Mulheres

Foto de Cesare

Há dias...

Há dias em que gostaria de ser
Um poeta à Cazuza.
Que vivesse ao máximo
No limite...
Doasse muito amor,
Tivesse muitas mulheres
Mesmo que efêmeras paixões
Consumisse muita droga
E morresse novo.
Mas poeta...

Há dias em que gostaria de ser
Um daqueles antigos poetas
Que escrevesse sobre o amor
Almas presas a uma paixão
Arrebatadora...
Que sofresse ao escrever
Por ser impossível de se viver
Andasse sempre amargurado
E morresse cedo de tuberculose.
Mas poeta...

Há dias, e hoje é um deles,
Que gostaria de ser
Eu mesmo
Um cara que oscila entre
A felicidade e a tristeza
O amor e o desamor
Incertezas e temores
Certezas e convicções
Não ser perfeito, pois ninguém é...
Mas que não desistisse de viver
E um dia, quem sabe,
Conseguisse, pelo menos,
A realização plena de escrever algo.
Ser realmente um Poeta!

(Cesare - Leandro Cesar)

Foto de Mentiroso Compulsivo

O Actor

.
.
.

Cansei-me.
Desliguei o leitor de CD’s, fechei o livro, e rodei do sofá para o chão. Cheguei à janela, afastei as cortinas. Chovia a “potes”.

Fui comer. Voltei à janela. Já não chovia. A noite estava escura, o ar, fresco da chuva, cheirava a terra molhada; a cidade lavada. Vesti a gabardine e saí.

Cá fora, a cidade viva acolheu-me. No meio dos seus ruídos habituais, nas luzes do passeio. Percorri algumas casas e vi um bar um pouco retirado. Era um destes bares que não dá “muitos nas vistas”, sossegado e ao mesmo tempo, barulhento.

Com alguns empurrões, consegui passar e chegar ao balcão. Pousei o cabo do guarda-chuva na borda do balcão e sentei-me. O bar estava quente e o fumo bailava no ar iluminado. Senti o cheiro a vinho, a álcool. Ouvi as gargalhadas impiedosas de duas mulheres e dois homens que se acompanhavam. Deviam ser novos e contavam anedotas. Eram pessoas vulgares que se costumam encontrar nas pastelarias da cidade, quando vão tomar a sua “bica” após o jantar. Estes foram os que mais me atraíram a atenção. Não, esperem... ali um sujeito ao fundo do balcão, a beber cerveja...
- Desculpe, que deseja? – perguntou-me o empregado.
- Ah! Sim... um “whisky velho”, por favor.
Trouxe-me um cálice, encheu-o até ao meio e foi-se embora.

Bebia-o lentamente. O tal sujeito, desagradável, de olhos extraordinariamente brilhantes, olhou para mim, primeiro indiferentemente, abriu a boca, entortou-a, teve um gesto arrogante e voltou o rosto.
Estava mal vestido, tinha um casaco forte, gasto e sapatos demasiado velhos para quem vivesse bem.
Olhou-me de novo. Agora com interesse. Desviei a cara, não me interessava a sua companhia. Ele rodou o banco, desceu lentamente, meteu uma das mãos nos bolsos e veio com “ares de grande senhor” para o pé do meu banco.
O empregado viu-o e disse-me:
- Não lhe ligue... é doido “varrido” e “chato”.
Não lhe respondi.
Entretanto, ele examinava-me por trás e fingi não perceber. Sentou-se ao meu lado.
- É novo aqui?!... – disse-me
Respondo com um aceno.
- Hum!...
- Porque veio? Gosta desta gente?...
- Não os conheço – cortei bruscamente.
Eu devia ter um ar extremamente antipático. Mas, ele não desistiu.
-Ouça, - disse-me em voz baixa, levantando-a logo a seguir – devia ter ficado lá donde saiu, isto aqui não vale nada. Vá-se por mim... Está a ver aqueles “parvos” ali ao canto? Todos reparam neles... levam o dia a contar anedotas que conhecem já de “cor e salteado”...Vá-se embora. Todos lhe devem querer dizer, também, que não “ligue”, que sou doido...

Tinha os olhos raiados de sangue. Devia estar bêbado. Havia qualquer coisa nos seus olhos que me fez pensar. Era um homem demasiado teatral, havia nos seus gestos e segurança premeditada, simplicidade sofisticada do actor. Cada palavra sua, cada gesto, eram representações. Aquele homem não devia falar, devia fazer discursos.
Estudando-me persistentemente, disse-me:
- Você faz lembrar-me de alguém que conheço há muito, mas não sei quem é... Devia ter estado com esse alguém, até talvez num dia como este em que a chuva caía de mansinho... mas, esse alguém decerto partiu... como todos... vão-se embora na noite escura, ao som da chuva... nem olham para ver como fico.
Encolheu miseravelmente os ombros, alargou demasiado os braços e calou-se.

Eram três da manhã. Tinha agarrado uma “piela” com o ilustre desconhecido. Tinha os olhos muito abertos, os cotovelos fincados na mesa da cozinha e as mãos fechadas a segurarem-me os queixos pendentes. Ele tinha um dedo no ar, o indicador, em frente ao meu nariz, abanava a cabeça e balançava o dedo perante os meus olhos. Ria às gargalhadas, deixava a cabeça cair-lhe e quis levantar-se. O banco arrastou-se por uns momentos e cai com um estrondo. Olhou para mim com um ar empobrecido, parou de rir e fez: redondo no chão. Tonto, apanhei-o e arrastei-o para a sala.

Deixei-o dormir ali mesmo. Cobri-o com uma manta, olhei-o por uns instantes e fui aos “ziguezagues” para o meu quarto.

No dia seguinte acordei com uma terrível dor de cabeça. Dirigi-me aos tropeções para a casa de banho. Vi escrito no espelho, a espuma de barba; “Desculpe-me, obrigado. Não condene a miséria!”

Comecei a encontrá-lo todos os dias à noite. Fazíamos digressões nocturnas, íamos ao teatro. Quando percorríamos os corredores dos bastidores, que ele tão bem conhecia, saltavam-nos ao caminho actores que nos cumprimentavam; punham-lhe a mão no ombro e quando ele se voltava, davam-lhe grandes abraços. Quase toda a gente o conhecia.

E via-lhe os olhos subitamente tristes, angustiados. Ele não se esforçava por esconder a tristeza: era uma tristeza teatral. De vez em quando, acenava a cabeça para alguns dos seus amigos e dizia:
- Não devia ter deixado...

Inesperadamente, saía porta fora, certamente a chorar, deixando-me só. Quando saía via-o pelo canto do olho encostado a uma parede mal iluminada, mão nos bolsos, pé alçado e encostado à parede, cenho franzido e lábios esticados. Nessas ocasiões estacava, por momentos, e resolvia deixa-lo só. Estugava o passo e não voltava a olhar para trás.

O seu humor era variável. Tanto estava obstinadamente calado e sério, como ria sem saber porquê.
De certa vez, passei dois dias sem o ver. Ao terceiro perguntei ao “barmen”:
- Sabe o que é feito do actor?... Não o tenho visto.
- Ainda não sabia que ele tinha morrido? Foi anteontem. A esta hora já deve estar enterrado...foi melhor para ele...
Nem o ouvia. As minhas mãos crisparam-se à roda do corpo, cerrei os dentes. Queria chorar e não conseguia. E parti a correr pelas ruas. Por fim, cansei-me. Continuei a andar na noite, pelas ruas iluminadas. E vi desfilar as imagens. Estava vazio e, no entanto, tantas recordações. Não sentia nada, e apenas via as ruas iluminadas, as montras, os jardins.
Acabei por me cansar, de madrugada tive um sonho esquecido.

Percorro as ruas à noite, os bares escondidos, à espera de encontrar um actor “louco e chato”. De saborear mentira inocente transformada em verdade ideal. E há anos que nada disso acontece. É verdade que há sujeitos ao fundo do balcão, mal vestidos, a beber cerveja... mas nenhum que venha e pergunte se sou novo aqui... As pessoas continuam a rir como dantes, todos os dias vejo as mesmas caras, e se me perguntarem se gosto desta gente digo-te que não as conheço ainda... e olho-os na esperança que venha algum deles e que lhe possa dizer, como a raposa de “ O principezinho”:
- Por favor cativa-me.

Acordei, tinha parado de chover, lá fora ouviam-se as gotas mais tímidas ainda a cair dos telhados, fazendo um tic-tac na soleira do chão, como quem diz o tempo da vida continua, por segundos parei o tempo e pensei, mais um dia irá começar e neste dia eu também irei pisar o palco, todos nós iremos ser actores, uns conscientes da sua representação, outros ainda sem saber bem qual seu papel, uns outros instintivamente representando sem saber que o fazem e outros ainda que perderam o seu guião....

Foto de Dirceu Marcelino

RESPINGOS DE PAIXÃO XIV - (Depois do último tango - em baixo dos lençóis... )

*
* Homenagem a Carmem Lúcia = Açúcena
*

"Vejo-te...
Na luz diáfana de cada alvorecer
Trazendo resquícios prata do luar
Que ainda não teve tempo de se apagar...
...
Vejo-te...
Sob os lençóis da cama, a me saciar
Os desejos insanos, que a alma reclama
E que acorda só, pois não estavas lá... ( Carmem Lúcia = Açúcena )

Dirceu

É como se tu não soubesses?

Mas estou em baixo dos teus lençóis, em tua cama.
No escurinho de um dia que lá fora começa a clarear
E tu dás uma olhadinha com os verdes de teus olhos
Que iluminam a alma de quem te ama.

Não só te vejo,

Mas sinto o cheiro, o perfume, o aroma
Que exala uma mulher que quer amar
E dá uma “piscadinha” com um olho
E faz com que haja uma derrama,
De fluídos, de néctares
De prazeres...

Das Ninfas ...

As mesmas que nos oferecerem seus lábios,
Em forma de conchas e recheadas,
Do mel que só em tuas bocas podemos encontrar
E, então, beijamos-te, das formas mais voluptuosas
Até as mais carinhosas, pois, sóis as rosas,
As flores mais gostosas...

Que nos dão suas pétalas,
Para nos satisfazer e saciam
Nossos prazeres
Com os fluídos de seus amores.

Então, temos mais que a obrigação,
De retribuir-lhes por nos dares a luz da vida
E de nos encherem de mimos de paixão.

Devemos dar-lhes sensualmente nossos amores,
Fazendo-lhe gozar o bom da vida
E encher-lhe os corpos de paixões.

E tuas almas de amores.
Pois, sóis Mulheres
E, nós somos
Homens.

OBS.: Vocês já assistiram o vídeo-poema da "Gata de Olhos Verdes". Assistam e saberão de qual "piscadinha" ou "piscadela" eu falo.

Foto de Minnie Sevla

Carnaval

Tempo de folia?
E o que é a folia senão alegria?
Descanso, sol, mar, se revigorar
para quem gosta de pular...
Retiro espiritual para reflexão, oração...
E o mundo precisa de quê?
Folia?
Precisamos da verdadeira alegria
de justiça,
paz,
amor e fraternidade que
emana a mais pura felicidade!
Carnaval no Brasil,
fantasias lindas.
Escolas de samba com mulheres nuas,
carro alegórico quebrado na rua.
Um lado retrata gastos em futilidades
do outro a fome ataca sem piedade.
Brasil, dos sonhos de alguns
Da realidade dura de outros.
Brasil de muitos carnavais mais de
tão míseros reais...

Minnie Sevla

Foto de DAVI CARTES ALVES

AS MULHERES E O MAR

As mulheres que escrevemos,
quando no mar, quais sereias de top
nos pulverizam,
renascemos da areia,
pois escrever é preciso...

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Dirceu Marcelino

O MISTÉRIO DA VIDA III - A VIDA SE GERA ASSIM ( Meu favo de mel... EDNA e filhas - os )

Na tua casa em pequeno jardim
Deste-me a primeira gota de mel,
Em teus lábios ardentes de carmim
E selamos a aliança com um anel.

Com um amor crescente e sem fim,
Desenleamos os fios do carretel
Das nossas vidas e aos poucos assim
Confirmamos os mistérios do céu,

Gerando frutos de nossa paixão.
Todos perfeitos como um jasmim,
Dois crescidos, duas rosas em botão,

Das duas mulheres formadas enfim,
Da luz do nosso próprio coração
E da semente expelidas por mim.

Foto de Dirceu Marcelino

ENIGMA DAS ROSAS

Das flores sói a rainha, a mais bela das rosas.
Nasces em quaisquer lugares. Em belo jardim.
Na vida sói Mãe e mulheres maravilhosas
Dão luz a muitas vidas, nos lábios têm carmim!

Nos olhos o reflexo d’almas mui esplendorosas,
Nos seios lacto que transmites de si a mim,
O mel dos desejos e as forças poderosas
Dos filhos que geramos em ti. Nasce anjo serafim,

Alguns se desenvolvem de forma gloriosa.
Sucumbem outros na busca do poder sem fim
E nessa luta inexplicável e tormentosa

Muitos são esquecidos pelas ruas enfim.
“Ninas”, Meninos a procura de caridosas
Musas, como sóis. Ó Rosas deste jardim.

Foto de Ricardo Barnabé

Por todas as mulheres que fizeste sofrer

Nunca te importaste com os sentimentos
que outras pessoas tinham por ti
sempre as humilhaste e aproveitaste
da tua imagem para teu belo prazer.
Foste falso por fingires aquilo que não eras,
porque uma nos teus braços
era mais uma de tantas
que acabaste por fazer sofrer.
Resumindo hoje queixas-te da razão de estares sozinho.

Mas Terei eu que te mostrar
o espelho do teu interior?
Porque só assim percebes-te da pessoa que foste.
Por isso olha bem e vê tudo aquilo que és.
Julgavas-te perfeito mas agora vês
porque já ninguém te quer.
Precisamente porque a pessoa que vês
ao espelho é a que nunca desejarias
para a tu vida!
Mas mais triste é, saberes que quem
está no espelho és tu, e é assim que todas
aquelas que tu magoaste, te vêm hoje.
Falso e completamente vulgar que
não respeita nada nem ninguém
e que brinca com todos sentimentos
e que faz deles a sua auto-estima
para mais uma na tua cama conseguires ter!
Por todas as mulheres que fizeste sofrer
hoje caminhas na estrada da solidão
sem encontrares alguém que te queira dar a mão!

A tua vaidade foi a tua desgraça!

Ricardo Barnabé

Foto de Amuika

O perfume.

As flores, não sei porque na citaçao de um poema, comparam-se flores com o cherio feminino..
Honestamente, o cheiro da mulher é inigualavel...
É sedutor, romantico, unico, em cada mulher...
O perfume, porque mulheres usam perfume? Sendo que a fraguancia do perfume foi inspirada no aroma feminino...
Ah! Se eu pudesse...
Robaria o seu cheiro, e quando voce nao estivesse perto, aquietaria meu coraçao com seu balsamo...

Foto de psicomelissa

bolsa feminina ... continuaçao

BOLSA FEMININA E SEUS MISTÉRIOS PARTE II

O Sr. Café deixou Maria Eduarda furiosa, pois não mencionou que numa bolsa em geral tem objetos significativos para sua dona.

Como quando se inicia um namoro e o casal apaixonado troca fotos 3x4 para que simbolicamente tenha – se junto de si seu bem amado, porém se uma mulher estiver sozinha e casualmente encontra em sua bolsa a foto do seu ex namorado que a magoou muito, ou que possivelmente tenha deixado ela furiosa, provavelmente quando encontrar está foto essa mulher tome uma atitude aparentemente agressiva e desnecessária: rasgar com os dentes está péssima recordação.

Sabe-se toda boa mulher que tenha um mínimo de instinto feminino bem apurado, tenha consigo também amuletos e ou objetos que lhe deixem segura, pois por mais que as mulheres neguem, são inseguras e por isso precisa de um milhão de coisas, na maioria das vezes desnecessárias, mas que lhe deixam mais segura.

Muito também está relacionado com a personalidade desta mulher, pois uma mulher culta, independente e ousada como Duda, por exemplo, não sai de casa sem seu romance (atual), é incapaz de sonhar em não carregar em sua bolsa um bloquinho de anotações e uma caneta (ou lápis) afinal sua inspiração pode surgir quando menos esperar.

Já uma mulher fútil (mercenária/ loira burra) provavelmente carregue junto de si todos os cremes (miniaturas, lógico) e acessórios que possam embelezá-la mais... Afinal só assim consegue cativar os homens.

Qual mulher não carrega consigo regalos e mimos que lhe marcaram muito, ou um bilhetinho com uma cantada genial, ou um cartão de lembrança do seu primeiro ano onde está escrito: “Da mamãe sou a vida
Do papai sou o amor
Dos avós sou a querida
Dos titios sou a flor”
Onde por mais que está mulher cresça, sabemos que ela valoriza o seu passado e ainda possui a alma de uma criança inocente e bela, por mais que a vida se apresente dura e fria, ela sabe ser persistente o suficiente porque acredita de forma romântica e realista na possibilidade de um futuro magnífico.

Se a mulher tiver fé, sendo está fé um importante ingrediente em sua vida, provavelmente carregue consigo um terço (com um significado impar) e uma medalha que tenha seu valor simbólico além do valor religioso.

Tem mulheres que não sabem viver sem estarem em contato com tudo e todos, e o seu celular é um instrumento valiosíssimo então está bela dama sempre terá em sua bolsa bateria extra ou o seu carregador de celular para que jamais fique sem comunicação com o mundo.

Qual mulher não carrega consigo uma pinça e lixa de unha, para possíveis imprevistos, qual mulher não tem em sua bolsa tarraxinha de brinco extras para caso perca uma, e assim não precise ficar despida ou seja sem brincos. O mais verdadeiro e fiel amigo de uma mulher – o espelho, independente qual seja seu formato, Hello Kit, ou algo mais sério.

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