Gaivotas pairam no ar, famintas, às voltas a desesperar.
Tempestade no mar, tempo chuvoso, ciclone a ventar.
Alma perdida, costas voltadas ao mundo, em qualquer lugar;
Gaivotas já não esvoaçam, não labutam, estão só no céu a planar.
Algo de alguém nascido, perdido, esmorecido, desinteressado.
Sentimento de bem, adormecido, empobrecido, interesse hibernado.
Desinteresse conformista, algo sem conquista, impavidez amarrada;
Apatia ao mindo, rebeldia à vida, energia enraivecida, traumatizada.
Não me chamem. Não me toquem. Não me olhem, nem me falem.
Não oiço, não sinto, não tenho tacto. Coração bate lento, algo fraco.
Sem forças, sem vontade, reajo com desalento á chuva e ao vento.
Arrastem-me, levem-me, puxem-me, espezinhem-me, sou um caco.
Gaivota, grasno perdido no vácuo do tempo.
Som emitido, sofrido, emitido sem alento,
Vida sem alma, alma esmagada de vida ausente.
chilrear, grasnar, melodia ou barulho, já não existe momento.