Doces

Foto de Marta Peres

Amigo

Tu me ofertas o perfume
E ajuda-me trilhar a vida,
Tu faze-me bem,
Em troca dou-te uma rosa.

Tu que entrabre os lábios num sorriso
Para comigo
E compartilhas lágrimas
E sabes de minha existência,
Oferto-te uma rosa!

Tu que és nobre nos sentimentos
rico no viver
e imperas no amor,
oferto-te uma rosa!

Tu que és pessoa amiga
Fazendo ternamente do silêncio sair sons
E que canta comigo
Oferto-te uma rosa!

Tu que parastes para ouvir meus queixumes
E lamentos
Tendo palavras doces e certas,
Esta rosa é para ti
Com meu eterno obrigado!
Marta Peres

Foto de Marta Peres

A Vida

Deixe que a vida aconteça
E que aconteça cada dia,
Não como uma festa
Mas como criança que passa
E a cada dor
Com doces se presenteia.

Veja a beleza da flor!
Entenda a vida com amor
junte nas mãos rosas
E presenteie,
A quem lhe ferir com a dor...
Marta Peres

Foto de Marta Peres

Flor Azul

Ouvindo música suave em virtola antiga
Lembrei-me de ti Flor Azul!

Era calma e mansa como penso que és,
De rosas e mais rosas senti suave perfume,
Ao pensar de ti.

Caminhavas em dia de sol lindo e ardente,
e tua imagem loura, ariana, encheu meu olhar
e o azul do céu em ti me confundiu a visão.
Estavas bela em teu traje azul.

Vi desabrochar botão azul da Flor Azul
E doces sentimentos nasceram na alma,
Eras bela e mais bela era a alma...

Pelo semblante notei que sonhavas,
a vitrola entoando suave melodia
dedilhava som inebriante,
emanando em teu coração o sonho.

Dores, amores, lembranças doces
Falavam na mulher e Flor Azul
E a viola chorava na vitrola
Feliz ao falar na mulher, amor e Flor.

Marta Peres

Foto de Lubianchi

É manhã


É manhã,
Acordo nua, apenas um fino lençol sobre meu corpo.
Lembranças voltam à minha mente.
Mãos que me acariciavam, lábios que me tocavam a pele.
Uma fresta da janela deixa passar um raio de sol,
Movimento-me na cama, percebo que estou molhada,
Relembro doces momentos de paixão.
Amor de madrugada é bom,
Ainda sinto seu peso sobre mim.
De todas as maneiras que fazemos sinto-me bem
Beijar, morder, apertar, mexer
Beijar, morder, apertar, mexer
Pela fresta entra um ventinho que me provoca um arrepio
Meus seios se intumescem
Sinto tesão.
Sem sair da cama, te chamo e você não está...
Quero sentir tudo de novo, este amor me acalma.
Chamo-te de novo... Amor cadê você?
Estou te esperando, volte e venha me fazer mulher.
Estou pronta para você.
Sinto tesão.
Beijar
Morder
Apertar
Mexer...
Você.

Foto de O Vampiro Poeta

Falar em Rosas

Não vá. Não me deixe.
Não se torne mais uma sombra.
Mais um fantasma
A assombrar meu passado.

Continue no meu presente e futuro,
Seja meu caminho, minha luz.
Continue a minha esperança,
Sendo o sorriso em meu sorrir.

Falar em rosas,
Em doces, em lembranças.
Falar em rosas,
Lembrar seus olhos...

Quero um sorriso, quero um olhar...
Um sinal ao menos que de mim lembra...
Quero um beijo ou ao menos
Atenda ao telefone...

Para então
Falar em rosas...

Gustavo Breunig

Foto de Stacarca

Amor funéreo

Amor funéreo

"A chaga que 'inda na
Mocidade há de me matar"

A noute era bela como a face pálida da virgem minha. O luar ia ao cume em recôndita dentre a neblina escura que corria os escuros delírios. Eu, pobre desgraçado levava meus pés a mais uma orgia a fim de esquecer a minha vida de boêmio imaculado. - Ah! E minha donzela morta que lhe beijava a face linda? Hoje, Não esqueci de ti, minha virgem bela de cabelos dourados que com as tranças enxugava meus prantos em dias de febre qu'eu quase morria, nem de seus lábios, os doces lábios que nunca beijei em vida, os mesmos que emudeciam os rogados de cobiças fervorosas? Sim, ó donzela de pele pálida que sempre almejei encostar as mãos minhas. Hoje, êxito de sua bela morte, sete dias sem ti, minha romanesca linda dama que as floridas formas diligenciavam os mais escuros defuntos. Os mesmos que indagam da lájea fria?
As lamparinas pouco a pouco feneciam na comprida noute que seguia, a calçada de rebo acoitava outros vagabundos que a embriaguez tomara, o plenilúnio se destacava no céu escuro, como um olho branco em galardão, magnífico. Ah como era bela a área pálida, e como era de uma beleza exímia, tão mimosa como a amante de meus sonhos, como a donzela que ainda não cessei d'amar.
- Posterga a defunta! Diziam as amantes!
- Calem-te, vossos talantes nada significam meretrizes de amores não amadas, perdoai-me, o coração do poeta nada mais diz, pois de tão infame, 'inda que vive, exalta aquela que não mais poderás oscular!?
O ar frio incessante plasmava em minha fronte doente, rígida, sequiosa pela douda vontade d'um beiço beijar, As estrelas fúnebres cintilavam, não eram brilhos obtusos, eram infladas e que formavam uma tiara de cores que perscrutava a consternação do ébrio andante, solene co'uma divinal taciturnidade. A'mbrósia falaz diria um estarrecido boêmio. Aquele mesmo que sem luz entreve o defunto podre que nunca irá de ressuscitar?!
A rua tênebra na qual partia, musgos fétidos aos compridos corredores deserdados p'la iluminação tênue dos lampiões avelhentado co'o tempo, lírios, flores que formavam a mistura perfeita d'um velório no menos pouco bramante, as casas iam passando, as portas vedadas trazia-me uma satisfação soturna, as fachadas eram adiposas e de cores sombrias, ah que era tudo escuro e sem vida. Como eram belos os corredores azeviches, aqueles mesmos que as damas trazia para gozar de suas volúpias cândidas que me corria o coração no atrelar aureolo.
A disforme vida tornara tão medíocre e banal qu'eu jazia a expectação feliz. – Pra que da vida gozar? Se na morte vive a luz de minha aurora!
- Hoje, sete dias rematados sem minha virginal, ó tu, que fede na terra agregada e pútrida comida p'los vermes, tu que penetraste em meu coração como o gusano te definha, tu que com a palidez bela pragueja as aziagas crenças banais que funde em minha febre, tu que mesmo desmaiada em prantos a beleza infinda, tu que amei na vida e amarei na morte. Ó tu...
No boreal ouviam-se fragores d'um canto sanhoso, era uma voz bela e que tinha o tom lânguido de um silêncio sepulcral, bonançosa era a noute, alta, os ébrios junto as Messalinas de um gozo beneplácito, escura, os escárnios da mocidade eram como o fulcro de uma medra irrisória, e o asco purpurava uma modorra audaz;
A voz formidolosa masturbava minha mente em turbadas figuras nada venustas.
Assassinatos horríveis eram belos como um capro divinal que nunca existira, o funambulesco era perspicaz que aos meus olhos era uma comédia em dantesca, os ébrios junto às prostitutas que em báquicos meio a noute fria gritavam, zombavam na calmaria morta, as frontes belas eram defeituosas que fosforesciam no fanal quimérico. Cadáveres riam nas valas frias do cemitério donde foras esquecidos, os leprosos eram saudáveis, os bons saudáveis eram leprosos fedidos que suas partes caíam no chão imundo, as lágrimas inundavam as pálpebras de revéis em desgosto, a febre desmaiava os macilentos, pobres macilentos que desbotavam aos dias.
Era tão feio assim.
- Quem és? De que matéria tu és feito? Perguntei e os ecos repetiam.
O silêncio completava os suspiros de meu medo, a infâmia percorria a ossatura lassa que o porvir eriçava. Tão feio tão feio... – Quem és? Porque me tomas?
Riu-se na noute. Riu-se de uma risada túrbida que nas entranhas me cosia. – Não vês que o medo é o lascivo companheiro da morte? Não sentis que a tremura d'amplidão oscila o degredo da volúpia? Não ouves o troado que ulula por entre os caminhos perdidos da vida? Não crês que a derrocada és a fronte pálida do crente que escarra?
Quem és tu? Quem és? Repetia a estardalhaço.
Um momo representava como um truão, júbilo em tábido que vomitava uma suspeição incólume, do mesmo modo como espantadiço em vezes. O medonho ar que cobria as saliências da rua era fugaz, não era do algo aturdo que permanecia em risos na escuridão das sombras de escassa claridade da noute, parecia vim de longe, cheirava ruim a purulenta, como um cadáver tomado pela podridão do tempo.
A voz: – Sentes o olor que funde do leito da morte? Ei-lo, a fragrância de sua amada como és hoje, podre como a fé de um assassino salivante, oh que não é o cheiro de flores de um jardim pomposo, nem da inocência dos ramos de sua amada que não conseguiste purpurar em seu cortinado!? A voz espraiava uma fé feia, pavorosa como o cheiro lânguido em esquivo.
– Insânia! Insânia! Insânia! Gritava como um doudo ínvio.
A tom lamentoso da voz era horrível, mas... Era uma voz análoga e invariável. Nada poderia mudar o estranho desejo, ouvir a voz blasfemar palavras lindas dolentes.
- Ora, porque tu te pasmas? Quem és a figura a muladar o nome de minha donzela?
O vento cortava o esferal cerco da quelha, os dous faziam silêncio ouvindo a noute bela gemer lamúrias de quinhão. Era tão calmo, tão renhido...
- Moço, não vede os traços que figuram de minha fronte? Não vede que as palavras são como a tuberculose que nos extenua arrancando os gládios do peito? Não vede o amor que flameja e persevera perpetuando aos dias como a cólera. - Agora ouvi-me, senhor! Maldito dos malditos quem és? O que queres? – Sois o Diabo?
O gargalhar descortinava as concepções desconhecidas, era como o sulco dos velhos tomado p'la angústia das horas, do tempo, dos anos. Não era o Diabo, tampouco um ébrio perdido na escuridão da madrugada, nem menos um vagabundo escarnecido e molestado p'la vida das ruas.
A voz: - Quereria saber meu nome? Que importa? Já-vos o sabes quem sou, Pois? Não, não sou o Diabo, nem menos a nirvana que molemente viceja entre as doutrinas pregadas por idiotas vergastas. Não sou o bem nem o mal, nem 'alimária que finge ser um Arcangélico nos lasso dos dias. Não sou o beiço que almeja a messalina tocar-lhe os lábios adoçados de vinho. Oh que não sou ninguém somado por tudo que és. – Sabei–lo, pois?
- Agradeço-te. Disse-o!
Dir-te-ia as lamúrias seguintes, os ecos rompendo os suspiros meus, a lua sumira, o vento cessara, a voz que apalpadelava aos ouvidos descrido. Oh! tudo findou! Não sei se a noute seguiu bela e alta, lembro-me apenas de estar num lugar escuro, ermo, as paredes eram ebúrneas, a claridade não abundava o espaço tomado. O ar era desalento, um cheiro ruim subia-me as narinas;
- M'escureça os olhos, oh! Era um caixão ali.
Abri-o: Ah que era minha virgem bela, mas era uma defunta! Na pele amarelenta abria-se buracos que corria uma escuma nojenta, verde como o escarro de um enfermo; Os lábios que sonhei abotoar aos beijos meus era azul agora, os cabelos monocromáticos grudavam pelo líquido que corria pelo pescoço, as roupas lembravam um albornoz, branca como a tez inocente da juventude. Os olhos cerrados e túrbidos, tão sereno, a bicharia roendo-lhe a carne, fedia. As mimosas mãos entrelaçadas nos seios, feridas em exausto.
... Meus lábios em magreza os encontrou, frio como o inverno, gelado como a defunta açucena, a pele enrubescia aos meus toques, a escuma verde era viscosa e o prazer como o falerno, a cada beijo que pregava-lhe nos lábios, a cada toque na tez amarela, era tudo o amor, o belo amor pedido. A noute foi comprida, adormeci sobre o cadáver de minha amada, ao dia os corpos quentes abraçados, a adormeci em seu leito, dei-lhe o beijo, saí:
Coveiro: - És por acaso um tunante de defuntos? Perguntou-me.
- Não vês que o peito arde de amor como o fogo do inferno? E a esp'rança estertora como tu'alegria? Disse-o.
- Segues meu senhor!

Foto de Cecília Santos

REGRESSO

REGRESSO
*
*
*
Regresso à antiga casa, onde fui tão feliz,
Tudo está como antes, parece que nada mudou...
Coração aos saltos, dentro do peito,
Passos apressados, querendo chegar,
Ao passar pelo portão, queria a felicidade habitando ali.
Os degraus rangem, ao peso dos meus passos,
Folhas secas, e poeira amortecem meu caminhar,
Trepadeiras e ciprestes crescem, ao longo do antigo corrimão,
Flores belas e perfumadas, que enfeitaram dois corações,
Queria adentrar, e encontrar vida ali,
Mas tudo é vazio, tudo é solidão...
Permaneço entorpecida, teias de aranha, e poeira,
Se misturam à minha agonia,
Cerro os olhos por um momento...
Ouço vozes, risos, sinto o amor de outrora.
O calor da lareira aquece minha alma, será tudo real?
Será que a felicidade está ali, ou é devaneio meu!
Sua imagem surge diante de mim,
Seu riso cristalino entoa amor,
Tudo está como antes, eu, você, nosso amor?
Um sobressalto, me trás de volta à vida...
Tudo é desolação, solidão pro meu coração,
Nada mais é real ali...
Retorno sobre meus próprios passos,
Os degraus rangem mais alto, aplacando meu sofrer,
A casa dos sonhos está ali...
Entre as quatro paredes, estão as doces recordações,
No meu coração, elas estão gravadas a fogo,
Deixo tudo pra trás...
Sem tua doce presença, é impossível viver ali,
Quero sua companhia, não a sua saudade,
Deixo aqui entrelaçados, com as trepadeiras, e ciprestes,
Meu amor... e meu coração.

Direitos reservados*
Cecília-SP/04/2007*

Foto de Anja Mah

Minha felicidade

Felicidade plena é quando nossos corpos juntos se amam,
Nossos lábios se tocam em calientes beijos,
Explodindo o desejo de loucas carícias,
Com intensos carinhos que nos levam para onde habita o prazer...
O nosso prazer!

Sinto por você algo muito forte,
Imenso demais para ser só paixão,
Livre e incondicional,
Sem regras ou normas,
Belo e vasto como o infinito,
Forte e paciente como as rochas e montanhas.
É o amor.

Desejo para nós dois
Tudo o que de melhor a vida puder nos oferecer:
Doces sonhos,
Grandes realizações,
Maravilhosos momentos.

Sou sua,
Unicamente sua,
Sua princesa.
Até o dia em que você me quiser.
Peço-te que não me abandones.
Deixe que eu a cada instante te goste,
E te diga quantas vezes achar preciso
O quanto você é muito especial para mim.

Foto de martini

Amizade

Tua presença
Assim me encha
Quando vieres
Faz-me o que quiseres

Encho-me de ti
Desde que te vi
Sem te ver aqui fico
Quase que paraliso

Mesmo de amizade
Te sinto dentro de verdade
Sem ti era maldade
Viver sem essa amizade

Eu te adoro tanto
Que custa até sentir
Que não pode haver amor
Nem corações a tenir

Teu coração está cheio
Com um amor antigo
Que foi bem cativado
E sempre assim vivido

Horas houve de tremura
Em que quase se extinguiu
Mas afinal resistiu
Está lá dentro bem seguro

Cheguei a sentir teu amor
Mas foi algo do fulgor
E logo surgiu a dor
De perder esse grande amor

E na verdade perdi
Mas nem tudo fugiu
Amizade tens por mim
Do jeito que tenho por ti

Não passamos um dia
Sem nos vermos sequer
Temos de nos olhar
E sentir nosso vibrar

Que é só de amizade
Verdade seja dita
De amor não pode ser
Porque existe outro a merecer

Um dia virá na verdade
Em que meu coração encherá
Mas então logo veremos
Se esse amor nos vencerá

Porque esta amizade afinal
É maior que qualquer outra
É um quase e grande, natural
E difícil de ser informal

Mas embora não se apagando
Vai-se apaziguando
Acalmando esse empolgado
Tentando pô-lo de lado

Minha musa é minha amada
Mas amada em amizade
Tudo aqui é verdade
Vença a honestidade

Te beijo beijo amiga
Teu beijo também desejo
Beijar uma amiga um bocado
Não será grande o pecado

Te adorar sem um fim
É um desejo para mim
Quem dera sentir assim
Num amor que espero sim

Mas a vida não termina
Apenas quando queremos
E assim viveremos
Até chegar ao fim

Teus beijos doces de mel
Mel puro de doçura
Tanta e grande a loucura
De ter tua ternura

Foto de Anjinhainlove

Amor proibido

Eu pensava, eu pensava
Que o nosso capítulo já tinha terminado.
Eu imaginava, eu imaginava
Que o meu coração já te tinha esquecido.

Mas quando te vejo tudo perde o sentido
Relembro as tuas doces palavras
E o teu carinhoso toque.

Esqueço todas as lágrimas que chorei
E as troco pelos sorrisos que contigo esbocei.
Ó tristeza nas minhas alegrias,
Que foste tu fazer?

Triste destino que de ti me proibiu
Mas me obriga a contemplar esse olhar
De quem quer mais de mim.

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