Maior

Foto de Maria silvania dos santos

Passeio ao lado de Jesus.

Passeio ao lado de Jesus.

_ Em uma cidade pequena e bem humilde, véspera de natal, de temporada havia uma criança aproximada nove pra dez anos de idade, de passeio, veio conhecer sua avó materna que nunca tinha a visto.
A menina, era a mais rica que passava por aquela cidade.
O mais curioso, é que aquela criança, assim que chegou naquela cidade, seus olhos ganharam seus brilho, coisas que nunca teve antes.
Mas o que será que faltava para sorri?
Pois tudo que pensasse ela tinha, mas em seu olhar podia percebe, que sua tristeza ela não podia esconde.
Véspera de natal, os pisca, pisca da cidade em perfeita iluminação, a ansiedade tomando conta dos corações, pisca, pisca clareando toda a cidade, o movimento, aquele vai e vem, quanta alegria para mocidade!
Nem mesmo a pobreza tirava o brilho do olhar daquelas criançadas suja e rasgadas.
Todos muito feliz reunidos em familia, preocupado com os preparativos da santa ceia, pois juntos iriam ceiar, quem o verse, acreditaria num banquete.
A menina rica observando tudo aquilo, ficou pensando, onde estas a alegria destas pessoa? Não as tem nada, fala tudo errado, simplesmente este monte de gente.
Curiosa e ao mesmo tempo triste por aquela cituação, dirigiu se a sua mãe com as mão no coração, sua mãe muito granfina, parecia uma pequena menina, um pedido urgente e estranho a menina a quis fazer.
_ A menina, mãe, quero um presente muito especial neste natal, sei que já está muito em cima da hora, mas este posso ganhar, em seguida se pos a chorar.
Sua mãe, claro ficou sem a entender, pois ela tinha tudo que queria ter.
Afinal, suas veste todas novinha, a compra do ano, já estavão preparadas para atravessar o natal tão esperado.
_ Sua mãe, o que foi filha?
Estamos reunido em familia e vai ser um natal dos mais diferente, você tem tudo para estar contente.
_ A menina, sim mamãe, diferente sim, mas não o mais contente.
_ A mãe, porque filha, faça seu pedido.
_A menina , sim mamãe, irei fazer o meu pedido, um deles é que gostaria de doar tudo que me pertence por direito, não só hoje mas todos os anos, inclusive a minha roupa escolhida ainda para este natal, gostaria que esta fosse ainda hoje para a criança mais carente.
O outro pedido, eu quero passar o natal apenas usando uma sandalha velha de havaiana e ganhar de presente uma veste de uma criança carente e junto com elas quero seiar, quero sentir como elas se sente.
Isto me fará feliz, pode ter certeza, e este será meu ultimo pedido.
Sua mãe, surpresa com sua decisão, mas quis a respeitar para não magoar seu coração.
Na hora da ceia, assim fez a menina, reuniu com uma familia grande e bem humilde, na mesa que parecia ser um banquete pela animação daquelas pessoas, avia apenas água e muito amor, e a noite assim passou.
No outro dia, sua familia ainda sem entender porque aquilo ela quis fazer, da menina aproximou e a perguntou, como se sentiu filha, com esta noite tão simples?
A menina sorridente como nunca, respondeu, foi a noite mais feliz que pude ter, e a mais rica. Descobri que dinheiro não é nada, dinheiro compra tudo menos amor, e esta noite conheci o amor, esta noite descobri que aquelas pessoas são as mais ricas que já conheci, eles não precisa de mais nada, mas para seu sustento, quero doar tudo que me pertence.
Sem dar tempo para mais perguntas, foi dormi dizendo estar cansada.
No outro dia, sua mãe foi a chama-la, mas para tristeza sua filha estava morta.
Sua mãe desesperada, sobre seu rosto ainda debruçada, entre soluços e gritos, acabou se desmaiando, durante o desmaio, como em um sonho veio sua filha, a mais linda e sorridente, dizendo, mãe, não chore, minha missão ai acabou, esta noite foi a noite que eu tinha para descobrir a verdadeira felicidade, a verdadeira riqueza.
Descobri que a maior riqueza é o amor e fé em Deus, o resto é apenas complemento, e bens materiais, devemos viver em compartilhas, nota-se que parte e nada pude trazer.
Mamãe, sei que toda mãe é feliz vendo seus filhos feliz, então irei secar suas lágrimas e peço que seja feliz, assim que suas lágrimas vier, seca-as, e sorrias, não chore, suas lágrimas está molhando meu caminha e o deixando escorregadio, impedindo meus passeio ao lado de Jesus. Mãe, não se preocupe, estou muito feliz.
Obrigada por tudo!

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Maria silvania dos santos

Ou se é falta de união neste grupo de gente.

Ou se é falta de união neste grupo de gente.

_ Vivo constantemente em busca de um verdadeiro amor presente...
Pois as vezes em meio tente gente sinto a presença de uma solidão em minha mente...
Não sei se realmente estou carente ou se é falta de união neste grupo de gente.
Ninguém mais acredita no amor, pensam que ele simplesmente evaporou.
Mas isto não é verdade, é falta de apenas regar e ele em nosso coração irá brotar.
E se cada um do teu cuidar, no mundo ele irá multiplicar.
Amor, amor não se vê, nem é apenas palavras, não é béns materiais, amor é sentimento, sentimentos incomparáveis, amor é conforto ao coração, é união, em geral, é respeito ao irmão.
Amor não é visível, não é bens materiais mas é a maior riqueza do universo.
Não sei se amo suficiente, mas eu amo, ame também!

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Carmen Lúcia

Náufragas palavras

Pobres náufragas e inaudíveis palavras,
vagueando perdidas no vasto oceano
à mercê do vento, ondas e tormentas,
tentando emergir a um novo plano.

Viajantes sem destino buscam outro rumo,
uma razão maior pra se tornarem texto,
vagam imersas, desencontradas, sem prumo,
apagadas, sem nexo, longe de um contexto.

Ah, palavras, que não se deixam ouvir...
Que itinerário pretendem então seguir?
Não emitem som, trazem dias sem glória...
Qual ancoradouro aportará a fantasia,
a ousadia se um dia se tornarem história?

Quem sabe as estrelas do mar as embalem,
aconchegantes e faceiras as façam refletir,
ou a linha do horizonte as encontre
defronte ao novo pôr do sol que há de vir...

Quem sabe as ondas do mar as naveguem
e brancas espumas as façam se quebrar
num castelo de areia que ansioso aguarde
o mundo de sonhos que sonham ancorar.

(Carmen Lúcia)

Foto de Maria silvania dos santos

Onde todos disião sim senhor, sim senhora...

Onde todos disião sim senhor, sim senhora...

_ As vezes fico Me lembrando de antigamente, onde a pobresa era bem mais que hoje, o tempo que nosso banho era em bacia ou nos rios. Mas a inocencia sem duvida existia, era um tempo em que as crianças eram tão inocentes que acredita vão que os bebês eram trago pelo avião, que bastavam sentir uma dor de cabeça que o avião trazia o bebê, Nisto eu acreditava pois isto era o que minha sempre me dizia quando estava sentindo a dor do parto ...
Foi o tempo que o respeito eram mútuo para com todos, onde todos disião sim senhor, sim senhora...
Eram o tempo em que os nossos pais basta-vão olhar de olhar torto e já era suficiente para as crianças entenderem que algo estava errado.
As crianças eram tão simples que acredita-vão em tudo em que os nossos pais disião.
Foi o tempo em que as crianças acredita-vão de verdade em papai Noel.
Na cabeça das crianças tudo era fácil, como se fosse mágico.
Me lembro que quando eu tinha uns quatro para cinco anos , não me lembro bem a idade, mas sei que não passava de seis anos, minha mãe já preparada para me banhar, eu já sem minha roupa, senti vontade de ir ao banheiro, o qual não existia, e como não havia banheiro, tínhamos que ir ao mato.
E assim fiz eu, mas durante o tempo em que eu estava no mato, chegou um compadre de minha mãe, o qual ia ficar ali por um bom tempo, e sendo assim eu teria que volta para dentro de casa, mas como? Eu estava sem roupa.
Minha mãe passou me apressar, dizia que a agua iria esfriar e que ela iria me dar uma surra, a qual eu sabia que ela daria mesmo pois sempre acontecia.
Comecei a chorar e resolvi obedece-la pois meu medo foi maior que a vergonha.
Chorei , chorei, chorei pois estava irritada por minha mãe fazer-me voltar sem roupa perto daquele homem, mas eu estava chorando muito e minha mãe irritou com isto, eu fui deitar-me e continuei chorar, e minha mãe já brava perguntou me já de arranque, porque está chorando? _ Eu, já com medo de tomar uma surra disse, estou com dor de cabeça.
Logo veio a minha imaginação, como eu gostava muito de bebês, imaginei, se eu começar a gritar, o avião pode trazer um bebê pra mim, ele já trouxe muitos para minha mãe, e comecei a gritar, ai, ai , estou com dor de cabeça, acaba eu ganhando um bebê,... ai, ai , estou com dor de cabeça, acaba eu ganhando um bebê. Mas estava demorando muito para o avião trazer o bebê e eu já não queria mais chorar, comecei chorar sem vontade, as vezes até esquecia de chorar e quando eu lembrava ,comessava d inovo chorar e gritar, ai, ai , estou com dor de cabeça, acaba eu ganhando um bebê, mas realmente eu não queria mais chorar e o avião não vinha, eu esquecia e parava de chorar, a minha mãe por que eu não sei, mas começou a dizer, é você não esta com dor de cabeça, você parou de chorar o avião não vai trazer o bebê desta vez, foi até que chegou uma amiguinha que eu gostava muito e perguntou por mim e eu ouvi, e na mesma hora eu esqueci de vez a dor de cabeça e fui brincar...
Maria silvania dos santos

Foto de Bel Souza

Ser mulher...sei lá!

Ser mulher...sei lá!
Aprendi com a minha mãe...
No começo foi fácil, um enxoval cor de rosa...um nome feminino, um signo feminino demais
Depois os brincos, os vestidos, os enfeites do cabelo
Quando dei por mim, estava lá na chamada das meninas, no lado da sala onde só as menininhas sentavam...
E eu estava ali, uma meninazinha, uma menininha da Brasil, uma menina ...
Quando dei por mim, já mexia os cabelos de lá para cá, procurando por mim nos espelhos e em outros reflexos
Já ensaiava um salto maior que outro, já cobiçava toda aquela renda, todo aquele róseo facial
De repente, trocando números e modelos, rendas maiores, palmilhas maiores, sonhos maiores
Ser moça é muito lindo, ser moça é perfeição, ser moça dá um trabalho!
Os amores vieram, um a um
Eu os descartava, só pensavam em namorar feio, com a malícia que eu ainda não tinha
Bem feito, ficavam sem par!
De repente, desejos absurdos, sonhos efêmeros, juras demais...
De repente não cabia mais em mim...
Alguns ficaram, outros correram, um prendeu
Eu me soltei, me liberei, fui sincera como a gente deve ser com a menina dos olhos da gente.
E, agora tô aqui... sem rosa, repleta de azul, cheia de querer bem!
Desprovida de enfeites, sem róseo na face, sem palmilhas, com uma saia rodada, um espelho em frente, uma boca vermelho céu-de-tarde! Tô aqui...
Ser mulher...sei lá!

Foto de Peter

Mensagem de despedida

Vou sair para não voltar
Sei que nunca me vais amar
Mas eu nunca te vou esquecer
Sei que não te posso ter
Mas desejo-te a maior felicidade
Nunca vou encontrar alguém como tu
Essa é a pura da verdade

Nada se compara contigo
Mas por esta porta eu sigo
Levo comigo os bons momentos
Guardados nos meus alentos
Tenho o coração partido
Mas pronto para ser reconstruido

Porque contigo aprendi a lição
Que não posso viver na ilusão
Por mais que dura que seja a realidade
E melhor que uma falsa felicidade

Fecho para sempre esta historia
Recheada de gloria
Mas apenas tinha que terminar
Para não me arruinar

Um adeus para sempre

Foto de Bruno Silvano

Amor de Primavera

Primavera, ahhh a primavera... Era meados do mês de setembro, a estação ainda era o inverno, mas os dias passavam de pressa e se aproximava da primavera, as temperaturas eram bastante altas para a época, soava um vento típico da estação, não um vento qualquer, mas daqueles que sopram sem rumo, que são abafado, que nos prendem e trazem uma serie de pensamentos, reflexões. Estava sentado ali em uma rede improvisada em meio a natureza na fazenda de meus pais, tentando a todo custo ler um livro sobre astronomia, mas aquele vento não deixava, foliava as paginas, e me sacudiam na rede, provocando um nó no estomago.
Era apenas um garoto de 15 anos, sonhador, pouco sociável, possuía vários amigos, mas muitas vezes me alta excluía, me sentia diferente por nunca ter “ficado”, com uma garota, não por falta de vontade, sim por muitas vezes ter sido rejeitado, ou talvez não ter feito nada certo, como geralmente acontece.
O vento varria as folhas das arvores, carregava os pássaros mesmo contra sua vontade para o norte, que mesmo sem saber seria o melhor lugar para eles, e o vento me fez refletir sobre todos os meus quinze anos de vida, sobre o que faria de errado de errado, sobre o vazio que sentia dentro de mim, me deixava ainda mais cabisbaixo, não sei de onde tirava forças de passar uma aparência de uma pessoa forte e feliz para os outros. O vento se intensificou e me recolhi para dentro de casa. Estava bastante cansado, o dia seguinte seria bastante corrido, logo fui dormir.
Acordei cedo, com o barulho do carro de som que anunciava sobre um festival de balonismo que aconteceria próximo a cidade na semana seguinte, para marcar o inicio da primavera, fiquei surpreso ao saber que o grupo de voluntários da ONG do hospital poderia entrar de graça. Meus pais já haviam saído para o trabalho, e meu café estava pronto no microondas, comi rápido e parti para o hospital, onde vestido de palhaço faria uma espécie de Standart Comedy em prol de ver ao menos um sorriso de esperança e felicidade e o brilho nos olhos, daquelas pequenas crianças, que faziam tratamento contra o câncer, essa satisfação não tem preço e com certeza era o que me fazia dormir em paz e dava força para continuar sorrindo.
Nunca esperei ser recompensado com meu trabalho, sim eu era sozinho, sentia falta de alguém para abraçar, beijar, mas mesmo assim mesmo entre trancos e barrancos conseguia ser feliz. Muitas vezes ainda chegava em casa e tinha que arranjar ainda mais forças, pois meus pais brigavam constantemente. Pouco sobrava tempo para conversar com meus amigos.
Os dias passavam muito rapidamente e comecei a sofrer com a mesmice da rotina, estava um pouco quanto animado para assistir ao festival, que aconteceria no dia seguinte, mas meus pais não concordaram muito com a idéia, meu pai chegou bêbado em casa e pela primeira vez bateu em minha mãe, fiquei completamente sem saber o que fazer, corri para pedir socorro, mas fui atropelado por uma moto, cai com tudo no chão, meus pais não reparam, apenas se entreolharam quando me viram chegar em casa com a perna quebrada. Nunca me senti tão mal quanto nesse dia..
O dia do festival havia chegado, havia me desanimado um pouco, mas fui convencido por uma amiga a ir.
Era o primeiro dia de primavera e as flores já haviam todos brotadas, eram um espetáculo de cor, perfume e harmonia, é a estação da magia havia chegado e eu ainda não tinha encontrado um par ideal pra mim, uma garota que me quisesse, me amargurei mas logo esqueci com os show que estavam por começar.
Não era muito bom em detectar cheiros, parecia uma rosa misturada com uma dama da noite, era um perfume irresistível, não percebi que vinha de um garota que estava atrás de mim, até esbarra-la. Estava vestindo a camisa do Criciúma, o maior time de SC, as cores davam ainda mais ênfase a sua beleza, não consegui falar nada, tinha medo de fazer tudo errado como de todas as outras vezes e deixar aquela guria espantada, o silencio foi quebrado por minha amiga, que nos apresentou.
Seu nome era Júlia, para mim a mais formosa flor do campo, tinha cabelos pretos, media perto de 1,60m, não era da cidade, mas também se fascinava por espetáculos. Seus olhos brilhantes me hipnotizavam, me chamavam a atenção. Não era perfeita, mas era a Garota ideal para qualquer garoto, esperta, cheirosa, linda, e ainda acima de tudo torcia para o Criciúma.
O dia foi passando e ficava cada vez mais encantado, não consegui para-la de olhar, de conversar, o papo se estendeu até o fim da tarde. Já temia me despedir e nunca mais vê-la.
O sol estava se pondo e deixava o céu cada vez mais tricolor, que se entrelaçavam com Júlia, o sol com seu sorriso, seu olhar, e o amarelo e preto com sua camiseta. Me considerei o cara de mais sorte do mundo, por ter passado ao menos um pôr-do-sol com ela, fiquemos bem agarradinhos, fiquei com medo de beija-la.. Não sei se terei outra oportunidade, mas rezo para que ano quer vem ela apareça nesse festival novamente.

Foto de WILLIAM VICENTE BORGES

SARÇA ARDENTE

SARÇA ARDENTE
Por: William Vicente Borges
CANTO I

1
Há um fogo que arde na sarça.
Ela está na minha frente.
Eu tremo. A terra treme!
A sarça arde, mas não se queima.
Continua viva, continua verde,
continua sendo sarça.

2
Há um fogo que arde na sarça.
E meu coração é pequeno demais
para entender este fogo que não queima.
Esta sarça que arde e não se consome.
Esqueço quem sou quem eu fui,
esqueço de tudo, até de meu nome.

3
Há um fogo que arde na sarça.
O deserto está muito quente.
Mas o fogo, este é diferente.
Fogo sem combustível, mas ardente.
Não sei o que faço, se corro, ou fico,
mas não dá pra ficar indiferente.

4
Há um fogo que arde na sarça.
Nunca vi nada assim antes,
como isto pode acontecer?
Será miragem de sol escaldante?
Será que fiquei louco neste instante?

5
Há um fogo que arde na sarça.
Não consigo ver nada ao redor.
Só eu e esta sarça que arde.
O chão não pára de tremer.
Ou são minhas pernas que tremem.
Será aqui que vou morrer?

6
Há um fogo que arde na sarça.
Ouço o crepitar do verde que não queima.
Ouço o crepitar de meu coração batendo forte.
Meu peito também está ardendo.
Sabe que está diante de algo não natural.
Será isto do bem, ou do mal?

7
Há um fogo que arde na sarça.
Devo me aproximar, ou não?
Há algum perigo que a espera?
Não sinto o perigo, mas temo.
Sairei daqui, machucado? Ferido?

8
Há um fogo que arde na sarça.
Quem me trouxe aqui pra ver?
O acaso? O destino? Não sei.
Não acasos ou destinos, creio.
Há propósitos e caminhos,
há na minha mente muito receio.

9
Há um fogo que arde na sarça.
Minha vida, sempre sem pressa, espera.
Preciso aqui aguardar.
O que vem depois da espera?
Deveria ser outro neste lugar.
Não eu diante de estranho queimar.

10
Há um fogo que arde na sarça.
Não irei mais me preocupar.
Uma paz estranha invade minha alma.
Posso neste fogo confiar.
Quero ficar aqui afinal.
Não preciso realmente recuar.

CANTO II

11
Há um fogo que arde na sarça.
O tempo parece que parou.
Começo a pensar em muitas coisas.
Lembranças antigas de outro tempo.
Não sei por que penso nela aqui,
parece que encontrei o infinito.

12
Há um fogo que arde na sarça.
Lembro-me menino ouvindo histórias.
As histórias de um único Deus vivo.
Ouvi de um menino lançado num rio.
Que não foi almoço de crocodilos.
E se tornou um príncipe no Egito.

13
Há um fogo que arde na sarça.
O meu povo escravo naquele país.
Tantos anos longe da terra de seus pais.
Da terra dos antigos adoradores.
Terra que mana leite e mel.
Vivendo, hoje, todo tipo de horrores.

14
Há um fogo que arde na sarça.
As lembranças não param de vir.
De minha mãe ouvi tantas histórias sem fim.
Dos sonhos do jovem José, que sofreu,
que usava capa colorida,
e que em terra estranha venceu na vida.

15
Há um fogo que arde na sarça.
Que faz arder meu peito.
Tenho um povo, tenho uma missão?
Mas não volto mais de onde saí.
Estou velho, tenho medo, não sei falar.
Nada posso fazer nesta situação.

16
Há um fogo que arde na sarça.
Melhor eu parar de pensar.
Esta loucura tomou conta de mim.
Meus olhos doem, estou tonto aqui.
Não quero mais recordar tanto.
Não quero lembrar que fugi.

17
Há um fogo que arde na sarça.
Isso não faz o menor sentido.
Ou será que todo sentido faz?
Não parece haver caminho de volta,
Perdi o sentido de direção
Por quer arde tanto este coração?

18
Há um fogo que arde na sarça.
Quer confrontar minha identidade.
O que espera de mim?
Não respeita minha liberdade?
Como pode me afetar tanto
logo eu nesta minha idade.

19
Há um fogo que arde na sarça.
As lembranças, teimosas, vem e vão.
Objetivação ou subjetivação?
Sim, eu feri, eu matei, em vão.
Meus pecados queimam meu interior.
Não vou reviver mais esta dor.

20
Há um fogo que arde na sarça.
Não vou lutar com estas recordações.
Queria eu, não ter mais memória
Aqui fiz nova vida, estou muito feliz.
Tenho esposa, família, filhos.
Estou como sempre esperei e quis.

CANTO III

21
Há um fogo que arde na sarça.
Volto-me finalmente para o hoje.
Detenho-me diante deste instante.
Como a vida se me apresenta dura.
Mas nada muda o que observo
A sarça cujo fogo perdura.

22
Há um fogo que arde na sarça.
Numa desconhecida relação universal.
Neste dia de um tempo qualquer.
Quem sabe na história ficará.
Ou apenas na lembrança de um homem velho.
Definitivamente não sei o que será.

23
Há um fogo que arde na sarça.
Parece elaborar uma nova ordem.
Acabará com o caos da minha vida.
Sabe bem aonde quer chegar.
Irá iniciar uma jornada definida.
E nada vai lhe embaraçar.

24
Há um fogo que arde na sarça.
Não há como isto contestar.
Há saída para o sofrimento.
O mal não irá triunfar.
Há dia para o fim do tormento.
Heróis com ou sem medo irão lutar.

25
Há um fogo que arde na sarça.
Há belos hinos angelicais.
Há milagres sendo gerados.
Há ventos que sopram do norte.
Há uma obra metrificada.
Há cheiro de vida e de sorte.

26
Há um fogo que arde na sarça.
Há segredos que nele se escondem.
Há verdades que serão reveladas.
Estou perdendo a respiração.
O fogo não vai se apagar?
Não sinto mais nenhuma aflição.

27
Há um fogo que arde na sarça.
Algo que jamais irei esquecer.
Momentos que jamais passarão.
Parece sonho, mas é vulcão em erupção.
A sarça arde com grande poder.
Aumenta minha palpitação.

28
Há um fogo que arde na sarça.
Que beleza sem igual esta visão.
Que mais eu poderia ver depois disto?
O que me chamaria mais a atenção?
Nunca mais esquecerei tal dádiva.
Será minha maior recordação.

29
Há um fogo que arde na sarça.
E que grande ponto de interrogação.
Quantas perguntas me estrangulam.
Quão grande minha imperfeição.
De onde me virão respostas?
Quem me dará a solução?

30
Há um fogo que arde na sarça.
E ninguém segura minha mão.
Que profunda é esta situação.
Como roda minha mente.
Estou ficando sem forças.
Tenho que ficar alerta novamente.

CANTO IV

31
Há um fogo que arde na sarça.
O tempo vai passando sem passar.
Minhas pernas continuam bambas.
Há um silêncio difícil de explicar.
As respostas ainda não vêem.
E eu não paro de suar.

32
Há um fogo que arde na sarça.
Estou com os nervos à flor da pele.
Este lugar parece não existir.
Quero gritar, mas não consigo.
Como suportar este mistério?
Preciso que alguém fale comigo.

33
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz retumba no ar.
É perturbadora, forte, tensa.
Fico paralisado de pronto.
Meu coração reconhece o estrondo.
Minha emoção se torna imensa.
34
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz sem igual sai dela.
Uma voz que não confunde.
Não posso estar delirando.
Não é o calor do deserto
É a voz que estava esperando.

35
Há um fogo que arde na sarça.
Tudo está tremendo mais.
Eu tremo absurdamente.
Não haverá misericórdia?
Quantas coisas na minha mente.
O coração e a razão entram em discórdia.

36
Há um fogo que arde na sarça.
Não sou tão corajoso.
Algo então me acalma.
A voz entra no meu interior.
Sinto que ela me abraça.
Ela é expressão maior de amor.

37
Há um fogo que arde na sarça.
Voz que é igual a de muitas águas.
Que faz até o céu enrolar.
Simplesmente Toda Poderosa.
Voz que tudo transforma.
E ao mesmo tempo formosa.

38
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz que está a me chamar.
Quem fala me conhece bem.
Sabe tudo o que sinto.
Sabe o que penso se,
digo verdades ou minto.

39
Há um fogo que arde na sarça.
Ela não se consome nunca.
Dela vem a voz não natural.
Nada pertence a este mundo.
É tudo para mim estranho,
Tudo é muito profundo.

40
Há um fogo que arde na sarça.
Sei agora que alguém comigo.
Nesta voz que tudo estremece.
Mas sinto nela um amigo.
Estou mais descansado,
Aqui se tornou meu maior abrigo.

CANTO V

41
Há um fogo que arde na sarça.
Há um comando que dela vem.
Ouço em alto e bom som:
E eu obedeço de pronto
__ Tira as sandálias dos pés.
Este lugar é santo!

42
Há um fogo que arde na sarça.
Há foco também na voz.
Há fogo em cada ordem.
Não há como não obedecer.
É a verdade personificada.
Sou parte do seu querer.

43
Há um fogo que arde na sarça.
Tirei as sandálias empoeiradas
Meus pés sentem o chão santo.
Nada é como dantes era.
O passado, o presente, o futuro.
Não existem mais nesta esfera.

44
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz que se deixa ouvir.
Um solo de santificação.
Pés descalços então.
Um poder que sente no ar.
E quase pára meu coração.

45
Há um fogo que arde na sarça.
Ouço atentamente quem fala.
A voz que os antigos ouviram.
O sonho que se tornou real.
O poder que os antigos sentiram.
Neste tom e sobrenatural.
46
Há um fogo que arde na sarça.
Ele esteve comigo no rio.
Guiou meus débeis passos.
O que quer ainda comigo?
Logo aqui no meu sossego.
O que quer meu amigo?

47
Há um fogo que arde na sarça.
Esse fogo existe e não come.
Muita coisa para este finito ser.
Diminuto verme neste mundo.
Tão pobre quanto inútil.
Um simples pastor imundo.

48
Há um fogo que arde na sarça.
A voz continua a falar.
E eu a ouço forte e potente.
O chão treme, estou tremendo.
Um misto de emoções me surpreende.
Mas eu escuto e compreendo.

49
Há um fogo que arde na sarça.
Eu vejo, escuto e sinto.
A cada dito sou atingido.
Não posso sair daqui.
Estou preso fora do tempo.
Não há nem como fugir.

50
Há um fogo que arde na sarça.
Tudo isso é tão possível.
Àquele que fala; àquele que vive.
Nunca de mim se esqueceu.
Em todo tempo me preparou.
Mas porque logo eu/

CANTO VI

51
Há um fogo que arde na sarça.
Ele ouviu o clamor dos aflitos.
E eu aqui livre e contente.
Sem ouvir de todos os gritos.
E daí, se um dia fui valente.
Hoje sou sombra de velho mito.

52
Há um fogo que arde na sarça.
Eu digo que não quero ir.
Vendo o fogo, ouvindo a voz.
Mesmo assim me mostro covarde.
Mas ele transforma a mão e o cajado.
Fortes argumentos de sua parte.

53
Há um fogo que arde na sarça.
Eu não imaginaria jamais isso.
Ter agora este “chama-mento”.
Sair da paz deste meu momento.
Para buscar um povo que chora,
Por que ele viu o seu tormento.

54
Há um fogo que arde na sarça.
Não há como a ele dizer não.
Convence-me de forma plena!
Subjugou minha teimosia atroz.
E quando me indagarem quem és?
Dirás que “Eu Sou” enviou a vós.

55
Há um fogo que arde na sarça.
Uma jornada de volta vou enfrentar.
Um grande inimigo me espera.
Mas este amigo me acompanhará.
Não sei o que verei daqui em diante.
Mas o poder me acompanhará.

56
Há um fogo que arde na sarça.
E tudo se transforma novamente.
Com Ele é assim, não há discussão.
Nada do que pensamos, quase? Vale.
Planos? São todos em vão.
Mas é melhor repousar em sua mão.

57
Há um fogo que arde na sarça.
Jamais irei saber por que eu?
Diante de tantos outros mais fortes.
Logo a mim, fugitivo de outrora.
Um homem sem nome ou atrativos.
Completamente destituído de glória.

58
Há um fogo que arde na sarça.
Este fogo agora arde em meu coração.
Sigo em frente, cajado na mão.
A voz ressoando em meus ouvidos.
Caminho agora para minha missão.
Ouço como ele dos irmãos os gemidos.

59
Há um fogo que arde na sarça.
Fogo para consumir a escravidão.
Que faz tremer o pior opressor.
Ai dos que oprimem o povo do grande “Eu Sou”.
Ai daqueles que tocam em seus ungidos.
Pois é o povo que ele sempre amou.

60
Há um fogo que arde na sarça.
Olhando-os livres, e dançando após o mar.
Vendo os milagres que Ele realizou.
Vendo as mulheres sem correntes nos pés.
Ainda me ressoa a voz onipotente:
__ Agora vai! Moisés!

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Foto de WILLIAM VICENTE BORGES

QUEM SABE DEPOIS DAS FERIDAS CURADAS

QUEM SABE DEPOIS DAS FERIDAS CURADAS
Por: William Vicente Borges

Quem sabe depois das feridas curadas
nos encontraremos outra vez
naquele lugar que ficou no passado
e assim olharmos um nos olhos do outro
e com candura ver que de alguma forma
tudo foi surpreendentemente bom
e que os dois aprenderam muito sobre
questões antes desconhecidas.
Quem sabe depois das feridas curadas
eu possa dizer a você que nunca te esqueci
que cada momento que estivemos juntos
estiveram guardados num lugar secreto
nos arquivos do coração
dizer que os sinais da sua existência
ficaram tatuados em minha alma
e que por mais que um dia trouxe outro dia
a sua presença sempre fora sentida mesmo
separados os dois pela maior das distâncias.
Quem sabe depois das feridas curadas
possamos ouvir nossas canções prediletas
e até dançarmos como fazíamos antes
só para tirar aquele grande nó deixado
na garganta, o nó que infelizmente persistiu
iríamos até rir, principalmente um do outro
e mesmo que lágrimas se misturassem aos risos
enfim averiguaríamos que o que aconteceu
tinha que acontecer como aconteceu.
Quem sabe depois das feridas curadas
iremos contar nossas novas histórias
histórias do depois das dores
falarmos dos encontros, ou de como
fomos encontrados por aqueles novos
protagonistas que nos acolheram com amor
e nos deram os ombros para chorar e
passaram bálsamo em nossas feridas
recém abertas e ainda bem doloridas
e assim sermos agradecidos porque em meio
a tribulação encontramos conforto, paz,
segurança e um novo ponto de partida
para recomeçar.
Quem sabe depois das feridas curadas
estaremos mais aptos para entendermos
quem de fato somos, e descobrirmos
finalmente que vivemos o melhor
dos momentos de nossas vidas
sem estarmos emocionalmente
preparados para mantê-los para sempre
e então chegarmos mais perto dos
nossos corações como nunca tivemos
realmente a chance de chegar.
Quem sabe depois das feridas curadas
enxerguemos um ao outro do melhor
ponto de vista e somente contemplarmos
o melhor de nós dois, e isto, sem acusações
rancores ou mesmo ofensas vãs.
Ao ponto de podermos vislumbrar um
novo caminho, uma ponte de amizade
que perdure, onde nos alegraremos
com as conquistas e choraremos as perdas
Pois com toda certeza os erros que abriram
feridas tão mortais que doeram tanto
e por tanto tempo não iremos cometer
nunca mais.
Pois nunca podemos esquecer
que as pérolas nascem de feridas curadas.
Quem sabe...
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Foto de Gideon

Agonia da Noite

Agonia da noite

Ah já sei... Acho que vou deixar esse negócio chato aqui.
Não consigo progredir, não saio da lição 10
Deste método ultrapassado de Violino.
Vou ver Vênus com toda a sua exuberância em Maio
E o seu filhotinho flutuando em torno...

Arrasto o meu telescópio empoeirado para fora.
As lentes estão imundas.
Caço uma flanela úmida para depressa limpar-lhe as vistas...
Posiciono-o e delicio-me com aquele bola enorme
Flutuando no céu de Bangu entre duas montanhas lindas
Que enriquecem a já deslumbrante paisagem do meu Rio de Janeiro...

Canso, logo canso.
Que chatisse esse negócio de ficar madrugada adentro
Observando uma coisa que está lá, no céu, desde sempre.
Retorno meio sem rumo.

Mas já é alta madrugada meu Deus, murmuro.
Por que não vou dormir, penso.
Sento-me na cadeira de praia gelada pelo orvalho da noite.
Agarro o violão que está ao lado
E começo a fazer aquelas escalas infindas
Exercitando os meus dedos ligeiros
Que de tão ligeiros logo devolvem o sofrido magrelo
Para a sua forca na parede...
Ele fica lá, balançando como um pobre condenado
Daqueles antigos filmes de cowboy
Que eu assistia na televisão preto-e-branco
Da sala de minha irmã Sara
Já que lá em casa papai não permitia televisão, coisa do demo...

Ai meu bom Deus, estou divagando nesta madrugada desconexa... Matemática, filosofia, romances, Bíblias...
Muitas delas emparelhadas, da menor para a maior
Como estivessem perfiladas em ordem-unida do quartel
Imagem que assalta sem aviso as minhas lembranças pêndegas
Depois que vislumbro a minha espada e quepe presos na parede...

Agora cá estou eu, depois do violão
Olhando aleatoriamente os meus livros arrumados na estante...
Sono, que nada... Nada de dormir... Nada de descansar...
Estou ligado... Estou acordado... Ai que chato...

Não resisto e religo o notebook prá tentar, talvez pela última vez
Vê-la linda como sempre...
Estou viciado em sua imagem...
Que se não olhá-la, mesmo que de relance e rapidamente...
não durmo...
Ufa.. agora vou dormir...

Gideon Marinho Gonçalves

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