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Ah, coca-cola que o meu corpo vem refrescar,
onde estará o teu amado, amado meu?
Eu te bebo sem dever procurando-o
mas você é dele e não ele.
Ah, amiga minha coca-cola,
cá estamos nós duas a esperar.
Eu invejo-te quando ele a cheira, a deseja
não sei por quanto tempo suportarei tal divisão.
Coca-cola que corre em tantas veias,
mas tua cor é não-rubra, e negra és, e
semelhante ao petróleo, és também
um combustível de máquinas humanas.
Combustível de mentes estressadas,
século vinte e um de pernas apressadas,
tempo escasso e mais uma coca-cola...
Fique aí, coca-cola, na tua morada refrigerada.
Ainda estás melhor que eu,
neste domingo rabugento,
tempo quente, seco, sedento,
inóspito, inócuo e cheio da ausência dele.
Ah, coca-cola!
Poderia eu em ti me afogar,
e tentar sentir o que ele sente,
quando os teus lábios vai beijar,
mas tudo vazio ainda iria continuar.
Assim ficamos nós duas.
Eu a esperar, você a esperar ficando,
torcendo para que este domingo acabe,
a segunda amanheça, e imaginando
ele para nossos braços Retornando.
© Por Lilly Araújo- Direitos Autorais Reservados.