Linguagem

Foto de diana sad

"amor, avante"

A procura pelo amor
O amor com todas as letras
O amor imortal.
O brilho certeiro da escuridão
As vidas de cabeça para baixo
Sem planos e um destino certo
O amor pulsando é o hoje!
Sabe ser forte na fraqueza, respirando dignidade
O amor ecoando nos quatro cantos da cidade
Se misturando nas classes
Batento a porta sem pedir licença
O amor pulsando é o hoje!
E quando a noite cai, uma luz de tristeza
Sobre a mesa, as lágrima correm e as mãos
Tentam estancar, a deseperança que se abateu sobre aquele pobre
olhar.
O amor pulsando é o hoje!
E pai e filho me diga o quê há de mais bonito?
Um feito do outro se transformando num só.
Dá a sensação que por mais perdidos que possamos estar
De que ainda podemos nos salvar...
O amor pulsando é o hoje!
A procura pelo amor, o amor com todos os ritmos
O AMOR COM TODAS POESIAS E LITERATURAS
LINGUAGEM ÚNICA.
O amor pulsando é o hoje!

Todos os direitos reservados*

Foto de Darsham

Ser poeta

Ser poeta é ser palavra
É orquestrar sentimentos
É transmitir o que vai na alma
Eternizar os momentos

Fazer falar o coração
Em linguagem desconhecida
Para muitos que a razão
Não deve ser esquecida

É o gritar
Que ninguém ouve
É o nada falar

Ser poeta é ser palavra
Que não é proferida
É agarrar a vontade
E soltar a voz
Que se julgava adormecida

.....

Vânia Santos

Foto de Raiblue

Saliv(ando)...

.
Nas noites brancas
De sua pele
Me dis traio
Guardo Dostoiéwisk
Num canto do quarto...
Nos olhos
O ópio prolongando
Colóquios do tato
Con textos e texturas
Da língua
Corroendo tédios
Catando cacos
Cactos na superfície
Da carne árida ...
Arranhando as horas
Sangrando os minutos
Dissolvendo dores
Anti-corrosiva língua...
Sal e saliva
Lambendo as feridas
Fechando cortes
Subcutâneos labirintos
Na sanha da linguagem
Esquecida no tempo
O toque...
Palavras diluídas no suor
Poesia líquida
Numa noite dis traída...
Na pausa da razão
No dança dos sentidos...

(Raiblue)

Foto de Henrique Fernandes

ROSAS DA PAZ

.
.
.

A paz é o meu farol neste nevoeiro
Onde finto espinhos como oxigénio
Sinto o picar e o arranhar mas respiro
Entre arbustos que falam a linguagem
De sentimentos que choram sem lágrimas
Fazendo ninho no colo do meu ego
No coro de um coliseu sem eco
Cantando cantigas de dor
Tão subtis como o fio de uma lamina
Para uma plateia de orelhas moucas
Esperando aplausos conformados
Entre vaias de quem não entende
O meu lado de outra gente
Que não essa gente desse lado
O meu olhar silencioso é uma sinfonia
De sons deliciosamente afinados
E pautados nesta alma guerreira
Que transformou a espada fria e afiada
De aço pesado em palavras doces
Tão meigas que decoram o horizonte
Com pétalas de rosas belas quão bravas
Que nunca precisaram de espinhos no seu caule
Para serem rosas

Foto de Lou Poulit

LASO, Cia. de Dança Contemporânea

UMA EXPERIÊNCIA LINDA

O bailarino/coreógrafo/ator/professor CARLOS LAERTE, seus intérpretes e assessores, foram uma das mais felizes surpresas da minha vida.

Estava expondo minhas pinturas no Corredor Cultural do Largo da Carioca. Derrepente chegam um mulatinho e uma mulher, ambos lá pelos trinta. Perguntam quanto tempo eu levava para pintar uma daquelas telas (série Bailarinos Elementais). Descrente, respondo que dependia do grau de elaboração, uma hora... um dia... Eles se entreolham e depois o mulatinho pergunta se me interessava por apresentar meu trabalho num espetáculo de dança contemporânea e quanto cobraria. Confesso: além de não acreditar, na hora também não entendi. Nunca soube que espetáculos de dança apresentassem pintores trabalhando ao vivo!

Acertamos cachê, marcamos data e hora. Me pegariam de van em Copacabana, onde tinha ateliê, e estaria embarcando para Campos, cidade aqui do estado conhecida pelas muquecas e peixadas, onde faríamos uma apresentação no dia seguinte. Só acreditei quando a van chegou, trazendo uma penca de bailarinas tímidas e a tal mulher, que parecia saber todas as respostas mas não era a deusa. O deus era o tal mulatinho, bem quetinho no canto dele.

Pois bem, a gente nasce com dois olhos e ainda assim é muito pouco. Íamos fazer um ensaio técnico de véspera e estava prestes a conhecer um trabalho artístico maravilhoso, seríssimo e cativante. Fizemos aquela apresentação no Teatro Municipal de Campos, depois fui novamente convidado e fizemos outras, no Espaço Sérgio Porto, no Centro Coreográfico da Tijuca... A cada dia tinha a impressão de reencontrar uma aura registrada no meu sangue e da qual não me lembrava mais. Explico para que entendam: minha avó paterna, Nair Pereira, fora bailarina no tempo do teatro de revistas. E dessa história só restava, até há pouco tempo, a madrinha de batismo de meu pai, hoje falecida, Henriqueta Brieba. Também pelo lado paterno, meu bisavô que não conheci em vida, Antônio "Paca" Oliveira, fora homem de circo: o maluco (me perdoe o linguajar moderno) foi o primeiro homem-bala do Brasil, num tempo em que se fazia isso para matar a fome. Só podia ser! E sem seguro?! Em troca de meia-dúzia de cobres e o aplauso de meia-dúzia.

Na hora da apresentação ficava pintando no palco e de costas para o balé, mas durante os ensaios aquela gente me impressionava. Assim descobri o talento inequívoco do coreógrafo Carlos Laerte, a sua memória fantástica de um trabalho artístico que usa vários recursos simultaneamente, e ainda tem registrados todos os pequenos erros das últimas apresentações para que não se repitam. Até eu, que estava ali assim, como vira-lata caído do caminhão, também mereci uma crítica para melhorar o desempenho!

Os intérpretes estimulavam a minha adimiração. Carol, Simone, Yara, Bianca e Rodolfo, o espírito da arte habita, com certeza, todos eles. Não se pode compreender aquela gente de outra forma. Repetem infinitas vezes seus movimentos, perseguindo pequenas eficiências. Tornam-se íntimos do cançasso e, não é exagero dizer, da dor física. Controlam o próprio ego para que o coreógrafo corrija a interpretação de outro bailarino, já que precisam estar sincronizados, e isso é uma espécie de ginástica psíquica. Outra deve ser a nacessidade de por temporariamente na gaveta os problemas de casa, filhos, maridos/namorados, para não perder a concentração.

E tudo em troca de cerca de cinqüenta minutos. Esse é o seu tempo. O tempo em que os intérpretes são os senhores do momento, da luz que explode em seus corpos húmidos, da linguagem do movimento, do ritmo do qual nem o cosmo pode prescindir, enfim, da emoção que paira sobre e em todos, profissionais e expectadores, como uma hóstia artística que paira sobre o cálice do sacrifício e da adoração. Nessa hora a arte é a deusa e o espetáculo me parece uma grande comunhão, porque nos faz comuns uns aos outros, porque amamos isso e nos oferecemos para construir e transmitir a emoção. Incrível isso, eles constróem sua arte complexa em muitas horas de dureza. Ao final é como o velho exercício de imagens feitas de areia colorida nos mosteiros do Tibet, como alusão à transitoriedade da vida humana: o mestre passa a mão na imagem pronta, perde o momento, e nos liberta dela para que possamos recomeçar, com o mesmo amor, a reconstrução do nosso próximo momento. Uma pintura minha pode ser feita por dias consecutivos e depois guardar aquela emoção por décadas, talvez um século. Por isso me parece tão menor do que a arte que esse pessoal faz.

O espetáculo "Caminhos" fala exatamente disso: reconstruir sempre. Recomendaria aos expectadores de primeira viagem que se vistam condignamente. Aos homens que não deixem de fazer a barba e se pentear. Às mulheres que não usem saias demasiadamente curtas, pintem-se com sabedoria, cuidem do andar e do falar. Porque talvez estejam indo na direção de um grande e insuspeito amor. Se em minhas palavras houver poesia, não há mentira. No meu caso particular, como no de muitos outros, esse amor atravessou várias gerações".

Foto de Osmar Fernandes

Você já se viu no espelho?

Você já se viu no espelho?

Tem gente que, ao se olhar no espelho, humilha-se... ou porque é alto ou baixo, gordo ou magro, branco ou negro, comum ou diferente... Você já se viu no espelho?
Já agradeceu a Deus por ter conquistado a sua maior vitória, a vida? Já O agradeceu por ter nascido fisicamente perfeito? Tem gente que tem vergonha da própria imagem, evita o espelho e a balança a qualquer preço. Esse sentimento negativo pode levar qualquer pessoa ao precipício do estresse, e até à morte. “Se eu me odiar, quem vai me amar? Se eu me achar feio, quem vai me achar bonito? Se eu me depreciar, quem vai me valorizar?”
Um cego de nascença nunca se viu no espelho. Jamais discernirá o belo do feio...Nunca poderá ver a beleza do pôr-do-sol, nem as cores irradiantes do arco-íris... Jamais viu o rosto da mulher amada e a face do filho querido... Mas consegue enxergar a vida com os olhos da alma. Agradece ao Todo Poderoso por ter nascido. É feliz assim.Você já pensou nisso alguma vez?
Um surdo-mudo, vive num planeta construído e preparado para os fisicamente perfeitos. A todo instante tem que enfrentar barreiras e vencê-las ou adaptar-se a elas. A cada conquista agradece a Deus... é um guerreiro vencedor. Estuda ferozmente cada passo do mundo, adquirindo conhecimento e sociabilizando-se para entender a linguagem e a política da sociedade em que vive.
Um ser humano sem pernas e sem braços, para ir ao banheiro fazer suas necessidades fisiológicas, precisa da ajuda eterna de uma pessoa qualquer. Alguém tem que levá-lo nos braços, despi-lo (nunca vai poder manter sua vergonha em secreto). Depois, sentá-lo no vaso, segurá-lo (pois não tem ponto de apoio), e após defecar, necessita que este alguém limpe o seu bumbum e suas genitálias. Ele vive sua vida dependente vinte e quatro horas por dia. Como você viveria numa situação dessa? Um deficiente vive desafiando o seu limite a todo momento. Busca forças inimagináveis para a realização do seu objetivo. Trava batalhas de vida e morte na superação de uma tarefa, seja ela qual for. Ter nascido é a sua maior vitória, é o seu pódio, sua medalha de ouro. Aceita seu corpo, como é. Estar vivo é sua felicidade sem preconceitos, seu presente, ele agradece ao céu por isso.
Se você nunca se viu no espelho, veja-se agora. Nunca é tarde demais para nascer de novo. Ninguém está isento de se tornar um deficiente. Em verdade, digo que o verdadeiro pobre coitado é o pobre de espírito; que o pior assassino não é aquele que mata o inimigo: é aquele que mata a si mesmo, o próprio sonho. Enfim, é aquele que só carrega o ódio no coração e morre de inveja dos perfeitamente felizes.
Você realmente já se viu no espelho?!!!
Para alguém muito deprimido, estressado, tenho dito: Antes de fugir de si mesmo, cometer qualquer bobagem ou até pensar em suicídio – visite uma APAE, UM ASILO, UM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO, UM LIXÃO, UM PRESÍDIO, UM ORFANATO, UMA IGREJA, UM CEMITÉRIO OU UM HOSPITAL QUALQUER...e seja voluntário por um dia. Tenho certeza que vai sair de lá com vergonha do seu problema, e vai agradecer a Deus pelo seu livre arbítrio, por ver, ouvir, falar, andar, amar e ser amado. Vai redescobrir o valor incalculável de viver. Vai reaprender a ter respeito, humildade e o amor por si mesmo; tornar-se-á um ser humano espiritualizado a tal ponto que voltará a sorrir de novo e a ver nas pequenas coisas o verdadeiro sentido da vida – a dádiva de Deus.

Foto de Poeta Desastrado

olhar

Acho que nunca te disse o que sinto por ti.
Não consigo.
As palavras parecem-me sempre fechadas; objectivas; finitas; comuns; vulgares.
E não é nada disso o que sinto por ti.
Assim, quando me olhas nos olhos, rendo-me lentamente…. e deixo-te entrar.
Deixo-te vaguear dentro de mim. Deixo-te deambular por cada canto dos meus sentimentos.
Deixo-te ouvir, numa linguagem que só nós entendemos, todos os meus medos, as minhas angústias, as minhas dúvidas, os meus desejos e as minhas paixões.
Deixo-te ler cada grito do desejo desmedido que sinto por ti.
E, quando abandonas o meu olhar, a tua expressão de felicidade entrega-te. Nesse instante, sinto que percebes que jamais poderei dizer o que sinto por ti.
Porque não é dizível. Porque não existem palavras que o exprimam. Apenas um olhar.
Já reparaste como olho para ti?

Foto de Carmen Vervloet

Lumes Que Persigo

Lumes que persigo

Estrelas... Quero-as comigo...
Estrelas... Brilho na escuridão...
Lumes que no escuro persigo...
Céu azul, lua, coração...

Uma a brilhar distante...
Outra, junto ao meu amor...
Fulgurante esplendor!...
E entre este pisca-pisca constante
Busco a variante
Deste mundo fascinante...

Mundo do brilho, da luz...
Luz que a Deus me conduz...
Mundo da fantasia, das fadas...
Brilho intenso... Estrada dourada...

Meus olhos, duas estrelas a brilhar,
Tontos de felicidade
Nesta sublime realidade
Confundem-se com o lume estelar...
Expressam a mesma linguagem
Nesta eterna viagem
Do amar...

Carmen Vervloet

Foto de Raiblue

Alquimia

.
Quando as mãos se procuram
É inevitável o encontro
A linguagem do tato
É tatuagem definitiva
Nos incertos caminhos do desejo

No braile da epiderme
Existem códigos submersos
Nas águas que correm quentes
Sobre cada poro
Torrentes de prazer...

Apesar da distância física
As mãos remam oceanos
E se alcançam no alto-mar dos sonhos
Reconhecem-se na mesma ânsia
De desvendar a pele, a textura, os cheiros...

E na mesma fome
Movimentam-se, vibram
Abrem canais,e, molhadas,
Escrevem rimas sussurradas
Em chamas, quase em brasa...

Sequência infinita de ais...
E o amor se faz entre corpos astrais...
Orgasmos reais rompem o espaço
Oceanos se fundem, corpos se confundem
As almas se entrelaçam no infinito do prazer...

Quase mágico...enigmático ...
Códigos secretos
Dos amores cósmicos
Que se derramam em poemas...
Doce licor de sílabas vivas...quase obscenas...

(Raiblue)

Foto de Sirlei Passolongo

Cala-te

Ouça o que diz
minha'lma
o que grita
meu olhar...
Cala-te
Olhe minhas mãos
trêmulas
Ouça a linguagem
do meu corpo
sem você...
Só faz gritar.
Cala-te diante
do grito
Ignora
o peito que chora
e com olhar gélido
me olha

Cala-te...

E vai embora.

(Sirlei L. Passolongo)

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