Leques

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo Final

Amanheceu e chegou setembro. E quando setembro chega, por essas bandas do hemisfério sul, a primavera se faz presente e espalha as suas flores de plástico que não morrem, as pessoas ficam felizes, elas renascem das angústias e amansam seus ímpetos, elas colocam enfeites nas janelas, esperam a banda passar, alçam os pensamentos ao mais alto Parnaso e para a mais verdejante Arcádia. Os corpos se aqueciam, como se um forno tivesse sido aceso na sua mais adequada temperatura. Tudo parecia lindo.
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A turma do pastoreio gritava em sonoros brados:

- Baco! Dionísio!

Os tambores ressoavam o vento dos leques, os Miami Bass dos moleques, os maculelês dos pivetes. Sonos eram interrompidos pela festa popular. Num determinado momento, dois ou três já desfilavam sem roupa. Quando a balbúrdia foi notada, os ditos dominantes trocavam de pele na rua. Não se obedecia a nenhuma hierarquia estabelecida. As pessoas nasciam e morriam no torpor da natureza humana, viva e bruta como a de qualquer outro animal, os instintos eram deflagrados, nem Freud e nem Jung eram mais uns reprimidos. Lembrava em certo ponto até o Brasil.

- As flores! Não se esqueçam nunca das flores!

Os miseráveis eram coroados e os nobres decapitados, mas ninguém deixava de ser alegre. Um tarja preta virtual assegurava a plena satisfação dos envolvidos na comédia. O paradeiro de muito era desconhecido. O que importava isso agora? Me diz? É dia de rock, bebê. Se você não entende a sensação de atravessar a Sapucaí e repetir o batuque da bateria, então vá embora, o seu lugar não é aqui. Dona Clarisse, com seu erro ortográfico e seu rosto reconfigurado, até arriscava uma derradeira conclusão.

- Eu nunca mais quero acordar desse sonho...
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Luís Maurício, que não havia se manifestado até então, pede a palavra:

- Amigos, é chegada a hora da reconciliação. A hora em que seremos livres de todas as nossas culpas e arrependimentos. Eu declaro anistia geral! Constituiremos desde já uma nova república, uma democracia quase que direta, uma pátria do Arco-Íris e do pote de ouro, um paraíso na Terra, um novo Éden, a Canaã que deu certo!

Clarisse recosta-se ao palanque improvisado.

- Eu posso ficar...? - Silaba.

- Evidente.

- Que sim ou não?

Feito isso, ela coloca-se para se despedir de Dimas.
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Um homem estava parado no meio da multidão. Ele dava alguns passos para trás, com o devido cuidado de não deixar nenhum folião o encochar. Ele andava de lado, como quem ia para fora. Clarisse o viu perto do portão pelo qual se sai para sempre da Sociedade.

- Espere... Eu tenho que te falar mais algumas coisas...

- Diz.

- Eu não te amo e nunca vou te amar um único segundo da minha vida.

- Eu sempre soube e nunca me iludi do contrário.

Tânia, incógnita até então, não se sabe observando de longe ou entretida com outra orgia, puxa o lixo pelo braço e faz cara de que se estivesse com ciúmes.

- Ele é meu, ouviu? Meu! Dá o fora logo sua vaca! Vai procurar o homem dos outros! Ele já tem a quem comer, tá, queridinha! E não adianta dizer que ele tá te querendo, que se você tentar alguma coisa, eu mato os dois! Sua puta, sua piranha! Você não me conhece! Não sabe o que sou capaz de fazer! Eu sou mulher de verdade, sua vagabunda! Rapa fora daqui!

Dimas sorriu, e por um exato milésimo de segundo sentiu-se amado de verdade. Clarisse debochou com a mão, engoliu a tragédia de ter desperdiçado o único sentimento cristalino que já havia presenciado e deu suas costas, andando tropegamente de volta ao seu destino. Uma lágrima furtiva caiu sobre seu cenho? Procurou a corda mais próxima? Não saberemos, e nunca vamos saber. Ela disse que não se importava, e esta ficará sendo a versão oficial. Se falarem alguma coisa sobre o que aconteceu com ela ou então comigo é mentira, o que vale é o que está registrado nessas linhas. Enfim, temos um final.
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- Vamos, amor, ser felizes para sempre?

Tânia e Dimas atravessaram o portal daquele mundo.

Ao que se sabe, não existiriam mais pessoas de sangue frio ou quente naquela realidade. Apenas pessoas, Tudo aconteceria conforme o planejado, por todas as eras, e nunca mais mudaria, pois não era necessário.

O casal apaixonado corria nu pelos prados. Correram até não aguentar mais, até um lugar que parecia longe o distante para que fizessem amor pela eternidade. A tarde caia, e com ela o pulsar atingia seu auge. Tânia e Dimas se abraçaram e deitaram na relva, um beijo selaria a felicidade interminável consagrada naquela união.

- Eu te amo e pra sempre vou te amar! - a Torta nunca fora tão reta na sua declaração.

E ela foi sincera como poucas vezes se viu em toda a existência.

Até que um dia sua pele começou a descascar...

Foto de Joaninhavoa

Uma imensa flor de dedos...

*
Uma imensa flor de dedos...
*

"Abro as minhas mãos
Uma imensa flor de dedos
Faço uma dança!
Imagino uma música
e os conecto...
Em consonância! Dois leques
perfeitos

Sobre os ventos coloridos,
surgem lírios do campo...
Abrindo caminho convidam
orquídeas a dançar...
Irradiam felicidade e alegria...
Paz e harmonia...
Logo espreitam açucenas
e um narciso...
Bem vaidoso! Venera amarílis
E as mensageiras íris! Flores primaveris
Dançam! Girassóis em torno da flor de liz

Dança! Dança uma dança
Óh flor das estrelas e dos artistas
Óh tulipans!
E sobre os ventos amarelos,
Crisântemos!
Sorriem de beleza e perfeição
aos amores-perfeitos em comunhão

Ajoelha a violeta e faz proas de prata.
Tão modesta! Tão timbrada
Como a papoila solteira...
Imaginário prazenteiro!
Sobre os ventos de pó

As flores dançam...
Os ventos voam...
Pela brisa do horizonte...
Fecho as minhas mãos
Uma imensa flor de dedos
Feridas de espinhos
Rosas vermelhas terão brotado
do sangue do meu amado."

Joaninhavoa
(helenafarias)
08/08/2009

Foto de Joaninhavoa

AI LEQUE! LEQUE

*
AI LEQUE! LEQUE
*

E as palavras são como bandos
de pássaros a saírem em abanos
de leques...

Ai leque! leque
E vai acima e vai abaixo
Na roda viva em circunflexo

E os versos saiem versados
Em rios de alegria misturados
de dor...

Ai leque! leque
E vai acima e vai abaixo
Na roda viva em circunflexo

E a poesia surge maneira
Sub maneira e sobrevive
Num sopro…

Ai leque! leque
E vai acima e vai abaixo
Na roda viva em circunflexo

Segunda volta última versão
Do poema em questão
Aplausos...

À roda viva em comunhão!

Joaninhavoa
(helenafarias)
22/02/2009

Publicado no Recanto das Letras em 24/02/2009
Código do texto: T1455429

Foto de Salome

Noite Venesiana

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Cantos cativantes entre os muros da cidade,
Tochas ardentes iluminando as ruas escuras
Nos seus encantos que me dilaceram a alma
Nesta noite de sonhos e calor avassalador

Musica, alegria e amor juntos nesta multidão,
Uma mistura exuberante de insistente torpor
Entre as sedas, cetim, laços e véus sem fim,
Faces escondidas trás enigmas e mascaras

Leques abertos, mistérios detrás do disfarce,
Velando labios fugosos em santa alucinação,
Fascinação no olhar... um convite ao enlace
No antro de sedução desta noite venesiana

Meus olhos perdidos, respirando, fascinados
Sob o feitiço da musica desta surda ousadia
Envolvendo-me em sua atordoante magia e,
A tua subíta presença se insinuando em mim

"Anima mia"... um sussuro leve, arrebatador,
Boca atrevida movendo-se em sutil lentidão,
Me alucinando e liberando esse louco ardor
Causado por tuas mãos sob o fogo da seda

Tua enigma desmedida... perdida em mim e
tua voz sussurando-me mil delírios sem fim,
Mãos e bocas implorando por beijos, desejos
Unindo nossos corpos nos laços da sedução

Noites destemidas, madrugadas clandestinas
Disfarçando paixões... amarrando corações,
Tua mão presa na minha, correndo nas ruas,
Sem qualquer sentido, saciando nosso amor

Eu e Tu, perdidos na madrugada Venesiana,
Unidos neste louco torpor de almas saciadas
Ao som de uma suave melodia napolitana...

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Copyrighted Sept. 2008 - "Encanto do Poeta" Salomé MK
http://recantodasletras.uol.com.br/poesiasdeamor/1163153
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Venesia, uma cidade de encantos... com seu carnaval e "Bal de Venise" donde sonhos do passado renascem entre cetims, cedas, rendas e cores vivídas, no pleno desejo prestes a ser vivido e vivenciado...

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