Inocentes

Foto de Arnoldo Pimentel Filho

ENTARDECER

Os ventos já não balançam as flores
Já não sinto o toque das pontas do mar
Estou sentindo meu entardecer ancorar
Nas bordas do porto exausto de tanto esperar

Meu mergulho lívido já não é profundo como quando buscava tesouros
E as sombras do fundo do mar norteiam a superfície com pouco sol
Que está escondido entre as nuvens partidas que se assemelham com o fim da lua
Desnuda pelos olhares de marte

O horizonte já perdeu o tom avermelhado que o diferencia da manhã
Onde os ventos eram fortes e os moinhos viviam a plenitude
Nas planícies repletas de amores furtivos e vazios que transbordavam o coração
Nos celeiros escuros e cobertos pelos olhares inocentes que vinham de longe

Os ventos já não movem meus olhos na esperança de vislumbrar
A fada que iluminava meus dias com sua sedução tímida
E mãos de seda que passeavam pelo corpo sem descaminhos
Descobrindo o amor na sensualidade exprimida entre beijos atrás da estrela cadente

O anoitecer é a desilusão do dia
Tudo que era claro fez-se escuridão
Parece que a vida vai deixando de existir aos poucos, lentamente
Enquanto o sol se esconde entre nossos sonhos

Já não sinto os ventos no meu rosto entristecido pela palidez
Minha sedução virou lembrança entre as paredes do meu oceano
Meu dia está enfraquecendo enquanto o entardecer toma forma
A noite vai cobrir meu corpo e dormirei o sono sereno da quietude sem fim

Foto de Arilton Bronze

Amanhecer de uma viagem

Viajo na doçura do seu amor

Na loucura de sua dor

No sabor

No seu ardor.

Canto a felicidade

De um momento

Num pequeno sofrimento,

Que a agora se desfaz.

Grito, o grito dos inocentes.

Na esperança

De um instante

Que agora você traz.

Viajo nos meus

Sonhos,

Na loucura

Doce e amarga

Dos seus desejos sensuais.

Canto com a força

Do amor.

Do amor loucura

Ardente, ferino...

Bacanal.

Grito...

E nos seus

Gemidos... Faço-me homem!

Grito...

E nos seus

Gemidos... Sinto-me feliz!

Foto de rbgero

" Eternizando "

"Uma noite, um passeio. Cumplicidade à beira do mar, conversa solta, sorrisos livres, pensamentos voantes. Um cenário perfeito. Um palco montado para algo que se eternizaria. Um momento agora profundamente marcante em minha vida. Parecia simples, mas foi muito além disso. A areia macia sob nossos pés. Nossas mentes viajando no azul daquele céu estrelado. O mar a embalar com aquela sinfonia mágica nossos olhares. Todo esse cenário naturalmente disposto, e num complemento dos deuses, abençoado pelo néctar mais sagrado: um maravilhoso vinho. Mas nada disso tinha importância. Tudo era apenas complemento. Sei que os deuses invejaram-me por estar diante da companhia mais bela e doce de todo o paraíso. Tua presença era o ato principal daquele encontro. Teu sorriso inocente, tuas palavras soltas, teus carinhos espontâneos, teu olhar meigo. Tenho certeza que fui abençoado pelos céus por poder estar diante de um anjo em forma de menina. E mil vezes bendigo o efeito daquele vinho que soltou-me as amarras da timidez e fez-me beijar aqueles lábios morenos. De outra forma não teria coragem. Não por mim, mas por você. Bendito atrevimento. E naquele momento pude sentir o quanto pode ser simples a felicidade. Sem complicações; sem artificialismos. Num simples beijo abriu-se naquele momento as portas do paraíso. O que te disse, o que ouvi foi apenas detalhes de uma felicidade sem limites. Não é exagero. Não estou valorizando. É a pura verdade. Ouviu-me; ouvi-te. Confissões de nossos corações. Momentos de nossas vidas. Histórias de nós. Nossas histórias. Segredos agora revelados, pela primeira vez sem o menor pudor, pois tornastes a coisa tão simples que, na complicação de minha vida, nunca tinha passado por uma experiência tão gostosa. E mais beijos, mais confissões. Minha vida agora era tua, sem portas, sem paredes. Aberta e plena. E te faço mais uma confissão agora: já me entreguei de corpo algumas vezes, em alguns momentos. Mas pela primeira vez alguém pôde ter em suas mãos minha alma. Minha verdadeira essência. Confesso que me assustei de início, mas teu jeito cativante me deixou tão solto que não pude resistir. Minha alma agora era tua. Caminhar entre as nuvens; estar no limbo; sonhar entre as estrelas. E as Três-Marias não estavam no céu, porque naquele momento o brilho destas estrelas estava em teus olhos. Podia ver através deles tua doce alma, e lá fiquei por toda a noite, embalado por tuas palavras murmuradas como numa prece pagã. Bendigo aquele beijo que me abriu as portas do paraíso, e o vinho sagrado que abençoou nosso momento. Em teus braços senti-me tão seguro e amparado. Papéis invertidos. Tu a me proteger como criança desamparada, a dar carinhos e afeto. E me entreguei como jamais havia feito antes. Teus gestos tão simples e nem imaginas o quanto significaram para mim. Estar ao teu lado, juntos, por toda a noite. Nove horas tão rápidas. Tempo voante. Pena que rápido demais. Queria que fosse eterno, sem limites. Ainda procuro palavras para descrever aqueles beijos ardentes, mas meigos. Aqueles olhares provocantes, mas inocentes. Aqueles abraços calorosos, mas suaves. Aquela magia etérea, mas tão simples. Não encontro palavras, mas na verdade nem quero, para não quebrar a magia. A magia dessa tua discrição, dessa tua compreensão do que está acontecendo comigo, dessa minha condição. Amo-te por isso. És linda, e acima de tudo maravilhosa. Gostaria de termos para poder descrever-te, mas esses seriam muito aquém do que realmente representas. Doce anjo; anjo desta noite inesquecível. E não adianta eu colocar aqui mil 'obrigados' que seriam infinitamente poucos para que pudesse agradecer-te por tudo: os olhares, os beijos, o carinho, o afeto, as palavras, a companhia, a compreensão, a paciência, a cumplicidade, os afagos, o sorriso, as confissões, os segredos, a confiança, a amizade, a parceria, o zelo, a preocupação, a maturidade, tudo, tudo, tudo, e mais um montão de tudo. Nesse momento posso confessar que durante aquelas nove horas estive apaixonado por você, de uma maneira única, sem precedentes. Conseguisses coisas que ninguém até aquele momento jamais chegou perto de conseguir. Noite mágica; nossa noite. E agora só tenho uma coisa que poderia te dizer: ow dellííícccciiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaa..."

Foto de @nd@rilho

VAZIO

Desculpo-me envergonhado,
Sim me desculpo, por viver assim,
Nesse mundo do TER,
Ter olhos azuis que enxergam somente a futilidade do mundo,
Ter um sorriso cativante,
Que aprisiona os inocentes que vivem comigo,
Ter apenas uma bela casca, recheada de podridão,
Desculpe-me, mas não quis nascer assim,
Vazio e fútil,
Sinto falta de SER...
Ser aquilo que nunca fui,
Sinto falta do que FUI somente em meus poemas,
Sim aqueles mesmos poemas, onde eu falava do SER,
Ser romântico, sincero, fiel,
Ser completo...Ser feliz...
E encher-me da existência que move meus versos,
Os versos de amor, paixão, vida...
Mas não...
Eu venho aqui apenas para me desculpar,
Por ser vazio...
Um vazio que me consome...
Um vazio que enche meus pensamentos,
Um vazio que dói e corrói minha alma,
Vazio....apenas....Vazio

Foto de Joaninhavoa

Onde está a fé.

*
Onde está a fé.
*

Quem nasceu para servir como camelos,
Quem foi que comprou, por uns tostões
Corpos feitos escravos! De maltratos
Já marcados sem branduras de peões.

Vidas que são fios de novelos sem fim,
Aos caprichos de quem pensa ter o império;
Almas que sofrem desesperadas e por fim,
resignam-se com a cabeça a prémio.

Não lutam contra o destino! Vencidas
Não há lugar p`rós sonhos de criança,
De sorrisos inocentes, desfolhando pétalas

Das flores do jardim encantado! Onde está a fé
Se até profetas tinham camelos e mulheres
E sabe-se lá mais pr`além de malmequeres!

Joaninhavoa
(helenafarias)
04/06/2009

Foto de lohay

Ser bruxa!

Ser bruxa é ser assim...
Que eu seja como a que tece o pano
na floresta, profundamente escondida.
Que eu possa fazer meu trabalho sem interrupção.
Que eu seja uma exilada, se é esse meu sacrifício.
Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo,
e possa celebrar os quartos em cruz,
solstícios e equinócios.
Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima,
nas árvores desenhadas, no céu luminoso.
Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.
Que eu possa libertá-las, sem apanhar nenhuma,
para viver em abundância.
Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio.
Que sejamos inocentes e despretensiosos.
Que eu seja capaz de gratidão.
Que eu saiba Ter recebido a
alegria, como o leite materno.
Que eu saiba isso como o meu cão,
nos ossos e no meu sangue.
Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor,
em canções que soem como o aroma do alecrim,
como todo dia e na antigüidade, erva forte de cozinha.
Que eu não me incline à auto-integridade e à autopiedade.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da Terra,
e dos Círculos de Pedra, como raposa ou mariposa,
e não perturbar o lugar mais que isso.
Que o meu olhar seja direto e minha mão firme.
Que minha porta se abra àqueles que habitam
fora da riqueza, da fama e do privilégio.
Que os que jamais andaram descalços , não encontrem o
caminho que chega á minha porta.
Que se percam na jornada labiríntica.
Que eles voltem.
Que eu me sente ao lado do fogo no inverno e
veja as chamas brilhando para o que vier,
e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar,
sem que me peçam.
Que eu possa ter um simples banco de madeira,
com verdadeiro regozijo .
Que o lugar que habito seja como uma floresta.
Que haja caminhos e veredas´para as cavernas e
poços e árvores e flores, animais e pássaros,
todos conhecidos por mim reverenciados com amor.
Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar,
ou o orgulhoso crescer das árvores.
Por isso, podem me chamar de bruxa pois assim sou!!!

Foto de xiita

Belos Tempos

Belos Tempos

Longos tempos nós já tivemos belos tempos

Esse é o meu pequeno poema sobre os meus tempos antigos

Eu tenho uma historia com os meus velhos amigos

Numa vida passada eu era um rapaz feliz

Sem futuro para pensar nem passado para relembrar

Minha única tarefa era brincar

Brincar, brincar, brincar até o sol caminhar

Me lembro que também aproveitávamos uma parte da noite

Com Zeca-pequeno iluminávamos os becos

Não só com os jogos-de-luzes

Mas também com os nossos graciosos berros

Berros e barulhos que atraíam outras crianças sem tarefa

E a gente se concentrava para mais uma brincadeira

Aquela vida era comparada a do paraíso

Nem mesmo as tristezas conseguiam acabar os nossos sorrisos

Os nossos rostos eram tão inocentes

Que as vezes nem percebia-se que alguém está doente!

Também para que falar de doença? Alias o que era a doença?

Era só infantilidade e inocência

Oh! Como foi belo!

Esses tempos eram belos, esses tempos eram perfeitos

Mas perfeito mesmo era eu

Que já naquela altura virei psicólogo e convivi com o “Ham Haim”

Mas quem era “Ham Haim”?

Era um mudo também com a tarefa de brincar!...

Como era bom brincar com o Mack dele! …“Ham Haim” isso significava “pra tras”

Ham Haim, Ham Haim gritava enquanto eu guiava o carro

Um Mack vermelho, preto e cinzento

Coitado ele não podia falar, mas sabia me ouvir

E gostava de rir

Sorria até mesmo com o barulho da guerra de Angola e Africa, das bombas e granadas

Nem os confrontos de 1992 acabavam com as nossas gargalhadas

Só deixavam as nossas mamãs preocupadas

Tinham razão pois não acreditavam que éramos super-heróis

A gente era tão feliz, mas tão feliz,

Que nem sabia definir a dor

Em pleno tempo de terror

Nós trocávamos o mal pela cor do amor e da paz

Nós éramos tão felizes, mais tão felizes

Que acho que chamamos atenção do destino

E ele se interessou nas nossas vidas

E então arrancou-nos, os “belos tempos”

Separando um do outro

E a viver no desconforto

Com dor, com medo e terror

Com pouco amor e uma paz sem a cor… Branca

Nos tornou mas sério, dando-nos lições pesadas sobre os novos tempos

Quando penso nos “velhos tempos”

E nos “novos tempos”

Eu digo: maldito é destino! o que fez com o tempo?

Eu gostaria voltar a brincar, a brincar, a brincar até entardecer

O, Zeca-pequeno!... Hã! Esse esta por perto

Mas o Ham Haim!?

Esse eu já nem vou reconhecer

Sinto pressentimos que foi para o Congo, ou pras Lundas

Gostaria ver ele nessa vida adulta e culta

Hoje eu lembro de vocês com um sorriso no rosto

e lágrimas nos olhos

Mas o importante é que cumprimos a nossa tarefa

Que foi

Brincar, brincar, brincar até a infantilidade se acabar…

Autor: Milson António "Xiita"

Foto de Edevânio

A VERDADEIRA LOUCURA DE CHAPEUZINHO.

SÉRIE PLACEBO
Episódio Um
A Verdadeira Loucura de Chapeuzinho
Edevânio Francisconi Arceno

Dias atrás, estávamos passando pela sala quando ouvimos uma chamada de um filme na televisão: “Deu a Louca na Chapeuzinho”.Achei curioso, é claro que hoje em dia é muito comum retornar à moda coisas antigas , com uma roupagem totalmente moderna e as vezes até surreal, mas até contos infantis? Então resolvemos assistir. O Filme não tinha nada a ver com a versão antiga, até a história foi mudada. A chapeuzinho era a suspeita número um de estar trapaceando para obter vantagens em cima dos deliciosos docinhos que ela transportava em meio a floresta. Apesar da dinâmica surpreendente do filme, a crítica achou que ele retirava o brilho e a inocência da história, que por décadas vem alimentando nossas crianças e até mesmo nossas ex-crianças. Porém, isso não é nada comparado à verdadeira e triste saga da menina Chapeuzinho Vermelho. Preparem-se e entendam que apesar de ignorarmos certos problemas e mazelas sociais, eles existem, estão lá e depois deste relato, você poderá até fazer de conta que é só um conto, mas no fundo você sabe que tudo pode ser real!

A Chapeuzinho como vocês bem sabem, era uma linda garotinha que incansavelmente todos os dias levava docinhos para a vovó, e no trajeto vivia mil e uma aventuras.Acontece que as idas até a casa da vovó foi diminuindo, não por uma razão especifica, mas várias. A primeira delas é levar para a vovó o que? Sua mãe teve que trabalhar para ajudar a suprir as necessidades do lar, pois seu marido estava muito doente. Sim, o pai de chapeuzinho era um homem muito doente, se é que um alcoólatra pode ser designado assim. E como todo alcoólatra, uma das primeiras coisas que perdeu, foi o senso de responsabilidade. Responsabilidade com a família, com o trabalho e por fim com a sociedade. Diante disto, a mãe de chapeuzinho não teve mais como fazer docinhos para a vovó, pois começou a trabalhar dia e noite, muito mais a noite.

Cada vez que sua mãe se preparava para trabalhar, Chapeuzinho a abraçava como se fosse a última vez. Depois que a mãe saia, Chapeuzinho ouvia a voz de seu algoz, que se disfarçava de pai e culpava a bebida por seus crimes: ___ Filhinha vem com o papai, vem. Chapeuzinho então mais uma vez se submetia a perversão do seu inescrupuloso pai, que vinha abusando da pequena e indefesa filha a muito tempo. Mesmo ainda quando entregava docinhos para a vovó, era estuprada e obrigada a sair correndo pela floresta dizendo que havia sido vítima de um grande lobo. Você deve estar se perguntando, porque ela não denunciou este monstro. Acontece que o monstro morava com ela e dormia com a mãe dela e as ameaçava dizendo que mataria ambas se falasse. Depois que sua mãe começou a trabalhar a situação ficou insuportável. Chapeuzinho decidiu dar um basta, tinha que fazer algo para minimizar seu sofrimento, então conheceu o mundo das drogas e logo ficou viciada em “Crak”, uma droga de fácil acesso e extremamente destrutiva. Ela agora se submetia aos desejos criminosos de seu pai, completamente drogada, para proteger a si mesmo e sua mãe. Também começou a se prostituir em meio aos arbustos da floresta, com os caçadores infiéis, tudo isto, para manter o seu vício. Sempre orientada que se por ventura chegasse alguém, ela deveria sair gritando é lobo é o lobo, pois a maioria dos caçadores eram casados e não ficaria bem serem vistos com uma prostituta viciada.

E o caçador herói, onde anda? Cansado de pagar propina aos guardas florestais e entidades governamentais responsáveis pela prevenção das florestas, resolveu fazer um concurso e entrar para este seleto grupo, e logo também se tornou um corrupto. Agora não paga mais propina, apenas recebe! Da prostituição de Chapeuzinho e de muitas outras crianças viciadas, ele apenas cobrava em serviços, nada além de um delicioso...! Quanto aos caçadores, a prostituição também fazia parte de um pacote, com demais itens: podia cortar árvores, caçar, pescar, enfim pagando bem, mal não tem, pelo menos na ótica dele. Chapeuzinho agora estava em um degradante círculo vicioso, se drogava para prostituir, e se prostituía para se drogar.

Em uma de suas viagens alucinantes, lembrou-se do tempo que ainda podia visitar sua Vovó e levar-lhe os docinhos, bons tempos aqueles! Agora existe uma ordem judicial, que a impede de chegar a duzentos metros da residência da vovó, pois segundo o ministério publico, Chapeuzinho tentou culpar um animal conhecido como Lobo, pelos hematomas deixados na Vovó e por furtos misteriosos em sua propriedade. A Justiça não acreditou e chegou à conclusão de que Chapeuzinho era uma ameaça à integridade da Vovó. Ainda bem que temos justiça!

Agora gostaríamos de pedir sua autorização e começar a narrar, na primeira pessoa, pois gostaria de fazer algumas considerações pessoais sobre esta história, da qual fui testemunha e vítima. Primeiramente acredito que as violências sofridas pela menina Chapeuzinho, cujo autor foi aquele que se diz pai, no princípio eram cometidas sem o conhecimento da mãe, mas posteriormente ela soube, porque ela não denunciou? Talvez por medo de ser assassinada por ele, que cada vez mais se entregava ao álcool, ou talvez por medo e vergonha de admitir que o seu trabalho noturno, é tão imoral quanto o modo que Chapeuzinho conseguia dinheiro para se drogar. No contexto dessa inculpabilidade por atitudes erradas e criminosas na qual Chapeuzinho cresceu, tirou dela a possibilidade de valorar o que é moral, ético, certo, errado, justo, verdadeiro, falso, bom, mau, enfim muitos outros atributos disseminados pela sociedade como normas de conduta, ou seja, como ela podia achar que é errado prostituir-se para se drogar , quando era prostituía por seu “pai” , para preservar a vida. Quem culpar? Podemos simplesmente culpar o Estado, sim o Estado, afinal o guarda florestal representa a autoridade do Estado, se ele tivesse cumprindo suas obrigações e evitado que os caçadores se prostituíssem com jovens e crianças, escravizados pelo uso das drogas, o círculo vicioso se romperia e talvez a Chapeuzinho tivesse uma oportunidade. E a vovó, bem a vovó não tem nada a ver com isso, a única coisa que fez foi pedir para Chapeuzinho entregar umas encomendas na cidade, algumas pedras de Crak e alguns papelotes de cocaína. Talvez você não soubesse, mas a “boca de fumo da Vovó” era a mais freqüentada pelos usuários da cidade, e de vez em quando, Chapeuzinho era chamada para entregar droga a domicílio, em troca de alguns míseros trocados. Mas logo a vovó descobriu que Chapeuzinho estava viciada, desde então a menina que gentilmente levava docinhos para a vovó, perdeu sua serventia.

Bem, podemos também isentá-los da culpa e fazer como eles, vamos culpar o “Lobo”, afinal ele é um animal. Ele ameaça seus filhotes e parceiras e às vezes até come as suas crias. Também se escondem em arbustos para atacar e comer crianças desavisadas e depois desculpar-se dizendo que estava apenas caçando. Agride velhinhas inocentes, que não fazem mal algum e ainda rouba a inocência dela. Vocês podem também ignorar toda esta história e simplesmente dizer que tudo não passa de um faz de conta, que isto não é real. Pois não existem pais que estupram filhas, que não existem mães que se prostituem para manter a família, que não existem vovós que aliciam netinhas a se tornarem traficantes, que não existem homens que dizem vou caçar ou pescar e fomentam o mercado da prostituição infantil, não existem autoridades que são coniventes com todo o tipo de crime por dinheiro. E também que neste momento não existem milhares de crianças e jovens se prostituindo para manter o vício. Claro que se por ventura você se convencer de que isto não é um simples faz de conta, e que estas coisas podem existir realmente, não faça como eles, que apenas se preocupam em achar um culpado. Mas se esta história não fez você refletir, reavaliar seus conceitos e ainda quiser um culpado, aceite minha sugestão, culpe o Lobo!

Atenciosamente: Ass. Lobo.

Foto de BlackAngel

Que realidade é essa?

Ligue a TV e veja,
Esta claro!
Imagens valem mais que mil palavras
E agora aonde vamos nos esconder?
Não finja que não sabe o que eu digo
Olhe bem!
Vai olhe de novo,
Não entendeu?
Eu digo, são vidas inocentes se indo,
Esses tais “bons” para onde foram?
Cazuza, Cássia Eller, Renato Russo
Ainda vivem na memória do povo
E aquela pequenina?
Ué esqueceu já?
Ela caiu ou foi joga?
Foi o pai ou a madrasta?
Me diga!
Pense,
Você sai de casa confiante em um retorno?
Quando você ora, o que você realmente pede?
Que suas dividas sejam pagas ou que aquele rapaz saia do mundo das drogas?
Que lugar é esse que eu vivo?
Por que esses tais “bons” e “inocentes” se vão
De um jeito tão cruel e covarde?
Por que viver assim?
Ligue de novo sua TV
Veja que não há novidades
Mais uma mãe chorando a morte de seu filho
Veja a ganância nos destruindo!
Veja a inveja nos matando!
A fome de poder!
A fome de comida!
E ai, vai desliga a TV?
NÃO ADINATA
Abra a sua janela,
Você vai ver e escutar a mesma história
Nada diferente da TV
Devemos nos acostumar?
Devemos nos acomodar?
E esperar a próxima bala do inferno nos tocar, e nos levar ao tão sonhado céu?
Me diga!
Pense...
Onde fica realmente o inferno?
Grite!
Se unam
Não esperem o próximo
Pintem suas caras de novo
E vamos para as ruas
Faça da sua paz sua vontade
Ande! Vamos torna isso realidade
Até quando viveremos assim?
Morrendo de medo de uma bala perdida
Sei que sou jovem
Menina aos olhos de alguns
Mas estou preocupada, assim como muitos
Que futuro eu irei dar aos meus filhos
Que futuro eu terei,
Nesse lugarzinho que eu infelizmente “vivo”
Uma certeza eu já tenho
O inferno existe
Quanto ao céu,
Estou rezando para que realmente exista.

By:Thaiane Dias¥

Foto de Carmen Lúcia

E ele vem de novo...

E lá vem ele de novo!
Corações palpitam...
Expectativas se agitam
E invadem o ar...
Estará mudado?
Deixou o ruim de lado?
Ou virá de qualquer jeito
Sem ter-se reciclado, transformado?
Despojado-se das dores, dos rancores,
Das lágrimas, dos dissabores
Que salgaram, que pesaram
E sacrificaram tantas vidas?
As mesmas que agora lhe pedem guarida...
As mesmas que acreditam em sua vinda...
Ou virá perfeito, refeito, desfeito
Das atrocidades que desejamos apagar
Das mentes, das gentes, dos inocentes...
E que nós, impotentes, não pudemos abrandar...
Fechemos os olhos...deixemo-lo entrar...
Acreditemos...O amor é o que irá reinar!
Ele virá modificado...E por Deus abençoado!
Fará o mundo feliz...Tempo venturoso!
Vai começar do “Novo”!
Sem incertezas ou enganos...

Feliz Novo Ano!

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