Farelos

Foto de P.H.Rodrigues

Toque

A substância no líquido escuro e quente,
que sai do brilhante e frio recipiente,
que é frio por fora, porém, por dentro és ardente;

Revela as descomplicações das rodovias cinzentas,
estabelecendo a paz e calmaria em meio a tormenta,
aumentando o ácido na bolsa amarelada,
mas deixe-a pra lá, é resistente, está apenas descorada;

Mas aguenta os impactos dos farelos esfarelados,
em meio as montanhas brancas e os vales avermelhados,
chicoteados por seu chicote, sensível e molhado,
que se sacode para todos os lados;

Que dá prazer se encontrando com outro chicote molhado,
ou molhando um corpo, deixando seu rastro, deixando-o arrepiado,
ou saboreando a substância do líquido escuro, no fogo esquentado.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo - Capítulo 18

Essa lei que vocês inventaram e não seguem, essa lei que lhes dá armas e munições, essa lei que protege o próprio e individualiza o público, que generaliza, que almiranta, que inflaciona os narizes cheio que vocês desfilam madrugada afora, essa lei que discrimina em se fazer de vítima aquele que destrói, aquele que é doente em ser doente, aquele que faz sentido e coloca o alheio na reta, que suga os farelos e lambe os escapamentos, essa lei que obriga o vício, o sevicio, a democracia obrigatória e militante, a ditadura dos costumes, das repetições, de cada garrafa e cada cilindro, e cada pino ou pavio, conforme o seu vapor conformista, mutante continuísmo, egoísta, fascista em se olhar em espelhos que nunca se quebram mesmo sendo de vidro, a sua cocaína e as suas igrejas universais não me convencem do contrário, que vocês insistem em alegar favorável, eu não vou comprar um lugar nos seus camarotes, não vou recrutar mais meninos para a morte precoce, de não aproveitar a vida de forma simplória, descarregada, desencanada, desembriagada, a vida simplória de se saber que não é necessário encará-la dopado, que seu desempenho é o seu melhor, sem broxantes olimpíadas de masturbação coletiva, sem coleira e cartões de crédito, sem importâncias, sem barreiras para mostrar quem é certo e quem é errado.

Eis aqui minha plenitude.

Foto de F. M.

Venha se servir

Em meu castelo de areia,
aos meus inimigos lhes sirvo
à melhor de minhas iguarias:
"Astúcia acompanhada de vingança."

Mas hà o amor,
embaixo da mesa
esperando por migalhas.

Se alimentando
com farelos de vingança,
desnutrido e mal-tratado amor.

Porque não morres logo ?
Beba, amor maldito,
oferóz veneno que escorre
da boca dos inimigos.

Foto de pttuii

O homem que quis matar a luz

Disseram-lhe que a luz morria quando contida num frasco opaco. Bem definida a separação, levantou o cós da bainha do mundo em que tresandava, e pôs-se à coca daqueles raios que os outros falavam em dias de reflexões preconcebidas. Queria sentir nas veias, nos traços azuis de hesitação que lhe pintavam os braços, a dor de decidir o destino ou a felicidade dos que dependiam disto para simplesmente andar. Lembrou-se dos pais do pai que chorava nas tardes de chuva. Eram dois velhos sem pernas, que adoptaram aquele cagalhão, que depois cagou o cagalhão que era. Na súmula destes deslizes, nasceu um mundo cónico. E fora dele corria tudo o que verdadeiramente interessava, porque dentro do irreal já existe o que as pessoas pensam que não lhes fará falta. A luz é sinónimo desta inenarrável certeza de quem respira. Fez de si mesmo aquela chuva de recordações cinzentas que pintava o chão de farelos do mundo que contava, para depois vir o que se prometia. Rasgou o céu acobreado, deu um silvo na água suja que mexia em musica aquele torpor apetecido do entardecer, e morreu tão depressa como havia dealbado. Acocorado, percebeu que tinha hipóteses de sobreviver a um mundo que não conhecia. O que contava depois seriam os instantes fatais de querer ter mais depois de um momento que pouco mais foi que menos.
De novo o céu encolheu o esfíncter. De acobreado a amarelo, e quando o vermelho se desenhou em manchas etéreas, já estava posicionado para o destino. A luz caiu no ponto de não retorno, mas não morreu. Eram pequenas criaturas risonhas que se movimentavam, num bulício dificil de explicar. Agitou o que lhe pareceu ser um momento de viragem no processo da criação, e da luz fez-se noite. E da noite, consumou-se o amor com a madrugada. E quem morreu foi quem quis mudar o que o destino nunca pretendeu deixar de controlar.

Foto de DAVI CARTES ALVES

NÃO VÁ PELO CAMINHO DA ESTUPIDEZ

Não vá por aí
Onde o Ciclope tem muitos olhos
Onde a alma, outrora brisa
Se faz abrolhos

Não vá por aí
Caminho escarpado
Lírio despadaçado
O sensato dilacerado

Não vá por aí
Foge da palavra – lamina
que busca o mel escarlate
ruído que machuca
Quasímodo insensivel que late

Não vá por ...ai!!
Folha verde que cai
Beijo que trai
Flecha que erra a maçã...
Ai, ai, ai...

Não vá por aí,
Fique em paz por aqui, acalme-se
traga-me, por ternura
“ um banquinho, um violão,”

Cante comigo esse quadro:
as formiguinhas ali tão tranqüilas
mordiscando a casquinha da laranja,
arrastando farelos de pão.

poesiasegirassois.blogspot.com

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