Loucura

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Senso Comum - Parte 6

A minha mulher é necropsista.

Ela junta os caquinhos das pessoas. As pessoas, que lhe chegam estraçalhadas, sem vida, aparecem-lhes desfiguradas, desmanteladas, podres. Ela examina os corpos para saber do que a pessoa sofreu, toca-lhes, e imagina como se deu o sofrimento daquele ser que tem ali os seus restos dispostos.

Eu vi apenas fotos, e posso garantir sem diminuir: morrer é uma merda.

Aproveitem a vida. Não do modo que você fazem, disperdiçando o tempo que lhes foi dado gratuitamente. Eu falo do modo grego. A incerteza de um destino maravilhoso, de um paraíso utópico. A busca pela glória, o estudo e a reflexão, o trabalho útil, o compartilhamento natural e humilde. A possibilidade de que talvez Deus não exista, mas a fé, duradoura e firme, de se sentir bem e satisfeito. A consciência líquida. A loucura do amor. O verso. O canto redescoberto.

Se eu morrer amanhã, não morro desenganado.

Foto de poetisando

Vida de loucura

Vida de loucura
Vivemos tempos de correria
Uma vida de loucura
Parece que andamos todos
A correr sempre á procura
Já não convivemos com os amigos
Não sabemos o que procuramos
Nesta vida de tanta loucura
Também já não nos encontramos
O convívio que antes havia
Hoje nesta vida de correria
Deixou de todo de existir
Já não há amigos como havia
Vivemos numa correria louca
Os tempos já não são como outrora
Em que todos convivíamos
Eram outros amigos que não como agora
Que vida de loucura agora vivemos
Sempre em correria desenfreada
Deixamos de ter tempo para os amigos
Ficamos sem tempo para nada
Levamos toda a vida acorrer
A correr sempre á procura
Deixamos de ter tempo para os amigos
Vivemos uma vida de loucura
De: António C.

Foto de WILLIAM VICENTE BORGES

SARÇA ARDENTE

SARÇA ARDENTE
Por: William Vicente Borges
CANTO I

1
Há um fogo que arde na sarça.
Ela está na minha frente.
Eu tremo. A terra treme!
A sarça arde, mas não se queima.
Continua viva, continua verde,
continua sendo sarça.

2
Há um fogo que arde na sarça.
E meu coração é pequeno demais
para entender este fogo que não queima.
Esta sarça que arde e não se consome.
Esqueço quem sou quem eu fui,
esqueço de tudo, até de meu nome.

3
Há um fogo que arde na sarça.
O deserto está muito quente.
Mas o fogo, este é diferente.
Fogo sem combustível, mas ardente.
Não sei o que faço, se corro, ou fico,
mas não dá pra ficar indiferente.

4
Há um fogo que arde na sarça.
Nunca vi nada assim antes,
como isto pode acontecer?
Será miragem de sol escaldante?
Será que fiquei louco neste instante?

5
Há um fogo que arde na sarça.
Não consigo ver nada ao redor.
Só eu e esta sarça que arde.
O chão não pára de tremer.
Ou são minhas pernas que tremem.
Será aqui que vou morrer?

6
Há um fogo que arde na sarça.
Ouço o crepitar do verde que não queima.
Ouço o crepitar de meu coração batendo forte.
Meu peito também está ardendo.
Sabe que está diante de algo não natural.
Será isto do bem, ou do mal?

7
Há um fogo que arde na sarça.
Devo me aproximar, ou não?
Há algum perigo que a espera?
Não sinto o perigo, mas temo.
Sairei daqui, machucado? Ferido?

8
Há um fogo que arde na sarça.
Quem me trouxe aqui pra ver?
O acaso? O destino? Não sei.
Não acasos ou destinos, creio.
Há propósitos e caminhos,
há na minha mente muito receio.

9
Há um fogo que arde na sarça.
Minha vida, sempre sem pressa, espera.
Preciso aqui aguardar.
O que vem depois da espera?
Deveria ser outro neste lugar.
Não eu diante de estranho queimar.

10
Há um fogo que arde na sarça.
Não irei mais me preocupar.
Uma paz estranha invade minha alma.
Posso neste fogo confiar.
Quero ficar aqui afinal.
Não preciso realmente recuar.

CANTO II

11
Há um fogo que arde na sarça.
O tempo parece que parou.
Começo a pensar em muitas coisas.
Lembranças antigas de outro tempo.
Não sei por que penso nela aqui,
parece que encontrei o infinito.

12
Há um fogo que arde na sarça.
Lembro-me menino ouvindo histórias.
As histórias de um único Deus vivo.
Ouvi de um menino lançado num rio.
Que não foi almoço de crocodilos.
E se tornou um príncipe no Egito.

13
Há um fogo que arde na sarça.
O meu povo escravo naquele país.
Tantos anos longe da terra de seus pais.
Da terra dos antigos adoradores.
Terra que mana leite e mel.
Vivendo, hoje, todo tipo de horrores.

14
Há um fogo que arde na sarça.
As lembranças não param de vir.
De minha mãe ouvi tantas histórias sem fim.
Dos sonhos do jovem José, que sofreu,
que usava capa colorida,
e que em terra estranha venceu na vida.

15
Há um fogo que arde na sarça.
Que faz arder meu peito.
Tenho um povo, tenho uma missão?
Mas não volto mais de onde saí.
Estou velho, tenho medo, não sei falar.
Nada posso fazer nesta situação.

16
Há um fogo que arde na sarça.
Melhor eu parar de pensar.
Esta loucura tomou conta de mim.
Meus olhos doem, estou tonto aqui.
Não quero mais recordar tanto.
Não quero lembrar que fugi.

17
Há um fogo que arde na sarça.
Isso não faz o menor sentido.
Ou será que todo sentido faz?
Não parece haver caminho de volta,
Perdi o sentido de direção
Por quer arde tanto este coração?

18
Há um fogo que arde na sarça.
Quer confrontar minha identidade.
O que espera de mim?
Não respeita minha liberdade?
Como pode me afetar tanto
logo eu nesta minha idade.

19
Há um fogo que arde na sarça.
As lembranças, teimosas, vem e vão.
Objetivação ou subjetivação?
Sim, eu feri, eu matei, em vão.
Meus pecados queimam meu interior.
Não vou reviver mais esta dor.

20
Há um fogo que arde na sarça.
Não vou lutar com estas recordações.
Queria eu, não ter mais memória
Aqui fiz nova vida, estou muito feliz.
Tenho esposa, família, filhos.
Estou como sempre esperei e quis.

CANTO III

21
Há um fogo que arde na sarça.
Volto-me finalmente para o hoje.
Detenho-me diante deste instante.
Como a vida se me apresenta dura.
Mas nada muda o que observo
A sarça cujo fogo perdura.

22
Há um fogo que arde na sarça.
Numa desconhecida relação universal.
Neste dia de um tempo qualquer.
Quem sabe na história ficará.
Ou apenas na lembrança de um homem velho.
Definitivamente não sei o que será.

23
Há um fogo que arde na sarça.
Parece elaborar uma nova ordem.
Acabará com o caos da minha vida.
Sabe bem aonde quer chegar.
Irá iniciar uma jornada definida.
E nada vai lhe embaraçar.

24
Há um fogo que arde na sarça.
Não há como isto contestar.
Há saída para o sofrimento.
O mal não irá triunfar.
Há dia para o fim do tormento.
Heróis com ou sem medo irão lutar.

25
Há um fogo que arde na sarça.
Há belos hinos angelicais.
Há milagres sendo gerados.
Há ventos que sopram do norte.
Há uma obra metrificada.
Há cheiro de vida e de sorte.

26
Há um fogo que arde na sarça.
Há segredos que nele se escondem.
Há verdades que serão reveladas.
Estou perdendo a respiração.
O fogo não vai se apagar?
Não sinto mais nenhuma aflição.

27
Há um fogo que arde na sarça.
Algo que jamais irei esquecer.
Momentos que jamais passarão.
Parece sonho, mas é vulcão em erupção.
A sarça arde com grande poder.
Aumenta minha palpitação.

28
Há um fogo que arde na sarça.
Que beleza sem igual esta visão.
Que mais eu poderia ver depois disto?
O que me chamaria mais a atenção?
Nunca mais esquecerei tal dádiva.
Será minha maior recordação.

29
Há um fogo que arde na sarça.
E que grande ponto de interrogação.
Quantas perguntas me estrangulam.
Quão grande minha imperfeição.
De onde me virão respostas?
Quem me dará a solução?

30
Há um fogo que arde na sarça.
E ninguém segura minha mão.
Que profunda é esta situação.
Como roda minha mente.
Estou ficando sem forças.
Tenho que ficar alerta novamente.

CANTO IV

31
Há um fogo que arde na sarça.
O tempo vai passando sem passar.
Minhas pernas continuam bambas.
Há um silêncio difícil de explicar.
As respostas ainda não vêem.
E eu não paro de suar.

32
Há um fogo que arde na sarça.
Estou com os nervos à flor da pele.
Este lugar parece não existir.
Quero gritar, mas não consigo.
Como suportar este mistério?
Preciso que alguém fale comigo.

33
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz retumba no ar.
É perturbadora, forte, tensa.
Fico paralisado de pronto.
Meu coração reconhece o estrondo.
Minha emoção se torna imensa.
34
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz sem igual sai dela.
Uma voz que não confunde.
Não posso estar delirando.
Não é o calor do deserto
É a voz que estava esperando.

35
Há um fogo que arde na sarça.
Tudo está tremendo mais.
Eu tremo absurdamente.
Não haverá misericórdia?
Quantas coisas na minha mente.
O coração e a razão entram em discórdia.

36
Há um fogo que arde na sarça.
Não sou tão corajoso.
Algo então me acalma.
A voz entra no meu interior.
Sinto que ela me abraça.
Ela é expressão maior de amor.

37
Há um fogo que arde na sarça.
Voz que é igual a de muitas águas.
Que faz até o céu enrolar.
Simplesmente Toda Poderosa.
Voz que tudo transforma.
E ao mesmo tempo formosa.

38
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz que está a me chamar.
Quem fala me conhece bem.
Sabe tudo o que sinto.
Sabe o que penso se,
digo verdades ou minto.

39
Há um fogo que arde na sarça.
Ela não se consome nunca.
Dela vem a voz não natural.
Nada pertence a este mundo.
É tudo para mim estranho,
Tudo é muito profundo.

40
Há um fogo que arde na sarça.
Sei agora que alguém comigo.
Nesta voz que tudo estremece.
Mas sinto nela um amigo.
Estou mais descansado,
Aqui se tornou meu maior abrigo.

CANTO V

41
Há um fogo que arde na sarça.
Há um comando que dela vem.
Ouço em alto e bom som:
E eu obedeço de pronto
__ Tira as sandálias dos pés.
Este lugar é santo!

42
Há um fogo que arde na sarça.
Há foco também na voz.
Há fogo em cada ordem.
Não há como não obedecer.
É a verdade personificada.
Sou parte do seu querer.

43
Há um fogo que arde na sarça.
Tirei as sandálias empoeiradas
Meus pés sentem o chão santo.
Nada é como dantes era.
O passado, o presente, o futuro.
Não existem mais nesta esfera.

44
Há um fogo que arde na sarça.
Uma voz que se deixa ouvir.
Um solo de santificação.
Pés descalços então.
Um poder que sente no ar.
E quase pára meu coração.

45
Há um fogo que arde na sarça.
Ouço atentamente quem fala.
A voz que os antigos ouviram.
O sonho que se tornou real.
O poder que os antigos sentiram.
Neste tom e sobrenatural.
46
Há um fogo que arde na sarça.
Ele esteve comigo no rio.
Guiou meus débeis passos.
O que quer ainda comigo?
Logo aqui no meu sossego.
O que quer meu amigo?

47
Há um fogo que arde na sarça.
Esse fogo existe e não come.
Muita coisa para este finito ser.
Diminuto verme neste mundo.
Tão pobre quanto inútil.
Um simples pastor imundo.

48
Há um fogo que arde na sarça.
A voz continua a falar.
E eu a ouço forte e potente.
O chão treme, estou tremendo.
Um misto de emoções me surpreende.
Mas eu escuto e compreendo.

49
Há um fogo que arde na sarça.
Eu vejo, escuto e sinto.
A cada dito sou atingido.
Não posso sair daqui.
Estou preso fora do tempo.
Não há nem como fugir.

50
Há um fogo que arde na sarça.
Tudo isso é tão possível.
Àquele que fala; àquele que vive.
Nunca de mim se esqueceu.
Em todo tempo me preparou.
Mas porque logo eu/

CANTO VI

51
Há um fogo que arde na sarça.
Ele ouviu o clamor dos aflitos.
E eu aqui livre e contente.
Sem ouvir de todos os gritos.
E daí, se um dia fui valente.
Hoje sou sombra de velho mito.

52
Há um fogo que arde na sarça.
Eu digo que não quero ir.
Vendo o fogo, ouvindo a voz.
Mesmo assim me mostro covarde.
Mas ele transforma a mão e o cajado.
Fortes argumentos de sua parte.

53
Há um fogo que arde na sarça.
Eu não imaginaria jamais isso.
Ter agora este “chama-mento”.
Sair da paz deste meu momento.
Para buscar um povo que chora,
Por que ele viu o seu tormento.

54
Há um fogo que arde na sarça.
Não há como a ele dizer não.
Convence-me de forma plena!
Subjugou minha teimosia atroz.
E quando me indagarem quem és?
Dirás que “Eu Sou” enviou a vós.

55
Há um fogo que arde na sarça.
Uma jornada de volta vou enfrentar.
Um grande inimigo me espera.
Mas este amigo me acompanhará.
Não sei o que verei daqui em diante.
Mas o poder me acompanhará.

56
Há um fogo que arde na sarça.
E tudo se transforma novamente.
Com Ele é assim, não há discussão.
Nada do que pensamos, quase? Vale.
Planos? São todos em vão.
Mas é melhor repousar em sua mão.

57
Há um fogo que arde na sarça.
Jamais irei saber por que eu?
Diante de tantos outros mais fortes.
Logo a mim, fugitivo de outrora.
Um homem sem nome ou atrativos.
Completamente destituído de glória.

58
Há um fogo que arde na sarça.
Este fogo agora arde em meu coração.
Sigo em frente, cajado na mão.
A voz ressoando em meus ouvidos.
Caminho agora para minha missão.
Ouço como ele dos irmãos os gemidos.

59
Há um fogo que arde na sarça.
Fogo para consumir a escravidão.
Que faz tremer o pior opressor.
Ai dos que oprimem o povo do grande “Eu Sou”.
Ai daqueles que tocam em seus ungidos.
Pois é o povo que ele sempre amou.

60
Há um fogo que arde na sarça.
Olhando-os livres, e dançando após o mar.
Vendo os milagres que Ele realizou.
Vendo as mulheres sem correntes nos pés.
Ainda me ressoa a voz onipotente:
__ Agora vai! Moisés!

.................................

Foto de WILLIAM VICENTE BORGES

EU PREFIRO SER EU!

EU PREFIRO SER EU!
Por William Vicente Borges

Como são tolos estes humanos
Que vivem pesando nos outros
Como mercadores numa feira
Como expertes em tudo.
Avaliam as pessoas como se
Pudessem esquadrinhar
os seus corações.
Mas não importa como me julguem
Se pior ou se melhor que sou.
Eu sou eu, e prefiro ser eu.

Eu prefiro meus erros e acertos.
Eu prefiro estar bem ou não.
Eu prefiro nunca abrir mão
Da compaixão que tenho pelo outro,
Que me respeita ou não.
Eu prefiro ser eu!

Prefiro minhas feridas, prova de
Quem viveu intensamente e lutando.
De quem não aceitou não entregar seu
“livre arbítrio”, dom de Deus, para ninguém.
A ter a pele lisa dos que nunca estiveram
No calor da batalha, nunca sentiram
o gosto da espada e dos dardos inflamados
do inimigo feroz e invejoso.
Eu prefiro ser eu!

Eu prefiro as minhas enormes percas, certeza
Dos grandes ganhos e de que realizei.
Prova de que continuarei a realizar , do meu
Poder de sair do nada e chegar lá.
Eu prefiro ter andado na contramão da vida
Por arriscar dias melhores. Melhor do que
A frieza de uma existência sem sabor e emoção.
Tendo esta rudeza asfáltica, de quem nunca perdeu
Mas que também nunca sentiu.
Eu prefiro ser eu!

Prefiro meus devaneios. Sonhos que vem e vão.
Que as vezes se realizam, e as vezes demoram um tempão.
Melhor do que a mediocridade de achar que sonhos
Nunca se realizam.
Prefiro minhas gargalhadas sempre sinceras,
Fruto da alegria de estar vivo e vivo para Deus.
Melhor do que não saber a que fim veio nesta terra.
Eu prefiro ser eu!

Prefiro meus conflitos internos,
Esta rixa sem fim entre razão e emoção
Que as vezes me levam quase a loucura,
Onde tomar uma decisão é um desafio
Sobrenatural.
Antes assim que viver num trilho de ferro,
Como um trem que não sabe mais
Do que vê nas estações.
Eu prefiro ser eu!

Prefiro meus turbulentos medos,
que me fazem tremer em certos momentos
Cruciais, mas que me impulsionam
a enfrentá-los cara-a-cara mesmo sem coragem.
A ser este falso herói que se apresenta
De capa e tanga e diz que nada teme,
Mas que na verdade vive de calças sujas.
Eu prefiro ser eu!

Prefiro esta minha cara limpa.
Este olhar que continua ingênuo
Mesmo depois de tantas porradas.
Este meu coração que acredita
Que todos são bons de alguma forma.
E por vezes ser chamado de louco
Por causa disso.
A viver com estas máscaras,
Das múltiplas personalidades insanas
Onde a crueldade se esconde muito bem
Pronta para aflorar.
Eu prefiro ser eu!

Eu prefiro minha casinha de
Paredes brancas e teto azul,
Onde estrelas brilham o tempo todo,
Só para me fazer sorrir.
Prefiro meu fogão, bem usado,
Onde pintei muitos corações
Só para me lembrar que preciso
Ter sempre um coração quente.
Eu prefiro meu colchão sobre o chão
Na salinha desta casinha sem quarto
Que me proporciona os sonhos mais
Doces e as esperanças mais certas.
As mansões cheias de ouro onde
Cristo não pode entrar, comer e repousar.
Eu prefiro ser eu!

Eu não quero ser outro.
Eu não quero a vida do outro.
Por que sou único
E como único, especial.
E ao contrário do que os
outros pedantes, “pesantes”, tolos
podem achar,
digo a estes pernósticos burros:
È bom demais ser eu!

.........................................

Foto de Rosamares da Maia

Emoções

Emoções

Teus olhos são lagos turbulentos,
Onde Minh ‘alma insiste em nadar,
Exposta, desarmada e indefesa.
Meus segredos são teus, todos,
Mesmo os incontáveis, desvelastes.

Tua voz é como a flauta de Pan,
Converte-me às tuas vontades,
Não há lógica ou qualquer razão,
Somente emoção servil, a me servir,
Na bandeja dos teus caprichos.

Não há generosidade em ti, não!
Mas emoções densas, dissonantes.
Somente jogo de cena, sedução.

Teus cabelos, como de um anjo barroco,
Emolduram o sorriso de menino.
Posso sentir de longe o teu cheiro.
E lembrar o gosto da tua pele,
Sonho contigo noite a fora e desejo.

Não há generosidade em ti anjo,
Mas as sensações que desejo sentir,
Somente emoções, pecado e loucura.

Repudio o pensamento e cultivo o desejo.
Estou perdida, mas, quero perder-me.
Sabes de tudo e atiças perversamente,
Sussurras ao meu ouvido tua melodia,
Sensual que a boca ousada premeditada.

Sopra inocentemente a minha nuca.
Inocente? Por certo que não!
Malicioso, deliciosamente sedutor,
Caçador que espalha as armadilhas.
Mas, sou presa espontânea e fácil,

Deixo-me abater sem lutar, vencida.
Depus todas as armas, cativa.
Jamais pretendi uma saída vitoriosa,
Teu amor é um julgo, mas é minha emoção,
Uma explosão do sol que me faz viva.

Rosamares da Maia /06.11.2002

Foto de heisenhein

Facetas do Amor

Pensar, pensar... e não conseguir escrever o que se sente,
É como dizia Camões: um contentamento descontente;
É como dizia Vinícius: Quero vivê-lo (o amor) em cada vão momento,
E que Dele (o amor) se encante mais meu pensamento...
Como se pode chegar a esse tão puro e simples amor?
Atingir esse ponto, sem aquela pessoa amada a todos expor,
Como diz Shakespeare: Lutando contra mim mesmo, fico do seu lado...
E mais, esse inglês me faz pensar: Saiba ler, esse meu amor calado,
Drummond escreve: Bate o amor a porta da loucura,
Mas como posso eu chegar a essa porta, por estrada tão escura?
Fernando Pessoa, me trouxe a memória um inesquecível e inigualável beijo...
Quando diz: O poeta se faz penar por um beijo, tocado uma vez por divino desejo,
E assim diz DI Verbena: Vivamos, pois a vida mágica do louco...
Louco? loucura de um apaixonado, além disso mais um pouco,
Esse amor que move a gente... Que encanta... Que nos faz viver...
Que move a grande roda, chamada mundo... Esse amor pra poucos entender,
Para encerrar, Castro Alves expressa o que sinto: Por isso eu te amo querida...
Grande, puro, intenso, envolvente amor... Por isso eu te amo querida...

Foto de Maria silvania dos santos

Mãe, você tem a doçura mais doce!

Mãe, você tem a doçura mais doce!

_ Mãe, como sinto saudade de te, como sinto sua falta!
Seria tão maravilho poder estar ao seu lado, bem pertinho de você, poder lhe abraçar,
sentir o seu cheirinho, cheirinho que só mãe tem, poder te dar aquele abraço e dizer o quanto te amo.
Chegar bem de levinho, fazer aquele carinho que só mãe merece.
Mas pode ter certeza, que estando eu longe ou perto, o meu amor e
carinho cresce cada vez mais.
Mãe você é uma heroína, você me deu a
vida, você me faz sentir a vida, me faz ver a beleza da natureza, a qual você
faz parte.
Você é a ternura mais preciosa de todas as ternuras, você tem a
doçura mais doce que todas as doçuras.
Amo-te, te amo com loucura!

Autoria; Maria silvania dos santos. silvania1974@oi.com.br

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Foto de elcio josé de moraes

TE QUERO

Quero em teus olhos me ver,
E ler o meu nome em teu coração.
Quero em tua vida, meu amor, poder ser,
Sua loucura e sua paixão.

Quero uma chance somente pra ter,
Você em meus braços, e num beijo então;
Fazer que você, nunca venha a esquecer,
Que a amo de verdade, e não é ilusão.

Quero sim! Te quero tanto querer,
Não duvides disto nunca! Não!
Quero com você pra sempre viver,
Na mais perfeita e linda união.

Quero que você, por fim, vem saber,
Que amar-te, nunca foi em vão.
Amo-te! E sempre te amarei pra valer.
E que este amor, não tem explicação...

Elciomoraes

Foto de Gideon

A Dança No Escuro

A dança no escuro

Às vezes a poesia não vem em palavras,
Simplesmente dá uma vontade louca de dançar...
Isto mesmo, dançar...
Olho-me na câmera de meu vídeo,
E pergunto-me, com semblante zombeteiro....
Mas você com esta cara de sério, vai dançar?

Não respondo e começo logo a dançar...
Não, não, não é uma dança qualquer,
De um louco mexendo-se sem um ritmo determinado..
Balançando o corpo ao sabor da loucura...

É uma dança planejada.
Dias destes puxei uns vídeos do Youtube
Com um professor de dança do outro lado...
Sigo os seus passos... claro.. que escondido..
Em meu quarto, trancado...
E com o headphone remoto preso às orelhas...

Fecho os olhos e viajo na linha tênue,
Equilibrando-me no tempo de volta à juventude...
E vou lembrando dos amores, dos beijos,
Dos abraços, dos sorrisos, das mãos dadas,
Da família que se foi...
Dos gritinhos dos meninos
Puxando-me pelas pernas jogados ao chão...
Na brincadeira de super homens..

A dança segue o ritmo do professor do Youtube...
Não sei se estou no passo certo.. estou no meu..
O som do headphone apenas serve para guiar-me
Pelo meu devaneio neste iô-iô da vida..
Que balanço em minha mente...
De olhos cerrados.

Ah, quantos enganos, quantas esperanças
Que mostraram serem fumaças apenas...
O meu quarto está escuro.. o vídeo acabou..
Mas eu continuo dançando na escuridão de minha mente...

Agora sentado ao sofá.. registrando esta dança...
Gideon Marinho Gonçalves

Foto de elcio josé de moraes

FALSO AMOR

Porque acreditei em você?
Ah! Que raiva eu tenho de mim!
E como eu pude me envolver?
Com alguém, tão sínico assim!

Você me jurou um falso amor,
Iludiu-me, e me enganou.
E com isso, ganhei só a dor,
Amando, quem nunca me amou.

Veja só! Quanta desventura!
Quanta amargura!
E quanta ingratidão!

Fui para você, só uma figura,
Um nada! Ai que loucura!
Fui para você, só uma diversão...

Elciomoraes

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