Filhos

Foto de betimartins

Poema da calçada...

Poema da calçada...

Descem as pedras da calçada
Entre pontapés esguios, sortidos
Nos gritos abafados das crianças
No andar apressado da Mulher
Aquela que se despe em cada esquina
Aquela que leva o pão para casa
A que fica com dez filhos a sua volta
E a que em veste finas e saltos altos
Ainda consegue trabalhar para si
Na rua da pobre calçada esburacada
O peão perdido do seu cavalo e viola
Jaz entre vômitos, deitado, sujo e inerte
Com cantos em fortes lamentos a vida
O homem do boteco, sentado na escada
Com sua bata já encardida, com olhar triste
Percorre seus pensamentos e chora
Chora por aqueles que já se foram
Uma bola invade seus pés e uma menina
Com um belo sorriso, cheio de luz
Estende a suas mãos e o chama de avô
Entre abraços apertados, temendo
O medo de perder também o seu amor
Mas aquela rua tem um palhaço de vestes
Já meio desgastadas pelo tempo e idade
No rosto pintado os olhos cor de mel
Grandes, cheios de amor, sorrindo
A todos que lá passam de mão estendida
Fazendo pequenas graças, na sua alegria
A noite chega fria com a chuva, a água que cai
Sem parar, enchendo ruas e casas já velhas
O pouco que já tem fica em nada, nada mesmo
Ajudam-se, partilham sua dor, entre abraços
Entre palavras de esperança, no poste sem luz
Seus joelhos já sentem ardor e cansaço
Sem ter para onde ir ficam ali na rua da calçada
Esperando que amanhã seja um novo dia...

Betimartins

Foto de Carmen Vervloet

(7o CONCURSO) VERDE DE AMOR!

Ontem, voltava da minha bucólica Santa Teresa, quando dei carona a uma conhecida que vinha para Vitória, a cidade que me adotou. Minha Ilha do Mel! Uma viagem tranquila, transitando entre matas preservadas, vigiadas pelos olhos atentos dos bravos descendentes de italianos que guardam e cuidam de suas origens e cultura e resguardam com amor e gratidão, principalmente a terra que acolheu seus antepassados, hoje considerada uma das melhores qualidades de vida do país. Mas minha conhecida não era uma teresense e muito menos uma cidadã sustentável. Logo no começo da viagem atirou pela janela do carro uma garrafa de água mineral que havíamos acabado de beber. Parei o carro imediatamente e fui lá recolher a garrafa colocando-a no lixinho do mesmo. Vi-a espantada com meu gesto e logo me perguntou:
- Qual o problema de se jogar uma garrafinha na beira da estrada?
- Tive que desfiar um rosário de inconveniências começando pela dengue e acabando com enchentes também causadas pelo lixo que não deteriora. Mas percebi, na minha sensibilidade, que ela não disse amém!
Depois deste incidente comecei a refletir o quanto o próprio cidadão, com pequenos gestos como o que acabara de ocorrer, é responsável pelas catástrofes que estão acontecendo por todo o mundo, ceifando vidas, deixando tantos desabrigados, derramando rios de lágrimas, causando tanto sofrimento. E pensei:
- Por que não começar pela internet uma conscientização do cidadão sustentável? Já que as indústrias e as empresas não deixam de poluir porque não abrem mão de seus lucros, já que os meios de comunicação nem sempre denunciam porque precisam dos anúncios dos mesmos, já que o governo pouco faz, por que então, nós cidadãos que pagamos nossos impostos e que não temos nada a perder, (a não ser nosso próprio planeta que a cada dia reage com mais violência às agressões dos homens, além de nossa saúde, nossa alegria, nossas vidas) por que não iniciarmos uma educação do cidadão sustentável?!
Chegando em casa vi um artigo no jornal A Gazeta, falando sobre o profissional sustentável. Tomei então conhecimento que na minha querida cidade de Vitória, vários profissionais estão fazendo sua parte. O gerente de uma empresa, por exemplo, que mora relativamente próximo ao seu trabalho, aproveita seu “hobby” que é andar de “skate” para chegar até lá. Junta prazer e saúde à sustentabilidade, pois deixando seu carro na garagem evita a poluição causada pelo automóvel, além de se exercitar e economizar combustível, assim evitando desperdícios. Se não vai de “skate”, vai de bicicleta, e segue os ensinamentos de sua mãe que sempre lhe dizia para não deixar a porta da geladeira aberta por muito tempo e apagar a luz ao sair de um ambiente. Fica aqui um alerta, para as mães, que desejam um futuro mais seguro e mais alegre para seus filhos. Educação começa no berço, torne seu filho um cidadão sustentável, principalmente com seu exemplo.
Talvez, alguns perguntem:
- O que é um “cidadão verde” ou um cidadão sustentável?
- O “cidadão verde” é aquele que tem comprometimento com a consciência ambiental, reduzindo o impacto do planeta, transformando-se num exemplo para os outros. Poderia listar uma série de hábitos do nosso dia a dia que precisam urgentemente ser mudados, como comer carne bovina, usar copos descartáveis e sacolas plásticas, separar o óleo utilizado em nossas cozinhas para ser reciclado, da mesma forma que o lixo, deixar mais vezes o carro na garagem, dentre outros procedimentos. Deixo aqui meu apelo para que os cidadãos pesquisem, planejem e alterem seus hábitos, pois estamos assassinando o PLANETA TERRA. Terra que nos dá o alimento, a água que bebemos, enfim, a vida! Amo esse nosso Brasil, de verdes matas, rios caudalosos, límpidas cachoeiras, flores multicoloridas, praias morenas e povo gentil. Vamos salvar “Gaia” e assim estaremos salvando o Brasil e em consequência, aos nossos descendentes. Fica aqui meu apelo de amor!

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

(7o CONCURSO) VERDE DE AMOR!

Ontem, voltava da minha bucólica Santa Teresa, quando dei carona a uma conhecida que vinha para Vitória, a cidade que me adotou. Minha Ilha do Mel! Uma viagem tranquila, transitando entre matas preservadas, vigiadas pelos olhos atentos dos bravos descendentes de italianos que guardam e cuidam de suas origens e cultura e resguardam com amor e gratidão, principalmente a terra que acolheu seus antepassados, hoje considerada uma das melhores qualidades de vida do país. Mas minha conhecida não era uma teresense e muito menos uma cidadã sustentável. Logo no começo da viagem atirou pela janela do carro uma garrafa de água mineral que havíamos acabado de beber. Parei o carro imediatamente e fui lá recolher a garrafa colocando-a no lixinho do mesmo. Vi-a espantada com meu gesto e logo me perguntou:
- Qual o problema de se jogar uma garrafinha na beira da estrada?
- Tive que desfiar um rosário de inconveniências começando pela dengue e acabando com enchentes também causadas pelo lixo que não deteriora. Mas percebi, na minha sensibilidade, que ela não disse amém!
Depois deste incidente comecei a refletir o quanto o próprio cidadão, com pequenos gestos como o que acabara de ocorrer, é responsável pelas catástrofes que estão acontecendo por todo o mundo, ceifando vidas, deixando tantos desabrigados, derramando rios de lágrimas, causando tanto sofrimento. E pensei:
- Por que não começar pela internet uma conscientização do cidadão sustentável? Já que as indústrias e as empresas não deixam de poluir porque não abrem mão de seus lucros, já que os meios de comunicação nem sempre denunciam porque precisam dos anúncios dos mesmos, já que o governo pouco faz, por que então, nós cidadãos que pagamos nossos impostos e que não temos nada a perder, (a não ser nosso próprio planeta que a cada dia reage com mais violência às agressões dos homens, além de nossa saúde, nossa alegria, nossas vidas) por que não iniciarmos uma educação do cidadão sustentável?!
Chegando em casa vi um artigo no jornal A Gazeta, falando sobre o profissional sustentável. Tomei então conhecimento que na minha querida cidade de Vitória, vários profissionais estão fazendo sua parte. O gerente de uma empresa, por exemplo, que mora relativamente próximo ao seu trabalho, aproveita seu “hobby” que é andar de “skate” para chegar até lá. Junta prazer e saúde à sustentabilidade, pois deixando seu carro na garagem evita a poluição causada pelo automóvel, além de se exercitar e economizar combustível, assim evitando desperdícios. Se não vai de “skate”, vai de bicicleta, e segue os ensinamentos de sua mãe que sempre lhe dizia para não deixar a porta da geladeira aberta por muito tempo e apagar a luz ao sair de um ambiente. Fica aqui um alerta, para as mães, que desejam um futuro mais seguro e mais alegre para seus filhos. Educação começa no berço, torne seu filho um cidadão sustentável, principalmente com seu exemplo.
Talvez, alguns perguntem:
- O que é um “cidadão verde” ou um cidadão sustentável?
- O “cidadão verde” é aquele que tem comprometimento com a consciência ambiental, reduzindo o impacto do planeta, transformando-se num exemplo para os outros. Poderia listar uma série de hábitos do nosso dia a dia que precisam urgentemente ser mudados, como comer carne bovina, usar copos descartáveis e sacolas plásticas, separar o óleo utilizado em nossas cozinhas para ser reciclado, da mesma forma que o lixo, deixar mais vezes o carro na garagem, dentre outros procedimentos. Deixo aqui meu apelo para que os cidadãos pesquisem, planejem e alterem seus hábitos, pois estamos assassinando o PLANETA TERRA. Terra que nos dá o alimento, a água que bebemos, enfim, a vida! Amo esse nosso Brasil, de verdes matas, rios caudalosos, límpidas cachoeiras, flores multicoloridas, praias morenas e povo gentil. Vamos salvar “Gaia” e assim estaremos salvando o Brasil e em consequência, aos nossos descendentes. Fica aqui meu apelo de amor!

Carmen Vervloet

Foto de vino silva

Terra do Meu Berço

Terra do meu berço
Nasci na terra dos meus ,
sonhos ,no ventre da mãe África,
no berço do verso que componho.
Neste chão de areia e cheiro de chuva.
pisei descalço o desejo,
de jogar a bola de trapo
Neste chão namorei,
em cada esquina e beco,
uma mulher linda, que não invelhece ,
chamada Angola,
e fui amado baptizado por ela
teu nome deu-me escola,
teu coração nunca foi minha esmola
Sei que um dia vou morrer aí,
no teu chão, minha amada Angola,
onde partiu caravelas levando seus,
filhos num lugar incerto ..

Foto de marcos alves

Mãe obrigado pelo presente

Mamãe amo você
Hoje eu quero agradecer
O presente que me deu
Foi o primeiro presente da minha vida
Diferente dos carrinhos que eu quebrava
Das bolas que eu furava
Ô presente importante
Como foi marcante
Presente que durou a vida toda
Tudo bem que não era só meu
As vezes precisei dividir
Uma divisão natural
Coisas da vida
Afinal eram seis filhos
Mas jamais tiraram de mim
Para Ele era fácil dividir
O amor por seis
Ele sempre voltava
Com a mesma alegria
A mesma disposição
Ele sim tinha um grande coração
Com muito amor e emoção
É mamãe foi uma pena
Pois na hora que ele mais precisou
Seu coração parou
Interrompendo sua vida
Mamãe obrigado pelo meu Pai
Esse é o melhor presente
Que uma mãe pode dar a um filho.

Autor Marcos Paulo Alves Simões
Em homenagem a seu Pai
Carlos Simões Sobrinho

Foto de Leonardo André

Monólogo do Louco

Chega !!!
Vocês não têm o direito de me chamar de louco !
Por que sou louco ?
Só porque vivo sorrindo feliz ?
Só porque me emociono ao ver a rosa que nasceu em um jardim ?
Por que sou louco ?
Só porque converso com as plantinhas e os animais que crio em casa, ou porque fico feliz ao contemplar um sorriso de criança ?
Será que sou louco porque, às vezes, me revolto contra o poder das forças políticas de nosso país, que nunca se preocupam com a existência de uma “massa humana”, chamada “povo”, a não ser em época de eleições ?
Droga ! Eu não sou louco !
Loucos são vocês, que destróem centenas de florestas para construir cidades de pedras e arranha-céus de luxo. Vocês, que constróem fábricas que jogam elementos químicos nos rios e mares, envenenando a água que seus próprios filhos bebem e a comida que comem.
Loucos são vocês, que fabricam armas para destruir a vida de crianças, velhos, mulheres e de adolescentes, que morrem sem saber porquê, enquanto vocês arrecadam lucros enormes com o mercado bélico.
Loucos são vocês, que recrutam meninos, que sonham ser homens, lhes dão uma farda, os ensinam a ser violentos e a matar; depois os enviam para campos de batalha com a “patriótica missão” de matar outros meninos que, como eles, carregam armas e matam pessoas que nunca viram, sem mesmo questionar por que fazem isso.
Loucos são vocês, que deixam inocentes e miseráveis morrer de fome e frio nas favelas, enquanto comem do bom e do melhor, sentados em suas mesas luxuosas, portando seus talheres de prata.
Eu...? Eu não sou louco, gente !
Eu sou apenas um ser que chora, ri, se emociona, sente frio, fome, sede, calor e, às vezes, indignação. Indignação ao ver tanta coisa errada, tanta pobreza, tanta gente morrendo por ser mau atendido em hospitais públicos, ou por falta de segurança.
Eu não sou louco, não !
Loucos são vocês !
Eu... ? Ora... eu sou apenas mais um rosto na multidão !

Foto de raziasantos

Anjos caídos.

Oh! Que amarga tristeza!
No olhar ansioso e aflito.
Dos que caminha na noite escura.

Perambulam sem destino em busca da própria destruição.
Sem âncoras nem refugio nem um lugar para chamar de lar.
Como almas penada trêmulos caminham sem direção.
São os filhos das drogas, que os consome sem compaixão.
É uma desumana desventura.

Elas não têm preconceito, ou descriminação.
Adotam crianças, adolescentes, jovens, sem distinção.
Corroem a mente mata a alma, destrói e leva maldição.

Quando cansa de suas vitimas entregam aos frios véus da sepultura
Ou da prisão.
E dos olhos do que assistem surgi lagrimas de compaixão.
Fecham os olhos serenos morrem em silencio na solidão.

Os que penetram nesta noite escura deixam rastro de lagrimas.
Corações despedaçados, mais família que levam flores no dia de finado.
Mães que se agacha humilhadas e revistadas no dia de visita nas penitenciárias.
Aos ecos dos soluços, esperam a vitoria,
No fundo as gargalhadas do diabo como vendaval inimigo fatal!
Como anjos caídos vagam na intensa escuridão.

Foto de maria rodrigues

Recordações

Como é bom recordar!!...
Recordar a infância, as travessuras que se fizeram e que hoje ao serem recordadas nos fazem sorrir.
Recordar a adolescência, o tempo de escola, o primeiro namorado, o primeiro beijo....
Recordar depois a vida adulta, os momentos que nos trouxeram felicidade como o nascimento dos filhos.
Recordar o seu crescimento, as suas graças, vê-los crescer, transmitir-lhes bons valores e vê-los depois levantar voo para seguirem o seu próprio caminho.
Recordar o nascimento dos netos, as suas gracinhas, o seu desenvolvimento que de algum modo nos faz recordar os momentos que vivemos com os nossos próprios filhos, é quase um renascer.
Recordar é bom, recordar é viver, recordar é trazer-nos de volta à vida quando com o passar dos anos se pensa que já nada faz sentido.
Por isso eu vou vivendo de recordações....

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

7º CONCURSO LITERARIO "O POBRE MENINO"

"O POBRE MENINO"

Dois dias após o Natal e Diogo um pobre menino de 8 anos saltitava pelas ruas de seu bairro, estava feliz embora não tenha ganho nenhum presente de Natal. Sr João um velho carteiro que tinha praticamente visto Diogo nascer estava entregando os cartões de Natal que chegaram atrasados e ao ver Diogo feliz lhe perguntou, E ai muleke o papai noel trouxe muitos presentes, e Diogo com um sorriso de dar inveja em filho de rico falou com muita alegria ainda não, mas até amanha eu vou ganhar um monte.Sr João que havia lido a cartinha que Diogo mandou para papai noel sentiu um enorme aperto no coração e sentando na calçada falou Papai Noel me contou que voce não pediu nada de Natal pra voce, e Diogo com um brilho de felicidade disse, sim eu não peço nada para mim, pedi para os filhos dos ricos assim eles quando ganharem seus brinquedos novos vão abandonar os velhos e ai sim eu e meus amigos pobres vamos ganhar um monte de brinquedos lindos. Sr João levantou-se e fez um carinho na cabeça do menino e saiu dali com lagrimas escorrendo em sua face, ao chegar em um mercado do bairro, Sr Manuel o dono, notou que o velho carteiro havia chorado e curioso perguntou, O que se passa???E o velho carteiro lhe contou tudo e ainda lhe mostrou a cartinha que trazia no bolso.Sr Manuel sensibilizado mandou faser um cesta de Natal das mais ricas possiveis e junto um monte de brinquedos novos e levou tudo a casa de Diogo. O menino ao ver aquela fartura ajoelhou e com as mãos voltadas para o céu disse; Papai Noel obrigado vou dividir com meus amigos.

Foto de Carmen Vervloet

7o CONCURSO - AMOR TAMBÉM É COMPROMETIMENTO

Era primavera. A exuberância das flores encantava os olhos. Dias amenos, onde a esperança pulsava no coração e a alegria dava um brilho mais intenso ao olhar. Lembro-me bem, final de setembro de 2006.
Nos palanques os mesmos discursos, as mesmas promessas criando uma falsa expectativa para o povo sofrido. Era véspera de eleição, tudo iria mudar para sempre. Hospitais seriam reformados e aparelhados, outros tantos seriam construídos, escolas para todos, desemprego coisa do passado, alimentos fartos, violência eliminada. Os jornais repletos de notícias de programas políticos brilhantemente desenhados em papel.
Maria que catava jornais para sobreviver, nem sabia destas notícias. A pobre coitada era analfabeta, provavelmente por falta de oportunidade, já que Maria não fugia à luta. Os jornais serviam-lhe apenas para conseguir alguns míseros “trocados” para matar a fome da família e, sobretudo para agasalhar seus filhos nas madrugadas mais frias. Eram lençóis, colchões e travesseiros para sua família que vivia sob uma ponte. Pobre Maria! Pobres crianças! Maltratadas, sofridas, criadas nas ruas, esmolando nos semáforos. Maria sofria, Maria chorava! Era analfabeta, miserável, mas amava seus filhos! E como amava... Lutava como uma leoa para proteger suas crias. Lutava e padecia, porque nem o mínimo conseguia. A fome espreitava com olhos de insídia.
Passaram-se dois anos e as promessas se perderam ao vento, os programas não saíram do papel. Os políticos eleitos desviando dinheiro numa corrupção jamais vista no nosso amado Brasil. Dinheiro em cueca, dinheiro em meias, dinheiro em malotes, em cofres residenciais, contas em paraísos fiscais. A impunidade reinando. E Maria continuava lá, na mesma vida miserável. Paulo, o filho mais velho, envolveu-se com drogas e morreu assassinado numa esquina de um bairro nobre da cidade. Teve a cabeça esmagada por uma pedra. Antonio, o filho caçula, morreu de uma simples pneumonia, nos corredores de um posto de saúde por falta de atendimento. Subnutrido não resistiu à doença.
Então Maria, na sua imensa dor disse: Homens, onde está o amor? A vida é dádiva de Deus e todos têm o dever de respeitá-la. Sou pobre, mas sou gente! Tiraram-me dois dos meus três únicos tesouros. Por negligência, por egoísmo, por crueldade, por falta de sensibilidade! O coração de vocês é de pedra! Foi esse coração de pedra que esmagou a cabeça do meu menino. Foi esse coração de pedra que não deu a ele a oportunidade de uma escola, de uma profissão. Foi também esse coração de pedra que desviou o dinheiro destinado à saúde. Vocês mataram meus filhos. Assassinos! Assassinos! Assassinos! E saiu desnorteada pelas ruas, seguida de Pedro, o filho que lhe restou.
Os jornais deram grande destaque ao fato, que logo foi esquecido. E tudo continuou do mesmo jeito. O desamor reinando pelos Palácios, os corações secos da seiva do amor. A sujeira cercando a consciência de quem por falta de amor não quer contribuir para a evolução do ser humano, trapos, num monte de lixo.
Neste Novo Ano que se inicia vamos colocar em nossa lista de desejos o nosso pedido a Deus para que ilumine, oriente e guie nossos novos dirigentes para que elevem suas consciências para essa realidade tão triste e feia e que se comprometam de fato para que a fome, a miséria, o analfabetismo, a violência sejam extirpados de vez do nosso rico e amável Brasil. Que possam merecer verdadeiramente a confiança do povo que os elegeu. Assim seja!

Carmen Vervloet

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