Vivia acuado em meu mundo acomodado.
Parado.
Com a vida passando junto aos carros das grandes avenidas.
Em ambas as pistas
Algemado a uma rotina sem rumo ou sentido, cíclico.
Um pássaro ferido, amargurado, impedido.
Quando a encontrei pela primeira vez,
foi quando o meu mundo se refez.
Entrou em minha vida como brisa de primavera.
Fria, mas com promessa de acalentar a quem espera.
Por algum tempo manteve-se a parte.
Como se observasse tudo do alto de um estandarte.
Aos poucos conheci suas grandezas de menina,
que espera uma mão acolhedora para cruzar a esquina
Mas ela cresceu, mudou os rumos de sua vida.
E, me disse que estava de partida.
Como a adolescente que tem medo, mas enfrenta a sua vez,
nesse momento o meu mundo novamente se desfez.
Ela se foi, mas não por muito tempo,
pois algo maior mudou a direção do vento
Ao encontrar seus olhos, vi que algo tinha mudado.
Só não entendia a intensidade do que tinha enxergado.
E ao encontrar toda aquela altivez,
disse adeus ao velho mundo e um novo se fez.
Com a primeira manhã de verão,
acordamos cedo para aproveitar toda a estação.
Vivemos o melhor possível tudo isso,
mas não mencionei a quem lê, que era um amor bandido ?
Tudo era farra, alegria e nada comedido.
Afinal, não é gostoso tudo o que é proibido ?
Por um tempo, tivemos tudo o que precisamos.
Amor, carinho, cumplicidade e até planos.
Aprendemos muito e rimos um com outro.
Mas ela começou a se questionar, se isso não era pouco.
Nossa relação oscilava entre o calor e o frio do abandono.
Então, ao fim do verão, entramos no outono.
Ela percebeu que não é só o amor que mantém,
e sim as provas de amor que se obtém.
O que eu podia provar já não era suficiente,
pois a maior de todas , era totalmente inconseqüente.
Minha adolescente, finalmente cresceu,
e com a fase adulta, a dor das escolhas apareceu
Ela não podia viver desse jeito.
Vida de concubina não era algo perfeito.
Ela resolveu por um fim da "sua" melhor maneira possível,
e o resultado foi dor a ambos, de maneira indescritível.
Ela disse o que não podia ser dito.
E eu respondi o que não podia ser respondido.
O estrago estava feito.
Conhecemos o lado negro do amor que parecia perfeito.
A primeira bonança, minha vez de ser humano,
cometi o erro de mentir e ser desumano.
Esquecemos tudo o que tínhamos dito.
Finalmente descobrimos o fim de um amor bandido.
E ao fim do que parecia eterno,
finalmente chegamos ao inverno.
Após ânimos contidos, tentamos ser amigos, pois restava emoção.
O único dia quente desta fria estação.
No começo foi bonito.
Um vínculo assim, não podia ser partido.
Mas ela tinha outros planos, queria outras emoções,
viver novamente a sua vida, sem se lembrar das outras estações.
A cada encontro, ela tomava mais decisões.
Infelizmente, não era levado em conta minhas emoções.
Minha vida tinha se tornado um lugar tórrido, sofrido.
O quê mais em nossa relação seria restrito ?
Não poderíamos fingir amizade,
se o que desejávamos era nos possuir de verdade
Finalmente o inverno tinha se firmado.
O vento frio, desta vez não tinha como ser enfrentado.
Até a última vez, ao tomar sua última decisão de dor.
Tomei coragem, e pela primeira vez disse não ao amor.
Estava sofrendo muito, totalmente corroído.
Sentindo as dores dos anjos caídos.
Pensei comigo , "Se esse é o preço que tenho que pagar",
"Infelizmente não estou mais disposto a lutar".
Já haviam sido ditos vários "Adeus",
mas dessa vez foi com a convicção dos ateus.
"O que ela sentiu ? O que fez ? Aceitou o fim ?"
Sinceramente, creio que sim.
"E as outras duas perguntas estreitas ?"
Não procurei saber as respostas feitas.
"Ela ficará bem ? é o fim ?"
Acredito de coração que sim.
Ela é uma mulher corajosa.
Qualquer homem desejaria sua pele de rosa.
E o cheiro dela que sentia em mim tão profundo,
se esvai a cada minuto, segundo.
E agora, com toda esta convicção e a vida que me espera,
aguardarei uma nova primavera.