E mantida em cárcere, molestada por alguns privilegiados e seus favorecidos, durante muito tempo.

Vida longa aos poetas e escritores! Acabarão por entender que atribuir imortalidade ao seu amor, está muito além de constituir um mero lirismo. Hoje, a massificação da tecnologia multiplica esse poder, mas entenderão que há, mesmo no amor do menor dos poetas, um ideal divino de resgate. O poeta, esse tipo quixotesco não tem nada de louco, nem seu Rocinante é um pangaré inútil, nem sua Dulcinéia pode ser tão casta!

Sim, os escritores são artistas. Mas não o são como os outros artistas. Eles somatizam muito mais. Seus “eus” são de verdade, são muitos, e todos partilham o mesmo teto! Os escritos se vão, mas personagens ficam com todas as suas vicissitudes. São sacerdotes que sacrificam e são sacrificados, prostitutas que vendem sortilégios mas não compram a própria sorte, chegam a ser o céu de todas as suas estrelas e o mar que se esbate nos rochedos infindamente. Na sua escuridão dores e afagos, gritos e silêncios, sorrisos e lágrimas, não são vistos mas sentidos. Seus orgasmos são íngremes e sua paz pode ser um abismo insondável. Ora em sã penitência, ora uma orgia ambulante. Sempre sem testemunhas humanas.

Apenas os seus textos poderão ser vistos. Escolherão algumas palavras, para usar como uma larga estrada em direção ao seu âmago. Mas logo ela será uma picada pedregosa e um pouco além, não mais que rastros. No entanto, quando suas próprias escuridões forem tocadas, a luz se fará. E não será mais necessário seguir as palavras. Porque sendo elas plenamente compreendidas ou não, o messiânico destino do artista estará cumprido. Mais que isso: a luz da arte estará gravada na memória celular da posteridade e produzirá outras gerações. Ninguém mais julgará a sanidade do poeta... E dirão com muito mais lucidez: “Os poetas não morrem”.

Foto de fer.car

O QUE VEJO

Vejo pessoas com o olhar tão distante
Falta-lhes algo além do que já possuem
Falta-lhes vida, algo a mais a sentir
Vejo sorrisos falsos soltou ao léu
Sorrisos insatisfeitos com as coisas que vêem
Mas ante a frieza dos dias em que se vive, nada lhe basta
A não ser este sorriso mudo, sem vida, estático, que nada expressa
Vejo bocas que dizem barbaridades, amaldiçoam, denigrem
Palavras de ira, de revolta
Vejo que falta mais compaixão e piedade nos corações humanos
Diante de um mundo em que poucos são realmente dignos e probos
Em que poucos sabem o sinal de felicidade e do amor
E mais poucos ainda dormem com a alma limpa e a paz dentro da alma
Vejo que momentos são perdidos
Crianças são cada vez mais precoces e carentes de pais
Os sonhos cada vez mais longínquos
O amor mais comedido, frustrado e desejado
Vejo que muito se diz e pouco se faz
Muito se odeia e pouco se ama
Muito se critica e pouco se incentiva
Vejo que as pessoas não sabem mais acreditar no amanhã
E deixam de viver, de sentir, de serem mais além de si mesmas
Fecham-se em seu pequeno mundo
Calam as maiores dores e não sabem dividir sentimentos
Vejo que estamos na época do consumo exarcebado, da alma cada vez mais vazia
Onde está a poesia, a magia de ser e do existir, o calor, a brisa, enfim, a vida?
Onde está você que ainda sonha como eu, que ainda ama intensamente?
Onde está você que acredita no futuro, que luta, que persiste?
Porque não posso aceitar esta reles realidade, que me dilacera por dentro?
Não aceito esta mediocridade, esta falta de valores morais.
Quero viver com tudo que posso
Querer além de tudo, de mim
De meus anseios e de minhas próprias forças
Quero muito mais...
Porque simplesmente estou viva
E isso é o bastante, isso me basta
Para eu sonhar...
Porque o que vejo é muito pouco
Perto do que ainda sonho
E ei de sonhar sempre...

AUTORIA: FERNANDA CARNEIRO
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

Foto de fer.car

O que vejo....

Vejo pessoas com o olhar tão distante
Falta-lhes algo além do que já possuem
Falta-lhes vida, algo a mais a sentir
Vejo sorrisos falsos soltou ao léu
Sorrisos insatisfeitos com as coisas que vêem
Mas ante a frieza dos dias em que se vive, nada lhe basta
A não ser este sorriso mudo, sem vida, estático, que nada expressa
Vejo bocas que dizem barbaridades, amaldiçoam, denigrem
Palavras de ira, de revolta
Vejo que falta mais compaixão e piedade nos corações humanos
Diante de um mundo em que poucos são realmente dignos e probos
Em que poucos sabem o sinal de felicidade e do amor
E mais poucos ainda dormem com a alma limpa e a paz dentro da alma
Vejo que momentos são perdidos
Crianças são cada vez mais precoces e carentes de pais
Os sonhos cada vez mais longínquos
O amor mais comedido, frustrado e desejado
Vejo que muito se diz e pouco se faz
Muito se odeia e pouco se ama
Muito se critica e pouco se incentiva
Vejo que as pessoas não sabem mais acreditar no amanhã
E deixam de viver, de sentir, de serem mais além de si mesmas
Fecham-se em seu pequeno mundo
Calam as maiores dores e não sabem dividir sentimentos
Vejo que estamos na época do consumo exarcebado, da alma cada vez mais vazia
Onde está a poesia, a magia de ser e do existir, o calor, a brisa, enfim, a vida?
Onde está você que ainda sonha como eu, que ainda ama intensamente?
Onde está você que acredita no futuro, que luta, que persiste?
Porque não posso aceitar esta reles realidade, que me dilacera por dentro?
Não aceito esta mediocridade, esta falta de valores morais.
Quero viver com tudo que posso
Querer além de tudo, de mim
De meus anseios e de minhas próprias forças
Quero muito mais...
Porque simplesmente estou viva
E isso é o bastante, isso me basta
Para eu sonhar...
Porque o que vejo é muito pouco
Perto do que ainda sonho
E ei de sonhar sempre...

Foto de Neryde

Reflexão....

No caminho para o trabalho observo,
a paisagem, as pessoas.....
Todas indo de um lado pro outro,
sem nem se olhar,muito menos se falar.

Algumas seguem apressadas,
outras à passear, caminhar...
Pessoas sorrindo,conversando
e outras, às vezes chorando.

Umas seguem sozinhas com sorriso na face
e outras pensativas com olhar triste.
Enquanto umas carregam um ar de alegria,
porque algumas estão tão sérias?

O que pensam essas pessoas?

Pensam em quanto o mundo é injusto,
poucos com tanto, tantos sem nada.
Quanta exploração feita por nós próprios,
à nossos semelhantes!

Nada justifica sermos
tão mesquinhos...
Causarmo-nos tantos infortúnios,
se na essência somos iguais!

Biologicamente nascemos e morremos,
renovamos o ciclo da vida.
Sofremos por sentimentos e dores,
comuns nas diversas etapas da vida.

Acredito e imagino uma terra
com menos avareza,
os homens irmanados lutando
pela busca da paz!

Unidos contra inimigos comuns
como a fome, a doença ,a dor
e outros tantos sofrimentos,
preconceitos e conceitos.

É imcompreensível que se perca
tanto tempo,dinheiro e "tecnologia"
na fabricação de armas químicas,
biológicas que só causam à morte.

A evolução tecnológica,
em busca do bem estar
que alcança alguns,privilegia outros.
E o bem comum,ainda fica a desejar...

Na minha opinião ainda somos,
o homem dos primórdios,
nos dias atuais , em relação
aos direitos universais...

Privilegiamos a guerra,a manipulação,
a escravidão que ainda impera.
Pela força do poder do dinheiro,até então
mal necessário para nossa sobrevivência.

Nossa política corrupta é quem detém,
o poder do dinheiro que influi no destino,
de cada um de nós em particular
e no de nós todos, no conjunto.

Quanto mal ainda causará o domínio,
desta minoria corrupta e injusta
a esta maioria submissa e reclusa?

Deus foi nosso criador, mas não será
interventor do nosso "destino".
Somos nós maioria submissa,que devemos
resolver nossos problemas familiares.

Portanto numa grande dimensão,
caminhemos nós então!

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