Sou o visitante inesperado
Que nunca pede licença
Sou o peregrino abençoado
Valor de toda crença
Sou a causa das voltas e revoltas
E dos jogos de conquista de onde não se espera a sorte
Sou o prêmio de quem vive, de quem volta
Das batalhas, das penúrias, de quem viu a própria morte
Sou o sustentáculo dos bons, força motriz demais capaz
De mover trens, montanhas, céus
Sou lenha de incinerador que queima o peito, que desfaz
Os sonhos com o amargor do fel
Converto todos os sentidos, subtraio todo o juízo
Do ser ferido por meu dardo
Apago toda a alegria, lanço o pranto, escondo o riso
Sob o peso do meu fardo
E se pergunta quem sou eu, que bem ou mal se sucedeu
Por quê do gosto ou então da dor
Respondo a este que leu sobre os prodígios feitos meus
Sou nobre, puro, intenso: Amor
20/01/97