Fogo

Foto de Jamaveira

Amém

Amém

Impuros são os pensamentos dos religiosos
Nas alcovas que vivem sabem lá deus as tramas
Os dramas do dia a dia sem companhia
Em nome do pai do filho e de todas as vontades
Faz-se de rogado onde a tara é o pecado
Desobriga-se de cometer o ato em nome do credo
Dentro do organismo o inferno se abriga
O fogo da paixão abafado explode em erupção
Tantas atrocidades em nome do celibato
Vem a mim vosso reino a tua salvação
União nos becos escondidos ecos dos meninos
Casamento proibido em nome da herança maldita
Riqueza, ostentação, jorra o sangue de tantos irmãos
Arcar com as despesas familiares e de divórcios
Nem pensar, o dízimo é a parte que nos obriga
Já não mais dos Levitas e sim nossa farra e asneiras.

Jamaveira®

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 4

Engolidores, mais escravos que os escravos. Esse nome foi dado para seres de sangue quente, na sua maioria, que não se opuseram a dominação total de sua espécie e aceitaram seu destino de submissão. Os seviciados levam esse infeliz adjetivo, como uma marca indelével de sua covardia e pavor. Se forem coitados, pouco importa. Os engolidores são ao mesmo tempo vitais e descartáveis.
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- Sou sua amiga. Confie. Vamos sair daqui. Venha comigo.

A voz me era familiar, como se já a conhecesse. Os gestos eram familiares, os jeitos e trejeitos, a aura que emanava do corpo, seus olhos alaranjados e incomuns tão convencionais ao meu admirar. Ela era fria, brisa gélida que suspirava os meus lábios ao seu beijo. Sabia quem era, por milésimos, sem certeza. Mas sabia ainda que sem saber.

- Sim. Obedeço.

Eu estava sendo heróico e lamentável naquele ato.
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A senhora que me resgatara do cativeiro tinha as chaves para a saída da prisão com a qual eu me acostumara a suportar. Ela carregava apenas a si mesma, enquanto eu transportava anos de humilhação e resignação. Num silêncio que não escondia o sorriso do despertar para um sonho, eu subia para nuvens depois de um infernal período de insatisfação. Eu exultava, exorcizava o demônio do temor, até sermos cercados.

- Então vai fugir...?

O Luís Maurício nos olhava com um misto de nojo e tara.

- Não vou fugir. Você nos expulsou.

- Como assim, os expulsei? Eu te expulsei, mas não ao escravo.

- Pode ficar com esse lixo, só o trouxe para sacrificar em meu lugar.

Eu estremecia de rancor.

- Cínica. Você é tão covarde como esse traste.

- Não, eu aprendi a ser sórdida contigo.

- Não estou nem aí. Pode ir embora, agora você vale a mesma ninharia que os engolidores. Lá fora, sua corja é repudiada. Você vai ser relegada ao gueto, e isso se preferir não morrer. Seu destino está maculado. Sua sina é passar fome, é ter a necessidade e não saciá-la, é ser linchada e escarrada por não ser mais do nosso convívio. Será lembrada como louca e perdida, e isso se mencionarem seu nome. Diga adeus a sua vida, chegou sua hora.

Dona Clarisse calou-se. Pela primeira vez algo que ela não queria lhe descia pela garganta.

- Dimas, não deixe que ele me toque.

Ela saiu correndo à minha frente e largou-me aos chutes do meu cruel superior.
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A porta não fora fechada. Em fúria, meu chefe me espancava e extravasava os nervos que lhe explodiam. Mas desta vez eu não me encolhi. Tentei um primeiro revide, do chão com um pontapé. Ele nada sentiu e de cima pisou meu rosto. Tentei mordê-lo. Ele golpeou meus dentes com os cadarços que o sobravam. Uma alavanca rasteira o derrubou. Acertei seu olho esquerdo. Descobri que meu patrão também sentia dor. Arrastei-me até uma foice, estávamos no jardim da residência, agora florida de uma irônica primavera. Ele pisou minhas mãos. Com um puxão escorregou, estatelado junto à lâmina. Ele dedilhou o cabo da agora arma. Sorriu e hesitou na sua vitória iminente. Subi sob suas costas, o acotovelei e esfreguei sua face no solo. Enfim a foice era minha. Enfim eu tinha a possibilidade de matá-lo. Mas era mais prático arrancar seu braço. Foi o que fiz.
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O Luís Maurício uivava e alguns perceberam indo ao seu socorro. Dona Clarisse era linchada. Eu corria para não ser encontrado em direção ao meu desconhecido gueto. Eu me esgueirei enquanto os brados procuravam seu culpado. O pânico tomava as então plácidas alamedas dos dominantes. Vinha a tona todo o furor selvagem sufocado pela supremacia instalada na nossa realidade. Um embevecido decidiu tacar fogo na cidade incontrolada, para solucionar pela facilidade. Acabou piorando o caos. Os seres, tomados e extasiados, puseram-se a brigar entre si. Tudo estava por ser quebrado. Um instinto me indicava o caminho do tal gueto, o intocado e tranquilizado gueto. Não havia paralisia que diminuísse meu ímpeto. Tudo estava por ser destruído. Uma toca me escorregou sem que eu quisesse. Mas eu sabia que estava seguro. As mãos que me sugaram da superfície eram trêmulas e vibrantes. Eram mãos quentes, que até ardiam as minhas canelas. Nessa escuridão me vi logo inconsciente.
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Uma humilde vela acendia. Vi cenhos me pedirem senhas. Nenhum código me ocorreu. O que parecia o chefe deles pediu a palavra por possuí-la de verdade. De fato era o líder em seu nome celebrado.

- Não nos conhece, irmão, mas o acolheremos. Prove que merece nossa confiança e não será incomodado. Agora você está conosco. Discipline-se, e encontrará sua glória

Eu um milésimo me converti ao seu comando.

Foto de Edigar Da Cruz

ORVALHO DE POEMA

. ORVALHO DE POEMA

Morena de pele de orvalho,..
Da claridade da beleza carioca,
Da luz de estrela que embeleza as aguas praianas,..
Orvalho de poema de morena exalando cheiro de flor de brilho de alegria.
Um arrepios de egos, em tempo de primavera,..
Apresentando o teu corpo sua cor de amor,..
Como a um buque de nostalgia de um novo amanhecer,...
E morena á beleza carioca,...
de brilhos de estrelas ao anoitecer, de encanto
É Brilho de lua, abençoando as águas com luz de amor,..
É o Brilho do Amanhecer!, nas praias do sul ao norte! Do Rio de 40 GRAUS, apresentando sua pele maravilha, com todo carisma de ser,..
E a bela como aflor do dia,!
Como ao sol que brilha ao rio de janeiro de 40 graus de temperatura..
E calor e fogo, e chama de brilho a pele ardente,..
E o orvalho de poema, da luz de Copacabana,...
Que faz o calçadão parar e ficar a centra olhares provocantes diretos e de tiro certo, em direção concreta a uma única face, da beleza do rio da morena da cor do rio.
Do orvalho do poema da beleza carioca da pele sinuoso da morena negra cor
Da Cor do RIO
Da face de janeiro,..
A Cor negra a imagem do RIO DE JANEIRO

Autor:Ed.Cruz

Foto de Nailde Barreto

Marés do Amor.

O amor gosta de ser vivido,
Então, porque insistimos em pensar e sofrer?
O amor é fogo,
Então, não se proteja, se deixe queimar até ebulir...
O amor é oceano,
Então, porque remar contra a maré?
O amor é silêncio,
Então, não adianta gritar se o momento exige introspecção.
E, quanto mais você foge, mas a maré te devolve,
Vivendo, pensando, sofrendo, chorando, sorrindo...
Fazendo seu corpo ferver em mim.
Porque o amor é assim, silencioso, fatal!

_escrito em 22/09/11_

Foto de Edigar Da Cruz

Parece Mística

Parece Mística

De canto que se ecoa livre!,..
Voa e vaga livre a terra,..
Do sobre natural,.
Ao saber natural,..
Dos longevos alvos espiritual,..
Aos pés descalços,..
Que bailado de espírito verde,..
Que se faz lembra a renovação,..
E as esperanças nada perdida,..
Da memória eterna,..
De um tipo de triplo raiz,..
Da água
Do fogo,
Sou da terra sou mãe! Sou a terra!
Sou onde se habita,..
Sou a porcentagem essencial que faz a vida
Sou dominada de ar,..
Que saúda os povos e aos anciões
Que são feito guardiões da vida da terra,..
Tanto da terra como de toda sabedoria,..
Do abraço amigo a terra mãe
Dessa mãe afetada pela própria vida,..
Do beijo do santo sagrado abençoando a terra querida,
Do ergue do cálice, de olhos junto ao azul do céu
E referencio em dose de canções místicas,.
As bênçãos dessa terra sagrada divina chamada de terra mãe nossa vida

VIVA A TERRA

Autor:Ed.Cruz

Foto de Edigar Da Cruz

O Que São Caricias

O Que São Caricias

Caricias são sentimentos que vem e outros que se vão
Que a alma envia ao coração,..
São palavras que vêem de gestos dos sentimentos,
São poesias escritas pela mão do coração,.
Que se elevam sentimentos de emoções adversas!,..
Do carisma de carinho de amor,..
Que amorosamente instalam-se em cada um feito pétalas de flor.
Que tem em si um coração grande de carisma de caricias diversas.
Das caricias linda de um abraço da paixão,
Que chega transportado pela alma,..
Que faz busca a outra metade da alma,.
Vai ao encontro de ecos escontidos,..
Até ao encontro da outra metade,..
Saciando a sede de amar,..
Ao fogo de
amor que extasta-se em amor pleno,.
O fogo que percorre a vontade de sentir e amar,.
Da chama incandescente que se acende..
São caricias lindas bem vistas pelo olhar brilhante de encanto,..
Pedras lindas brilhantes de olhos de doce morena de olhos castanhos brilhantes esfera lindas de amor,..
Envolve-se em pele pétalas das flores
Que lança ao perfume dos mais doces,.
Que se mistura água frescas da paixão doce,.
Quando chega a pele se abrem,..
Quando está em pele ao cheiro doce de flor de perfume
Caricias que fica envolto a alma de outra lapidada de luz,..de amor de afeição

Autor:Ed .Cruz

Foto de Hanilto josé Da Silva

AGONIA

Agonizando no perfume
no teu cheiro,vertendo
brilho de amor verdadeiro.

Eu vi o riso da tua
coxa zombeteira,passeando
nos meus olhos com voz toda
trigueira.

A voz do sentido pronunciou
um susurrar, nesse susurro
um gemido a levitar.

A tua pele da minha pele
despregar, na tua face um
clarão fogo a foguear.

Leve prosa dos teus
lábios,aguça em desafio
doce tormenta na ternura
de um cio.

Hanilto 20 09 2011

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 3

Ficção é ficção. Arte é arte. Coincidências são coincidências. Na nossa realidade, chegava enfim o mês de setembro, a primavera dos campos e das pessoas, o dia mais claro, a aura que sopra possibilidades inéditas. Os parvos, de sangue quente e mente fraca, suspiravam por uma chance de perverterem a ordem quase natural onde estavam brutamente inseridos e sufocados. Seu fracasso era óbvio e evidente.
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A troca de peles é um ritual intrínseco aos seres de sangue frio. A cada três meses, ou seja, a cada ano em nossa realidade, isso ocorria uma vez. Trocar de pele, como quem troca de nome ou identidade, é tão repulsivo, tão nojento que nem mesmo os que o fazem suportam a manutenção dessa necessidade. Cabem em tarefas, aos engolidores, os maiores submetidos da sociedade vigente instaurada, dar cabo de sumir com os restos dessa sujeira, cabe aos engolidores auxiliarem e obliterarem quaisquer problemas que aflijam seus patrões e superiores, e cabe aos engolidores viver na miséria para não morrer a míngua, cabe aos engolidores sustentar o lucro e o luxo ao custo da própria dignidade ofuscada pela rapidez das coisas, a cópia de novidades, os valores em bolsas. Cabe aos pobres sustentar aos ricos, por motivos desconhecidos talvez justificados apenas pela ganância e pela sede de poder daqueles que mais podem, numa hipocrisia em tom que de tão cômico chega a ser trágico, um retrato de tantas realidades, inclusive as mais familiares. Política? Filosofia? A resposta é negativa. Trato de humanidade mesmo, de sentimentos, de coisas concretas na sua energia que teimam que colocar como abstratas. Trato de paixão, de suor, de um grito que irrompe da alma e que se afirma acima das expectativas conformistas dos ditos vitoriosos. Trato de algo que não se explica com palavras, do viver com simplicidade, de modo leve e até ingênuo. Trato do amor pelo amor, pelo sentir bem, pelo querer, pelo conciliar. É uma pena não haver o triunfo da paz sobre a guerra, da tranqüilidade sobre o conflito. É uma pena que a evolução carregue essa destruição, dita como inevitável.

É uma pena não encontrarmos o que tanto procuramos, tanto os frágeis como privilegiados.
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- Somos seguros. Temos tudo o que queremos. Pois então qual a causa de achar-nos tristes?

- Olha dona Clarisse...

- Dona? Dona, não. Somos amigos.

- Pois bem, Clarisse... Isso não sou eu quem tem que saber. Não tenho que saber e pronto! Mas que vocês me parecem tristes, me parecem.

- Você está certo... Mas precisamos dessa infelicidade... A vida é assim, o Luís me falou... Ele tem razão...

- Isso é você quem está dizendo.

- Ah, mas é verdade...

Meu coração batia como nunca antes apesar de eu não estar apaixonado.
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Desabafar por vezes faz bem.

- Clarisse, eu te trato tão bem, te dou tudo... Eu te compreendo... Mas você tem que entender que os meus atos são apenas vendo o seu melhor... Não fique assim tão pra baixo, eu te amo...
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Desabafar por vezes faz bem.

- Escuta aqui seu miserável, se eu ficar sabendo que você falou uma só palavra com a minha mulher eu vou te quebrar no meio, mato você, e ela nem vai ficar sabendo, e se você ou ela der qualquer sinal de que estão me passando pra trás eu arranco suas tripas e piso em cima delas, eu taco fogo em você, está me escutando?

Achei justa e aceitável a forma como o patrão me advertiu.
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- Dimas, você é muito resignado. Dimas, não é assim que se vive! Tenha vontade! Eu me preocupo contigo. É verdade. Você é uma das poucas pessoas em que eu confio de verdade. Eu sei que você não tem o melhor, mas o que você tem é muito bom. Você é uma boa pessoa, Dimas! Eu acredito que você pode ser feliz!

Continue calado, e agora com raiva.

- Dimas... Que mal eu te fiz...?

Senti ódio. Continue firme.

- Dimas... Fala alguma coisa...!

Jurei por dentro que nunca iria abrir a boca.

- Dimas... Por favor...!

- Meu problema é que eu te amo e nunca vou ter você.

Agora não tem mais volta. Vou morrer.
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No escuro do silêncio, chorando em um canto, esperei até que meu patrão surgisse e enfim me matasse da forma que eu merecia ou ele pensava, eu tremia o medo dos impotentes, o medo mais humano possível que se sente em vida, que é o medo da morte, o medo de ter existido em vão, ou melhor, ou pior, o medo de não ter existido de fato, o pânico dos julgamentos divinos contrários e da falta de um paraíso, o medo da verdade, mostrada por seres falsos e oportunistas.

Mas quando se abriu a porta não era o Luís Maurício.

Uma mulher linda e negra se confundia com a quase escuridão do quarto.

Foto de JORMAR

Voltar

Em teu fogo me aqueço mesmo sem te tocar
meu corpo arde ao ver o amor em teu olhar
tua boca me dá sede de beijar
estremeço contigo ao estar em teus braços
como eu faço para te abraçar
e sentir novamente meu corpo arrepiar
com tuas mãos, nele a afagar
não posso ficar sem te sentir
odeio a hora de partir
mas vibro com a hora de voltar

Foto de Delusa

Amor da minha paixão

Não me sais do pensamento
Amor da minha paixão
És o fogo do sentimento
Que trago no coração

Deus deu-me o teu coração
Mal acabaste de nascer
Para seres a minha paixão
A maior que pode haver

Isto não é ilusão
Nem um leve pensamento
É verdadeira paixão
Que não se apaga no tempo

Sou como barco encalhado
Que ali quis ficar
Talvez por ter amado
As ondas daquele mar

Tudo é escuridão
Escuro que faz sofrer
Se o calor desta paixão
Não se vê corresponder

Mas ao ver-te chegar
No mundo faz-se magia
Nasce tão depressa o luar
E a noite torna-se em dia

Delusa

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