Lembranças

Foto de Leidiane de Jesus Santos

Poema Incompleto

Escrever-te um poema.
Mas as palavras se perderam nas magoas,
E em tantas lembranças tristes
Que impediram as coisas boas findarem.
Mas saiba que eu acredito
Que por traz dessas coisas ruins,
Ainda tem milhares e milhares de outras coisas
Que nos fazem bem querer.
E sei que lá no fundo ainda á esperanças pra nós.
Então com lagrimas nos olhos,
E arrependida
Te peso,
Perdoe-me.
E me traz de volta a paz, os sorrisos, os olhares e os beijos.
Que tanto me fizeram a mulher mais feliz.
E deixa que essa poesia tome a forma mais linda
Entrelaçando as nossas vidas,
Pois esse poema só é completo, só é perfeito,
Com vc sendo o ponto final.

Foto de onil

SONHO DE MENINO

O SONHO QUE EU TIVE COM ESPERANÇA
FOI SER FADISTA E VIVER PARA CANTAR
ESCREVER MEU FADO UM DESEJO DE CRIANÇA
QUE TANTAS VEZES OCUPOU O MEU SONHAR

NA MINHA MENTE DE CRIANÇA IMPULSIVA
O SOM VIBRANTE DA GUITARRA SE INSTALAVA
ESSE GEMIDO DELIRANTE QUE CATIVA
E FÊZ MAIS FORTE O DESEJO QUE SONHAVA

NÃO VOU ESQUECER ESSE TEMPO DE PETIZ
EM QUE O AMOR JÁ ESCREVIA A RECORDAR
LEMBRANÇAS DESSA INFANCIA TÃO FELIZ
QUE ESCREVO AGORA NESTE FADO PARA CANTAR

O SONHO QUE É TÃO LINDO E INFINITO
PODER ESCREVER E CANTAR SÓ O MEU FADO
OUVIR GUITARRAS COM TRINAR TÃO AFLITO
É ESTE O SONHO NO MEU PEITO BEM GUARDADO

O PEDIDO NA MINHA PRECE AOS CÉUS
QUE DEUS NÃO ME TIRE ESTAS PAIXÕES
PODER PASSAR Á REALIDADE OS SONHOS MEUS
CONTAR A VIDA EM POEMAS E CANÇÕES

E SEMPRE DESSE MEU SONHAR DIVINO
QUE PASSE Á REALIDADE O QUE É SONHADO
VIVER ENTÃO ESSE SONHO DE MENINO
EM QUE UMA NOITE DESEJEI CANTAR MEU FADO

14.9.90
ONIL

Foto de Fernanda Queiroz

Pedaços de infância

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.

Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.

Meu pai me aconselhou a planta-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.

Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, primaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.

Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de "dentinhos, arrebitadinhos".

Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.

O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.

A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.

Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontra-las.

Papai quieto assistia meu marasmo em deposita-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.

Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escudeiras dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.

Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.

Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na sequência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.

Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.

Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.

Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.

Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.

Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Resernados

Foto de onil

QUASE TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA

QUASE TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA
É ELA MESMO QUE ME INSPIRA
E DEIXA MEU PENSAMENTO Á DERIVA
VASCULHO CADA CANTO DA MEMÓRIA
VIVER AS LEMBRANÇAS ELA ASPIRA
NASCE UM POEMA ESCREVO OUTRA HISTÓRIA

EM TODOS OS MINUTOS QUE JÁ VIVI
HÁ UMA HISTÓRIA PARA CONTAR
DE SONHOS ANGUSTIAS E AMOR QUE SENTI
DA TERNURA DE BEIJOS TROCADOS
SÃO ESSES MOMENTOS QUE FALAM DE AMAR
QUE TORNAM OS POEMAS BELOS E SAGRADOS

TODO O POEMA QUE ESCREVO AFINAL
FALA A VERDADE O QUE PASSO NA VIDA
FAZ PARTE DE MIM FOI VIVIDO REAL
CADA LEMBRANÇA NÃO POSSO APAGAR
PORQUE A SAUDADE FICOU BEM SENTIDA
COISAS VIVIDAS QUE NÃO VÃO MAIS VOLTAR

É EM POESIA QUE ESCREVO MINHA HISTÓRIA
POIS LEMBRO A VIDA SOMENTE A RIMAR
MOMENTOS PASSADOS QUE SÃO MINHA GLÓRIA
É A POESIA QUE ACTIVA MEU ENCEJO
DE SEMPRE EM PALAVRAS PODER GRAVAR
TODA A LEMBRANÇA QUE COM SAUDADE REVEJO

É ESTA AMBIÇÃO QUE OCUPA MEU SER
FALAR DA SAUDADE DA TERNURA DO AMOR
NO PAPEL TUDO ISSO PODER ESCREVER
SÓ ASSIM A PAZ ME VEM OCUPAR
E SINTO QUE NA VIDA TEM GRANDE VALOR
TODA A HISTÓRIA QUE EU CONSIGO CONTAR

QUASE TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA
É ELA QUE ME INSPIRA SEM PARAR
E FAZ-ME CONTAR TODA A HISTÓRIA VIVIDA
É CADA MOMENTO QUE ÁS VEZES É FUGAZ
MAS QUE EU ESCREVO NA POESIA A RIMAR
ASSIM MEU CORAÇÃO VIVE NA ALEGRIA E NA PAZ

22/03/09
ONIL

Foto de Carmen Vervloet

Falar de Saudade?

Se eu for falar de saudade
Vou ter que voltar no tempo
Vou ter que retroceder na idade
E buscar guardado um ilhado sentimento.

Momento sublime que ficou pra trás
Escondido em segredo na terra do coração
E porque não fui nem audaz ou capaz
Perdi-o, num vacilo, em tumultuada estação.

Agora o busco com um nó na garganta
Chorando o meu amargo desgosto
Não soube cultivar emoção tão santa
E só em saudade vejo seu rosto.

O tempo chora o desespero da perda
Gestos impensados de um coração imaturo
Que partiu por um desvio à esquerda
Em vez de transpor apenas um muro.

Já não há mais tempo pra lamento
A dor libera o açoite encharcado em agonia
Nas lembranças faço o meu acampamento
Busco num veleiro à deriva a perdida alegria!

Carmen Vervloet

Foto de aucenio

passa o tempo

PASSA O TEMPO

tic-tac.passam horas
passam dias,vao-se os anos.
corre o ponteiro do relogio
e mais velhos ficamos.
olha-te no espelho
e diga-me o que vê.
o tempo mudou teu rosto
e tu,nao soube perceber.

vejo a vida escapar
por entre os dedos.
o tempo me leva a vida
e com ela os medos.

vi-me crescer,pular
e brincar
fiz-me adulto e vivido
aprendi a sorrir e chorar.

tic-tac,tic-tac
tilinta o ponteiro do tempo.
em um instante te da a vida
e a roube em outro momento.

todos passam em apressadas passadas
o tempo passa e corre.
e tudo com ele morre
de mim,nao restará nada.

as linhas do meu rosto te mostram que vivi
os olhos cansados,o corpo gasto
te mostram que sofri.

vi nascer paixoes que se acabaram
vi passar pessoas que chamei de amigos
que sorrimos,brincamos.
e delas...
...so as lembranças restaram.

tic-tac.é o ponteiro?
nao.é o meu coraçao.
batendo com o relogio.
juntos segundo a segundo.
só o tempo restará.

corre o tempo,corre a vida.
vai-se o tempo,vai-se a minha vida.

tempo que apaga as lembranças.
tempo que cura as feridas.
que torna adulto a criança
e as tornam velhas e vividas.

vai-se o tempo que passa...
...vai-se o tempo.
ouço seus passos...
...tic-tac.

aucenio v. sousa

Foto de Carmen Vervloet

CADERNO DA MINHA VIDA

A cada dia nasce um sol no firmamento
E o meu caderno continua incompleto
E eu vagando entre as nuvens e o vento
Desenho vida nas letras do alfabeto.

Junto pedaços perdidos em algum momento
Colho lembranças esquecidas em algum lugar
A minha vida... são ondas em movimento
Que vem e vão na praia do meu mar.

São ondas fortes que arrebentam em sentimento
Que tinge em versos a voz do coração
Viola triste que chora o sofrimento
Guitarra alegre que entoa a emoção

E assim com tanto ainda por fazer
Eu peço a Deus sua divina proteção
Vejo meus dias em lírios florescer
Nesta jornada que é um palco em confusão

Ainda há muito que florir neste jardim
São tantos sonhos desenhados em poesia
É a primavera que sorri dentro de mim
É rosa rubra regada com ousadia.

Carmen Vervloet

Foto de Metrílica

Me diz? Por que levastes o filho? (Reflexão)

#
#
#
#

Me diz? Por que levastes o filho?

Por quê?...

"Por quê? Por que não levas a miiiimmmmm!!!!"
Grita aos prantos, a mãe, no leito de morte!
daquele que carregou no ventre...
daquele que um dia foi seu rebento...
daquele que segurou um dia em teus braços...
daquele que a fez um dia, chorar de alegria...
daquele que alimentou de si!

choros e murmúrios...lamentações...
Por quê?
Por que levaste tão bela criança? ainda nos seu primeiro ano de vida?
sequer sabia o que sentia... pobre criaturinha,
choraste sob tortuosa dor,
sequer tinha conhecimento do que acontecia ao seu redor,
anjinho, não sabia das dores do mundo,

Me diz? Por que levastes o filho?

Deste tamanha sabedoria ao pai, progenitor...
O dom da medicina,
Por quê?
Por que infectaste o filho com um enigma... incurável?
quatro anos de vida! dois de sofrimentos...
por que o fizeste sofrer... e morrer nos braços de seu pai?
pai, que sob sombras e fantasmas perguntava-se, lamentava-se a todo momento.."o que fiz de errado?, porque não salvei meu filho?"

Por quê?

Me diz? Por que levastes os filhos?
Deste cinco filhos a esta mulher!
Por que o arrebatamento de dois? de forma tão sofrida!
doenças, incuráveis, tratadas em vão!
duas vezes!!! amputastes esta mulher!
por duas vezes!
Por que tanto sofrimento a estas criaturas?
um, na flor da idade! seis anos de vida...três de sofrimentos...
o outro, aos treze...após sofrer seis meses...
pragas, doenças incuráveis!!!

Me diz? Por que levastes o filho?
Este,orgulho dos pais! acabara de formar-se!
vida, sonhos! longo caminho!
arrebatado! fria e violentamente!
25 anos! tragédia! morte imediata...

Por que levastes os filhos?!
Para deixar na terra estas mulheres... mães despedaçadas!
corpos por instantes sem alma! corações dilacerados...
continuam suas vidas! mesmo que aleijadas!
Hoje, as que não são viúvas, estão divorciadas...
porque aqueles que foram "pais", daqueles arrebatados, não resistiram à dor!
abandonaram o "passado", esconderam-se em falsa alegria!
que sigam então as MÃES!
PORQUE NA DOR, OS FILHOS, SOMENTE A ELAS PERTENCEM!
lembranças...de alegrias...desde o útero...ao sentir um coração!
nascimento...choro de felicidade...
amor incondicional...
morte...dor...ETERNA SAUDADE...

NASCESTES?!
estás então entregues ao mundo...
boa sorte!
não poderás jamais, voltar ao ventre de sua mãe...

Reflexões by Metrílica + (em homenagem às minhas amigas CPR, MOLF, AR, NALM...mães)

Foto de Sonia Delsin

CORAÇÕES ESMAGADOS

CORAÇÕES ESMAGADOS

Estou me afastando de ti.
Da tua fala mansa.
Do teu jeito criança.
E tão adulto.
Estou me afastando das lembranças.
Doces recordações.
A vida tantas vezes esmaga os corações.
Por que nos encontramos?
Por que existiu aquele dia?
Por que nos envolvemos tanto com a fantasia?
...
E com a poesia.

Dói este afastamento.
Parece que estou matando o momento.
Matando o melhor de mim.
Mas precisa ser assim.
Para que eu continue vivendo.
Com as lembranças apenas eu estava morrendo.
Murchando a espera do que não poderia me chegar.
Tu não podes me amar.

Foto de Paulo Gondim

Leveza

LEVEZA
Paulo Gondim
23/02/2010

Meu coração voa leve, quando penso em ti
Tudo parece mais calmo e simples
E a vida corre mais suave

A alegria passa a fazer parte do momento
Impossível não sorrir, não demonstrar
A beleza do contentamento

As lembranças são muitas e especiais
Elas vêm como nuvens ao vento
Enchem-me de prazer
Dão-me a certeza do querer
Nesse doce envolvimento

Assim é tua presença em mim
Forte, possessiva, abrangente
Preenche todos os espaços
No sentir de teus abraços
Aqueles que deixam teu cheiro
Que me toma o corpo por inteiro

E nessa sensação de calmaria
Minha alma descansa em paz
Olho céu, as estrelas, a lua
E neles, sinto a presença tua
E todo bem que tua lembrança faz

Páginas

Subscrever Lembranças

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma