O teu segredo é fraco!
É vago, é tolo.
O teu remédio é placebo!
É amargo, é puro engano.
O teu amigo é falso!
É agiota, é tombo certo.
O teu retrato é velado!
É apagado, é sombrio.
O teu extrato é negativo!
É sem crédito, é puro falso.
Todavia, repara: o mundo ainda não acabou!
nem a mulher dos teus idílios
nem a cidade-fantasma dos teus pesadelos
nem a taberna de teus porres homéricos
nem a livraria de tuas fugas intelectuais
Mas, é fato: O teu mundo mudou!
seria a roda gigante do circo da infância?
seria a dançarina ou o palhaço da alegria?
seria o trapezista ou o domador da fera?
seria o remendo da calça na festa junina?
Teu uísque é rótulo falso!
É cefaléia certa, é ouro de tolo.
Teu protesto é puro ócio!
É chuva de verão, chope no Amarelinho
O teu amor é passageiro!
É somente sexo ficante, por natureza vazio.
O teu motor é trem de subúrbio!
É sufoco certo, da Central à Deodoro.
O teu sorriso é puro ensaio
É fogo de palha, ator sem teatro
E agora? O que pensas fazer
Vais ficar ou partir?
Não penses em Minas!
pra minas se foi José, nada mais,
Não penses em Maria!
Maria foi pra Bahia, pro terreiro de mãe-meninha
Não penses em fugir!
As ruas alagadas, estradas tomadas, que fazer?
Não penses em ajuda!
Todos se foram para Arraial D'Ajuda
Fique aqui "curtindo" ou vá para Brasília!
Capital dos ratos do serrado central
Da farra geral dos "políticos" e lobbistas
Da barra pesada dos candangos e migrantes,
E dos esotéricos e anjos emudecidos em geral.
AjAraújo, o poeta humanista.