Hipocrisia

Foto de Carmen Lúcia

Viaduto (in memoriam)

Nível divisório (e ilusório) entre dois mundos,
Que não se encontram, mesmo perto, sempre juntos,
Realidades paralelas, não se cruzam, se recusam,
A apoteose e o apocalipse, a discrepância, a discordância.

Em cima o sol, a passarela, a vida bela,
Poder sonhar, a ostentação, a ambição.
Embaixo a escória, restos de vida, degradação,
O submundo, o escracho, a solidão.

No alto, a vida indo ao encontro do sucesso;
Debaixo, escorrendo ao retrocesso.
Passa o burguês, indiferente à desigualdade,
E indiferente, o indigente...o que perdeu a identidade.

Muitos despencam lá de cima, lá do luxo,
Feito suicidas, enclausurados pela dor...
Sombras que assombram, que retratam o desamor
São bichos-homens, vira-latas, degustam lixo.

E permanece lá em cima, a indiferença.
Todo o glamour, a arrogância, a burguesia,
E os maltrapilhos, recolhidos, embevecidos
Com os out doors, os pisca-piscas...Zombaria!

Até quando esse cenário revoltante?
Só se aproximam pra tirar fotografias,
Virar manchete nas colunas de jornais,
Tão cordiais com tais problemas sociais!
E as soluções? Ora, quanta hipocrisia!

Quando acolhido pelo abraço maternal
E acarinhado pela morte, o indigente,
Seu corpo jaz, caído ao chão, sobre um jornal,
Do pedestal (aí se cruzam), a sociedade
Vem dissecá-lo para o bem da Humanidade.

_Carmen Lúcia_

Foto de Li galrao guelli

Pensamentos que transformam

Reaprendamos a degustar o mundo como quando criança. Estamos perdendo sensívelmente esse paladar devido a desvalorização humana, devido a ingratidão dos homens, devido a crença nas falsas palavras e nos falsos sentimentos dos que nos rodeiam. Reaprendamos a observar com o coração, não deixemos a hipocrisia imperar o caminho do que é justo, porque ela só tende a destruir e criar ilusões, ilusões estas que nos distanciam de uma possível realidade que talvez se trabalhada com amor poderá consertar uma geração (Li Galrão Guelli....)

Foto de Carmen Lúcia

Rompendo correntes

É inevitável que preciso mudar...
Livrar-me das normas que engoli
com a garganta seca de ansiedade...
De tabus apregoados, em mim tatuados
bradando aos meus ouvidos, atrocidades.

Liberar desejos engavetados, lacrados,
que eu repudiei de maneira hipócrita,
com a vontade louca de ceder,
me envolver, te devolver...
ainda que presa a preconceitos
que me impediam de viver,querer, sentir prazer...

Quero afastar a hipocrisia de meus atos
e renascer como renasce uma flor
cultivada por anseios
e fazer parte de teus devaneios
agora tão meus,
mantidos em segredo
pra revelar quando chegar a hora.
Agora.
Talvez não seja tarde demais...
Não vais embora!Verás do que sou capaz!

Desfaz tuas malas, crê que eu mudei...
O medo já não há...de me entregar, me libertar...
E meus pudores, herança de ancestrais,
crendices abissais... não os carrego mais...
Recriarei meus sonhos e alçaremos voos
até alcançarmos a plenitude desse nosso amor
vitimado por um passado que abominei!
Fica!O tempo te dirá como mudei!

(Carmen Lúcia)

Carmen Lúcia Carvalho de Souza
15/10/2007

Foto de Paulo_Junior

Hipócritas

Às vezes gostaria de ser um falcão.
Voar tendo o mundo aos pés,
Sem rumo ou direcção.
Sem predadores ou outras preocupações.

Sentir o ar de liberdade
Passar pelos pulmões,
Sem preocupações.

Mas logo fui puxado pela realidade,
Abatido de volta à vulgaridade.
Volto a ser apenas mais um,
Esperando chegar o dia
Em que me vou transformar em nenhum.

Tento me conformar com a banalidade,
Ajustar-me a sociedade.
Porem não consigo me rebaixar ao nível deles,
Suas bases são compostas por hipocrisia,
Suas colunas, de suas próprias mentiras,
E seu teto, de vidro.

As pessoas preferem viver numa mentira,
Preferem pensar que têm um bom futuro,
Preferem pensar que sua vida se resume ao seu lucro.
O seu amor aos poucos se esfria.

Não sou perfeito,
Mas também não abaixo a cabeça aos meus defeitos.

Foto de Paulo_Junior

Hipócritas

Às vezes gostaria de ser um falcão.
Voar tendo o mundo aos pés,
Sem rumo ou direcção.
Sem predadores ou outras preocupações.

Sentir o ar de liberdade
Passar pelos pulmões,
Sem preocupações.

Mas logo fui puxado pela realidade,
Abatido de volta à vulgaridade.
Volto a ser apenas mais um,
Esperando chegar o dia
Em que me vou transformar em nenhum.

Tento me conformar com a banalidade,
Ajustar-me a sociedade.
Porem não consigo me rebaixar ao nível deles,
Suas bases são compostas por hipocrisia,
Suas colunas, de suas próprias mentiras,
E seu teto, de vidro.

As pessoas preferem viver numa mentira,
Preferem pensar que têm um bom futuro,
Preferem pensar que sua vida se resume ao seu lucro.
O seu amor aos poucos se esfria.

Não sou perfeito,
Mas também não abaixo a cabeça aos meus defeitos.

Foto de Osmar Fernandes

SE EU FOSSE DEUS

SE EU FOSSE DEUS EXTERMINARIA A MENTE DOENTIA.
DEIXARIA NA TERRA SOMENTE PESSOAS DO BEM.
MANDARIA PARA O INFERNO OS FILHOS DO CAPETA.
NÃO DEIXARIA NEM UMA ALMA DEMONÍACA NASCER.
SERIA O TROCO PELA COVARDIA.
ADIANTARIA MEU JULGAMENTO E IRIA MAIS ALÉM...
ABRIRIA DE UMA VEZ MINHA MALETA.
DARIA CHANCE SÓ PARA QUEM QUER VIVER.

E, AINDA FARIA MAIS, PORIA O SINAL DA BESTA,
NA TESTA DOS FILHOS DO MAL E DOS ATEUS.
PARA QUE TODOS PUDESSEM IDENTIFICÁ-LOS NA TERRA.
AFINAL, NÃO HÁ QUEM AGUENTE MAIS TANTO DISPARATE.
A MÃO DO CÃO ANDA ASSOMBRANDO OS ANJOS DE DEUS...
NINGUÉM SUPORTA MAIS TANTA HIPOCRISIA, TANTA POBREZA.
SE EU FOSSE DEUS, ANTECIPARIA LOGO O FINAL...
COMEÇARIA IMEDIATAMENTE UMA NOVA ERA.

O MUNDO ESTÁ CAMINHANDO PARA O SEU FIM.
ESTÁ ESTABELECIDO O APOCALIPSE.
MAS, OS FILHOS DE DEUS SOFREM DEMAIS.
ESTE GRITO DE SOCORRO ESTÁ DENTRO DE MIM.
PRECISAMOS URGENTEMENTE DE UM NOVO ECLIPSE...
O MAL ESTÁ TENTANDO APAGAR OS ANAIS...
SE EU FOSSE DEUS, EXTERMINARIA LOGO COM SATANÁS.
E MOSTRARIA AO MUNDO QUEM PODE MAIS.

Osmar Soares Fernandes

Foto de Paulo Gondim

Vida interior

VIDA INTERIOR
Paulo Gondim
26/06/2010

Faço de minha solidão terapia
Antídoto contra tanta hipocrisia
Eis que assim que sinto e vejo
Mesmo que contarie o desejo
Ande na contra mão dos fatos
Vislumbre de longe um ex-amor
Desafie o cansaço
Limite meu espaço
Busco força e vida interior

O solo de um piano pode ser vulgar
Para almas que apenas penam
No caminhar diário, de simples penar
Mas a vida pode ser bonita e serena
E até a solidão pode ser pequena
E o frio do inverno ter menos rigor
Se há, em cada um, vida interior

Foto de jessebarbosadeoliveira27

A POEM TO BOB DYLAN

Versos líricos que ecoam a animosa flora do protesto
Versos filosóficos que transformam em indômito oceano
O brutal mental deserto.

Versos que acordam o vulcão da sábia rebeldia
Versos que --- ao esbofetear a fronte da hipocrisia ---
Fissuram os pilares da tirania
Versos que libertam a lívida juventude cativa.

Versos que amam o livre amor
Versos que anseiam a psicodelia residida na flor
Versos que o mor poeta do folk
Em nós viçosamente poleniza
Depois de magistralmente OS compor
Com a ajuda da sua gaita
Ou do possante violão da revoltosa melodia.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

Foto de Miraene

Eles

Dói!
Eu posso sentir a dor!
E mesmo eu respirando não me sinto viva.
O que segura minh'alma rouba meu coração.
E não há certeza, nem solução.
Ouça as vozes ao seu redor.
Elas são tão más.
Você conhece a verdade.
Também conhece a solidão.
Eles estão mentindo pra você.
Eles são falsos, mentirosos e traiçoeiros.
Eles tem ódio, inveja de você!
Todos têm. Porque eles não sabem ser felizes com o que tem.
Quanta hipocrisia num sorriso, num olhar.
A verdade é que isso não há fim.
É que na verdade nunca acaba.

Foto de jessebarbosadeoliveira27

O SELVAGEM LIRISMO

(TRIBUTO A HILDA HILST)

Caminhando o caminho do diverso,
Ela nos mostra a lírica contida
No ferino, íntegro e libertino verso.

E ao galopar
Cômoda e colossalmente
Sobre o lombo do Pégaso da mente,
A mestra da feérica palavra lasciva e corrosiva,
Munida do antídoto contra a hipocrisia,
Transmuda sáfaras e necrópoles da consciência
Em edens monumentais do pensamento
Cuja paixão é navegar no oceano da contínua luminescência,
Mesmo sendo bombardeada pelo inexorável sol da inveja,
Da ira mais intensa!

Ventania, Rebeldia, Anarquia, Anti-hipocrisia, Amor de carne, Fantasia:
São tantas as alamedas em que ela,
Indomada, desfila;
É tanta a energia que as suas mágicas palavras irradiam;
É tamanha a técnica que domina;
É tão imensurável a certeza de sua cintilante onipresença ladina e arredia
Que, embora seu corpo repouse
Na cidade da augusta dimensão desconhecida,
A verdadeira, alada, carnosa, líquida, alcoólica Poesia
Sua pessoa, sempre e com muita alegria,
Imortaliza!

Vai, Ursa Maior
Vai, Tempestade
Vai, poderosa Melodia
Vai, inesperado e epifânico Graal
Vai, vocabular colossal Estrela ígnea
Vai, POESIA, seja eterna e simplesmente HILDA!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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