Silêncio, quarto vazio e impessoal, luz apagada...
Presença inexistente, calor apagado de corpos colados,
Amor premente, olhos arregalados com trejeitos de dor e prazer.
Será que partiste para todo o sempre?
Finalmente a luz tende a aparecer, o medo cresce
Mas toma formas de saudade e desespero.
Nada!
Partiste, sem um adeus, sem um beijo,
sem um abraço nem um sorriso...
Choro um silêncio chamado solidão.
Uma solidão que sinto e que me transforma.
Uma solidão que me corta,
Que me fere o corpo e alma,
Que me enfraquece os movimentos, a pele e a mente...
Vivo em esperança!
A esperança que me incentiva a viver, a respirar,
a sentir...
A tentar olhar o novo dia, sem medo nem fracassos
Tentar rever os teus olhos, os teus lábios, os teus abraços
O teu mundo e o teu ser...
Parto!
Desapareço sem te avisar
Vou viver outra vida,
Noutro sol ou noutro luar...
Ainda vivo no silêncio obscuro
Apenas quebrado por gritos de dor
Que antes era de prazer em noites fugidias,
Busco a felicidade,
Sem nunca a encontrar mas farta de a procurar.
Morro!
Sem descendentes, antecedentes ou precedentes,
sem amores passados...
Simplesmente jazo na cama fria e desconfortável...
Revejo a minha vida, sem fracassos, sem temores,
Nem pobreza, nem riqueza, com amor sem ardor.
Revejo-te, miro-te como foste há tantos anos.
Anos de felicidade, minutos de paixão, séculos de solidão,
Presos no tempo mas soltos em pensamento.
Quero-te, tenho-te, esqueço-te,
Talvez por esta ordem, não o sei,
Mas evito este pensamento quando fecho os olhos,
Solto a alma do corpo, sinto o coração parar de bater,
Sinto a respiração prender, como quando te vi,
Sinto a mente afundar, como quando te possuí,
Sinto o corpo gelar, como quando te perdí,
Sinto a esperança esvair, como quando morrí.
Voltas!
Estou morta, choras!
Beijas-me a face e partes sem olhar de novo para o ser que abandonaste
Recordas-me... Vertes lágrimas sem ninguém olhar,
sorrisos soltos com menosprezo.
Amor morto é como pássaro sem asas,
Existe mas não pode almejar voar.
Amor!
Não é preciso asas para voar
Não é preciso muito para saber sonhar...
Espero-te!
Viollett
(Uma Estrela suspensa na Lua)