"Noite Quente de Verão"
Sexta-feira, mais uma, como muitas outras! Correria, trabalho, trânsito, mas no final do dia a certeza de poder me divertir muito com os amigos. Nessa em especial, melhor ainda, pois conseguimos marcar um encontro onde todos do setor poderiam estar presentes. Colocaríamos o papo em dia, beberíamos, flertaríamos, e dançaríamos muito!!!
Cheguei atrasada, e nem pude confirmar se estava de pé o encontro. Eram poucas pessoas no setor, mas “ele” em especial, era o que mais importava, o que queria confirmar era se “ele” iria realmente. Enfim, chegamos ao fim do dia, e para minha decepção, mais uma vez, “ele” foi o primeiro a dizer que não poderia ir. E logo em seguida, quase todos disseram o mesmo. Desânimo total. Só eu e mais um amigo poderíamos ir. Nos olhamos, rimos da situação e resolvemos ir assim mesmo. Estava bem desanimada, mas logo que chegamos, meu amigo pediu duas cervejas, coisa que não devo beber de forma alguma, rs. E não paramos aí, desce mais duas. Papo vai, fofoca vem, e mais duas. Ele afasta, carinhosamente, o cabelo que caiu no meu rosto. Estava uma noite linda, e quente de verão, quente em todos os sentidos, e merecia mais duas. Brincava com minhas mãos enquanto falava. Nunca havia conversado tanto com “L”, era um cara bem divertido, inteligente, super atraente. Engraçado, não havia reparado nisso antes. Resolvemos dançar.
A partir desse momento tudo mudou, não sei se foi efeito da cerveja, da música alta, ou sei lá do que mais, mas já estava olhando-o de forma diferente. No exato momento em que fomos dançar, mudaram pra pagode, parei e disse que não sabia dançar aquilo. Não tenho nada contra, mas não era o meu forte. “L” riu e disse que não precisava saber nada, era só se soltar e dançar, ele levava. Levou bem, bem demais! Senti aquelas mãos firmes me pegarem, aquele corpo colar no meu, e me levar. Parecia que deslizava, nunca imaginei que dançaria assim, tão solta e tão junto daquele homem. Que cheiro gostoso...
Em alguns momentos sentia as pernas roçarem nas minhas, no ritmo da música, como se entrasse pelas minhas, e depois afastava, rodava e voltava colando novamente, sem vontade de desgrudar mais. Ria muito, nunca dancei tanto, até que nossos olhos se encontraram, estranho, o ritmo mudou, ficamos lentos, algo dentro de mim acelerou, nos beijamos. Um beijo louco, cheio de tesão, começando pela língua de leve na boca, a música alta, e nós ali, no meio da pista, quase que sugando um ao outro. Recomeçamos novamente, agora abraçados, levados pelo novo ritmo que se tornava cúmplice do roçar de corpos. Corpos quentes, gritando de tanto tesão, onde podíamos sentir exatamente o que cada um implorava. Paramos, os olhos diziam tudo, recuar seria impossível, não foi preciso falar mais nada, um minuto e saímos dali. “L” estava no Rio de Janeiro há algum tempo e fomos para seu apart, não acreditávamos no que estava acontecendo, mas também nem queríamos encontrar explicação, apenas seguir nossos desejos. E foi assim o resto da noite, durante a madrugada, vendo o dia amanhecer, e por todo o fim de semana, apenas atendendo aos comandos dos nossos desejos, dos nossos corpos, de uma magia que não podia ser quebrada. Mãos ardentes, roupas no chão, bocas carinhosas, línguas exploradoras, encaixe perfeito, movimentos deliciosamente alternados, doces, furiosos...deleite!
Segunda-feira, mais uma, mas essa como nenhuma outra! Correria, trabalho, trânsito, mas no final do dia a certeza de podermos ficar juntos. E foi assim por todo o mês, até "L" voltar para sua cidade. Mas voltou outras vezes, muitas e muitas vezes, e sempre acontecia igual nos encontros, mas diferente em nossas loucuras, em nossos desejos. Era estranho, poderia passar meses, e quando nos encontrávamos o tesão era o mesmo, parávamos tudo para dar vazão a nossa fúria, roçar nossas bocas e coxas, arrepiar nossas almas e preencher nossos vazios!
O “ele” do setor? Nem lembro mais, e graças à decepção, conheci alguém especial como “L”.
(por Manu Hawk - 21/05/2004)
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