Outono

Foto de Miguel Vieira

Poemas diários

Miguel Vieira

“Traz no peito a tristeza mórbida dos poetas malditos e lança a última maldição: O suicídio irreal que é a vida na sua mais absoluta crueldade”.

VÍCIUS*

Sonhei desertos dos sorrisos fáceis
Majestosamente pus minha solidão
No espelho do quarto escuro
Reluzia um espírito triste

Avesso a afetos e alegrias
Subitamente e, de estranho fato
Aproximei-me da luz de cores claras
Igual a mim, antes do contágio pela cor!

Fiz-me inerme, soluços e desejos
De quem procura mesmo que na memória
Fragmentos de uma alegria para sempre

Dispersa em sombras, desfiz os sonhos
Para não acordar ao pasmoso destino próprio
Dos que sofrem misteriosa dor.

*em homenagem a Vinícius de Moraes

Miguel Vieira

SOL NEGRO

Um dia eu tenho que pagar por tudo que devo
O dinheiro, o amor, a dor, o tédio e a solidão
A loucura, a depressão...
Os dias de sol negro e a angustia dos que vivem
A verdade e o medo da mediocridade
Os sonhos e a total falta de esperança
A lascívia de quem já passou em minha cama
A morte e a escuridão da vida
A fé e toda a idéia maldita
O poder e a necessidade de nos tornarmos livres
Ser mesmo que invisivelmente forte, colher cada
Pedaço de carne de nossos próprios corpos que
Talvez sobre, voar mesmo que tarde , gritar
Seu nome quem sabe um dia se pode
Criar versos na miséria que nos cobre
Ejacular nas suas vísceras apodrecidas
Toda maldição que você suporte
Dizer que sou livre e estou farto de pedir
O pão, compaixão e seu perdão.

Miguel Vieira

TRUST ME II

Estou tão triste, baby.
Que chego a pensar,
Em tudo que já passou,
E na memória um grito de amor,
Simbolicamente delírio em paixão,
Loucuras e saudades
De um eterno abandono
Isso é o meu amor
Você nem imagina, baby.
Toda essa dor no peito,
Ontem, chorei...
Pedindo socorro,
Beija-me, baby,
Salva-me...
Não suporto mais os dias,
Por favor, resgate-me!
Mostre o lado claro da vida,
Com seu amor é possível, baby.
Só seu amor é capaz,
De curar minhas chagas
Nesse longo dia há um paraíso distante,
Feito para nós, baby.
As flores têm seu cheiro,
E cada amanhecer é de puro amor.
Sou louco por seus olhos
Agora eu tenho paz
Ajude-me
Ame-me, baby.

Miguel Vieira

FULGAZ

O que sou afinal?
Sou apenas
Vestígios!
De toda
Afirmação humana
Choro
E morro
Ao entardecer...
Se toda minha poesia
Coubesse em meu
Sofrimento
Talvez de fato
Seria poeta
E, não essa carne
Podre
Que insiste
em estar
de pé.
Gostaria de sorrir
Mas a dor é maior
Maior angústia
Maior que o amor!!!
Pois sendo assim
Não cabe a mim
A alegria,
Mas a demasia
De ser infeliz.

Miguel Vieira

ATRIZ DE FILME PORNÔ

Minha alma é negra
Como é negro o meu olhar
Como são negros
Os meus sentimentos.
Já que não tenho coragem
De botar uma bala
Na minha cabeça...
Deixe o colesterol
Tomar toda artéria!!!
Sou suicida indeciso
Poeta maldito...
Homem frustrado!
Praguejei à vida
Sorri para à morte
Abracei o tédio
E, cuspi na sorte!!!

Miguel Vieira

DEMÔNIO DA TANZÂNIA

Lágrimas de cicatrização
Em conteúdo utópico, ilusório
Quase... solidão
Procuro o êxtase
Dos dias mais brilhantes
Talvez, seja algo de incorreto
Do cérebro
O meu coração
É apenas uma bomba
De sangue sem valor
Vivo toda essa dor!!!
Sinto frio
Saudades dos dias de sol
O que devo encontrar
Arco-íris?
Ou sombras
De presente cruel?
Gosto de estar só.
Sozinho, solitário, solidão!
Que minha doença mental
Não progrida
Já basta pensar
Ser... poeta!

Miguel Vieira

SUAVE MOMENTO

Imagino eu,
Em nova orleans
Pairando em cada casa,
O seu canto!
Até parece que já estive lá,
Será que eu pertenço a esse tempo,
Talvez seja apenas um sobrevivente
Que não sente mais o tempo passar
Estou aqui repetindo todas essas retóricas
Lembrando do passado e fico triste
Com esse som que inunda a alma e a vida.
Frases soltas de um louco suicida
Que quer apenas mais um dia
Ame-me com furor
Capaz de derreter o sol
Com força e suavidade
Dos que vêem na sua própria retina
Toda maravilha que senti
E não importa as lágrimas
Também sou parte e criador
De todos esses mistérios.

Miguel Vieira

NOSSA LINGUA

Não acredito mais no amor
Ou é não creio?
Não sei
Só sei que ignorei
Regras simples do saber amar
Não só dizer do amor
Mas do sentir
Sentir cor, dor e calor
Sentir seus beijos
E ainda assim não sentir
Disfarçando o sentimento
Que seu ser representa
Uma fortaleza...
Na imensidão do mar vazio que sou.
Ouço os pássaros á cantar
Igual aos versos portugueses
Que sua boca pronuncia
De amores e solidão.
Canto os versos de nossa mãe: A língua!
Único elo do amor desconhecido
Não só por mim
Sangro, sangue liso
por que é de mim a essência
e de ti esse amor.

Miguel Vieira

ABRIU-SE

Primeiras horas do outono
Planto milho ao cair chuva,
Na ilusão da colheita,
Nesse desafio constante pela vida,
Pensamentos e sonhos,
Chocam-se em minha mente,
Já não sei se é calor ou frio? !
Se é censura ou punição?!
Sei que é estação do mês de abril!
Uma voz canta dentro de mim,
Melodias já ouvidas,
Sentidas em todas partes,
Mesmo em caminhos distantes,
Camuflam cores e vícios
Sons e saudades em pleno mês de abril!
Sinto o verde do mato
Enxergo o cheiro da terra
Bebo o doce do mar
Choro as lagrimas do vento
Sim, faz calor no mês de abril!
Canto estradas errantes,
De destino próprio das causas perdidas.
O mar evapora gotas de azul anil
O rio recebe gotas de amarelos cintilantes.
E, eu? Contemplo tudo isso
Nos meus poucos meses de abril!!!

Miguel Vieira

TIME OF DAY

A incerteza...
Mãe de todos os medos!
Senhora das dúvidas,
Irmã do sofrimento;
Capaz de chorar
O mais forte dos homens
E lamentar o covarde em soluços...
Diante de ti,
O limite transforma-se em sonhos,
Em ecos...
Sombras do passado,
Reprise do presente,
Incapaz este de viver plenamente,
O mais simples dos dias.
Grita bem baixinho,
Seu lamento,
Não desperte as ninfas do impossível,
Não seria bom,
Acorda nas frustrações do desejo,
Melhor caminhar,
Tranqüilamente pelo vento,
Abrindo as asas lindamente,
Bebendo silenciosamente os seus beijos,
Disfarçando misteriosamente com o tempo...

Miguel Vieira

RUA ÁGUAS BELAS, 12

Andei pelas ruas
De minha infância
O sentimento de solidão
E abandono voltou
Em saber que antes pisei
O chão de terra da época
De inocência
E hoje, velho
Relembro o passado e o
Presente
Procurei nos rostos o
Reconhecimento, só havia
Estranhos, separados de
Mim pelo tempo.

Miguel Vieira

A BELEZA

Ao poetas sonham
E em seus sonhos
Buscam enigmas
Que antes acreditavam
Ser pesadelos.
Alimento pequenas ilusões
Pois é necessário tê-las,
Antes do homem
Sonhar com o universo...
Pensou primeiro em
Sua mediocridade
E para compensar
Suas frustrações
Imaginou ser grande!
Ser belo.

Miguel Vieira

Poeta : Miguel Vieira
E-mail: mvsprofessor@hotmail.com

Foto de Elias Akhenaton

POETRIX I - PRIMAVERA


É PRIMAVERA

É primavera no hemisfério sul:

Brotam delicadas flores

Sob o firmamento azul.

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ALEGRIA DOS BEIJA-FLORES

Devemos apreciar as flores

Da primavera com alegria!

Vejam os beija-flores?

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DOCE PRIMAVERA

Brotam versos perfumados

E não são sonhos de quimera...

Realidade da doce primavera.

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PRIMAVERA DIVINAL

Primavera estação divinal

Com a magia de suas flores...

Brotando dum jeito angelical.

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CHEGOU À PRIMAVERA

A primavera chegou:

Com ela toda ternura

E delicadeza da flor.

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COLORIDA ESTAÇÃO

A primavera aflora com

Sua colorida estação:

Alegremos nosso coração!

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ENCANTADA PRIMAVERA

Primavera encantada estação!

Fonte imortal, inesgotável

E sublime de inspiração.

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PRIMAVERA É ESPERANÇA

Primavera eterna aliança

Pelo amor de Deus por nós:

Alimentando-nos de esperança.

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AS QUATRO ESTAÇÕES

Verão, outono, inverno, primavera...

Todas possuem valor:

Estações para semear Amor!

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O IMPORTANTE É AMAR

Na primavera ou em outra estação:

O importante é amar com todo

Sentimento do coração.

Elias Akhenaton
“Eterno aprendiz, um peregrino da Vida”

Foto de Carmen Lúcia

Em busca da Primavera

Caminhei sobre pedras
e estradas de chão,
direcionando meus planos
à mais bela estação...

Em busca da primavera
vi cair folhas de outono,
levando alguns sonhos...
invernos congelando quimeras,
sem nunca desistir da espera.

Apostei nas que sobraram,
as que fielmente ficaram
apesar dos outonos tristonhos,
dos invernos fechados
prolongando a chegada,
recuando meus passos,
coibindo espaços
pra me fazer desistir...
... das vezes em que me sentei nas estradas
com as pernas cansadas
sem saber pra onde ir...
...das vezes em que me senti sozinha,
sem saber o que fazer
e quase retroceder...

Foram muitos recomeços,
desenganos, tropeços,
lágrimas, suores, dores,
decepções, desamores...

Os amores que julguei me amarem
aos poucos se foram sem eu nem entender...
Dos amigos que me abraçavam,
poucos restaram,
os que eu posso crer...

E hoje comigo deslumbram
a beleza, o perfume, a cor,
o desabrochar da primeira flor
ao terminar a longa espera
com a chegada da primavera.

(Carmen Lúcia)

Carmen Lúcia Carvalho de Souza
18/05/2009

Foto de celorusso

A vida é como uma folha

A vida é como uma folha

A folha, no inicio é apenas um brotinho, um pontinho verde no galho de uma árvore qualquer. A folha, então cresce, com toda a vivacidade, e logo chega ao auge, verde e brilhante ansiando pelo sol, balançando com o vendo, sentindo a chuva. Então logo o outono chega, o vento fica frio e sol não brilha tanto, logo o seu brilho se perde, o verde, já não é tão verde, até que numa rajada, ela se solta da árvore e vai pra longe, cai. E retorna a terra, como tudo.
Assim é a vida, nós começamos pequenos, cheios de vida, crescemos, é muito interessante que em uma vida inteira, temos apenas raros momentos de senti-la, quando percebemos o momento, ele já se foi. Penso que até aqui, vivi alguns poucos, onde realmente, posso dizer que vivi. Parece que vivemos no automático, fazemos tudo sem perceber, anos, décadas, e aí quando menos esperamos, menos ansiamos, vem um momento. Ele já se foi, se resumirmos nossas vidas, a momentos, vivemos muito pouco, por isso cada um deles devem ser lembrados, pois são a essência de quem somos. Tento não ficar no automático mas, aí, fico vazio, não há momentos para viver, então volto ao automático, e espero que o outono demore, que rajada de vento não chegue, e que eu nunca caia, embora saiba que cairei um dia, e voltarei a terra. A vida é como uma folha.

Foto de Carmen Lúcia

Estações do tempo...e da vida

(inspirada no texto de pe Fábio de Melo:Outonos e Primaveras...)

Final de inverno...
Lacradas estão as folhas
que esverdearam sonhos,
derrubadas pelo vento,
sepultadas pelo rigor do frio
no silêncio das sombras
na escuridão do chão...

Embaladas pelo outono
que tristonho se foi
e ansioso espera
ver renascer a primavera
que adormecida sob o solo
nos priva da visão
de sua germinação...

Fase que não vemos
mas que nela cremos..

É o ciclo de vida e morte...
Vida que não se finda,
morte que não se acaba...

Processo que se encaminha sem pressa,
movimento que vai se cumprindo em partes,
o cair das folhas, fecundidade,
cumplicidade do tempo,
cantos das cigarras, assovios dos ventos,
o ressurgir da aquarela , o florido sobre a terra,
o renascer da primavera...

Cumprida a missão, o outono agora espera
o retorno de outra primavera...
a sua ressurreição.
Assim como a vida...
a próxima estação.

Carmen Lúcia

Foto de Siby

O amor e as estações

Assim como as chuvas de verão
Na minha vida você vai passar
As chuvas vem e logo vão
Tem a delícia de refrescar

O intenso calor é igual a sua paixão
Vai passar, tudo é um metamorfosear
É inconstante, como muda uma estação
Assim é a sua maneira de amar

Chega o outono, folhas no chão
Sinto-me como árvore a desfolhar
Com saudades, apertando o coração
Só, sem você para me acarinhar

No inverno, sem aconchego, na solidão
Seria tão bom com você hibernar
Amando e esperando a outra estação
Como umas férias para desfrutar

E na primavera juntinhos a caminhar
Entre lindas flores, mão na mão
Que felicidade, é tão belo amar
De coração para coração, em qualquer estação

Foto de JAG

Sol do meu mundo

O sol que ilumina meu mundo é o mesmo que aquece meu coração;
É aquele que aqueceu o tão gelado e escuro inverno que sentia;
Que em uma rápida mudança de estaçãp vi o que uma homem deve sentir em seu coração;
Assim como na primavera que as flores mais lindas brotam e mostrão sua beleza ao sol, por ti em mim broto a flor do amor, quer beleza maior?
E em mais uma mudança de estação veio o calor do verão, é a estação final onde não tem como espressar o verdadeiro amor q sinto por você;
Esse sol que tanto falo existe em sue olhar que brilha como uma manhã de verão sem que digo que a amo;
No meu mundo não existe mais outono ou inverno;
Só o calor da paixão em um dia de verão;
E posso dizer que estou feliz e em paz;
ao amar Você...

Foto de raziasantos

A cabana.

O outono esta terminando as folhas amareladas no chão, sentada a beira do pequeno rio com os pés na água o olhar perdido no nada: Não sei por quanto tempo permaneci ali.
O vento espalhava as folhas secas que batiam em meu rosto, a água fria do pequeno rio estava cristalina, era um lugar ermo distante de tudo... Um lugar lindo e solitário a pequena cabana cercada por um lindo jardim, na sala um lareira que permanecia sempre acessa, pois fora construída entre duas montanhas, por isso era fria mesmo no verão.
Estava casada há três anos meu marido era diplomata e vivia viajando por vezes me levava com ele, mas a maior parte dos dias eu ficava em casa.
A montanha era meu refúgio, os pássaros me faziam companhia.
Todos os dias eu acordava cedo, o nevoeiro era intenso, na parte da manhã para não me sentir tão solitária eu ocupava meu tempo pintando era um lugar ideal para inspirações pintava lindas paisagens flores, e pássaros.
Meu marido chegava há ficar um mês fora ou mais, quando voltava das viagens ia direto para montanha, mas logo voltava, nos amávamos ele era carinhoso, não sei se eu não me importava com sua ausência dele ou se estava resignada.
Eu sempre quis ter filhos, mas ele achava que devíamos esperar um pouco mais então...
O inverno estava chegando e a montanha era muito fria eu resolvi ir a cidade fazer umas compras de cobertores, e suprimento para resistir o inverno, eu tentei ligar o carro, mas o carro não pegou então tentei o radio, mas nunca aprendi usá-lo então eu desisti: Resolvi esperar meu marido voltar de viagem, ele traria o suprimento necessário: os dias estavam ficando longos e com a chegada do inverno o nevoeiro aumentava tornado o lugar triste minha solidão aumentava cada dia.
Eu esperava ansiosa a volta do meu esposo então enquanto ele não vinha eu pintava, e em cada quadro que pintava procurava colocar um pouco de vida assim as cores, fortes o brilho da luz retratado em meus quadros me alegrava um pouco.
Embora estas cores e luz fossem imaginaria, pois o lugar era sem vida e cinzento.
Em uma tarde eu estava passeando ao redor da cabana as flores estava cobertas por gelo, mal dava para ver as árvores devido o forte nevoeiro, o sol era tão tímido que só se via uma pequena fresta de luz que vinha do alto da montanha.
De repente eu ouço risos vindos da direção do rio era a voz de uma criança eu corri em direção ao som da risada, o nevoeiro me impede de ver, eu sigo em frente e pergunto quem esta ai?
Oi! Responda quem esta ai?
Chamei por varias vezes e nada de resposta logo o riso parou então eu pensei deve ser o som de algum pássaro fiquei curiosa, mas como o barulho parou, eu voltei para cabana estava tão frio que sentei ao lado da lareira peguei um livro e fiquei ali até adormecer.
Dormi direto até o dia amanhecer.
Quando acordei o frio estavam mais intenso os vidros das janelas estavam tão embaçados que não se via nada.
Levantei abri a porta e a cabana foi invadida pelo nevoeiro que entrava casa adentro cheguei até me assustar:
No meio daquela fumaça cinza e fria surge uma pequena luz vinda em direção à cabana eu tento ver quem esta chegando até que surge um rosto era meu marido que voltava para casa eu corro ao seu encontro e o abraço fortemente ele esta gelado seu casaco esta úmido então de mãos dadas entramos em casa ele senta em uma poltrona em frente à lareira flexiona as mãos, acende um cigarro, e com um sorriso tímido diz te amo meu amor.
Ele levanta vai abre a porta, e vai até o carro, pega um lindo buque de flores entra novamente pega o nosso retrato de casamento em cima da lareira e coloca as flores ao lado, e diz flores para meu jardim.
Ele toma um chocolate quente e vamos nos deitar ele esta calado seu olhar distante me acaricia olha em meus olhos e diz estou tão cansado preciso descansar então vira para o lado, em seus olhos a lagrimas ele chora eu fico sem entender, afinal já faz tanto tempo que não nos vemos e ele volta assim...
Penso comigo mesma amanhã conversaremos, ele vai estar melhor ai vou querer saber tudo que esta acontecendo.
O dia amanhece e quando abro os olhos ele já esta acordado sentado ao lado da cama me observando, tem em seus lindos lábios um sorriso maroto e um olhar doce me olha de um jeito tão lindo que me emociona:
Posso ver em seu olhar muita ternura e muito amor, então eu o abraço ele se deita lentamente e ficamos ali abraçados nos aquecendo, o coração dele bate forte nossos corpos se encaixam com tanta perfeição como uma forma sob medida.
Sem dizer nada ele levanta pega a chave do carro e sai, eu penso que ele vai pegar algo no carro, mas ele liga o carro e vai embora eu saio correndo em meio ao nevoeiro gritando por ele, mas ele não ouve, segue em frente até desaparecer na cinzenta fumaça: Me desespero caio de joelho entra as folhas molhadas pelo orvalho e choro copiosamente, naquele estande eu me vejo tão só sinto uma angustia tão grande que nunca sentira antes, em um lugar tão deserto em meio o forte inverno até os pássaros sumiram para se aquecer deixando-me na mais profunda solidão.
Neste instante eu ouço novamente o riso da criança agora esta perto de mim... Abro os olhos em meio o nevoeiro surge uma linda menina de cabelos loiro tão branca como a neve, ela esta na minha frente eu me surpreendo não tínhamos vizinhos então pergunto de onde você vem?
Quem é você, onde você mora? Ela sorrir e diz moro aqui, venha ver eu moro aqui!
Ela segura minha mão e me ajuda a levantar ela me puxa rápido sempre sorrindo diz vem, vem logo!
De repente para em frente um monte de folhas secas, então eu pergunto onde mora? Ela responde aqui com você, eu fico confusa e penso-a deve ser filha de alguém que mora perto da montanha tenho que encontrar sua família.
Eu olho para o rostinho dela e passo a mãos em seu rosto gelado, pergunto novamente, vamos meu anjo diga-me onde você mora? Entenda, está muito frio, seus pais devem estar preocupados com você, então ela me olha e diz não estão não, minha casa é aqui, a sua também: Neste instante eu sinto um frio subir na minha costa, ela começa a remover o monte de folhas, e vai surgindo algo branco ela olha par mim e diz vamos mamãe! Vamos para casa, logo surge um tumulo branco em cima um lapide escrito aqui descansa minha querida esposa e nossa filha que partiram em um terrível acidente de carro.

Foto de Carmen Lúcia

Tarde demais...

Ei-lo que surge novamente a minha frente
como folha de outono tocada pelo vento...
Dessas que perdem o rumo, aportam em qualquer tempo
rendida ao cansaço do final da estação.

Sorriso entristecido, sem o sarcasmo costumeiro,
olhar inexpressivo, ombros caídos...desolação,
a suplicar o afeto que me roubou a cada dia,
a estender a mão que me apagou a fantasia.

Ei-lo, de repente, sem seu jeito insolente
que me tarjou de preto, me vestiu de imensa dor
descoloriu meu mundo, desgastou o meu viver
mostrando o lado escuro, o sombrio de seu ser.

E hoje me implora uma migalha de amor,
chora pelos erros que a vida lhe cobrou,
quer resgatar de mim o que não existe mais,
o que se perdeu no tempo...
Agora é tarde demais.

_Carmen Lúcia_

Foto de dudu182

Pensamento

Sabe aqueles momentos que você daria tudo pra livrar sua cabeça de um pensamento? Aquele pensamento que ronda sua mente, te importuna e te incomoda. Só o que você quer é fazer um bloqueio mental pra não mais lembrar daquilo. Você tenta distrair-se e sem ao menos notar, lá está ele de novo, trazendo à tona tudo o que você quer esquecer.
E como se não bastasse, seu corpo responde de acordo com seu pensamento. Você sente fome, mas não consegue comer. Sente sono, mas não consegue dormir. Tudo te leva à mesma estaca zero: reviver aquele momento tão amargo, dentro da sua cabeça, várias e várias vezes parecendo não ter fim.
Se ao menos fosse uma lembrança doce do seu rosto radiante brilhando de alegria com o seu lindo sorriso estampado de orelha e orelha. Mas quando o jogo inverte, ou seja, que essa lembrança permanecerá fruto da minha imaginação, e não da minha realidade, é a pior das frustrações.
O desejo de tê-la ao meu lado, e quem sabe ser o motivo desse sorriso antes descrito gera a determinação de lutar. E como toda luta, às vezes perdemos, às vezes ganhamos. Mas já cansei de perder.
Por você eu me reinventei. Amadureci, cresci, aprendi, vivi, revivi e agi... Só não venci. Amadureci nos pensamentos, nas atitudes, mudei meu jeito pra te provar que poderia fazê-la feliz; Cresci dentro do coração, me tornei um homem, não mais um menino; Aprendi a dar valor ao sentimento das pessoas e dar valor ao meu sentimento também; Vivi experiências que mudaram meu jeito de ser, e reviveria tudo de novo; Agi da forma que achei prudente, mas não foi o bastante; E a vitória, cadê?
Fiz coisas por você que jamais faria por outra e jamais fariam por ti. Abandonei antigos princípios e lógicas, passando por cima da minha razão com o pensamento de que tudo valeria a pena se fosse por você. Será que me enganei?
E naquele dia em que tudo parecia estar certo e o caminho trilhado parecia no rumo da vitória, mais uma derrota veio a amargar. Então, nessa noite fria de outono, me vejo sem chão e sem esperanças pro futuro, apenas com aquele mesmo pensamento e um coração partido. E como dói um coração partido.
Ele aperta dentro do seu peito de uma maneira tão forte que o torna sensível. Sensível às lembranças felizes e tristes que tive contigo, ainda que as tristes prevalecessem. E a dor então se transforma em lágrima. A lágrima que nasce nos meus olhos que tanto te admiraram, que escorre pelo meu rosto e finalmente morre em meu peito. E é de lá que ela retoma a virar outra lágrima. Esse coração já cansou de sofrer por ti!
Então, pensamento que tanto me incomoda, agora que o reproduzi para o papel, peço que pare de me incomodar. Que fique no papel e de lá nunca mais saia. Que um dia eu possa lê-lo e sorrir por ter vencido, não só esse problema, como também a minha luta. E finalmente, com a minha amada ao meu lado, meu coração possa parar de chorar a noite para dar lugar a maior das alegrias... A alegria de ter você.

Orkut do autor: Dudu Julianelli

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