Piauiês
(Fernando Vieira)
A folote eu escrevo
A locéu, de qualquer jeito
Abiloladamente espero
Que possa me ouvir sujeito
Acunha! Alguém me diria
Em relação a essa poesia
Já dei pilôra, já dei agonia
Pensando como ela eu faria
Agora pronto! Estou lascado
Ai vai! Pois não é que veio
Nesse papel afolozado
Todo riscado de vermelho
Papel que não é mais anêmico
Nem tão pouco amarelo empombado
Pois nele existe um ensejo
Agora totalmente rabiscado
E nem adianta entojar
Larga de ser apresentado
Assunta então o que eu digo
Nesse escrito aprumado
Que brilha feito panela
Areada com detergente
Armaria, oxe, Arreégua
Isso dá até um repente
Arrocha o buriti meu povo
Isso é Piauiês
E eu sou o artista da novela
Que ta passando a mais de um mês
Atufaiando a tua cabeça
Avexado por demais
A bagaceira é muito grande
E ainda vou borózar mais
Eu venho da baixa da égua
Que é um lugar longe demais
E da onde vem esse poeta
Tem outros bem mais geniais
Bato beirada, sigo o rumo
Do leitor de verso e prova
Bato também meu violão
Tocando uma canção formosa
Se bebi água de chocalho
Bebi também do Parnaíba
Que corta a minha cidade
Minha querida Teresina
Mas outro dia bebo bosta
Em outro rio fui banhar
Nadando pelo Poty
Quase que vinha a me afogar
Bem pregado seu menino
Metido a cabra da peste
Tú é muito é bom de taca
Seu gaiato do nordeste
Caçuleta na orelha
Já to subindo na cacunda
Vê se engrossa o cambito
Nem que tire lá da bunda
Mas vê se não fica cabota
Quando for pular cancão
Cangapé que dá na água
É sinal de confusão
O Piauiês é muito vasto
Não consigo mais parar
Ceroto, chanin, chandanca
São palavras que eu posso usar
Chulada, chibanca e chupista
Eita povo pra inventar
Assim eu até lembro de uma menina
Que é melhor deixar pra lá
Cismei agora pronto!
Ou eu não paro de rimar
E alguma palavra que ficou faltando
Em outros versos posso colocar
Danosse! Não é que saiu
Uma referencia ao jeito de falar
Do Piauí pro resto do Brasil
O Piauiês eu pude te mostrar