Ditadura

Foto de cafezambeze

FUNGULAMASO


FUNGULAMASO
1977 RIO DE JANEIRO.
O RIO DE JANEIRO SEMPRE FOI UMA CIDADE VIOLENTA.
EM 1977 JÁ O ERA, MAS NADA QUE SE COMPARASSE AOS DIAS DE HOJE. QUEM SABE A DITADURA
MILITAR SE FIZESSE MAIS PRESENTE...
OS POLICIAIS AINDA USAVAM REVÓLVERES E VELHAS MAUSERS, E OS FORA DA LEI AINDA NÃO
SE TINHAM ORGANIZADO. ME ATREVO ATÉ A DIZER, QUE NA SUA MAIORIA, ERAM APENAS FREELANCES.

HOJE ELES USAM ARMAS AUTOMÁTICAS E SEMI-AUTOMÁTICAS. EXPLODEM BANCOS, SEQUESTRAM
QUALQUER UM A TROCO DE ALGUNS REAIS E MATAM POR DÁ CÁ AQUELA PALHA. NÃO EXISTE MAIS
UMA IDADE MÍNIMA PARA ENTRAR NO CRIME. CRIANÇAS QUE AINDA USAM FRALDAS MATAM GENTE.
SE ERAM MANCHETE NOS PRIMEIRAS PÁGINAS DOS JORNAIS, HOJE CEDERAM LUGAR AOS POLÍTICOS.
ELES FICAM LÁ PELO MEIO. A SANGREIRA JÁ VIROU ROTINA. A CADA DIA QUE PASSA AUMENTAM OS
NÚMEROS. O GOVERNO RESOLVEU DESARMAR A POPULAÇÃO, MAS NÃO INCLUIU OS CRIMINOSOS NO MEIO.
E A JUSTIÇA?... BEM, A JUSTIÇA É CEGA.

MAS VOLTEMOS A 1977 PARA CONTAR A MINHA ESTÓRIAZINHA.
EU SAÍA LÁ PELAS 5 DA MANHÃ, E SÓ CHEGAVA A CASA LÁ PELAS 8/9 HORAS DA NOITE.
SALTAVA NO PONTO FINAL DO AUTOCARRO, E TINHA QUE CAMINHAR UM BOM PEDAÇO A PÉ, POR RUAS JÁ
DESERTAS.
ÁQUELA ÉPOCA, EU USAVA UMA BOLSA PARA CARREGAR DOCUMENTOS, SEMPRE SOLICITADOS PELA POLÍCIA,
E TRAJAVA O QUE TROUXE DE MOÇAMBIQUE, CALÇA E BALALAICA. A BOLSA, AQUI CHAMADA DE CAPANGA,
EU ENTALAVA NAS CALÇAS, DEIXANDO-A COBERTA PELA BALALAICA A FIM DE NÃO CHAMAR A ATENÇÃO.

CERTA NOITE, MERGULHADO NUM SILÊNCIO QUE ME PERMITIA ATÉ OUVIR OS MEUS PASSOS, REPARO
QUE SOU SEGUIDO, E LOGO OUÇO OS PASSOS DO MEU AMIGO, NO OUTRO LADO DA RUA, AUMENTAREM O RITMO.
TÔ FERRADO. VOU SER ASSALTADO!
AINDA HOJE SORRIO QUANDO ME LEMBRO DO QUE FIZ. QUANDO PASSEI POR DEBAIXO DE UM LAMPIÃO,
OSTENSIVAMENTE, LEVANTEI A BALALAICA E LEVEI A MÃO À CINTURA, OS PASSOS ATRÁS DE MIM,
DIMINUIRAM O RITMO. TATEEI O FECHO DA BOLSA QUE ABRI, FECHANDO-O EM SEGUIDA PRODUZINDO
UM CLIQUE QUE SE ASSEMELHAVA MUITO AO ENGATILHAR DE UM REVÓLVER. MANTIVE LÁ A MÃO.
A PERSEGUIÇÃO ACABOU. NAQUELE TEMPO ELES AINDA TINHAM UM MATACO PARA CUIDAR.

NOTAS:
FUNGULAMASO (ABRE OS OLHOS, CUIDADO, PRESTA ATENÇÃO)
MATACO (RABO)

Foto de Allan Dayvidson

APLAUSOS

"À sociedade disciplinar que produz 'desvios' em nome da manutenção de poder..."

APLAUSOS
=Allan Dayvidson=

Ele acorda para mais um dia à vontade
e faz a caridade de ser um membro exemplar da sociedade.
Nasceu no lado certo do mapa
e todos idolatram sua capa, enquanto enchem e erguem suas taças.
Tudo permanece como sempre foi, um paraíso para o "homem de bem".

É a ordem natural das coisas (Não mexa!)
e, em nome da ordem, renda-se a superioridade do clube do garotos
enquanto calam sua boca com migalhas operárias,
porque você é só uma caricatura hilária.
Você é só um esteriótipo, um protótipo de gente,
tudo que faz dele a maior expressão da perfeição

Recuso-me a dançar sob esses aplausos.

Ele tem tudo sob controle,
é dono de sua prole e nocauteia qualquer um que der mole,
porque indisciplina não será tolerada
e todo e qualquer um que se atreva terá sua alma engaiolada.
Tudo permanece como sempre foi, um paraíso para o "homem de bem".

Acontece como deve acontecer (Não mexa!).
e, em nome da ordem, rebole como se a vida fosse um número de pole dance,
porque você não pode perder a atenção dele.
então dispa-se, não perca essa chance.
E alimente toda diplomacia sistemática e ditadura burocrática
que te contorcem até que você caiba em modelos rasos!

Recuso-me a dançar sob esses aplausos.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Marcha da Coragem

Nos tempos da ditadura era tudo melhor.
As pessoas tinham mais disciplina, tinham ordem, moral e cívica.
Nos tempos da ditadura não era essa bagunça. Se as pessoas tinham um casamento infeliz, não podiam se separar. As pessoas passavam fome com dignidade, com um sorriso no rosto. E ai de você se chamasse o presidente de ladrão! Enfim, nos tempos da ditadura era tudo mais fácil.
E você, quer que ela volte?

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo - Capítulo 18

Essa lei que vocês inventaram e não seguem, essa lei que lhes dá armas e munições, essa lei que protege o próprio e individualiza o público, que generaliza, que almiranta, que inflaciona os narizes cheio que vocês desfilam madrugada afora, essa lei que discrimina em se fazer de vítima aquele que destrói, aquele que é doente em ser doente, aquele que faz sentido e coloca o alheio na reta, que suga os farelos e lambe os escapamentos, essa lei que obriga o vício, o sevicio, a democracia obrigatória e militante, a ditadura dos costumes, das repetições, de cada garrafa e cada cilindro, e cada pino ou pavio, conforme o seu vapor conformista, mutante continuísmo, egoísta, fascista em se olhar em espelhos que nunca se quebram mesmo sendo de vidro, a sua cocaína e as suas igrejas universais não me convencem do contrário, que vocês insistem em alegar favorável, eu não vou comprar um lugar nos seus camarotes, não vou recrutar mais meninos para a morte precoce, de não aproveitar a vida de forma simplória, descarregada, desencanada, desembriagada, a vida simplória de se saber que não é necessário encará-la dopado, que seu desempenho é o seu melhor, sem broxantes olimpíadas de masturbação coletiva, sem coleira e cartões de crédito, sem importâncias, sem barreiras para mostrar quem é certo e quem é errado.

Eis aqui minha plenitude.

Foto de Rosamares da Maia

DICOTOANIMA

Dicotoânima”

Este é meu corpo,
Fôrma que perdeu a forma,
Quadro que não se enquadra.
Meu corpo está fora dos padrões,
Esbarra na moda das vitrines,
E se o abdome transborda,
Tem logo uma cinta que comprime.
Este é o meu corpo,
Do qual somente enxergam a boca,
Instrumento voraz, insaciável,
Nervosa, quase louca.
Que absurda ditadura!
A que tabela obedecem estes padrões?

Não poderei apenas ser um corpo,
Farto e feliz?

Este é o meu corpo,
Onde minha alma não cabe,
Pula leve como a bailarina,
Desliza e flutua,
Dá cambalhotas, como menina.
É pássaro que voa
E das asas não sabe,
Fogo que sobe, aquece, arde,
Não é chama que se apague.

Eu sou este Ser.
Não um corpo, ou uma boca,
Mas minh’alma, que sobra,
Que não se cabe e transborda,
Que ergue a taça da vida,
Cheia, até a borda e brinda.
Brinda a ausência dos padrões,
Servida com o manjar da
Essência dos corações.

É assim que sou,
Ciência que jogou fora
A fôrma e a forma, mas
Preservou light a consciência,
Que exposta diante do espelho,
Olha nos olhos, se acalma,
Pois o que sobra do corpo,
Transborda na alma.

Rosamares de Maia (06.09.2000)

Foto de Wilson Numa

Solidão

Dentro de mim existe uma Ditadura
E ai quem manda é a SOLIDÃO,
É difícil viver com ela, e eu coitado
Espero que chegue alguém que venha
Me salvar da mesma, alguém para revolucionar
Para me salvar e terminar e minha escravidão
Sinto-me explorado e humilhado todos os dias,
Tem de existir um fim para tudo isso
Já não aguento mais tanto sofrimento
A solidão não me quer largar
Me sufoca, me consome quando e onde quer
Procuro uma saída, uma salvação
Pois sinto que estes são meus últimos suspiros
E em breve meu coração vai parar de bater
Assim chegará ao fim esse sofrimento.

Foto de Allan Sobral

Pai, afaste de mim este cálice

Os últimos acontecimentos, e os atos de repressão que tem ocorrido, nos mais diversos pontos do nosso país, faz com que se levante das cinzas o monstro que sempre combateu o espírito jovem revolucionário brasileiro, pois é como se os tempos do cativeiro, da autocracia brasileira, a ditadura militar, mostrasse aos poucos suas garras, sufocando qualquer ar de liberdade que conquistaram nossos heróis. Como se o velho tempo do “cálice de vinho tinto e sangue” ressurgisse, ou ao menos se faça em memória.
Já há muito tempo que nossa sociedade se estagnou, por uma falsa estabilidade econômica e moral, acorrentando-se a um laço servil regido por uma minoria, como diria Marx, a burguesia; minoria esta que se manteve no trono por possuir supostamente o controle das riquezas universais, podendo assim obrigar grande parte de nossa população a submeter-se a suas vontades, e trocar suas vidas pela miserável parte de seu capital, suficiente apenas para manter-se em vida.
Com o avanço tecnológico, esta mesma parcela controladora da sociedade, expandiu seus ideais escravistas a um horizonte antes impenetrável, chegaram ao ponto maximo de domínio, controlar pensamentos, com o poder de formar opinião e distorcer a realidade, poder fornecido pela mais poderosa ferramenta de coerção, a mídia. Atributos que caberiam a população, ou a cada ser em sua particularidade, hoje são supostamente digeridos pela partícula dominante, e vomitada sobre nós, classe trabalhadora, operaria e estudante. Ditam os pensamentos padrões, roupas padrões, empregos padrões, atitudes padrões, e tacham esta padronização como normalidade, traçando um perímetro, onde qualquer que se opor ou se afastar de tal ideal é tido como louco, ou rebelde, baderneiro, ou até mesmo como maconheiro (como foi o caso recente dos estudantes da USP).
Simplesmente somos tachados como estúpidos, pois a tal “ditadura militar” apenas mudou de nome, agora a conhecemos como Republica Federativa do Brasil, o DOPS agora não tem mais grades e não tortura fisicamente quem se opõe as regras, agora ele manipula a sociedade para que se volte contra os que a querem libertar, os militares já não andam mais fardados de verde ou cinza, agora obrigam a população a vestir um terno ou um uniforme operário, assinar um contrato de trabalho, e lutar o quanto puder, em busca de sua carta de alforria, ou como preferem, sua suposta aposentadoria. Fazendo que a sociedade acredite que a liberdade é um favor, e que a sua remuneração mensal, é justamente recompensada a medida de seu esforço. Como os adultos fazem com crianças, para que não os chateei, dão passatempos, para que não desviem sua atenção, nos é imposto a distração, como a novela o futebol e outros supérfluos, para não chatearmos quem se beneficia com tal estabilidade.
Basicamente, a ditadura não acabou da mesma forma que não acabaram os revolucionários, pois não deixaremos de lutar em busca de nossa liberdade, pois o sistemas sempre deixa brechas (nós), que podem se tornar rachaduras, que ruminarão as muralhas da imposição fascista, e porá em ruínas as ideologias ditatoriais, pois só lutando poremos fim nas corrente que nos prendem para termos paz, pois como disse Malcom X “...Não se pode separar paz de liberdade porque ninguém consegue estar em paz a menos que tenha sua liberdade”.

Allan Sobral

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Minha Elis – Parte 3

Elis Regina Carvalho Costa. Cantora brasileira. Mesmo morta é mais importante que um bocado de vivos que eu conheço sem os querer ofender. Elis deixou a herança de seu talento até no sangue de seus filhos. Todos os três trabalham com música. Pedro Mariano é cantor. Maria Rita também. O primogênito João Marcello, que fora pai recentemente, é um produtor e crítico de mão cheia. Quando as revistas e os jornais se referem ao seu pequeno nascido como o ‘filho da Eliana’, fico um tanto desconfortável. Quero dizer, sem meias palavras, eu fico é puto mesmo! A criança é filha de Eliana, sim, que é uma apresentadora competente e que tem todo o direito de aproveitar sua maternidade. Agora, que seria muito importante recordar-nos de seu parentesco com a saudosa gaúcha, isso sim, seria bom. Mais do que ser ‘filho da Eliana’, essa criança deve ser apontada também como o ‘neto da Elis Regina’, uma das maiores cantoras que já tivemos, senão a maior. Fica aqui o meu singelo protesto. Mas não desejo me ater a essa discussão mais apaixonada do que pertinente.

O álbum mais famoso de Elis Regina é o Falso Brilhante, de 1976. O disco contava com músicas presentes no show homônimo, um espetáculo que juntava teatro, dança e canto numa apresentação memorável. O show locado no Teatro Brigadeiro teve 180 mil espectadores, o que o coloca como maior êxito da carreira da cantora e prova incontestável de sua popularidade e relevância no cenário da nossa arte. Quanto ao espetáculo, nunca o assisti seu vídeo completo. Mas o disco, não apenas pelas suas canções de maior sucesso, a citar, ‘Como Nossos Pais’ e ‘Fascinação’, marcou época. No auge do regime militar, que começava a ensaiar uma tímida abertura, o Falso Brilhante significou exatamente essa possibilidade, já que, ainda que veladamente, a crítica e a denúncia se faziam presentes na concepção da obra. O país vivia um declínio econômico considerável, a ditadura apesar de consolidada se encontrava desgastada e a incerteza, somada com o acobertamento sobre os desmandos realizados pelo então poder instituído tornavam a realidade brasileira numa situação difícil e pouco encorajadora. Valendo-se da brecha política, Elis remou contra a maré. Ainda que o Falso Brilhante seja um disco imerso na melancolia, sua mensagem final passa um fio de esperança durante a tempestade de seu tempo, um brando sopro de vida na austeridade de um país fechado, um suspiro diante das lágrimas causadas não somente pela violência como também pela miséria que tais circunstâncias trouxeram ao Brasil. Elis provou seu talento. E sua iniciativa ficou para o futuro, como marco da retomada da arte nacional como objeto de expressão dos anseios populares e de opinião.

Todavia, meu disco predileto da cantora não é o Falso Brilhante. Saudade do Brasil, um disco de 1980, pode ser considerada a obra definitiva de sua carreira. Não exclusivamente por ser seu último LP, Saudade do Brasil, que foi lançado em dois volumes, apresenta todo o desenvolvimento de Elis como artista. Numa estrutura seqüencial que de tão coesa chega a até se aproximar de algo conceitual, no sentido de se montar uma narrativa ao invés de se amontoar canção após canção, como que relatando o contexto histórico e social no qual se incidiam os brasileiros àquelas décadas, dando preferência a uma abordagem jornalística em detrimento do universalismo pessoal e intransferível nas artes gerais que encontramos desde então do final do golpe militar. Sem contar a gravação contou com uma quantidade de recursos muito maior para sua execução, o que elevou em muito sua qualidade, dando a cantora e seu repertório uma roupagem atual, destoante da imagem elitista e retrógrada atribuída para Elis antes desse trabalho. Elis, firme e ousada como nunca antes, decidira conduzir sua turnê de maneira até então inédita no país. Seu espetáculo seria montado em circos, para facilitar a mobilidade do show e reduzir seu preço. Ou seja, Elis queria levar sua arte aos mais pobres. Diante da negativa dos governos em obter uma autorização para o seu projeto, com toda a certeza surgira uma grande tristeza e amargura no âmago da cantora. Isso facilitou o processo que a levou à morte, pelo vício em remédios e drogas. Isso facilitou para enfraquecer a cultura nacional, tão restrita aos mais ricos, que temerosos de perder sua posição sempre pressionaram o desestímulo com a educação, a distribuição de renda e a justiça social, que em longo prazo causam mais do que prejuízos, causam o sofrimento de uma vida inteira de humilhações para nossos entes queridos, mal que conhecemos tão bem.

Minha mãe tinha doze anos quando Elis morreu. E certa vez, num desses especiais de televisão, passava a cantora, justamente num cenário que reproduzia um circo, justamente interpretando o repertório desse disco. Ela chorava, não somente pelo ídolo que Elis representa, mas pela realidade em que ela viveu e pelo plano de fundo em que calcava seu pensamento, nada mais que o desejo de paz e felicidade sempre cerceado aos mais simples. Foi ali que eu entendi o que era ser gente e ser artista de verdade. Foi ali que eu entendi que deveria não me abalar diante das dificuldades da vida, por maiores que elas sejam. E se Elis não viveu para ver suas expectativas suprimidas, esse é tributo que devemos ter com ela, que é o tributo de não nos conformarmos com a consternação, de tornarmos o Brasil um lugar onde a dignidade se faz presente, e onde o amor vale mais do que tudo.

Foto de Shyko Ventura

"JANELAS ..."

JANELAS...

“Espaços abertos,
Meio pelo qual o ar renova-se;
Ponto que se observa a luz,
Ou a transição de sua ausência na totalidade;
Condição que favorece ao admirar, ver, acompanhar,
Ou simplesmente sentir,
Ora seja por instantes pequenos
O aproximar de uma brisa,
E que toca com suavidade a quem quer abri-las.

...DA ALMA:
Elas permitem acesso aos sentimentos
Que insistimos em condicioná-los do lado de fora de nós;
Mas, que em determinadas “situações”,
Rebelam-se e nos invadem
Assim como a estranhos que penetram em uma casa;
Seis graus de turbulência interna
E que quase nos convencem a desaparecer;
Imagens e palavras com que não convivemos;
Porém, mantendo-as abertas,
As “situações” estarão sempre ao alcance de se enxergar,
E de se conhecer na verdade.

... DA MENTE:
Abri-las, permite-nos substituir
O ar pesado, denso e asfixiante
Da ditadura do preconceito,
Da rigidez intelectual
E de um individualismo vivo, em um organismo composto
De milhões de outros microscópicos indivíduos
Que se esforçam, sem descanso, para suprir a vida em nós
Todos os dias!”

____________________by Shyko280711.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo - Capítulo 10

Sinto muito dizer estas palavras, mas vivemos em um mundo covarde e violento. Covarde, pois para cometer um ato violento basta ter disposição para tanto. Violento, pois para ser covarde basta colocar um pano na cara, ou um turbante na cabeça. Vivemos em um mundo de faca cega e fé amolada, não necessariamente nessa ordem. Ou melhor, sobrevivemos. Ou melhor, subsistimos.

Basta agrupar um punhado de insatisfeitos com a própria realidade para ser covarde e violento. Funciona assim no bullying, no fascismo, no arrastão, na chacina policial. De preferência, usa-se um argumento religioso, científico, nacionalista. Qualquer coisa pode ser desculpa para uma ditadura, um atentado terrorista. Basta insuflar os humanos em desgraça, e os direcionar ao caos.

O mundo é um lugar assim porque os seres viventes deste modo o fazem. Criam-se raças, separações, individualizações. Tudo de forma totalmente idealizada. Preferem complicar, ao invés de simplificar. O resultado é sempre um óbvio transtorno, que dificulta a conciliação da tão diversa humanidade, desunida, discordando do relativismo comprovado. Criam-se divisas, fronteiras, impedem a prosperidade da paz.

Respiramos o mesmo ar, e o compartilhamos. Não é uma plena novidade dizer isso, de todo jeito, mas há que se reconhecer. O mundo é um só, o universo, conforme sua descrição evidente, também. Por vezes conta mais a mudança de opinião à fidelidade equivocada. Não quantos orientes existem, mas em todos eles, e mesmo aqui ao baixo oeste, a verdade é a mesma, e o amor sua chancela.

Somos humanos, vivos em o ser.

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