Pernas

Foto de nelllemos

Pernas tremulas

Inteiro estou
E me faço com você
Dentro de mim
Tua língua a transpassar
Minha alma
Tuas mãos cheias de dedos
Tocando todos os meus desejos
Os meus desejos crus
Os nossos desejos nus

Sinto tuas pernas tremulas
Do teu prazer alcançado
Cultivada essa flor
Em nossa cama
Tua rigidez não me engana
A tensão de me ter
Só pra vir se meter em mim
Você

Todos os nossos delírios
Às vezes perversos
Às vezes contidos
Nos entrega
Nos entrega um ao outro
E eu te oferto os meus gemidos
Que só o teu ouvido
Faço ouvir

Nell Lemos
02/03/07

Foto de nathaliabrant

PERNAS BAMBAS

Sei lá o que me aconteceu
Sinto-me diferente
Livre, leve e solta.
Sinto-me em liberdade
Uma liberdade que jamais experimentei.

Sinto uma coisa diferente.
Um cala frio passando sobre minhas espinhas,
Uma mão tremendo sem saber o que fazer,
Um pensamento que voa longe,
Um frio na barriga,
Uma vontade jamais sentida de estar junto a pessoa querida.

Só de pensar minhas pernas ficam bambas,
E novamente sinto um frio percorrendo todo meu corpo.
Já não consigo mais dormir direito,
Pois meus pensamentos não me deixam.

É, eu tive coragem de falar
Que foi sim, pelo meu amigo que fui me apaixonar.
E posso te falar que ele fez acontecer,
E agora valer a pena eu irei fazer!!!

Nathalia Brant Malta Salgueiro
06 de junho de 2007

Foto de Ednaschneider

Delírios

Quero ficar assim um pouco em silêncio
Só ouvindo você respirar...
Deitada sobre teu corpo, eu penso:
Como é bom te amar!

Você agora respira baixinho
E as batidas do coração voltaram ao normal
O sorriso meio sem jeito
Resultado do amor satisfeito
Do ritmo frenético, um pouco em desalinho
Na medida certa do que se chama “sensual”.

As pernas trêmulas,
Meu corpo colado ao teu!
Constatar que não foi prazer apenas.
Que é amor abençoado por Deus!

Ergo o rosto com carinho e desejos
Passeio sobre teu corpo...Vou até sua boca...
Com meus lábios digo com beijos
Que te amo...Que por ti sou louca.

Você se ergue na cama
Teu corpo já descansado...
E volta para mim com sede, com gana
Num ritmo meio apressado...

Deixando-me em chamas
Quando declaras que me quer
Quando declaras que me amas
Que sou tua mulher...
E que em mim derrama
O delírio do amor e do prazer.

Joana Darc Brasil*
*Direitos reservados à mesma.
11 de julho de 2007

Foto de Maiakovsky

Corpo de nuvens

Em meu leito minha querida:
teu corpo de nuvens,
tua inavasão torrencial.
Em monumentos de luz:
teu cobertor de verão,
teus céus de primavera,
as aves de tua pele.

Vez por outra, me deparo,
visto-me de teu beijo,
tua chuva, teu canto de silêncio.
Em minha pátria minha querida:
calotas onde moram vértices,
rosa-dos-ventos de teu corpo.

Minhas pernas em tuas pernas:
confusão das línguas de Babel,
ruidosas flautas, colunas romanas.
Cachos áureos de teu rosto,
toda perspectiva incontrolável,
toda folia de teus abraços.

Em minha noite querida minha:
tua aurora possante,
teus polos, teus magnetos,
o chão estrelado de teu colo.

Foto de Fatima Cristina

Camisa Branca!

Assim que cheguei à porta de casa percebi que estavas lá dentro. Rodei lentamente a chave na fechadura e nessa fracção de segundos fui assaltado por mil pensamentos. Estarias mesmo ali? Ao fim de tantos meses, depois de um silêncio tão grande? Claro que sim! O aroma do teu perfume é inconfundível e desde que cheguei ao Hall que fui invadido por ele.
Lentamente abri a porta e, como eu desejava, à minha frente estavas tu. Exactamente como sempre te imaginei. Tinhas a minha camisa branca vestida. Adoro ver-te com ela. E tu sabes disso, por isso a escolheste. As mangas levemente dobradas deixam ver a candura da tua pele, os botões, meio abertos, meio fechados, insinuam a curva do teu peito, a brancura do tecido deixa ver os contornos do teu corpo. Atrás de ti, e devido à claridade que entrava pela janela, visualizei a tua lingerie preta, as tuas pernas, e lá estavam as meias-ligas (huumm que sempre achei tão sexys).
Olhei-te nos olhos e percebi que lias os meus pensamentos. Tive vontade de te tirar a camisa branca, de te despir, de fazer amor contigo ali, no hall de entrada, e matar assim, todos os desejos, todas as saudades que tinha tuas. Mas tive medo de te assustar… (talvez por também eu estar assustado).
Aproximei-me, abracei-te com suavidade, com medo que fosses uma miragem e que eu estivesse a delirar. Com medo de te apertar com força e que tu te dissipasses como uma bola de sabão. «- É bom ter-te aqui.» Foi a única coisa que sussurrei enquanto senti o meu rosto tocar no teu. Senti o teu corpo tremer. Nunca percebi se tremias de frio, porque lá fora a neve baptizava os incautos que passeavam na rua, e tu vestias apenas a minha camisa branca, se tremias de emoção por me sentir ali tão perto. Não sei quanto tempo durou aquele abraço, mas senti que podia continuar assim o resto da noite… o resto da vida… e enquanto o abraço durasse, sabia que não ias voltar a partir.
Desprendeste-te do meu abraço e levaste-me para a cozinha. À minha espera estava uma mesa requintadamente preparada. Não esqueceste a elegância da toalha, a magia das velas, o meu vinho e o meu prato favoritos. Durante o jantar falaste de trivialidades e eu olhava-te sorridente e conversadora, com a minha camisa branca, e senti que não te podia voltar a perder, e que o teu lugar era ali.
Fui preparar o café. Continuei a observei-te e percebi que apesar do teu corpo estar ali tão perto, o teu espírito tinha-se ausentado. Vi o teu olhar perdido na janela, observando a Vida a fluir lá fora. Num flashback recuperei a memória dos dias em que te perdias na paisagem da minha janela.
«- É bom voltar a estar aqui.» Disseste, parecendo regressar. Por um momento senti a tua voz embargada e pensei que estivesses a chorar. Olhei-te novamente. Lá estavas tu, debruçada sobre a janela, com a minha camisa branca… e à contra luz voltei a ver os contornos do teu corpo…a tua lingerie preta… a renda das tuas ligas…Como uma trovoada inesperada de Agosto, aproximei-me de ti e tomei-te de assalto. Não pedi licença, não me fiz anunciar, tomei o teu corpo, no meu corpo, porque é meu, porque me pertence, porque ardia em desejo, porque quis fazer amor contigo desde que te vi ao entrar. E tu, entregaste-te como sempre fizeste, sem perguntar como nem porquê, deixaste-te ir como um rio que corre para o mar, como a folha que se deixa guiar pelo vento. E enquanto a neve gemia ao tocar nos vidros lá fora, tu gemias de prazer nos meus braços.
Fizemos amor ali, na mesa da minha cozinha, com a minha camisa branca a testemunhar aquela união dos nossos corpos. Levei-te para o quarto, para aquela cama tão fria desde que foste embora. Fizemos amor o resto da noite, como se quiséssemos recuperar todo o tempo perdido, como se tivéssemos medo que o tempo ainda nos voltasse a separar.
Adormeci exausto. Adormeci feliz. Estavas ali outra vez, em minha casa, no meu quarto, na minha cama, protegida pelos meus lençóis.
De manhã acordei… sozinho… uma brainstorming assolou os meus pensamentos. Teria sonhado contigo? Terias realmente estado ali? Teria feito amor contigo? Sinto tanto a tua falta que já não distingo os sonhos daquilo que é a realidade… mas parecia tão real… Fechei os olhos na esperança de voltar a sonhar contigo, aninhei-me no teu corpo imaginário, deslizei as minhas mãos pelo espaço que naquela cama te pertencia e senti, debaixo da almofada algo que me era familiar… Esbocei um sorriso. Levaste novamente o teu ser, o teu corpo, a tua alma, mas deixaste o teu perfume… na minha camisa branca.

Foto de @nd@rilho

Andarilho nas Trevas

Há como seria bom,
Voltar ao tempo em que a paz,
Fazia sua morada em meu peito,

Quando a angustia não caminhava ao meu lado,
Quando o silencio não habitava meus lábios,
Quando meus braços eram fortes para resistir,
No tempo em que minhas pernas caminhavam,
A passos largos em direção ao futuro,

O que você fez comigo?
Por que levaste meu coração?
Por que roubaste minha luz?

As trevas que habitam em mim,
Me mostram apenas falta de esperança,
Meu espírito vaga na angustiante escuridão,

Volte Luz ! ! !

E arranque as trevas que devoram minha alma,
Rouba minha vontade de viver,
Estou cansado de vagar sem um norte,
Estou farto de ser um andarilho nas trevas,

Volte luz ! ! !

Ofusque as trevas,
Devolva-me as forças,
Para que hoje eu não seja a caça,
Que vai saciar a sede de sangue,

Volte Luz ! ! !

E me torne luz que ilumina os caminhos,
Me torne a mão que ampara e afaga,
Me torne o beijo do perdão,
Para que eu siga e encontre um coração
Que mereça ser aquecido pelo meu amor !!

Foto de @ngel

você

Procurei o teu olhar em cada canto da cidade,
Sua presença parece ser constante em minha vida ,a cada dia .
Sinto suas mãos acariciando meu corpo, fecho os olhos e consigo
sentir seu toque, seu gosto , seu corpo colado no meu
nosso suor, seu perfume
Sua boca colada na minha, sua língua devorando minha boca com paixão
Suas pernas coladas junto ao meu corpo, e se eu disser que não há amor estarei mentindo
Há muito mais que isso ,
paixão, desejo incontrolável de te amar cada vez mais ,
desejo de não me afastar de vc nem por um minuto sequer,
vontade de tocar seu corpo ,e sentir a sua pele,
sem dizer uma palavra,
porque entre nós já não existe o que dizer,
os olhos falam , nossas bocas murmuram mesmo sem som,
nossas mãos trocam carícias que nossos corpos tanto desejam,
Queria agora olhar nos teus olhos e dizer o quanto te quero,
o quanto te amo e o quanto te esperei e te espero.
Tocar suas mãos , e mesmo com meu coração acelerado conseguir sufocar o imenso desejo que sinto nesse momento de te amar...
Talvez tudo isso possa acabar
assim como começou , mas na minha memória ficaram dias felizes,
noites intermináveis de amor paixão , desejo,sussuros , palavras de amor , que se perderam no vazio daquele quarto onde um dia te amei... e hoje sinto sua falta,
Ficará pra sempre o quanto fui feliz
nos momentos que nos amamos e até quando trocamos uma simples carícia
numa mesa de bar....

@ngel c@ccer

Foto de Remisson Aniceto

Ave

Ontem, vi um pássaro no estertor da morte.
As asas não içavam o frágil corpo.
Das pernas _ finos gravetos _ esvaía a firmeza.
Peguei-o e não o senti: já não havia
movimentos, apenas tentativas internas.
E eu, que sempre, tantas vezes,
desejei alçar vôo como as aves
e desfrutar da liberdade da altura,
senti-me inútil...
Aquele pequenino ser, naquele momento
quisera sê-lo para transpor
as barreiras da liberdade.

Foto de LordRocha®

Criação...

Na criação foi me dado membros que são seus escravos.
Olhos que buscam no infinito, sua presença;
Narinas que procuram, a suave fragrância da sua pele;
Ouvidos que não cessam de buscar, a sua doce voz;
Lábios que numa débil ternura, buscam os seus;
Pele que em agonia constante, busca o calor do seu corpo;
Braços que querem, a todo instante sustenta-la;
Pernas que buscam, o caminho mais curto e rápido até você;
Coração que como um ninho, acolhe o amor que sinto por você;
Cérebro que cria e declama a importância da sua existência;
Rosto que na agonia e na angustia, busca o afago de suas mãos;
Sou escravo desse amor: enxergo, cheiro, ouço, beijo, sinto, penso...
“Amo. Logo, você existe.” Eu existo por você, para você, sempre...

Foto de TrabisDeMentia

Onze da noite

Onze da noite. Soava a campainha. “Aposto que ele estava à espera que a hora chegasse” pensei enquanto me dirigia à porta atando meu robe. Ajeitei os cabelos ainda húmidos e espreitei pelo orifício enquanto levava uma mão à maçaneta. Do lado de fora aguardava um indivíduo cabisbaixo. Não era ninguém que eu não esperasse! Corri o trinco e cumprimentei-o com um sorriso! “Entre”, Ordenei em tom de pedido e estendendo a minha mão à sala de estar. “Sente-se ali por favor, no sofá”. Não era um jovem bonito, mas era contudo interessante. Musculado o suficiente para me despertar a curiosidade e abastado de masculinidade se bem me quis parecer. Fiquei observando-o caminhar enquanto fechava lentamente a porta. “Sim, sem dúvida o que eu estou precisando”. Dei duas voltas à chave como sempre faço quando tenho visitas. Se por um lado transmite segurança a quem vem por bem, por outro lado transmite desconfiança a quem vem por mal. E eu gosto sempre de saber em que terreno estou pisando antes de partir para a caça. Aproximei-me do jovem contornando o sofá pela esquerda e me debruçando sobre as costas deste. “E vai querer beber alguma coisa?” Ele se virou e num instante desviou seus olhos para o meu robe propositadamente entreaberto. Antes que ele se engasgasse ao me responder eu continuei - “Não tenho nada com álcool, mas tenho sumo, água...Tenho chá preto fresco, quer?”
“Pode ser chá então se não se importar” disse ele retomando a posição. Atravessei a sala lentamente em direcção à cozinha. Pelo ruído quis-me parecer que ele estava se ajeitando por entre as calças. E concerteza que estava me observando. Assim é que eu gosto, de deixar meus convidados bem esfomeados antes da refeição! De mostrar à presa quem é o predador!

Não demorei mais que dois minutos. O jovem estava debruçado sobre a mesa de vidro com um ar de expectativa. “Espero que não se importe, preparei para si também!”. Não pude evitar o meu ar de surpresa. Afinal não é todos os dias que me deparo com um espectáculo destes! “Não! De jeito nenhum! Hoje vamo-nos divertir imenso!” - disse eu enquanto me ajoelhava e descortinava o porquê dos ruídos! Com um cartão de crédito ele ajeitava o risco de pó branco na minha direcção. Me estendeu uma nota de vinte enrolada sobre si mesma e me convidou. “Não! Você primeiro” retorqui lhe devolvendo a mão! Não se fez rogado! E na mesma sofreguidão que inspirou o pó se recostou no sofá! “Agora eu!”. Levei a nota á narina e limpei o que restava na mesa! Ele olhava para mim com um rasgo ofegante nos lábios e eu... Que saudades que eu tinha disto! Me sentia como que... Viva! Do meu coração partia uma sensação que se espalhava até ao formigueiro na ponta dos dedos! Fitava o jovem com meus dentes serrados, lábios entreabertos, olhar de desejo! Gatinhei até ele e me encaixei entre as suas pernas! “Era assim que me querias?” - falei sem esperar resposta. Puxei a sua camisa branca para fora das jeans e comecei pelo botão de baixo, escalando em direcção ao seu peito, ao seu pescoço. Ele me pegou nos cabelos e deixou que eu levasse minha língua até os seus lábios. Trepei para cima dele, e deixei que ele me desatasse. Sentia ele pulsando sob mim, pulsando a um ritmo louco. Como que implorando pelo meu toque ele se esfregava. Mas é assim que eu gosto, é assim que eu gosto! “Vem cá” disse eu lhe mostrando o caminho com a minha mão! “Vê como eu estou!” - O jovem não cabia em si com tanta loucura, tanto tesão. Tomou meus seios como se fossem dele e se vingou. Queria que eu devolvesse a ele o prazer que ele me estava a dar. “Mas eu devolvo, eu devolvo” -pensei. “Tira as calças” -mandei. Ele num ápice as chegou aos joelhos. Mostrava-se abastado, como eu já esperava pela firmeza das investidas. O tomei em minha mão e me apressei em aconchegá-lo em mim! A sua falta de ar estava, a cada batida, mais apercebida. Ele me olhava boquiaberto com ar de deslumbramento. Eu retorquia com movimentos mansos... Sob as minhas mãos palpitava um coração descontrolado. Cravei as unhas e demarquei meu espaço na sua boca. Sua língua me procurava numa ânsia louca. Demasiado louca para se conter num só lugar. Demasiado grande para caber num só sofá. Agarrou em mim e sem se permitir afastar me jogou no chão. Cruzei minhas pernas sobre as suas costas enquanto ele me ganhava centímetro a centímetro, enquanto palmo a palmo me arrastava pela sala. “Quero mais que isso, muito mais que isso” - eu avisava, mas ele já nem me ouvia de tão surdo que estava. Todo o seu ser se resumia num único ponto e com um único objectivo: me vencer no prazer. Encurralou-me num canto... Uma mão sob mim, outra na parede. Nada poderia ser mais perfeito. “Queres saber o que é prazer?" - Ameacei. Seus movimentos cada vez mais frenéticos eram já de um comboio descarrilado. “Queres?” - E no momento em que ele se enterrou em mim, eu me enterrei nele. Cruzei forte as minhas pernas e não lhe permiti nem mais um movimento.
Sob os meus lábios o quente sabor do prazer. Sob os meus lábios, em cada vez que ele compulsava, o doce sabor do sangue, impregnado de toxinas, me levava ao êxtase. Como leoa esperei pela morte incrédula da caça. Ali naquele canto, me satisfiz!

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