Peito

Foto de LuizFalcao

"Fica em Paz"

De Luiz Antônio de Lemos Falcão

Ao recolher-me, ainda forte o vazio,
Herança da ausência tua!...
Deitado, as memórias não me permitem um repouso.
E como dói essa presença que tais memórias me trazem!...Esse vazio tão cheio de saudades!...
E nos teus lugares preferidos, e em cada canto da casa, sinto-te ainda tão presente!...
Vejo passares de um cômodo ao outro nos teus afazeres diários e rotineiros,
E o cansaço que nos últimos dias, te afligia o corpo enfermo.
Vejo no rosto estampada a tua tristeza e no olhar as tuas alegrias que são os teus amores, os teus rebentos.
O Olhar teu, desvendando os segredos dos olhares nossos, decifrando-nos os sentimentos.
Das mãos tuas, o calor intenso do amor que nos aquece o coração.
Sobre as nossas cabeças, as mesmas mãos nos ungem de bênçãos,
E com orações protege-nos o teu amor, movendo o céu, o dedo de Deus ao nosso favor.
Longe, em nossa infância, vão buscar-te mais lembranças trazendo-te pelas mãos.
Novamente aos nossos ouvidos a doce voz do passado que embala o sono,
Ao mesmo tempo em que corrige os nossos erros com severas advertências.
Sinto no rosto, os peitos que naqueles dias mataram a minha fome,
Teu cheiro me faz descansar seguro.

Memórias!...
Levam-me de um lado para o outro e em segundos, tantas lembranças!
De tantos sorrisos, de muitas lágrimas, de esperanças e de força, muita força...
Quanta força em tão frágil ser!...Quanto ser em tão frágil corpo!...
O corpo... Cárcere, sofrido, doido!...Cansado de viver!...
Exausta, minha alma não descansa, e novamente vêem as lembranças.
Tão tristes... doídas...recentes! Novamente me põem diante da pedra fria.
Pedra... Aonde o teu cárcere envolto em mortalha, me fez chorar.
No desatar das amarras, descobria o corpo nú, ao qual novamente cobri com teus melhores vestidos.
Debrucei-me sobre o peito, ainda quente, do corpo pálido e inerte.
O coração em silêncio não fazia mais fluir em tuas veias a minha vida rubra.
Enquanto te olhavam os olhos meus, meu coração perguntava por ti:
Onde estavas minha vida? Para onde foras minha querida?
Onde estava o consolo de tua presença vívida?
Confuso, incrédulo da ausência tua, desesperava-me a saudade.
Saudade!... Salgada, molhada, brotada da lamina dos olhos, dói no peito, rasga a alma!
Quanta saudade se pode sentir, sem sufocar, sem morrer?
Quando enfim, com voz embargada e tremulante pronunciei a palavra adeus, ouvi em meu íntimo tua voz de criança dizendo-me:

“Não sofras...Fica feliz! Estou transpondo os portões da cidade dourada! Minha cidade amada...Meu lar! Vejo todos. Os que amo, me aguardam. Entre eles, o mais Amado! Nos braços Dele, do meu Senhor, de toda luta e dor, de toda lágrima, enfim... Descansar! Sei que sofres, pois também já senti essa dor, mas creia em mim...Tudo passa! O tempo é como a água que escorre entre os dedos e logo se vai. Há de chegar o dia em que estarás transpondo os mesmos portões e eu...Eu também estarei lá aguardando para te abraçar e tu estarás feliz assim como estou agora. Então, viva o tempo que tens da melhor maneira. Viva com intensidade cada segundo, cada momento até que chegue o nosso dia de estarmos juntos outra vez. Fica feliz! Fica em paz!”

E nesse consolo que não consola, novamente me vi chorando num misto de dor e de raiva...Tanta raiva!
E tanto amor! O amor que vinha do fundo das entranhas e que socava as vísceras até explodir na garganta um canto.
Melodias vibravam as cordas vocais e jorraram como um rio não represado, posto que os olhos secaram como a terra sem chuva.
Meu lamento era sonoro. E sonora foi toda aquela noite!
Enquanto outros velavam seus mortos, as notas sofridas fluíram alto... Muito alto na madrugada!
Meu corpo tremia levitando o meu lamento! Elevei as alturas minha dor em cânticos de amor e de saudades.
E nesse instante viajei pelo tempo. No passado distante e no recente.
E lembrei de tudo o que foi e não seria mais.
Pensei nos cantos vazios da casa. Nos olhares que estariam ausentes.
Nos sons dos sorrisos. Nas brincadeiras. Nos beijos molhados em minha face.
E na voz que sempre ouvia abençoar minhas partidas: “Deus te abençoe e te traga em paz”
Enquanto contemplava teu rosto em profundo sono, ouvi em meu espírito novamente ecoar as palavras:
“Fica em paz!”... “Fica em paz!” “Paz!...”

Estas últimas, porem marcantes lembranças, gostaria de esquecer e guardar apenas aquelas que sempre me farão sorrir, mais a vida não é toda feita de momentos felizes apenas, nem de presenças perpetuas, mais com certeza, alegres ou tristes, sempre presentes estarão as lembranças, e nelas mamãe querida, comigo sempre estarás, por onde quer que eu vá. “Te amo”

Em memória de minha mãe Maria de Lourdes Lemos Falcão.
De Luiz Antônio de Lemos Falcão. Rio 19/11/1998.

Foto de Soélis

UMA FLOR PARA VOCÊ.

UMA FLOR PARA VOCÊ.

Autor : Soélis Sanches

Em algum momento da vida você teve a curiosidade de observar os encantos que Deus colocou diante de nós, e que em muitos casos passam despercebidos ?
Há quem diga que uma flor tem o dom de alegrar e trazer felicidades para as pessoas.
Ela é impar, sem igual. !
Se não bastasse o teu encanto e o teu perfume, ela também, é exclusiva, na tua perfeição, da mesma forma que as mãos do Criador.
Você já observou que o beija-flor só baila para a flor ?
Você já observou que a doçura do mel é dela extraído ?
Então, por tudo que você representa na minha vida, pela tua amizade, pelo teu amor, venho trazer-lhe esta flor.
Do sublime perfume que exala de tuas infinitas pétalas, que ele vá diretamente no teu coração para demonstrar todo o meu carinho por você.
Flor, uma flor para você, para que ela faça lembrar no teu íntimo toda minha admiração e respeito que por você carrego dentro do peito.
Por tudo que você representa, por ser a razão do meu sorriso, em tuas mãos deixo esta flor, formosa e cheirosa.
Trago uma flor para alegrar teu dia se por acaso não esteja bem.
Ela lhe falará de minha satisfação em vê-lo cada vez melhor.
Trago uma flor para que ela fale da amizade que lhe devoto.
Da imensa alegria que tenho em sabê-lo, morador eterno do meu coração.
Obrigado por fazer parte de meu mundo, e que o sublime perfume desta flor e a sua doçura de mel sejam uma constante no teu viver.

Foto de Guria

Não consigo te esquecer!

Por mais que eu tente acho impossível e difícil amar alguém como eu te amo mais eu não irei desistir. Tento te esquecer mais eu já notei que é impossível. Sempre que eu penso em você eu olho pra lua para minimizar a dor do meu peito e difícil amar alguém assim como eu te amei.
Eu sempre fico reparando os seus cabelos castanhos, seu jeito como você falar, como você expressar em sua forma de agir,como você anda em fim o seu jeito de ser,apesar de tudo eu tento esquecer a dor que esta ainda cravada em meu coração.
Não queria mim apaixonar por você mais não há quem te ame mais que eu ,fico triste por amar você e fingir que eu nem existo, preciso falar muitas coisas mais tem coisas que eu mesmo nem sei explicar.Eu culpo-me todos os dias por gostar tanto de você.Quando eu vejo você fico em desespero mim encanta sua esplêndida e encantadora beleza.Eu tento disfarçar mais eu não consigo esconder esse amor estranho que sendo por você tem vezes que eu grito,choro,fico feliz eu nem sei dizer ao certo que sinal essas reações querem dizer.Eu já chorei por você mais essas lagrimas que derramei por você não adiantou em nada foram lagrimas perdidas.Não tenho culpa que se mim apaixonei por você também não tenho culpa se você e tão lindo e tão majestoso da primeira vez que eu ti vir sentir lhe uma forte atração e nunca iria imaginar que essa atração iria substituir a palavra amor.Os seus olhos brilham ao amanhecer a ti confessarei meus segredos,tu és e única pessoa no mundo que sabeis disso tua face alegra meu dia, posso passar a vida inteira te esperando mais nunca perderei o amor que tem dentro do meu coração.O tempo passa somente minhas esperanças do meu amor por você não passara.

Foto de NiKKo

Chuva - lágrimas de saudade.

Chuva. Lagrimas de saudade.

Os pingos da chuva batem insistentes na janela.
O frio que tudo domina se agigante em mim.
Embora aquecida com roupas macias e confortáveis,
meu corpo treme como se fosse uma folha de capim.

Meus olhos acompanham as gotas a escorrer nos vidro
como se eles fossem lagrimas do tempo a sinalizar
que neste inverno em que minha alma se encontra,
somente sua presença poderia o meu céu iluminar.

Mas o barulho da chuva que vai caindo insiste
em fazer meu coração sentir dentro dele a melancolia.
A tarde cinzenta, fria e chuvosa retrata meu coração
que distante de você, não sente alegria.

Porem eu sei que depois do inverno e da chuva,
a primavera chegara trazendo a tarde quente e ensolarada.
Então terei você em meus braços novamente
e a saudade que agora se abate sobre mim, será afastada.

E meu peito sentira a alegria de poder estar ao seu lado
e esse frio e melancolia que agora sinto deixarão de existir.
Terei ao meu lado sua presença meiga e carinhosa
e minha alma cantara de alegria, para razão do meu sorrir.

Pois é sua presença que me aquece e ilumina
que me faz acreditar em dias melhores e de calor.
Somente na sua presença eu sou inteira e feliz
porquê você é a alegria e meu amor.

Foto de NiKKo

Poesia - retrato de minha alma

Hoje eu acordei com meu peito apertado pela saudade,
talvez porque o dia amanheceu nublado e sem cor.
Fiquei horas buscado na memória momentos vividos,
e lagrimas rolaram pelo meu rosto, registrando a minha dor.

Olhando velhas fotos esquecidas em uma gaveta qualquer,
mais forte as lembranças se apossaram de mim.
Fizeram com que eu me olhasse no espelho da vida
e percebesse que a minha felicidade teve fim.

Mesmo que eu tenha a todos enganado que estou feliz,
que te esqueci, que tudo o que contigo vivi eu superei.
Teu amor criou em um vácuo negro e profundo
onde todos os meus sonhos, envoltos na tristeza eu sepultei.

Por isso hoje eu chorei ao reler velhos poemas
pois ali cada verso era meu amor por você revelado.
Solucei sentindo em minha alma o frio da solidão
pois há muito tempo que já não tenho você mais ao leu lado.

E as lagrimas que iam caindo sobre as folhas amareladas
borravam as palavras que o tempo não apagou.
Fazendo com que cada verso ainda mais me retratasse
deixando nela um caminho meio que sem vida, como hoje estou.

Desta forma revivendo o passado em cada folha e cada letra
pintou a dor que abrigada se escondia em meu Ser.
Retratou na poesia o sofrimento e a saudade de um tempo
que embora eu queria, eu não consigo esquecer.

Assim eu vi que nas entrelinhas de meus versos
eu sempre escondi seu nome como um relicário de ilusão.
Fazendo de cada vogal ou consoante um terço
onde eu entoava hinos de saudade, ao deus da solidão.

Foto de Folhinha

Amo, todo o sentir...

Amor, todo o sentir

Todo o sentir que a boca não traduz
Mas que habita a alma incandescente
Qual treva na noite e no dia a luz
Amor é dor sublime que se sente

Por amor foi que um dia na cruz
Num gesto de humildade sem par
Em sofrimento pereceu Jesus
E pela morte vida veio dar

Vida e amor infindo sem fronteira
Também este que assim desta maneira
Me inflama o peito além do horizonte

Em tão vasta largueza, em tal lonjura
Que mais não sei que da afeição tão pura
Que em mim brota como a água da fonte

Nita Ferreira

Foto de Herlânder Lobão

Mar de solidão

Mar de solidão
HerLânder Lobão

Tudo distante, este mar consome
Em turbulentos gestos, tão bravio
No peito um desgosto que não dorme
Na alma um calor com tanto frio

Não sei que mais me quer, tanto agita
Tão bravo vem, tanto que me tenta
Preso, fico a tudo que me grita
E calado a ver sua tormenta

E sigo já sem praia a meu redor
Pisando as pedras gume que de cor
A alma distingue na escuridão

Entre melancolia e saudade
De mim se perde o que é verdade
Por ganho, tenho um mar de solidão

HerLânder Lobão

Foto de Jonas Melo

Eu te Amo

Eu te amo !

Porque você es o primeiro pensamento em meu amanhecer;

Eu te amo, porque pensar em você alivia a espera de um momento nosso novamente;

Eu te amo incondicionalmente, porque com você aprendi que amor é um não se espera reciprocidade, nós simplesmente fazemos uma escolha e eu escolhi amar você;

Eu te amo, porque minhas lembranças mais doces e mais divinas remetem-me sempre a você;

Porque na madrugada ao escutar tua voz de menina mulher meu corpo entra em êxtase e simplesmente adormece feliz;

Eu te amo, porque você é e sempre será o grande amor de minha vida, incondicionalmente se aceitares ou não, meu coração já escolheu amar você por toda sua existência;

Eu te amo, porque você me ensinou que amar é a melhor terapia para alma;

Eu te amo, porque com você eu aprendi que a verdade sempre deve prevalecer, por mais que venhamos a sofrer;

Porque com você também aprendi que a conquista da pessoa amada é diária e somos responsáveis por nossas escolhas;

Eu te amo, porque você entrou em minha vida e pouco a pouco mudou-a completamente e, fez eu ser o homem que hoje sou, um homem melhor e com pensamento diferenciado sobre o que realmente significa a palavra amor;

Eu te amo, porque es inteligente e, isso me atrai muito em você, mas do que o desejo insano de fazer amor contigo;

Eu te amo, porque a sua perspicácia já percebeu que sempre digo a mesma coisa (QUE AMO VOCÊ), mas sempre procuro elaborar textos diferentes, todavia carregado com a mesma essência de amar você sempre.

Eu te amo, porque só quem ama realmente, entende as razões e dúvidas da pessoa amada e a ama cada vez mais sem esperar ser amado, simplesmente ama, pois o amor é paciente e único no modo de amar;

Porque fostes a melhor coisa que aconteceu em minha vida, abriu-me os olhos para um novo amanhecer chamado amor, mas como tudo na vida tem um preço, creio que o meu preço é muito caro, simplesmente viver sem você, mas mesmo assim vou continuar te amando, pois te amar me faz bem, mesmo sendo meu destino, carregarei esse sentimento em meu coração eternamente até o fim de meus dias, quem sabe assim, aquele que tudo conhece e tudo vê, faça você refletir e visualizar que nenhum outro homem pode te fazer feliz e te dar o amor que guardo em meu peito;

Eu te amo, porque o último pensamento do dia também me remete a você;

Eu te amo, porque em meus sonhos você me aparece como um anjo, um lindo e meigo querubim de seis asas, com as quais você utiliza duas para flutuar e as quatros para me seduzir, encobrindo seu rosto e descobrindo seu sexo, assim me seduz e me enlouquece de desejo, alternando, cobrindo o sexo e descobrindo o rosto, descobrindo o rosto e cobrindo o sexo, de repente paras de flutuar e cai em cima de meu corpo e como diabinha atrevida, vestida semi-nua de vermelho, me ama incondicionalmente, alimentando minhas fantasias, saciando meus desejos e sonhos de você;

Eu te amo, porque por mais que venha acontecer várias mudanças e variações patológicas em seu corpo com o decorrer do tempo, em meu coração sempre vai está a lembrança daquela linda e meiga menina mulher, que eu conheci em uma manhã de setembro, mês lindo e abençoado, mês considerado pelos botânicos e amantes da natureza como das flores, o qual carrega a mãe primavera, e creio que foi ela que me trouxe a mais linda e singela flor chamada.....

Eu te amo muito, e sempre vou te amar, não precisa dizer o mesmo não;

Jonas Melo!

Foto de cafezambeze

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA (POR GRAZIELA VIEIRA)

ESTE É UM CONTO DA MINHA DILETA AMIGA GRAZIELA VIEIRA, QUE RECEBI COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO. NÃO CONCORRE A NADA. MAS SE QUISEREM DAR UM VOTO NELA, ELA VAI FICAR MUITO CONTENTE.

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA

Numa pequena cidade nortenha, o João Pirisca contemplava embevecido uma montra profusamente iluminada, onde estavam expostos muitos dos presentes e brinquedos alusivos à quadra festiva que por todo o Portugal se vivia. Com as mãos enfiadas nos bolsos das calças gastas e rotas, parecia alheio ao frio cortante que se fazia sentir.
Os pequenos flocos de neve, quais borboletas brancas que se amontoavam nas ruas, iam engrossando o gigantesco manto branco que tudo cobria. De vez em quando, tirava rapidamente a mão arroxeada do bolso, sacudindo alguns flocos dos cabelos negros, e com a mesma rapidez, tornava a enfiar a mão no bolso, onde tinha uma pontas de cigarros embrulhadas num pedaço de jornal velho, que tinha apanhado no chão do café da esquina.
Os seus olhitos negros e brilhantes, contemplavam uma pequena boneca de cabelos loiros, olhos azuis e um lindo vestido de princesa. Era a coisa mais linda, que os seus dez anos tinham visto.
Do outro bolso, tirou pela milésima vez as parcas moedas que o Ti‑Xico lhe ia dando, de cada vez que ele o ajudava na distribuição dos jornais. Não precisou de o contar... Demais sabia ele que, ainda faltavam 250$00, para chegar ao preço da almejada boneca: ‑ Rai‑de‑Sorte, balbuciava; quase dois meses a calcorrear as ruas da cidade a distribuir jornais nos intervalos da 'scola, ajuntar todos os tostões, e não consegui dinheiro que chegue p'ra comprar aquela maravilha. Tamén, estes gajos dos brinquedos, julgam q'um home não tem mais que fazer ao dinheiro p'ra dar 750 paus por uma boneca que nem vale 300: Rais‑os‑parta. Aproveitam esta altura p'ra incher os bolsos. 'stá decidido; não compro e pronto.
Contudo não arredava pé, como se a boneca lhe implorasse para a tirar dali, pois que a sua linhagem aristocrática, não se sentia bem, no meio de ursos, lobos e cães de peluxe, bem como comboios, tambores, pistolas e tudo o mais que enchia aquela montra, qual paraíso de sonhos infantis.
Pareceu‑lhe que a boneca estava muito triste: Ao pensar nisso, o João fazia um enorme esforço para reter duas lágrimas que teimavam em desprender‑se dos seus olhitos meigos, para dar lugar a outras.
‑ C'um raio, (disse em voz alta), os homes num choram; quero lá saber da tristeza da boneca. Num assomo de coragem, voltou costas à montra com tal rapidez, que esbarrou num senhor já de idade, que sem ele dar por isso, o observava há algum tempo, indo estatelar‑se no chão. Com a mesma rapidez, levantou‑se e desfazendo‑se em desculpas, ia sacudindo a neve que se introduzia nos buracos da camisola velha, enregelando‑lhe mais ainda o magro corpito.
‑ Olha lá ó miúdo, como te chamas?
‑ João Pirisca, senhor André, porquê?
‑ João Pirisca?... Que nome tão esquisito, mas não interessa, chega‑te aqui para debaixo do meu guarda‑chuva, senão molhas ainda mais a camisola.
‑ Não faz mal senhor André, ela já está habituada ao tempo.
‑ Diz‑me cá: o que é que fazias há tanto tempo parado em frente da montra, querias assaltá‑la?
‑ Eu? Cruzes credo senhor André, se a minha mãe soubesse que uma coisa dessas me passava pela cabeça sequer, punha‑me três dias a pão e água, embora em minha casa, pouco mais haja para comer.
‑ Então!, gostavas de ter algum daqueles brinquedos, é isso?
‑ Bem... lá isso era, mas ainda faltam 250$00 p'ra comprar.
‑ Bom, bom; estás com sorte, tenho aqui uns trocos, que devem chegar para o que queres. E deu‑lhe uma nota novinha de 500$00.
‑ 0 João arregalou muito os olhos agora brilhantes de alegria, e fazendo uma vénia de agradecimento, entrou a correr na loja dos brinquedos. Chegou junto do balcão, pôs‑se em bicos de pés para parecer mais alto, e gritou: ‑ quero aquela boneca que está na montra, e faça um bonito embrulho com um laço cor‑de‑rosa.
‑ ó rapaz!, tanto faz ser dessa cor como de outra qualquer, disse o empregado que o atendia.
‑ ómessa, diz o João indignado; um home paga, é p'ra ser bem atendido.
‑ Não querem lá ve ro fedelho, resmungava o empregado, enquanto procurava a fita da cor exigida.
0 senhor André que espiava de longe ficou bastante admirado com a escolha do João, mas não disse nada.
Depois de pagara boneca, meteu‑a debaixo da camisola de encontro ao peito, que arfava de alegria. Depois, encaminhou‑se para o café.
‑ Quero um maço de cigarros daqueles ali. No fim de ele sair, o dono do café disse entre‑dentes: ‑ Estes miúdos d'agora; no meu tempo não era assim. Este, quase não tem que vestir nem que comer, mas ao apanhar dinheiro, veio logo comprar cigarros. Um freguês replicou:
‑ Também no meu tempo, não se vendiam cigarros a crianças, e você vendeu-lhos sem querer saber de onde vinha o dinheiro.
Indiferente ao diálogo que se travava nas suas costas, o João ia a meter os cigarros no bolso, quando notou o pacote das piriscas que lá tinha posto. Hesitou um pouco, abriu o pedaço do jornal velho, e uma a uma, foi deitando as pontas no caixote do lixo. Quando se voltou, deu novamente de caras com o senhor André que lhe perguntou.
‑ Onde moras João?
‑ Eu moro perto da sua casa senhor. A minha, é uma casa muito pequenina, com duas janelas sem vidros que fica ao fundo da rua.
‑ Então é por isso que sabes o meu nome, já que somos vizinhos, vamos andando que se está a fazer noite.
‑ É verdade senhor e a minha mãe ralha‑me se não chego a horas de rezar o Terço.
Enquanto caminhavam juntos, o senhor André perguntou:
- ó João, satisfazes‑me uma curiosidade?
- Tudo o que quiser senhor.
- Porque te chamas João Pirisca?
- Ah... Isso foi alcunha que os miúdos me puseram, por causa de eu andar sempre a apanhar pontas de cigarros.
‑ A tua mãe sabe que tu fumas?
‑ Mas .... mas .... balbuciava o João corando até a raiz dos cabelos; Os cigarros são para o meu avôzinho que não pode trabalhar e vive com a gente, e como o dinheiro é pouco...
‑ Então quer dizer que a boneca!...
‑ É para a minha irmã que tem cinco anos e nunca teve nenhuma. Aqui há tempos a Ritinha, aquela menina que mora na casa grande perto da sua, que tem muitas luzes e parece um palácio com aquelas 'státuas no jardim grande q'até parece gente a sério, q'eu até tinha medo de me perder lá dentro, sabe?
‑ Mas conta lá João, o que é que se passou com a Ritinha?
‑ Ah, pois; ela andava a passear com a criada elevava uma boneca muito linda ao colo; a minha irmã, pediu‑lhe que a deixasse pegar na boneca só um bocadinho, e quando a Ritinha lha estava a passar p'ras mãos, a criada empurrou a minha irmãzinha na pressa de a afastar, como se ela tivesse peste. Eu fiquei com tanta pena dela, que jurei comprar‑lhe uma igual logo que tivesse dinheiro, nem que andasse dois anos a juntá‑lo, mas graças à sua ajuda, ainda lha dou no Natal.
‑ Mas ó João, o Natal já passou. Estamos em véspera de Ano Novo.
‑ Eu sei; mas o Natal em minha casa, festeja‑se no Ano Novo, porque dia de Natal, a minha mãe e o meu avô paterno, fartam‑se de chorar.
‑ Mas porquê?
‑ Porque foi precisamente nesse dia, há quatro anos, que o meu pai nos abandonou fugindo com outra mulher e a minha pobre mãe, farta‑se de trabalhar a dias, para que possamos ter que comer.
Despedíram‑se, pois estavam perto das respectivas moradas.
Depois de agradecer mais uma vez ao seu novo amigo, o João entrou em casa como um furacão chamando alto pela mãe, a fim de lhe contar a boa nova. Esta, levou um dedo aos lábios como que a pedir silêncio. Era a hora de rezar o Terço antes da parca refeição. Naquele humilde lar, rezava‑se agradecendo a Deus a saúde, os poucos alimentos, e rogava‑se pelos doentes e por todos os que não tinham pão nem um tecto para se abrigar., sem esquecer de pedir a paz para todo o mundo.
Parecia ao João, que as orações eram mais demoradas que o costume, tal era a pressa de contar as novidades alegres que trazia, e enquanto o avô se deleitava com um cigarro inteirinho e a irmã embalava nos seus bracitos roliços a sua primeira boneca, de pronto trocada pelo carolo de milho que fazia as mesmas vezes, ouviram‑se duas pancadas na porta. A mãe foi abrir, e dos seus olhos cansados, rolaram duas grossas e escaldantes lágrimas de alegria, ao deparar com um grande cesto cheinho de coisas boas, incluindo uma camisola novinha para o João.
Não foi preciso muito para adivinhar quem era esse estranho Pai Natal que se afastava a passos largos, esquivando‑se a agradecimentos.
A partir daí, acrescentou‑se ao número das orações em família, mais uma pelo senhor André.
GRAZIELA VIEIRA
JUNHO 1995

Foto de Diario de uma bruxa

Amor... meu vicio é você!!!

Tente me ouvir, tente entender
Que o que sinto por você, não é algo que se deve esconder.
O que sinto é real e verdadeiro.
Não é obsessão, não quero te prender.
Só quero que tente entender
que preciso de você.
Sem você meu dia é escuro, meu doce é amargo,
minha vida é vazia.
És um vicio que me intoxicou, e me levou a overdose.
Uma droga feita especialmente pra mim, que pulsa dentro do meu peito.
Um alucinógeno que penetrou dentro da minha mente e me leva a loucura.
Estou condenada a um vicio sem solução, já fui até pra reabilitação, mas não adiantou.
O único modo de sobreviver, é conviver com esse vicio.
E fazer você entender que...
Amor... meu vicio é você!!!

Poema as Bruxas

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