Espaço

Foto de Joaninhavoa

Liberdade

*
Liberdade
*

De braços abertos abraço
a liberdade que me dá mais força
e uma outra côr! Asas para voar
no espaço apaziguando a dança
da vida
Uma e outra vez desmedida
Abraço-te! Quero-te tanto

Joaninhavoa
(helenafarias)
29/03/2010

Foto de Lou Poulit

UM INCENTIVO À REFLEXÃO DE TODOS OS PROSADORES TÍMIDOS

Continuando uma conversa, esquecida noutro lugar...

Dei-me conta de um outro conceito integrante do curso, que também tem tudo a ver com essa reflexão sobre os nossos personagens na vida. E avança sobre fazer arte, sobre percorrer um trajeto evolutivo, lucidamente. O que inclui escrever prosa (a arte da palavra fluída) de modo mais artisticamente pretensioso, e não exatamente presunçoso...

Depois de entrar no ateliê, com a coragem e a desenvoltura de quem entrasse no castelo de Drácula, e tentar compreender alguma coisa da parafernália que havia ali, que equivalia a uma avalanche de informações visuais e olfativas nem sempre esperada, pinturas e esculturas por toda a parte, rascunhos espalhados como que por alguma ventania, uma infinidade de miudezas, coisas difíceis de imaginar e fáceis de fazer perguntar "pra que serve isso?"... O aluno iniciante dizia, como se ainda procurasse reencaixar a própria língua: eu não sei desenhar nada, sou uma negação, um zero à esquerda, nem sei direito o que estou fazendo aqui...

Eu tentava ser simpático, e sorria sem caninos, para provar que não era o Drácula. Depois pedia ao rapaz espinhento (convenhamos que o fosse neste momento) que desenhasse aquilo que melhor soubesse desenhar, entregando-lhe uma prancha em formato A2 e um lápis. A velha senhora (agora convenhamos assim) procurava uma mesa como se houvesse esquecido a sua bússula, e a muito custo conseguia fazer a maior flor que já fizera, de uns 15 cm numa prancha daquele tamanhão, e muito distante do centro da prancha. Claro, eu não conseguia evitar de interromper, se deixasse ela passaria a tarde toda ali improdutivamente. Aquele desenho já era o bastante para que eu pudesse explicar o que pretendia.

O executivo que arrancara o paletó e a gravata para a primeira aula, depois do expediente, com a gana de quem subiria num ringue para enfrentar um Mike Tison no maior barato e cheio de sangue no álcool, olhava pra mim, a interrompê-lo, como quem implorasse deixá-lo continuar! Queria mostrar talvez que eu deveria investir nele, que estava disposto a tudo, e que ele estava ali para que eu fizesse com ele o que bem quisesse. E eu finalmente explicava: não é necessário, já vi que você pode fazer. Me diga, quantas vezes você estima que já tenha desenhado esse mesmo Homem-Aranha que acabou de rascunhar?... Ah, não contei, mestre... Claro que não, mas talvez possa fazer uma estimativa, em ordem de grandeza. Uma vez? Uma dezena? Uma centena? Mil vezes?...

O velhote, com jeitão de militar reformado, pôs a mão no queixo. Mas em vez de estar fazendo alguma conta para responder, na verdade tentava avaliar (com a astúcia que custa tantos cabelos brancos) que imagem a sua resposta produziria, na cabeça do jovem mestre. Afastou as pernas uma da outra e naquele momento eu pensei que ele pretendia bater continência para mim, mas não, aquilo era um código comportamental. Sempre fui antimilitarista, mas procurei entender o seu personagem íntimo. Afinal, ele resolveu arriscar: Mais para mil vezes... Alguém poderia acreditar nisso – perguntei a mim mesmo? Se o velhote houvesse desenhado Marilyn Monroe, vá lá que fosse. Ou a bandeira do Brasil, um obuz, uma bomba atômica, ao menos um pequeno porém honroso canivete suíço!... Mas não. Um militar que estimava ter desenhado quase mil vezes o Papa-Léguas – antigo personagem de quadrinhos e desenhos de televisão – ou tinha algum grave desvio (talvez culpa do canivete) ou estava construindo naquele momento um personagem específico para a sua insegurança, o que mais convinha deduzir. Antes que ele dissesse “Bip-bip” e tentasse correr pelo ateliê, eu tratei de prosseguir com a minha aula.

Mas qualquer que fosse o aluno, eu pedia então que sentasse nas almofadas que ficavam pelos cantos do espaço, e em seguida me sentava no chão, sem almofada. E perguntava: você já ouviu falar no Maurício de Souza, o “pai” da Mônica?... Sim, das revistas... Isso mesmo. Sabe que ele é capaz de desenhar a Mônica (mas talvez não outro dos vários personagens que assina) de olhos vendados?... O aluno tentava refletir, mas eu não esperava pela resposta. Garanto a você que ele faz isso. Sabe por que?... Acho que não, assim de surpres... Por um motivo muito simples e óbvio: ele já fez tantos desenhos semelhantes, que não precisa mais se preocupar em construir nenhuma imagem do desenhista que ele é. Muito menos com o desenho que vai fazer.

Eu não estou pretendendo estabelecer nenhuma comparação com a sua pessoa, mas somente adiantando para você uma espécie de chave para quase todas as perguntas inerentes a aprendizados. Você pode achar até que é um zero à esquerda, quer diga isso ou não. Não é. Mas a sua memória técnica é. E essa seria a principal razão de você achar que não sabe desenhar, ou não ser capaz de ver-se como artista. Todo mundo nasce com alguma sensibilidade, percepção para o belo, capacidade de fazer associações psíquicas, afetivas, emocionais e tal. Isso tudo é inato, intrínseco à natureza humana. Contudo para transpor o que está dentro de você (imaterial) para fora, de modo que outros, além de você próprio, possam compreender através de alguma sensorialidade, é preciso usar um meio físico, também chamado de veículo. Para fazer essa materialização você terá que lançar mão de uma técnica, e a técnica não é inata (salvo em raros casos).

Essa é razão mais elementar pela qual está me pagando. Mas eu não fabrico desenhistas. Apenas, com base na minha própria experiência e na minha memória técnica, vou traçar um atalho para você chegar ao que definiu como suas preferências, na nossa conversa inicial. Bastará que você faça apenas algumas coisas simples, mas que podem exigir alguma disciplina: que não faça os exercícios como faria um robô, que preste atenção com intuito de memorizar o que vou lhe dizer (como se fôsse um robô!) e que não jogue fora nem mesmo o pior dos seus resultados, pelo menos até que termine o curso. Os seus resultados de exercício, em ordem cronológica ou pelo menos lógica, por mais que pareça entulhar a sua vida, serão como os frames de um filme que só existe na sua memória, e que serve para estruturar a sua memória sensorial. Será a mais eficiente forma de avaliar o processo de aprendizado, e poderá estar sempre disponível para reavaliações.

Sua verdadeira obra, será construir um arcabouço de informações técnicas. Muito naturalmente e sem começar pelo fim ou pelo meio, você irá armazenando o conjunto da sua sensorialidade ao exercitar. Não irá memorizar tão somente o desenho em si, mas a interação entre os materiais, os sons, o cheiro, a impressão tátil de manusear e pressionar, enfim, tudo será memorizado, e a partir de certo ponto, além de saber, você estará compreendendo o que faz. Contudo, não tem que esperar o fim do curso para estabelecer uma relação mais madura consigo próprio, enquanto artista. Poderá começar a amadurecer (e reorientar) desde logo o seu foco preferencial, a sua linguagem e estilo próprios, seus conceitos e o seu próprio personagem de artista...

Isso mesmo, o artista, seja pintor, músico ou escritor, tem um personagem próprio. Para as pessoas que só podem conhecer a sua arte a partir do veículo e não a sua pessoa, será inevitável eleger atributos para agregar referencialmente ao seu nome, ou para humanizar o seu nome, e torná-lo mais compreensível. As pessoas “tocam” o produto artístico como se tocassem a pessoa do artista subconscientemente. Por isso, se você não quiser criar lucidamente o seu personagem e torná-lo compreensível para eles, os admiradores da sua arte o farão instintivamente e você só saberá depois, ou talvez passe pela vida sem saber como é visto, ou pior ainda, imaginando o que não corresponda nem de longe à realidade.

Não importa muito a linguagem artística que se escolhe. O processo evolutivo é muito semelhante. E todo aquele que reluta em mostrar seu trabalho e predispor-se a um julgamento que não se submete ao seu próprio, apenas retarda a sua própria evolução.

Foto de cvth

olhar perdido

olho com o teu olhar com leveza
te amar
para sentir a tua beleza
para ti eu vou cantar
teu amor meu coração deseja
tua amizade perdura
viver sem ti são lágrimas que se perdem no ar
espaço infinito como a nossa amizade
vazio na minha mente
como um rio seco
sem mais que pensar
a não ser em ti
penso e volto a pensar
será que te vou voltar a sentir
palavras neste meu sentimento
felicidade porta fechada ao meu coração
sentimento que se apodera de mim
esta paixão intensa
céu cinzento
assim eu me sinto
amar te já foi um sonho agora e apenas um pesadelo

Foto de onil

POESIA LIBERTA

(DEDICADO A MINHA ESPOSA EDITE)

QUE MAL É ESCREVER E A AVENTURA SONHAR
SE A POESIA DA VIDA É SIMPLES E BELA
PRECISO ESCREVER NÃO POSSO PARAR
LIBERTO O STRESS DESTA FORMA SINGELA

LÊS OS POEMAS E FICAS MAGOADA
POR LERES FRASES BONITAS MAS NA VIDA BANAIS
NO MEU CORAÇÃO CADA POEMA NÃO É NADA
PORQUE DE AMOR POR TI ESTÁ CHEIO DE MAIS

NÃO QUEIRAS MINHA MENTE PRENDER
DEIXA MEU PENSAMENTO SER LIVRE A IMAGINAR
PORQUE POR TUDO QUE POSSA ESCREVER
NO MEU CORAÇÃO SÓ A TI QUERO AMAR

SE QUERES MINHA ALMA AOS POUCOS SUFOCAR
É TIRAR-LHE O PRAZER DA POESIA ESCREVER
SE NÃO POSSO DEIXAR MINHA MENTE SONHAR
VEM-ME A TRISTEZA QUE NÃO CONSIGO CONTER

LENDO E ESCREVENDO SINTO O BEM-ESTAR
DA MINHA MENTE ALMA E CORAÇÃO
POR FAVOR NÃO ME QUEIRAS DISSO AFASTAR
POIS É NA MINHA VIDA UMA OUTRA PAIXÃO

CIENTE POR ISSO BEM PODES FICAR
TU ÉS A PAIXÃO QUE EU SEMPRE QUIS
E SE POR TI VIVI ANOS A SONHAR
DEDIQUEI-TE POESIA E TORNOU-ME FELIZ

NÃO SABES NEM IMAGINAS SEQUER
O PRAZER QUE A POESIA NA VIDA ME FAZ
A ALEGRIA QUE ME ENCHE O VIVER
E NO MEU CORAÇÃO O AMOR SONHA EM PAZ

POR TUDO O QUE EU POSSA ESCREVER
APENAS SAI DA MINHA IMAGINAÇÃO
PORQUE SÓ TU ÉS AQUELA MULHER
QUE SEMPRE OCUPA O MEU CORAÇÃO

TODO O ESPAÇO NO MEU PEITO EXISTENTE
SÓ O AMOR QUE TE DOU O OCUPA
DA MINHA POESIA EU SOU DEPENDENTE
PERDOA SE SONHO POIS É MINHA CULPA

MAS DESCANSA QUE O SONHO NÃO DURA
MAIS QUE O TEMPO DE ACABAR O POEMA
PORQUE NA MENTE SE PENSO A AVENTURA
O MEU CORAÇÃO SÓ TE QUER E TE AMA

DEIXA-ME A POESIA LIVRE ESCREVER
POIS NASCEU EM MIM ESTE CONDÃO
E O SONHO ME OCUPA COMO INSPIRAÇÃO
NÃO TENHO NA VIDA OUTRO AMOR PARA VIVER

TU ÉS AQUELA A QUEM ESCREVO POESIA
PERTENCES Á MINHA VIDA NÃO ÉS A SONHAR
ÉS A MULHER QUE DESEJO TER COM ALEGRIA
E O SONHO QUE TENHO É SEMPRE TE AMAR.

29.3.2001
ONIL

Foto de Izaura N. Soares

GRITANDO PARA O AMOR

Gritando Para o Amor
Izaura N. Soares

Meus versos são para cantar o amor...
Gritar em seu louvor...
Lentamente despir-me, receber o calor
Do dia que com o sol aquece o meu corpo
Nu que deitara na terra fértil do amor.
E esses primeiros versos iluminaram
Minha vida que com um leve assopro voou
Pela magia ladeando os pequenos trechos do
Meu caminho, onde eu avistei um lindo sorriso
Daquele que um dia eu amei.
Meu céu ganhou as cores do arco-íris
Que nenhuma nuvem escura se atreveu a cobrir
Aquele lindo céu cor de anil.
Um dia, busquei no tempo o infinito
Que há muito já o perseguia nas horas de solidão
Em que meu coração não mais sentia.
Com uma busca insensata deixei-me levar
Perambulando pelo espaço como uma alma penada.
Sem esperança de encontrar o que tanto procurava,
Desiludi-me nessa estrada, pois procurava algo
Que julgava não significar nada.
Perseguindo o desconhecido conheci o que não queria.
Fugi de mim mesma, mas minha alma cansada
Buscava a sorte nesta árdua caminhada.
De branco, só a alma, pois o meu sofrer
Estava em cada pedacinho do meu ser.
Os versos que compus na primavera, as flores se
Encarregaram de colorir, mas com o calor do sol,
Algumas pétalas secaram, e o meu amor começou a
Sentir a secura daquele tempo árido que nenhuma vida
Fazia sentido para um coração que precisava sorrir.
Restou apenas a saudade tocando a canção que fiz pra ti.
A dor me seguia... Por onde passasse pressentia
Que eu buscava a cura para aquele mal que me afligia
E não entendia que minha alma também sofria.
Ninguém poderá dizer que eu não procurei a cura,
A cura do amor que aliviasse um pouco a minha angústia.
Comecei a cantar a música do outono para você.
Falei das árvores, das folhas que caiam...
Falei do meu amor que o vento assoprou...
Deixando a distância e ficando essa triste dor!
Ninguém poderá dizer que não procurei a cura
Para a saudade, a cura para a solidão que sofre de paixão.
Ninguém poderá dizer; que eu não busquei o seu amor!

****************************************************

Respeite os direitos autorais do autor.
Autor: Izaura N. Soares

Foto de Giiih

Como te amo

Minha nossa como eu te amo
O tempo passa e o meu amor por você só aumenta.
Aquele sentimento gostoso que queima devagarzinho e vai preenchendo cada espaço do meu peito
Como é bom pensar em você, falar com você.
Isso me da motivos para ficar feliz a noite e o dia inteiro
Me faz cada vez mais querer ser sua
A vida fica mais simples, a vida se torna fácil.
Não me interessa o que as pessoas pesam
Seja lá quem for
Só me importo com isso que eu sinto
Sem vergonha nenhuma
Sempre vou estar com você
Nas melhor e piores situações
Sempre ao teu lado fazendo o possível e o impossível pra te dar forças
Estarei ao seu lado se você cair para te estender à mão e te ajudar a levantar
Estarei do seu lado se você subir, sendo a primeira pessoa a te aplaudir de pé
Mesmo que um dia, o sentimento que sinto... Não seja recíproco

Foto de Graciele Gessner

Saindo de Casa. (Graciele_Gessner)







Sinceramente, nunca pensei na questão de sair de casa. Porém, nos últimos anos tenho pensado em ter o meu próprio espaço, sem interferências, sem controle das saídas e horário que volta. Nos meus avançados anos, não conheço bem o que seja a tal liberdade. Às vezes dá até medo de sair sozinha, por estar sempre adaptada nas mesmas companhias.

Sair de casa não é uma questão fácil, pois se perde a comodidade. O aconchego que existe na casa dos pais não terá onde for morar – ainda mais se for morar sozinho.

Outra questão a ser mencionada é quando saímos de casa quando casamos, até ali é uma questão natural da vida. Difícil é admitir o filho sair de casa para morar sozinho. Vejo tantos pais desesperados quando os filhos decidem ter a sua própria vida, que receio em fazer o mesmo. Estou neste patamar, quero ter o meu espaço, a minha vida.

A escolha de sair de casa é muitas vezes promovida com uma guerra emoção dos pais, mas os filhos têm o direito de conhecer o mundo - mesmo que os pais não aprovem.

É melhor sofrer logo no início, do que depois quando não tivermos para onde pedir socorro. Pois um dia, nossos pais não estarão mais ao nosso lado...

17.02.2010

Escrito por Graciele Gessner.

*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de onil

PAI AMADO

SONHEI COM O REGRESSO
DE QUEM TANTO AMEI NA VIDA
POR QUEM A DEUS EU PEÇO
EM MINHA ORAÇÃO SENTIDA

NUM SONHO SIMPLES SONHADO
EU CONSEGUI RECORDAR
ESSE ROSTO TÃO AMADO
COM SEUS OLHOS A BRILHAR

NO MEIO DA MULTIDÃO
EU DESCOBRI ESSE ROSTO
BATEU FORTE MEU CORAÇÃO
POR REVER QUEM DE MEU GOSTO

O SEU GEITO DE FALAR
DE SAUDADES ME ENCHE O PEITO
SUA FORMA DE ABRAÇAR
NOS MEUS BRAÇOS EU ACEITO

SEU ANDAR INCONFUNDIVEL
BRAÇOS FORTES VIGOROSOS
DEIXAM MEU PEITO SENSIVEL
DOS SEUS GESTOS TÃO SAUDOSOS

MINHA MÃE TRISTE E OLHANDO
NEM QUERENDO ACREDITAR
NO SEU ESPOSO LHE ACENANDO
COM SEUS OLHOS A CHORAR

MAS MEU SONHO SE FINDOU
FICA APENAS A ILUSÃO
MEU PAI JÁ SE EMBRENHOU
NO MEIO DA MULTIDÃO

ACORDEI DESTE MEU SONHO
E RECORDO SUA FEIÇÃO
ESSE SEU OLHAR RISONHO
QUE OCUPOU MEU CORAÇÃO

PELA DADIVA DA VIDA
AGRADEÇO ETERNAMENTE
NÃO ESQUEÇO SUA PARTIDA
DESTA VIDA FACILMENTE

BRAÇOS FORTES VIGOROSOS
NO PEITO JÁ DESCANSAVAM
TANTAS FLORES, CRAVOS CHEIROSOS
DAQUELES QUE O AMAVAM

LEMBRAREI POR TODO O TEMPO
SEU OLHAR AINDA COM VIDA
NÃO O ESQUEÇO UM MOMENTO
NUMA PRECE A DEUS ERGUIDA

NEM NOS VERSOS SEM IGUAL
DESTE POEMA SAGRADO
INSPIRAÇÃO CELESTIAL
QUE ME FEZ ESCREVER O FADO

FEZ-ME VER COM ESPERANÇA
ATRAVÉZ DE UM RESPLENDOR
UM ENSINO DE CRIANÇA
DE UM PAI QUE ME DEU AMOR

NO LIVRO DE MEUS POEMAS
UM ESPAÇO SERÁ SAGRADO
O SEU NOME ESCRITO APENAS
“BERNARDINO PAI AMADO”.

21.05.91
ONIL

Foto de onil

VIDA E MORTE SEGREDO DE DEUS

NÃO TENHO MEDO DE MORRER
NEM DO QUE POSSA NA TERRA DEIXAR
PORQUE DEUS SÓ ME DEU A GUARDAR
TODAS AS COISAS ATÉ MEU VIVER

O MEU CORPO É SOMENTE EMPRESTADO
PARA A ALMA NELE PODER HABITAR
COMO UMA CASA FEITA PARA MORAR
MORRE O CORPO SE PELA ALMA É ABANDONADO

MEU MEDO É APENAS SOFRER
E NO CORPO DOENTE A ALMA FICAR
NÃO TER FORÇA PARA O ABANDONAR
E ASSISTIR AO DERRADEIRO VIVER

QUE A MINHA ALMA SEJA GUIADA
É O PEDIDO QUE A DEUS SEMPRE FAÇO
QUE NOUTRO CORPO PROCURE O ESPAÇO
E SEJA FELIZ NA NOVA MORADA

AO CERTO NÃO SABEMOS O NOSSO DESTINO
NINGUÉM O SABE NA VIDA SEQUER
AO CERTO…AO CERTO O CORPO VAI MORRER
MAS DA ALMA AO CERTO NÃO SABEMOS O CAMINHO

A DEUS SÓ DEVEMOS PEDIR NÃO SOFRER
ENQUANTO VIVERMOS A SAÚDE CONSTAR
QUANDO A ALMA DE SITIO QUER MUDAR
NADA NEM NINGUÉM SALVA O CORPO DE MORRER

DA MORTE NÃO CONSIGO TER MEDO
DESDE QUE NA VIDA NÃO VENHA A SOFRER
DESDE QUE NASCEMOS E PASSAMOS A VIVER
A NOSSA VIDA E A MORTE DEUS TEM EM SEGREDO

29/10/09
ONIL

Foto de Fernanda Queiroz

Pedaços de infância

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.

Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.

Meu pai me aconselhou a planta-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.

Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, primaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.

Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de "dentinhos, arrebitadinhos".

Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.

O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.

A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.

Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontra-las.

Papai quieto assistia meu marasmo em deposita-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.

Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escudeiras dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.

Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.

Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na sequência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.

Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.

Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.

Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.

Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.

Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Resernados

Páginas

Subscrever Espaço

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma