Longe

Foto de Fernanda Daniela

Se...

Se eu pudesse escolher
Outra pessoa, outro ser
Prá me soltar de vc...
Escolheria.

Se as águas dos rios e mares
Fossem suficientes
Para lavar vc da minha alma
Eu nelas me afogaria.

Se as estrelas do céu
Na sua vasta imensidão
Fizessem um caminho para longe
Eu partiria.

Se o Universo que nos olha
Quizesse que eu não te amasse mais...
Tiraria vc do meu pensamento.....

Foto de Fernanda Daniela

Tempestade

E meu ser não sabe se prefere
Os dias ensolarados e alegres...
Ou os dias chuvosos e cinzas...
A negra noite toma conta de mim...

Encontro meu abrigo,
Na mais forte tempestade...
E estou só...
Os raios e trovões... me levam para casa...

Longe daqui.. nesse lugar só meu
Longe de mim mesma.. encontro o caminho...
Longe de tudo, encontro o sentido...
Longe daqui ainda há vida.

Tão perto quanto o céu...
O oceano cresece dentro de mim...
As nuvens negras e cinzentas
Tomam conta de mim e eu durmo....

Acordo com o som ao longe
Estrondos e clarões...
A tempestade está vindo...
E eu não estou preparada para ela...

Corro e sinto as gotas e chuva
Molhando meu rosto, misturadas as minhas lágrimas
Onde está meu abrigo??? Minha proteção?
Estou sozinha.. e a tempestade cada vez mais forte...

Foto de ruthh

CARTA PARA O MEU AMOR/O HOMEM QUE AMEI

Gatinho, como carinhosamente te chamo por teres olhos tão lindos como os de um gato. No momento em que escrevo esta carta, to com muita saudade e a imaginar um monte de coisa que estaria a fazer se perto de mim estivesses.

Agora que escrevo, as ideias me fogem mas tu ficas no meu pensamento e meu coração pula só de pensar em ti. É tanto o amor que tenho para te dar e é tanto o que quero receber de ti.

Quando a gente está perto e junto, o tempo voa e nem notamos que passou mas, quando estamos longe, o relógio parece parar no tempo a espera que o outro dia chegue depois do outro.

Onde estás? Que é feito de ti? Quem ta a tomar conta de ti? Será que estas a tomar conta de ti direitinho?

Quando a noite chega e a lua espreita, a tristeza toma conta de mim mas, eu me agarro nas boas lembranças que tenho de nós dois e, por instantes ela some, mas volta e aí nem as boas nem as más lembranças que tenho de nós dois me consolam.

Mas, a Dona lágrima, essa, ta sempre a espeitar no cantinho dos meus olhos, por instantes tento conte-las e deixa-las no seu canto e de repente dou comigo a limpá-las porque por distração as deixo cair e então penso que é o fim. Será? Que fim? Porque? Se o meu amor ta sempre comigo, onde vou o levo junto, então me pergunto:

Amar é sofrer por quem se ama? E a distância, quem inventou para te separar de mim? Porque? A saudade o que e porque a sentimos? Mil e uma pertguntas me faço e não tenho respostas, busco em tudo que seja possível me responder, mas, são vagas as respostas.

Então que bicho é esse chamado Amor? Tambem o sentes?

Te amo Manuel Ferreira

Foto de InSaNnA

Loucuras

Tenho fome de tua carne
de deitar sobre teu corpo,
Me arrepia a pele...esse teu cheiro..
Acende meu desejo!

Junte a tua boca a minha..
banha-las em nossas salivas
Me sinto ..pronta pra voce
Meu prazer..ja caminha...

Vou deitar meu corpo nu..sobre o teu.
Quero te enloqucer.de prazer!
Sentir voce dentro de mim..pulsando
e em loucuras carnais..me perder!.

Sinto entao voce em mim!Sinto a tua alma..
Estou em extase..a caminho do ceu!
Perdi os sentidos,perdi a minha calma

Murmuro no teu ouvido._.Quero mais!
Meu prazer por voce e infinito
Estar longe de voce..e estar longe da paz

Foto de @iram

Disforme

Tudo é mentira
quando não sabes quem és.
Tudo perde o sentido
quando já não tens o mundo a teus pés.
Sossegado,
sofrego,
perdido absorto...
O sorriso se esvai, disforme
nas montras da cidade.
Tudo igual,
indiferente;
sem rumo, descontente...
Sozinho e cansado
num passeio amargurado,
se descobre longe e divino
na verdade escorraçado.
E por quem foi?
Se por ele ou por alguém?
Como se pode perder nos vislumbres
da luz d'aquém?
Não desistas ó guerreiro cansado
de desditar essa sina de quereres
ser esse mestre, esse senhor
a viver a meu lado.

Lídia de Sousa 12-05-06

Foto de Mor

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

Em época não muito distante, duas mulheres se encontram na maternidade de um hospital.
Joelma chega de uma cidade do interior e é internada, pois estava próximo o dia em que deveria dar a luz a uma criança. Lúcia, a enfermeira que atendeu Joelma sentiu naquele momento uma sensação estranha que nem sabia explicar.
- Qual é o seu nome?
- Joelma, Cláudia da Silva.
- Solteira ou casada?
- Solteira.
- É o seu primeiro parto?
- Sim.
- De onde é natural?
- Carminha.
- A que município pertence essa localidade?
- Canto Novo em Santa Catarina.
- Tem algum plano de saúde?
- Não tenho, vim encaminhada pelo SUS, meu parto pode ser difícil por esse motivo fui encaminhada para uma maternidade que tenha mais recurso.
Carminha fica no interior do estado sem qualquer recurso, nem Posto de Saúde existe naquele ermo sertão.
Fez o prontuário da futura mamãe e encaminhou a mesma para o setor de internação da maternidade.
Logo em seguida fez o relatório da situação da paciente, nos mínimos detalhes para ser entregue ao ginecologista de plantão daquele dia.
- Doutor a paciente vem do interior do estado, cuja localidade não tem condições de atender em caso de um parto difícil, o médico da cidade encaminhou a mesma para um hospital que tenha mais recursos.
- Você trouxe roupas para usar aqui na maternidade?
- Não, só trouxe comigo roupas que vim vestida e uma outra para quando retornar como também para o bebê, já tinham me informado que aqui na maternidade as roupas de uso durante a internação são fornecidas pela maternidade.
- Nem sei bem porque a maternidade fornece as roupas?
- Aqui temos os mais rigorosos controles de infecção hospitalar, para garantir a saúde da mãe e do bebê.
A enfermeira da ala de internação da maternidade recebeu Joelma, anotou seus dados levando-a ao quarto indicando a cama que por ela seria ocupada, mostrou o local onde ficava o botão para acionar a campainha em caso de emergência.
Joelma levava consigo somente as roupinhas para o futuro bebê, que ficaram guardadas no setor de internação.
As roupas para seu uso, bem como para o futuro bebê eram fornecidas pela maternidade, com isso evitaria o problema de infecção hospitalar. A maternidade tinha um bom conceito em relação ao problema citado.
Mais tarde, Lúcia a enfermeira plantonista, que recebeu Joelma foi até o quarto, para saber se tudo estava em ordem.
Ela ainda estava impressionada com o que tinha acontecido quando da chegada de Joelma, pergunta:
- Está bem acomodada não falta nada para você? Estava preocupada, pensei que não tivesse um bom atendimento, muitas pessoas que chegam do interior são relegadas a um segundo plano no atendimento.
- Até parece que seu relato mostra que o atendimento pelo Sistema Único de Saúde deixa algo a desejar.
Despediu-se de Joelma dizendo:
- Se necessitar de alguma coisa durante sua estadia aqui na maternidade, peça para a enfermeira de plantão me chamar, meu nome é enfermeira Lúcia, meu plantão está no fim logo eu retorno para casa, até amanhã.
E Joelma responde:
- Até amanhã e bom descanso.
Lúcia chega ao final do seu turno de trabalho, bate o ponto, troca sua roupa e vai para casa pensando:
- O que aconteceu comigo hoje? O que tem aquela mulher que vi pela primeira vez até parece um imã a me atrair, nunca me vi numa situação dessas.
Lúcia entra em seu carro, demora para acionar a chave e seguir em frente, até parece hipnotizada, diante daquela situação liga a chave e aciona o carro, sempre pensando:
- Será que o caso de Joelma é tão complicado? Como vai ser o nascimento da criança?
Claro que Lúcia como boa profissional estava preocupada, mas será que era só isso?
Finalmente chega a sua casa, entra no condomínio estaciona o carro e fica imóvel dentro dele e pensa:
- Como cheguei aqui, nem sei por onde passei, nem me lembro de quem encontrei no caminho.
Estava realmente fora de si diante de tal situação, finalmente sai do carro, dirige-se para o elevador e sobe para o seu apartamento.
Joga-se sobre a cama e fica delirando:
- Como pode acontecer tal coisa comigo, quem é ela, de onde veio, porque logo fui eu que tive que atender essa pessoa? Ela vai ser bem atendida, o caso dela pode ser grave se vier a falecer durante o parto, com quem vai ficar o bebê, será que vai nascer sadio?
Finalmente depois de algumas horas naquela situação Lúcia acorda daquele torpor e se levanta toma um banho e vai preparar o jantar, pois morava sozinha e não tinha companhia.
Sua mente ainda não tinha se acalmado daquela situação, continuava pensando.
- O que vou fazer, como vai ser amanhã quando chegar na maternidade, como terá ela passado a noite, certamente é a primeira vez que é internada em um hospital.

...

O pessoal da cozinha serviu o jantar para todos os doentes.
No hospital, ao cair da tarde, serviram o jantar para Joelma que estava calma, mas pensativa pela acolhida dada pela enfermeira Lúcia.
- Que bondosa ela foi comigo quando cheguei à maternidade, que primor de atendimento, muito diferente do atendimento dado nos Postos de Saúde do interior, me impressionou.
A enfermeira de plantão passa no quarto faz as recomendações necessárias e fala:
- Em caso de emergência acione a campainha que logo atenderemos.
Ela respondeu.
- Obrigado pelas orientações.
No quarto do hospital tinha televisão, assistiu o noticiário depois desligou, e fez suas orações.
- Senhor, protegei-me nesta noite, bem como meu bebê que está prestes a nascer, a todos que trabalham nesse hospital, principalmente a enfermeira que me recebeu quando aqui entrei, que ela seja feliz, peço pela minha família que ficou no interior, agradeço por tudo meu bom Deus Pai nosso que estais nos céus...
Logo em seguida adormece.

...

Lúcia em seu apartamento continua a pensar em Joelma.
- Será que serviram o jantar? Como deve estar pensativa longe de seus parentes.
A imagem daquela mulher não sai da sua memória, mas finalmente ela adormece.
...

Durante o sono já de madrugada acorda assustada, pois sonhara que a paciente que havia atendido a tarde tinha morrido na hora do parto naquela noite. Ao acordar fica pensativa:
- Será que esse sonho significa? Terá ela morrido, ou só foi um sonho meio maluco desses que sempre acontece comigo de vez em quando?
Vira para o lado e logo dorme novamente. Quando acorda com o ruído do despertador pensa:
- Vou levantar tomar banho e depois tomar meu café.
Em seguida ela vai até a garagem retira o carro; sempre impressionada com o sonho da madrugada, estava um pouco fora de si, na saída da garagem quase bate em outro automóvel que ia passando na rua pensa:
- Meu Deus o que estou fazendo? Quase bati meu carro.
Sai com mais calma e segue até a maternidade, ansiosa para saber como está passando a paciente que tinha chegado para a internação, estaciona o carro e vai direto até o setor da Maternidade e fala com a enfermeira chefe:
- Como vai Joelma aquela moça que foi internada ontem à tarde?
- Ela vai bem, entrou em serviço de parto na madrugada passou um pouco mal, pois o menino era grande pesou seis quilos é muito lindo e gordinho.
- Qual é o quarto que está?
- Está no quarto anexo a enfermaria número 3 e está passando bem.
- Vou fazer uma visita.
Lucia vai até o quarto que Joelma está internada bate na porta e entra.
- Bom dia como está passando?
- Agora estou boa, mas o parto foi difícil, o menino era grande e demorou mais, para nascer.
- Há pouco, ele estava aqui mamando depois levaram para o berçário.
- Qual é o número que tem no braço?
- É o número 3A.
- Depois eu vou lá ao berçário ver o menino.
Lúcia retorna, pois está na hora de começar o seu trabalho na recepção da Maternidade, continua pensando:
- Como será o menino; branco, moreninho e seus cabelos que cor têm, tudo imaginação.
Mas realmente quem não saía de sua memória era Joelma:
- Continuava pensativa. O que vou fazer quando entrar no berçário para ver o menino? Deixa isso pra lá.
Depois do almoço, Lúcia vai até lá, para conhecer o filho de Joelma, nesse horário quem estava atendendo o berçário era sua amiga Maria. Chegando Lúcia fala:
- Oi! Maria que bom que é você que está aqui, vim ver o menino que nasceu essa noite passada.
- Você sabe o número que ele tem no braço?
- Sim sei é o número 3A.
- Ele está no berço número 6.
- Lúcia chegou perto do berço e viu um menino robusto gordinho bem claro cabelos pretos ele estava enrolado numa faixa e dormia.
Lúcia se despede de Maria e volta para seu posto de trabalho. Quando na portaria chega um senhor de mais o menos 50 anos e pergunta:
- É aqui que está internada Joelma?
- Ela responde sim, é aqui que ela está internada e ontem a noite deu a luz ao um lindo menino, ela está passando bem.
- Quem é senhor?
- Sou o pai dela.
- Qual é o seu nome?
- João da Silva.
- Posso visitar ela?
- Sim pode, espere vou preparar seu crachá.
- Aguardo.
Lúcia chama uma atendente:
- Nair venha aqui leve o senhor João até o quarto anexo da enfermaria número 3 ele é o pai da Joelma que deu a luz a um menino ontem à noite.
- Sim, por favor, senhor me acompanha até o quarto.
Nair bate na porta e pede licença e fala:
- Joelma seu pai veio lhe visitar.
- Obrigada por ter trazido ele até aqui.
- Até logo, eu já vou.
O pai de Joelma entrou, cumprimentou a filha e perguntou:
- Como foi o nascimento do menino?
- Apesar de ter sido um pouco difícil ele nasceu forte e robusto.
- E onde ele está?
- Está no berçário.
- Ele não fica com você?
- Só vem aqui na hora de mamar e só faltam cinco minutos para o trazerem aqui, quando o papai vai conhecer seu neto.
Nesse momento Maria a atendente do berçário chega com o menino para ser amamentado e pergunta:
- Dona Joelma quem é esse senhor?
- É o meu pai ele veio me visitar e conhecer o seu neto.
- Pensei que fosse o pai do bebê.
Maria por curiosidade olha a ficha no pé da cama e nota que Joelma é mãe solteira e quem sabe nem saiba de quem é seu filho e pensa:
- Posso ter cometido uma gafe, em não ter olhado essa ficha antes, posso ter melindrado os dois com essa minha pergunta boba.
Maria aguarda até o final da amamentação, e do avô ver seu neto e ficar um pouco com o bebê no colo para, na volta, contar a sua esposa Virginia. Seu pai pergunta:
- Quando vai ter alta e voltar para casa?
- Não sei bem certo, mas devo ficar internada segundo o médico por mais quatro dias, mas depende de quando vem à ambulância para que eu possa voltar.
- Logo, que chegar à cidade irei falar com o prefeito para saber esses detalhes para telefonar e informar o dia que eles vêm.
- Quando o senhor for sair fale com a enfermeira Lúcia e ela lhe dá o telefone da Maternidade com todos os detalhes do dia da alta.
Estava chegando o fim do horário de visitas e o pai da Joelma iria se retirar à noite retornaria a sua cidade de origem, e disse:
- Eu vou até a Portaria falar com a enfermeira e depois vou voltar com a Ambulância da Prefeitura, espero que logo você retorne para casa, todos querem conhecer o bebê.
- Boa viagem papai; que Deus o proteja um abraço para a mamãe. Quando eu voltar vou relatar o que aconteceu aqui.
- Fique com Deus minha filha.
Chegando à Portaria a enfermeira Lúcia já tinha tudo pronto, entregou todas as informações ao pai de Joelma e disse:
- Obrigado por tudo que fez pela minha filha, que Deus lhe proteja em sua atividade profissional.
O senhor João partiu de volta para sua cidade de origem no interior do Estado, levando a lembrança do bom atendimento que recebeu quando da visita que fez a sua filha e pensava:
- Vai ser uma festa quando ela voltar no dia do batizado. Vou começar a preparar tudo antecipadamente. Qual será o nome que vamos dar a esse pimpolho? Bom, isso eu vou deixar para quando ela voltar.
Durante a viagem de regresso no final de outono início de inverno, as noites eram frias ainda mais a cada cem quilômetros ia subindo até chegar à altitude de mais novecentos metros acima do nível do mar. Em alguns trechos durante a madrugada se via fina geada nos campos quando o sol raiou trazendo um calor que foi aquecendo aos poucos e derretendo a geada. Quando já chegava o fim da viagem de retorno, o senhor João perguntou ao motorista:
- Quando será a próxima viagem a capital?
- Não sei bem certo temos alguns pacientes que tem que fazerem exames especiais, mas temos um pequeno problema, no momento esses exames estão suspensos, por falta de verba; pode ser que surja alguma emergência, porque da sua pergunta.
- Você sabe a Joelma está internada na Maternidade e deve receber alta dentro de poucos dias e ela poderia voltar na ambulância para casa, depois vamos conversar com o pessoal da prefeitura.
Finalmente chegaram à cidade. O motorista foi até a prefeitura, para saber se tinha alguma coisa a fazer com a ambulância o responsável pela saúde disse:
- Vá para casa dormir, viajou toda à noite e tem que descansar. Volte amanhã no horário normal.
O Senhor João foi para casa e sua esposa já o esperava para saber as notícias de sua filha e também saber se tinha nascido o filho (a) de Joelma. Na chegada foi uma festa e todos a rodeavam fazendo perguntas:
- Como foi a viagem?
- A viagem foi boa com muito frio na volta.
- Como vai a Joelma?
- A Joelma vai bem, nasceu o seu filho é um pimpolho muito lindo, gordinho e saudável.
- Quando ela vem daqui a alguns dias depois de estar recuperada o parto não foi fácil.
Na capital ficou a Joelma na maternidade pensando em seu pai que viajou de volta para casa, ela pensava:
- Como foi a viagem essa noite foi fria lá na serra devia estar mais frio, será que tudo correu bem e quando chegou em casa quais foram às perguntas?
De manhã serviram o café e logo mais tarde a enfermeira Lúcia veio visitá-la e saber com tinha passado aquela noite e perguntou:
- Seu pai viajou ontem à noite?
- Sim ele retornou com a ambulância da prefeitura deve ter chegado hoje de manhã em casa.
- Quando ele vai voltar para levar você de volta para casa?
- Vai depender de saber o dia da minha alta e se a prefeitura naqueles dias tem uma viagem até a capital para eu retornar.
- Posso fazer uma pergunta?
- Sim, pode fazer.
- Você gostaria de ficar morando aqui?
- Como vou ficar aqui longe de meus pais e como vou cuidar de um filho? Sem emprego isso seria difícil.
- Sei que pode ser difícil, mas não impossível.
- Com pode ser isso se não tenho ninguém por mim aqui?
- Isso se dá um jeito.
- Qual seria o jeito?
- Depois vamos falar sobre o assunto.
Tinha chegado a hora da enfermeira começar seu turno de trabalho, então se despediu dizendo:
- Antes de você voltamos a falar sobre esse assunto.
Joelma ficou pensativa todo o dia a imaginar o porquê daquela proposta da enfermeira Lúcia pensava em tudo:
- O que realmente ela quer fazendo essa proposta para mim, mas nem posso fazer isso e minha família o que vai dizer? Na certa, papai foi preparar a festa para quando eu chegar e já tenha marcado o dia do batizado do meu filho. Nem posso imaginar alternativa para ficar aqui, deixa para depois quero ver em que vai dar.
No dia seguinte quando o médico fez a visita de rotina, como vinha fazendo todos os dias desde sua internação, ele disse:
- Dona Joelma, eu vou marcar o dia da sua alta para que você comunique a seu pai para providenciar seu retorno para casa.
- Qual vai ser o dia Doutor?
- Daqui a três dias será o suficiente para se comunicar com ele?
- Ele deverá ligar amanhã para a portaria da maternidade.
- Eu vou falar com a enfermeira Lúcia e deixo o comunicado com ela.
- Assim ele terá dois dias para providenciar com a prefeitura para mandarem a ambulância me buscar.
- Nesses dias farei as visitas normais até o dia da alta.
- Doutor muito obrigado pela sua amável atenção.
- Tenha um bom dia.
Joelma fica a pensar:
- O que vai acontecer quando o Doutor falar para enfermeira Lúcia que vou receber alta daqui a três dias, ela vai vir aqui insistir naquela sua proposta, mas não posso aceitar sem voltar para casa, quem sabe depois.
Naquele dia a enfermeira não visitou Joelma, como de costume. Ela estava preocupada pensou:
- Deve estar com muito serviço por isso não veio até aqui.
No dia seguinte cedo seu João telefonou para a Portaria da Maternidade, para saber noticias do dia da alta de sua filha Joelma. Quem atendeu foi à enfermeira de plantão:
- Alô! Que fala?
- É a enfermeira Lúcia.
- Aqui é o pai da Joelma queria saber se o médico marcou o dia da alta.
- Sim ele marcou ontem e deu a contar de hoje três dias.
- Ontem fui à prefeitura saber do dia a ambulância vai até a capital informaram que vão viajar daqui a três dias chegarão aí no amanhecer do terceiro dia, ela que fique com tudo pronto para voltar para casa, aqui todos estão com saudades dela. Vou comunicar para ela daqui a pouco.
- Obrigado pela sua atenção e tenha um bom dia.
- E o Senhor também.
Naquele momento a enfermeira Lúcia levou um choque, não sabia o que fazer, ir logo ao quarto avisar Joelma? Seria uma saída, iria ela tentar mais uma vez convencê-la da sua intenção. Chega lá discretamente e pergunta:
- Já tem uma resposta para a proposta daquele dia?
- Pensei muito nesses dias, mas vai ser difícil estou esperando que ele telefone para saber do dia da minha alta, ou ele já telefonou?
A enfermeira Lúcia fica num êxtase nesse momento sem saber o que responder Joelma pergunta:
- O que aconteceu Lúcia? Parece que morreu, meu pai ligou ou não ligou?
- Ele ligou agora de manhã eu passei todos os dados que o doutor deixou comigo ontem e ele disse que a prefeitura está mandando a ambulância para buscá-la no dia marcado.
- Quanto a sua proposta depois que eu voltar para casa e ajeitar tudo por lá voltamos a conversar sobre o assunto com mais detalhes.
Naquele momento chega ao quarto a chefe do berçário com seu filho e diz:
- Está na hora de amamentar o nenê.
Lúcia sai cabisbaixa sem nada falar. Joelma amamenta o nenê e no final entrega dizendo:
- Daqui a três dias retorno de volta para casa.
A chefe do berçário tomou o menino no colo e levou para sua cama sem nada falar. Aquele foi o dia mais nefasto para a enfermeira Lúcia, uma noite interminável, estava mesmo atordoada e só pensava:
- Porque ela não aceitou a minha proposta, nem me deixou apresentar o que e tinha a dizer a ela.
Chegou o dia da partida de Joelma tudo tinha sido preparado na véspera recomendações médicas e quando deveria retornar para uma nova consulta. O motorista da prefeitura chega à portaria da maternidade e pergunta:
- A dona Joelma está pronta para viajar?
Lúcia responde que tudo está pronto.
Logo ela chega na portaria cumprimenta o motorista:
- Bom dia o senhor veio me buscar?
- Sim daqui a pouco vamos partir tudo está pronto para carregar na ambulância?
- Sim tudo está aqui às malas e mais o meu filho que ainda não escolhi o nome dele.
Joelma se despediu de todos e também da enfermeira Lúcia. Agradeceu a atenção e o atendimento que deram a ela no tempo que esteve internada embarcou e partiu de viagem. Lucia com os olhos cheios de lágrimas ficou pensando.
- Será que ela vai voltar um dia...
A viagem transcorreu dentro da normalidade e no final da tarde chegaram à cidade, em frente à prefeitura estava a família de Joelma esperando-a. Quando ela desceu sua mãe falou:
- Que bom minha filha que você voltou com um neto para sua mãe.
- Obrigada mamãe por essa recepção.
- Filha, no domingo será batizado o meu neto, o padre vem rezar missa na Igreja e seu pai já providenciou tudo só falta escolher o nome e os padrinhos.

Foi a mais bela festa realizada na cidade. Com muita comida, churrasco, porco assado e galinha recheada.

São José/SC, 9 de maio de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

Foto de Amália Lopes

PROCURANDO AS PALAVRAS

De repente tudo é silêncio
sem luar.
Tudo é solidão!!
Para preencher o vazio do meu corpo
magoado, inventei um espaço,
perto e longe,
que está no lugar da tua ausência.
O eco do teu nome chega,
na minha direcção.
Abraço as estrelas e sonho...o sonho
que era nosso.

As palavras do teu nome,
percorrem
o meu corpo, que conheces.
E, as minhas mãos,
procuram-te num caminho
com sabor a paz.
As minhas lágrimas caem
redondas,
uma a uma, no chão
que pisaste...

Amália Lopes

Foto de Isartes

O meu amor ao meu amor

Eu te amo, meu amor, eu te amo tanto
Que meu peito me fere e se arrebenta
Fazendo de mim puro pranto

Amo-te por existir
Assim como a brisa e o vento
Amo sua presença
Amo seu próprio encanto

Você é mesmo lindo! E está sempre sorrindo
Mas o que desejo é que vá se esvaindo
Este duro sentimento que está me engolindo

Você longe de mim irá reinar
Pelo abismo entre nós eu irei chorar
Devo mesmo estar louca! (Por tanto te amar...)

Foto de paulobocaslobito

Amar-te ou te amar, tanto faz

... Estas são as reticências de te procurar nas exíguas e continuas escadarias da solidão, onde te encontro sempre ausente, nos meandros do pensamento.
Estas são as reticências de te amar ou amar-te; são a eloquência da minha alma que te exige presente; as eloquências do meu ser que te ama ou ama-te.
São as noites aos rebolanços abraçando-te no vácuo sentimento de te ter "impresente" nos meus cingidos braços. São as noites em tertúlias de sonos comprimidos para me esquecer das horas à tua espera, e olhar-te como uma almofada, beijando-te matutinamente, acariciando-te a fronha; e dizendo-te «bom dia».

Sorrio no meu despertar por nãos estares entre os meus braços, sorrio porque a almofada me sorri; porque sabe dos meus segredos. Ela ama-me e amo-a todas as noites, sempre e sempre.
Não aguento viver longe de ti. Odeio viver sem ti. Não quero viver longe de ti. Odeio não te ter em mim.

Saber todos os dias em que não te vejo, que são dias em que não existo, saber que eles existem, saber que todos esses dias não têm fim, saber deles ALUCINA-ME! E, eu não existo neles.
Esses dias são doloros e simples. Passam continuamente calmos e serenos. Passam calmos... exorbitando a insanidade a cometer loucuras.
Exigo que o tempo descanse um pouco, que descanse de vez em quando; para que nos dê algum de sobra, algum que seja... para nos amar-mos.
Exigo que pare e me enlouqueça com a tua presença.

Já não consigo disfarçar o meu amor, já não suporto fingi-lo. Tu és a minha imensa sombra arredia sempre e sempre presente.
Te amo ou amo-te tanto faz.

... São uma porta sempre aberta, não têm definição de um fim. São continuas. Uma vezes exasperantes, outras uma alegria.

... Fecho os olhos e imagino-te no meio dos campos saltitando. Fecho-os e sei que os teus também se fecham...
Apalpo-te, toco-te, beijo-te e amo-te loucamente. Como pode o amor ser tão bruto e cruél?!
Como pode tão sem culpas ser a maior força do Universo?!

Ó eu nunca acreditei, que a minha alma gémea surgisse assim (numa noite de solidão).
A invulnerabilidade não é uma coisa do acaso; é só um momento propicio.
... Achei-te aos tombos quando eu tisnava já caído, achei-te num quarto as escuras, longe do mundo e dos outros.
Achei-te sem te saber: apaixonei-me!

Gostava de ter um milhão e abraçar-te eternamente. Gostava de nada possuir e amar-te para sempre loucamente.
Amo-te "Regina", minha rainha e princesa.
Te amo "Silvia", minha floresta e natureza.
Desespero coração... sonho ó sonho...
Vem o dia chega a madrugada.. amo-te ou te amo!

Encontrei-te amor. Por ti suspiro, por ti respiro.
Alucino-me, desespero-me...
Dor de amor; é bom te amar.
Amo-te...
Te amo... tanto faz.

Paulo Martins

Foto de paulobocaslobito

Esta distancia

A distancia separa
A distancia dói...
Mas, o destino é por nós traçado,
O destino, somos nós!

Nós e os nossos pensamentos
Nós nos nossos argumentos...
... Nós na vida
... Nós!

Alguns, choram por serem mais fortes
Outros por serem mais fracos
Outros nada sabem...

A distancia é o crime perfeito
Que nos mata aos poucos.

É uma vela de fogo acesa
Consumindo-nos a alma aos poucos
... E, o corpo.

A distancia sou eu
...Eu... sou tu!
Juntos a fizemos e lhe demos vida:
Juntos!

Sou e tu
Na escuridão
Da bela noite turva e imensa
Sonho de um momento passado
Estrelas cadentes de um céu em fogo
... E, fomos tão felizes!
E nos amamos tanto!
... Fomos livres!!!

E agora?
Porque choramos no tempo??
Porque choramos reclamando
A sua volta?

Hoje tão longe no tempo
No cheiro
Na emoção
No sabor
Na irrealidade...

Longe de tudo.
Do calor...
E do amor
Mas, seria um absurdo para-lo
(O tempo).

O tempo que já está tão velho
De tanto correr.
O tempo que corre
E corre...
E se esquece de nós!
Oh saudades!

... Quem vive sem sofrer
Não pode saborear a dor
Ou viver sem respirar,
Mas não nos leva a distancia
Não nos leva ao amor
Nem ao sonho...

Oh saudade
Prima do amor e da dor
Como "dóis",
Oh saudade.

Quanto te quis amor
Quanto amor sem fim
Quanto amor que não tive
Quanto dele não te dei!?

Será tarde?
Será tarde para te amar; ainda?

Porque choro de ter saudades tuas,
Porque choro...?
Não sei...

Paulo Martins

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