Língua

Foto de Daemon Moanir

Ó desepero eterno

Ó desespero eterno
Dai-me a vingança, o amor
Deixai-me com fervor, como dantes
Na altura em que a alma falava mais alto e melhor
Dai-me novamente as asas
Que tanto trabalho tive em construir.
Deixai-me entrar com lábios e língua e paixão
Em bocas doces, gentis, amantes
Concede-me este último desejo.
Dai-me meu anseio.

Bebo desesperadamente
À espera duma realidade mentirosa,
Para que me libertem e ame finalmente.
A uma liberdade completamente louca
Desenfreado em sentimentos assassinos
Sorriu, assim, com punhais nas curvas da boca
Ah! A loucura que a tanto me sabe,
Mas que tanto odeio apodera-se!

Foto de Raiblue

REMOTO CONTROLE

.
Texturas deliciosas
Mãos percorrendo
Teu corpo
Em pensamento
Atravessando seus pêlos
Atendendo seus apelos
Que chegam no vento
Ouço sua voz
Sussurrando
Em meu ouvido
Sem jamais
Ter escutado
O seu sotaque
Deixando-me louca
Com seus gemidos
Sua língua
Acende a brasa
Da minha pele
Incendeia-me!
Fogueira acesa
Orgasmos
Fumaça ...
Te trago
Até que acabe
O último cigarro
Do último maço
Da última noite...
Como se eu pudesse
Comandar o pensamento
E tirar você de mim...

(Raiblue)

Foto de Osmar Fernandes

Histórias que o povo conta (atenção! - se tiver medo não leia)

História que o povo conta

Cafezinho das três no cemitério

Três horas da tarde, sol ardente. Hora sagrada do cafezinho dos quatro coveiros, que, sentados em um túmulo, contavam histórias de arrepiar.
De repente, o sol se põe. O tempo obscureceu. Começou a trovejar. O céu anunciou chuva, vento forte, temporal. Amedrontados, perceberam que isso só estava acontecendo dentro das limitações geográficas do cemitério. Foi coveiro correndo pra todo lado.
Nesse momento tremularam catacumbas, túmulos, covas abertas, etc. As folhas das árvores choveram sobre o cemitério. Ninguém enxergava mais nada.
Um dos coveiros, espantado, notou que o portão grande do cemitério ora abria, ora fechava, e batia uma parte na outra assustadoramente. Parecia o badalo do sino de Deus anunciando o fim do mundo. De súbito, observou uma silhueta vultosa, esbranquiçada, tentando se esconder da tempestade. Não compreendendo o mistério e tremendo de medo, de sua boca ecoou um grito pavoroso, dizendo: É alma penada! É bicho feio! Valha meu Deus!
Começara a rezar para São Miguel Arcanjo (A Oração contra as ciladas do demônio...).
Dos outros coveiros, viam-se apenas seus olhos esbugalhados fitando aquela figura estranha que parecia bicho de outro mundo.
Um dos coveiros, tenso, pasmo, seguiu com os olhos aquela “coisa”, que flutuava perdidamente, em ziguezague, em busca de abrigo.
Outro, apesar do momento esquisito e do ser fantasmagórico, só pensava nos túmulos que já tinham sido saqueados. Imaginava que se tratava de mais um vândalo ou de um ladrão, tentando assustá-los. (Poucos dias atrás tinha pegado um idiota defecando em cima de um túmulo. Ao flagrá-lo, lhe dera uns safanões, pontapés – este nunca mais se atreveu a importunar o sono sagrado dos mortos.)
Outro dia, dera falta das inscrições douradas, prateadas, de muitos jazigos. (Os parentes das vítimas exigiram das autoridades, justiça.)
O instante era de apreensão, medo, nervosismo. A ventania não parava. Aquela “coisa” esvoaçava como assombração peregrina... E de repente, sumira.
Um coveiro que não a perdera de vista foi ao seu encontro. Por sorte... se viu diante de um vulto mágico dentro duma cova, levitando. (Aquela cova aberta estava pronta para receber seu ilustre morador, que já estava a caminho.)
Assustado, o coveiro chamou um dos colegas, que ao se aproximar, deparou-se com aquela “coisa” dentro da cova. Foi tomado por uma síncope descomunal... Ao sentir-se vivo novamente, tratou de abandonar seu companheiro, seus pertences e deitou o cabelo...
Outro coveiro vendo aquela cena, aproximou-se, e ao ver aquilo, gritou: Sangue de Cristo tem poder! Isso é alma penada mesmo! Minha Nossa Senhora da Boa Morte! Saiu em disparada com as mãos à cabeça, tropeçando, caindo, se levantando, e aos berros dizia: Deus me livre! É o fim dos tempos! Socorro!
O coveiro, o corajoso, que olhava – a “coisa” resolveu lhe perguntar de supetão: - Que faz aí dentro dessa cova que não lhe pertence?!
E “a coisa” com uma voz trêmula do além, lhe respondeu sem pestanejar: - Vocês não me deixam em paz. Sentam em cima de mim contando histórias cabeludas, mentirosas; e ainda por cima, sujam meu túmulo com farelo de pão, de bolacha, café.
O coveiro, o corajoso, então lhe disse: - Vou chamar o padre para lhe dar a estrema-unção. Você não diz coisa com coisa. Ta louca! Ta na ânsia da morte.
E aquela “coisa” ali, como uma alma penada, engoliu a língua por uns segundos, e lhe respondeu: - Não precisa! Já to morto há muito tempo. Não ta me conhecendo? Sou o Luiz. Você que me sepultou. Não se Lembra de mim, Roberval?
O coveiro perturbado pensou: Santo Deus, isso não ta acontecendo comigo!... Vou buscar água benta e vou jogar em cima desta “coisa esquisita.”
A “Coisa” lhe respondeu aborrecida: - Você e os seus colegas estão usando meu túmulo como cozinha de cemitério. Não façam mais isso. Deixem-me descansar em paz. Quero ter o sono eterno que mereço.
E, falando isso, a alma penada elevou seu espírito até seu túmulo – que se abriu sozinho; ao adentrá-lo, pôde enfim dormir em paz para sempre. Ao repousar em sua última morada, fechou-se o túmulo, e misteriosamente, o temporal cessou.
Os coveiros do cemitério ficaram extáticos ao ver aquela alma se refugiar.
Prometeram que nunca mais usariam túmulos para tomar o costumeiro cafezinho das três.

Autor: Osmar Fernandes,

Foto de Raiblue

Mar....gim...ais....

.
Dedos marginais
Circulam em todos
Os meus becos
Matam -me de desejos
A boca, sua cúmplice
Lambe, chupa
Suga, engole, saboreia
Ceia natural...
Brinca com os meus seios
Seu recreio...
Explora os submundos
Do meu corpo
A parte que não
Está exposta
Onde a vida explode
Visceralmente ...
Lugares onde
Tudo é permitido
Instintos selvagens
Comandam os destinos
E os sentidos...
Pra você
Tiro minha máscara
De moça recata
Burguesa e indefesa
E me mostro como sou
Caçadora do mais insano amor...
Mostro minhas partes baixas
Periféricas, minhas ruas mais vadias
Avenidas cheias de entrelinhas
E de gim esperando por ti
Para que suas mãos e sua língua
Façam nelas poesia...
A mais escandalosa e mais gostosa
Arte marginal...

(Raiblue)

Foto de Raiblue

Quando...

Suas mãos ainda
Estão aqui
Quando fecho os olhos
Quando me toco
Quando me molho
Quando há mar em mim...

Sua boca ainda
Posso sentir
Quando a língua contorna os lábios
Quando a saliva transborda
Quando seu gosto me provoca...

Seu sexo ainda
Causa contração no meu
Quando sozinha estou
Quando sugo as lembranças
Quando te engulo à distância...

Seus olhos ainda
Iluminam as noites
Quando tudo é insônia
Quando a solidão me acompanha
Quando a madrugada arde...

Tudo é você
Miragem
Vertigem
Viagem...

(Raiblue)

Foto de Ednaschneider

Banho de Fogo

Estou farta de jogo
Não quero mais decifrar
Quero banho de fogo
No calor dos teus braços mergulhar;

Banho de fogo e de calor
Labaredas que não me causam sofrimento;
Por que o combustível é o amor
No ápice dos sentimentos.

Com esta língua venha me incendiar
Meu corpo está desejando
Venha, estou esperando.
Não deixe o calor acabar.

Abrace-me com ternura
Com este jeito todo seu
Leva-me à loucura
Para morada de Zeus...

Depois...

Observe as tranqüilas chamas
Com nosso orgasmo, apagadas.
Veja a mulher que te ama;
Sorrindo por ser amada
Desejada e saciada.

Joana Darc Brasil *
08/11/07
*Direitos autorais reservado à mesma

Foto de Maria Goreti

INEVITÁVEL

Luzem em tua pele gotas de suor.
Exalas aroma de flores silvestres.
Descubro em ti um autêntico frasco de perfume...
Teu aroma é fresco, suave, inebriante!
Tua cor e transparência, sedutores!

Há um quê de castidade em teu olhar
E eu te desejo muito!
Sinto-me sucumbir diante de tanta beleza!
Atrai-me o teu jeito inocente de seduzir!
Tomo tuas mãos e conduzo-te.

Divino momento!

É meia noite...
Os sinos dobram.
Cinderela, a carruagem está pronta.
Hora de voltarmos à realidade.
Um abraço apertado, um beijo molhado,
Um adeus.

Não, um até breve!

Passam-se dias até nos encontrarmos novamente.
Corações pulsantes, olhares enternecidos,
Pernas cambaleantes, desejos incontidos.
Tu te mostras doce e ao mesmo tempo ardente.
Enquanto despes as vestes provocantemente,
Deixas cair o véu da inocência.

Abraço-te com furor,
Cravas as unhas em meu dorso,
Mordo tua orelha... Arrancas meus pelos,
Mostrando-te a mais felina de todas as mulheres.
Entre gritos e sussurros cantas a melodia da noite.
Embeveço-me a cada mistério desvendado!

Mergulho no mais profundo dos mares,
Tu me acompanhas nos movimentos oscilantes
Das ondas que espumam ao lamber a areia.
Transpiro patchuli.
Gotas sabor chocolate escorrem dos teus lábios.
Recebo-as na língua.

Um momento de loucura,
A pressa de chegar...
O desejo de que jamais acabe.
Suspiramos,
Aí morremos.
No gozo...

Mas só por alguns instantes.

Ressuscitamos...
E começamos tudo de novo!

©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 18/05/07

Foto de Raiblue

Cais da língua

“Existe um homem
Que me navega
Provocando ondas
Em minha rotineira calmaria

Hormonificada fico
Só de pensá-lo comigo
Adentrando meus mares
Aportando seu navio

Encontro de opostos
Água e fogo
No cio, o pavio
Na poesia, a chama

Chama que é mar
Como se o sol derramasse
Sobre as águas salgadas
Suor, saliva, secreções

Mares naturais
Amores tropicais
Sua língua, meu cais...
Cais sobre mim assim

Entre as ondas
Dos versos
Em chamas...

(Raiblue)

Foto de Raiblue

Absinto

No beijo
o mais íntimo de mim
a minha nudez plena
o meu secreto poema
a língua rabisca
trajetórias
infinitas
onde me perco
sem medo
não busco saídas
cada vez mais fundo
ela adentra
e devassa
meu secreto
mundo obsceno
em segundos...
beijo que
desperta
a Kundalini
e faz todo
mar jorrar
intenso
profundo...
beijo
que é gozo
meu licor
azul
delicioso
absinto
e sinto a vida
assim
explodindo
e se refazendo
no movimento
das ondas
na língua,
o remo...

(Raiblue)

Foto de Zênin Cirino

Amor Quieto

Meu amor nunca me vê.
Passa sempre ereta,
Firme como uma torre que toca com a língua os ares azuis.
Nunca admira:
deve ser admirada.

Meu amor nunca saberá que
ergo sentinelas nas sombras
Para mirá-la apartir deste meu
Universo secreto,
Valioso e quieto como um diamante.

Passa com os cabelos trêmulos
feito estrela,
E, às vezes, os contêm com as mãos!
Passa como passa uma deusa arfante do Olimpo,
Intocável, intacta,
Toda ensolarada
(ou enluarada).

E eu, pobre de mim,
Não sou astro nenhum.
Nem anel e satélite - ou qualquer
corpinho celeste.
Sou um jeca comum.

Páginas

Subscrever Língua

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma